História Love. Be afraid. - Second

16:30 p.m - 12/2/2016 (Aeroporto Internacional JFK - NY)

Derek

- Sim mãe eu já estou embarcando… não, só terei que voltar aqui depois do ano novo… as fotos da formatura ficarão prontas no próximo mês… o voo da Laura é só amanhã… vou comprar os presentes assim que chegar na Califórnia e só vou comprar pra família, a senhora sabe que fui contra essa "fraternização" de famílias… Ok mãe, ok… Tchau, beijos… - Mas que droga … Primeiro me obriga a voltar pra essa cidadezinha, trabalhar com o papai, viver perto da família, até aí tudo bem não é algo ruim, mas porra, ter que comprar presentinhos para aquele bando de adolescentes que nem são da minha família, é demais. O Stiles nem adolescente é... Mieczyslaw… Me pergunto como está agora, fui "apaixonado" por ele na minha adolescência, o idolatrava, mesmo com aquele cheiro pútrido de morte ele conseguia ser incrível, mas eu cresci, passei por Kate, vivi Paige, tive muitas pessoas, me formei e agora estou aqui… Na estaca zero novamente… Isso é deprimente.

   Embarco no voo e me aconchego a cadeira, durmo, mesmo que não seja tanto tempo de viagem, eu odeio aviões, coisas tão pesadas não deveriam sair do chão. Chegando encontro Camden me esperando, um dos subordinados de confiança da minha família e atual marido da minha ex, Paige.

- Olá Derek, quanto tempo não? - Ele me estende a mão com um sorriso sínico.
             - As malas estão ali. Não demore.
             - Sim senhor…

   Eu vou ter que me segurar muito nessa viagem… Ou de agora em diante, eu não sei, talvez eu finalmente vá desobedecer uma das ordens de Talia Hale, eu não acho que queira viver em Beacon Hills.

- Pronto Sr. Hale. - Diz Camden entrando no banco do motorista.
            - Porque eles não mandaram o Isaac? Se aquele pirralho já tem idade pra comer a Cora também tem pra dirigir. - Pergunto sem tirar os olhos do celular.
             - Ambos estão na escola Sr. Hale. - Odeio que usem formas de tratamento comigo, mas ele eu to gostando que use.
             - A essa hora?
             - Eles estão discutindo por suas opões de faculdade.
             - E como vai o Tratado da cidade?
           - Intacto. Mas estão havendo discussões sobre oque será feito no próximo equinócio de primavera, os Argents propuseram procurar mais auxílio caçador caso ocorra a invasão de omegas como no ano passado. - Ao escutar isso viro minha atenção a ele e pergunto sério. - -              - O que os meus pais disseram sobre isso?
             - Eles e os Stilinski disseram que entrariam em discussão sobre, senhor.

   Raiva. Tudo oque consigo sentir agora é raiva, como assim pensar? Meus pais estão ficando loucos? Assim que Laura chegar vou procurar me informar se ela sabe de algo sobre isso. Não demoramos muito pra chegar na cidade, tentando concentrar minha atenção em qualquer outra coisa me concentro na paisagem, o tempo fechado mudando para um céu totalmente negro e de nuvens carregadas, árvores verdes mescladas com branco, o cheiro dos pinheiros. Com certeza é Beacon Hills, é incrível como absolutamente nada muda nesse lugar.

- Você disse que eles estavam na escola, certo? - Ele apenas me olha pelo retrovisor e confirma com a cabeça.
Me deixe lá e leve as malas pra mansão, deixe na responsabilidade da governanta e mande arrumar tudo no meu quarto, que é bom que esteja limpo. Vou voltar com Cora. Você está liberado depois disso.
             - Sim Sr. Hale.

   E não demorou muito pra vermos o grande prédio avermelhado. Parando em frente, saio do carro e o escuto partir em disparada, caminho em direção a escada e logo adentro pelas duas grandes portas verde escuro assim chegando ao corredor, largo, de paredes esbranquiçadas, com armários do mesmo tom da porta, e nossa, como esse lugar me traz lembranças, tanto boas quanto ruins. Caminhando mais um pouco consigo sentir algumas vozes, alguns odores, mas nenhum realmente conhecido, a não ser por um… Pinho, caramelo e cheiro de filhote… Cora, com certeza Cora. Seguindo a essência encontro uma porta antes desconhecida para mim, entro e me deparo com uma grande biblioteca, muito maior que a da minha época. As vozes se fazem mais presentes me fazendo caminhar pela parte superior. Caminho deslizando a mão pelo corrimão até ver a infinidade de prateleiras entulhadas de livros darem lugar  a algumas mesas, só haviam eles ali, um grupo de 7 ou 8 pessoas, umas chamando as outras, apenas nomes conhecidos, Scott, Allison, Isaac, quando parti não passavam de fedelhos irritantes, ver isso talvez faça eu me sentir velho… Pensando nisso acabo dando uma risada abafada que pelo jeito não passou despercebida pelo eco daquele grande espaço oco, chamando também a atenção dos adolescentes. Os olhos de Cora brilham.

- Derek…?
            - Olá irmãzinha… - Digo sorrindo enquanto os olhos de todos me acompanham pela escada, até estar no mesmo andar deles. Cora corre para mim com os olhos em lágrimas me agarrando e ela é forte.
             - Seu idiota, porque não avisou que vinha, que porra Derek! - Ela chora mas não me solta, eu a abraço.
             - Também senti sua falta pirralha chata…
             - Você se lembra de todos nós… - Allison pergunta com as bochechas vermelhas, chamando minha atenção.
             - Como eu poderia esquecer das razões do meu ódio por crianças?
             - Derek… - Cora tenta me repreender se soltando do abraço, secando uma lágrima com a manga.
             - Claro que eu lembro… - Abro mais os braços, logo Allison e Malia me agarram.
             - Senti sua falta primo…
             - Todos sentimos. - Mccall fala sorrindo com aquele queixo torto.

   Todos estão a minha volta, me tocando carinhosamente, sorrindo, emocionados a maioria, fazendo perguntas, o clima está ótimo até eu sentir o seu olhar sobre mim, ele nem se quer levantou, como pode se achar tanto?

Sua face era uma verdadeira incógnita, seus olhos, seu olhar, sua pele branca, gélida… Nada havia mudado e tudo aquilo olhava pra dentro de mim, roupa esportiva, barba rala, mãos e dedos cruzadas, aquele anel… Cada parte dele me trazia uma lembrança… Eu estou assustado, eu passei anos trabalhando nesse amor sem sentido pra nessa simples troca de olhares eu me sentir como uma peça da carne mais fresca prestes a ser jogada numa jaula cheia dos leões mais famintos. Nem quando ouvi Camden falando com Paige no telefone eu me senti assim… Cada parte do meu ser quer chegar perto dele e sentir aquele todo, aquele cheiro, aquela fragância, aquela droga de fragância… É como neve fresca, torta de nozes, alcaçuz azul e sangue, o mais ferroso sangue… Era como assistir a uma tempestade, a um filhote do animal mais perigoso do mundo ferido. A perfeição e todas as suas definições de perigosa.

Meu lobo não consegue se aquietar dentro de mim, tenho sorte de Laura ter me ensinado a reprimir e controlar minhas emoções assim tão bem se não todos perceberiam, para quem visse eu estava tão indiferente quanto ele… Eu o amo, eu não quero amar, mas amo. Olhando sério resolvo não ignora-lo, por alguma razão estúpida, não faço isso.

- Mieczyslaw. - O cumprimento e o silêncio paira ao meu redor em questão de segundos.
             - Stiles. - Minha cara forma uma interrogação. - Me chame de Stiles.
             - Olá, Stiles. - Minha voz soa irônica e ele percebe.
             - Olá Derek.
             - Stiles cade a educação, vem cumprimentar o Derek! - Scott fala tentando quebrar o clima gelado. Eu olho pro rosto do queixo torto e em seguida viro meu rosto e nossos olhares se encontram novamente. Ele sorri de lado e meu coração falha uma batida.
         - É bom te ver Hale. É uma pena que não possa aproveitar de toda sua ilustre presença, uma trilha pelas montanhas me espera, qualquer hora a gente se cruza, cidade pequena, sabe como é. - Ele diz pegando sua bolça, colocando alguns livros dentro.
             - Espera Stiles… - Scott chama.

- Meninos é melhor não dormirem na minha casa hoje, não pretendo chegar cedo e o xerife já proibiu as trilhas noturnas para amadores então… Até segunda, e Derek, adorei a barba. - Ele pisca o olho direito e sai pela grande porta ao lado das mesas. E naquele momento um raio corta os céus de Beacon Hills, ao mesmo tempo que o meu todo se perde no melhor e mais perigoso dos delírios.