1. Spirit Fanfics >
  2. Love Dont Die >
  3. Uma Família Italiana

História Love Dont Die - Uma Família Italiana


Escrita por: Mrscurly

Notas do Autor


Olá, flores!
Aqui está o tão esperado primeiro capítulo de LDD.
Quero agradecer aos mais de 90 favoritos em apenas um capítulo! Estou tão feliz!
Nem sei como agradecer a todos vocês por isso! ^^
Bem, acho que o capítulo de hoje ficou meio grande e enrolado, mas espero que gostem.
Boa Leitura.

Capítulo 2 - Uma Família Italiana


Fanfic / Fanfiction Love Dont Die - Uma Família Italiana

Apertei o stop.

A sensação de vazio depois do silêncio me fez olhar em volta, apenas para confirmar o que eu já sabia. Naquela enorme quadra de esportes, eu era a única pessoa visível ali, usando um collant preto e sapatilhas desgastadas. Meu corpo ainda respondia pulsante às duas horas seguidas de treino, em um sábado de manhã, e meu estômago vazio sofria com as muitas piruetas e saltos que eu havia feito.

É engraçado o que acontece quando se está ouvindo uma música muito alta, seguida por um silêncio repentino. Meus ouvidos chiavam e minha cabeça e corpo ainda se moviam junto com a melodia forte que agora só tocava em minha mente.

A senhora Bovary sempre me passava longos sermões sobre o meu gosto impróprio de fazer meus treinos ao som de músicas grotescas como o rock, mas eu tinha que admitir que músicas clássicas me davam sono e enjoo.

Soltei todo o pouco ar que ainda restava em meus pulmões, passando as mãos pelos meus cabelos revoltos e cheios, antes de fazer uma careta e me jogar no chão, com pernas e braços abertos, como em um dia de neve, fazendo anjos no chão branquinho.

Sempre me senti livre e contente depois de um longo treino em uma manhã gelada como esta, mas aquele sábado em especial, eu me sentia totalmente frustrada comigo mesma.

Não tinha certeza se era pelo fato de o Campeonato Estadual de Ginástica Rítmica estar cada vez mais próximo, ao passo de que eu não conseguia montar uma série aceitável para chegar às oitavas de final; ou por saber que o festival de música de Glasgow estava chegando e eu não tinha nem um terço do dinheiro para pagar a entrada.

Talvez eu não devesse ter emprestado dinheiro para o Lucca, sabendo que ele demoraria anos para me pagar novamente.

Peguei uma mecha de meu cabelo que caia em meus ombros, apenas para enrolá-lo em meu dedo e torcer o nariz em desgosto.

Cabelos vermelhos como o fogo.

Como eu queria poder ter nascido com cabelos castanhos como qualquer pessoa sem graça em Londres, mas tudo o que meus cabelos faziam era deixar-me mais ainda com cara de uma criança de dez anos, juntamente com a pele pálida, as sardas acumuladas em minhas bochechas e nariz e os olhos verdes.

Sempre admirei Holly pela coragem de trocar a cor dos cabelos a cada novo mês, de acordo com o seu temperamento ou tendência das cantoras favoritas dela.

Todos diziam que Holly e eu éramos como água e vinho, mas com toda certeza a pessoa que pensava assim nunca nos conheceu de verdade. Holly era minha amiga desde que mudou-se para King’s Cross, aos sete anos, vinda de uma cidade de interior minúscula após seu pai ter conseguido uma promoção.

Eu, naquela época, fazia meus treinos amadores de ginástica, no parquinho a algumas quadras do prédio em que morava com meus pais e meus dois irmãos. Enquanto eu treinava cambalhotas, piruetas e saltos, as outras crianças apenas me olhavam como se eu fosse um extraterreste, mas assim que vi uma pequena menina de cabelos cor de mel e olhos azuis vindo em minha direção, sorrindo para mim ao dizer:

“Você pode me ensinar a dar uma estrelinha? ”

Soube que nunca mais conseguiria desgrudar daquela garota alta e risonha, que compartilhava comigo as mais diversas aventuras e (quase) o mesmo gosto para música e literatura.

Meu celular tocou, fazendo com que meu toque escandaloso reverberasse por toda a quadra, obrigando-me a sair do chão, sentindo todos os meus músculos arderem. Demorei alguns minutos para achá-lo em minha bolsa, vestindo um pequeno short jeans por cima do collant antes de tocar na tela pequena do aparelho para perceber que era uma mensagem de Holly, avisando que ela e Andrew passariam na pizzaria à noite.

Era sábado, e como sempre, Holly e seu irmão Andrew iam jantar na pizzaria da minha família, apenas para passarem mais algumas horas fazendo bobagens comigo. Andrew, assim como Holly, era o meu melhor amigo e vocalista de sua própria banda de rock de garagem, à qual eu era grande fã.

Guardei todas as minhas coisas pacientemente, antes de finalmente sair da quadra de esportes da Universidade King’s Cross, que havia me aceitado para o time de ginástica após a eliminatórias anuais.

Passei pelos corredores tão conhecidos do prédio principal da universidade de séculos passados, observando as pequenas rachaduras nas paredes bem pintadas, indo em direção à portaria do prédio para me despedir de Jev, o segurança da faculdade.

− Ficou bastante tempo hoje, Gaia. – O senhor de cabelos grisalhos e sorriso bondoso, disse, fazendo com que eu abrisse um sorriso para o homem de meia idade.

− Nunca percebo o tempo passando quando estou lá dentro. – Revelei, lhe entregando o molho de chaves e assinando meu nome em uma caligrafia horrível, no livro de presença que era obrigatório para qualquer pessoa que entrasse no prédio fora do horário das aulas.

Depois de despedir-me com um aceno de mão, e a promessa de avisar Lucca que ele havia esquecido seus livros de direito no banheiro masculino, pela décima vez na semana, o que me fazia pensar que talvez ele quisesse perder aqueles monstros de mil páginas sobre direito penal, atravessei a grande porta da universidade em direção à rua.

Assim que pisei na calcada esburacada, uma lufada de vento frio levou em meu rosto uma das milhares de folhas secas que se encontravam no chão, das árvores que agora só possuíam galhos.

Era setembro, começo do outono, a estação do ano que provavelmente era a minha favorita, pois a paisagem sempre ficava mais bonita quando passamos por uma rua vestida com o tapete natural das folhas caídas.

Mamãe sempre dizia que quando eu era pequena, me escondia nos montes de folhas secas, e nunca ninguém me encontrava, pois meus cabelos se misturavam com as cores douradas e avermelhadas das plantas.

− É melhor eu chegar logo no Bertolazzo’s. – Murmurei para mim mesma, enquanto colocava meus fones de ouvido amarelados, dando play em uma das minhas músicas favoritas da banda de Andrew.

Para ser sincera, a única coisa que se encontraria nas minhas pastas de música era algo do One Republic, Imagine Dragons, Coldplay e toda a pequena discografia da banda de Andy.

A pizzaria de meus pais, a qual eu trabalhava nos turnos da noite com meus irmãos, era a apenas algumas quadras da Univerdade King’s Cross, e é o lugar que marcou a minha infância, com guerras de farinha na cozinha com papai, ou com o cheiro delicioso de orégano e manjericão da pizza Margueritta, a minha predileta.

Passei mais dias dentro da cozinha rústica do Bartolazzo’s vendo papai, um típico filho de italianos assim como mamãe, assando as pizzas em seu forno à lenha, ficando com o rosto machado do carvão e do fogo no final do dia, do que em casa ou na escola, brincando como uma criança normal.

− Você é uma verdadeira Bartolazzo, minha bambina. – Ele sempre sussurrava aquelas palavras para mim, enquanto eu tentava ao máximo jogar à massa para o alto com um giro perfeito, como mamãe fazia.

Um trovão alto fez com que eu soltasse um gritinho agudo, xingando-me mentalmente por não ter pedido à Andrew que me desse uma carona até em casa logo no dia que um dilúvio parecia pronto para cair sobre Londres.

Apertei meus pés dentro das sapatilhas gastas e atravessei a rua correndo, tentando ao máximo desviar dos carros e motos que buzinavam para o farol fechado da avenida.

− Olá, Grace. – Acenei da calçada para a senhora de cabelos brancos, dona de uma pequena quitanda no meio do caminho até a pizzaria, onde meus pais costumavam comprar ingredientes. – Meus pais encomendaram alguma coisa hoje?

− A cada dia que olho para você, minha rosa, parece que fica mais bonita. – Considero Grace como uma avó para mim, pois ela costumava ser nossa babá, quando meus pais ficam em turnos mais longos, quando abriram a pizzaria.

Minhas bochechas coraram, enquanto eu pegava uma sacola de papel cheia de vários temperos que faziam meu nariz coçar.

− Você sempre diz isso, Grace. – Fui até a pequena senhora, deixando-lhe um pequeno beijo em sua testa enrugada de idade.

− Porque sempre é verdade, minha rosa. – A senhorazinha ri, acenando lentamente enquanto eu voltada para a minha caminhada apressada, ainda rezando para que não chovesse.

As pessoas passavam por mim apressadas, principalmente homens de ternos e chapéus elegantes, que tinham estampados nos rostos, bocas caídas, que para mim eram resultado dos dias sem sorrir ou se divertir.

Certa vez virei para papai e ralhei: “Nunca vire um daqueles velhos rabugentos de cara caída, papà. ”

Minha família ainda conservava a tradição italiana que veio com meus avós para a Inglaterra, portanto não era difícil encontrar eu e meus irmãos em uma discussão acalorada em italiano, para que apenas nós processemos nos entender.

O refrão da quinta música que eu ouvia, fez com que meu corpo se remexesse levemente com a batida da melodia, e eu sabia que já cantava a letra em plenos pulmões, sem me importar com os olhares feios dos velhos rabugentos de chapéu.

A fachada do Bartolazzo’s finalmente entrou em meu campo de visão, e eu estudei atentamente o prédio pequeno e rustico em meio a dois grandes prédios de subúrbio, que mais parecia uma taverna da época medieval, mas qualquer um que passasse pela portinha simples, sentiria o aconchego do restaurante.

O meu turno começaria em algumas horas, e mesmo a plaquinha perdurada na porta anunciar “Fechado”, eu sabia que a porta estava destrancada para que eu pudesse entrar sem ter que gritar por alguns minutos para que alguém me socorresse, pois eu nunca carregava comigo meu molho de chaves.

Mamma, a Ginger chegou! – A voz esganiçada que vinha do balcão, me fez revirar os olhos, pois não importava o quão eu odiasse esse apelido ou o fato de Lucca e Matteo também serem ruivos, eles simplesmente não paravam de me chamar assim.

Com 21 anos, Lucca e Matteo eram irmão gêmeos, apenas dois anos mais velhos do que eu, mas três vezes mais insuportáveis do que qualquer pessoa no mundo. Magros, altos e com cabelos revoltos e tão vermelhos quanto os meus, fazem faculdade na King’s Cross e dividem um quarto apertado comigo.

Culpo eles por terem me transformado na pequena moleca que sou hoje, pois sou tão desorganizada e brincalhona como eles, e não era muito difícil nos encontrar por ai fazendo alguma coisa idiota, que provavelmente nem uma criança de cinco anos faria.

Mesmo sendo o dobro de chatice, eu os amava muito, e era extremamente grata por ter irmãos tão protetores como Lucca e Matteo.

− Você já se olhou no espelho, Matteo? – Resmunguei de volta, chutando a perna de um deles que era visível por trás do balcão.

Incrivelmente, eu era única pessoa que conseguia distinguir os dois sem nenhuma dificuldade, tamanha a igualdade deles.

− Você me chutou, Gaia! – Gritou Lucca, surgindo com a cara emburrada em meu campo de visão, mostrando a língua para mim.

− Muito bem feito! – Cruzei os braços sobre o peito, olhando-o feio. – Ninguém mandou ficar esquecendo suas coisas na universidade, o Jev falou para você procurar ele na segunda para pegar seus livros de volta.

Abri a portinha do balcão, e passei calmamente para o lado em que eles estavam, recebendo uma bagunçada de cabelo de Matteo, fazendo com que os gêmeos caíssem na gargalhada enquanto eu bufava e deixava tapas no peito dos dois.

− Gaia! Você pegou os temperos na Grace? – Ouvi a voz melodiosa de mamãe vindo da cozinha, e mostrei a língua para meus irmãos, indo até onde a mulher baixinha e rechonchuda, com bochechas cheias e cabelos até os ombros de um castanho claro, misturava a massa no balcão de pedra da cozinha ampla.

− Estão aqui, mamma. – Murmurei, sorrindo enquanto abraçava-a por trás e deixava um beijo em seus cabelos com cheiro de orégano.

− Como foi o treino hoje, querida? – Ela perguntou, olhando para trás, estudando-me com seus olhos verdes. Eu era baixinha, mas mamãe era ainda mais, deixando-a com um ar de delicadeza e simplicidade.

− Muito bom, mamãe, mas estou com problemas para criar uma série para os estaduais. – Resmunguei, roubando um bolinho de massa de sua tigela.

− Lena, deixei a menina ir se trocar, pois daqui a pouco abriremos o restaurante e estamos com muitas reservas hoje. – Papai apareceu com algumas toras de lenha nos braços, pronto para acender o forno, sorrindo carinhosamente para mim.

Saltitei até seu lado, depositando um beijo em seu cabelo ruivo, antes de correr até o banheiro dos funcionários para colocar meu costumeiro jeans e polo vermelha, junto com um avental xadrez.

Antes de trancar a porta, consegui ouvir mamãe gritar: “Deixe-me pelo menos dizer “olá” para minha filha, Marco! ”

A pizzaria estava bufando pessoas para todos os lados, pessoas que riam, conversavam altamente, tomavam vinho e comiam pizzas dos mais diversos sabores; e quando finalmente consegui ter uma pausa da correria de garçonete, pulei o balcão e sentei-me ao lado de Lucca e Matteo que acabavam de entregar o troco para uma família com cinco criancinhas pequenas.

Já terminava com o refrigerante que roubei de Matteo quando meus ouvidos detectaram uma música estranha tocando no pequeno radiozinho que costumava tocar músicas italianas animadas.

Meu gosto musical não conseguia se adequar ao novo gosto pop por boybands que as pessoas londrinas haviam adquirido recentemente, e quando fui mudar de rádio, Lucca me deu um tapa na mão, fazendo-me olhar para ele incrédula.

− Por que fez isso? – Perguntei revoltada, pronta para uma guerrinha com os panfletos que se amontoavam no balcão.

− Porque nós queremos ouvir a música. – Matteo respondeu pelo irmão, sorrindo de forma boba para mim enquanto tentava acompanhar a música lenta no rádio.

− Desde quando vocês gostam de... – Franzi o cenho, tentando lembrar o nome da banda. – Como isso chama mesmo?

− One Direction. – Eles disseram em uníssono, enquanto faziam expressões de sofrimento, tentando interpretavam a música romântica.

− Vocês vivem fazendo piadinhas sobre eles. – Resmunguei, tentando mais uma vez mudar de estação, mas fui surpreendida por Lucca, que puxou-me pela mão colando nossos corpos e começando uma lenta valsa, um tanto confusa e descoordenada.

Matteo pegou a latinha vazia de seu refrigerante, usando-a de microfone enquanto cantava a música erroneamente junto com o cantor.

− I figured it out, I figured out from black and “bite”. – Agradecia todas as noites por Matteo ter começado o curso de língua inglesa, pois se ele fosse cantor com toda certeza morreria de fome.

− Tenho quase certeza de que ele falou “white”. – Gritei, no momento em que Lucca me fez girar em uma pirueta.

− Faz mais sentido mesmo. – Matteo respondeu, olhando para nós e começando a gargalhar escandalosamente.

− Que belo show que os irmãos Bertolazzo estão dando! – Assim que o ouvi a voz aguda de Holly, virei minha cabeça para olhá-la debruçada no balcão em nossa frente, com Andrew ao seu lado, que ria tão alto quando Matteo.

− Holly, me ajude! – Gritei, tentando me desfazer dos braços de Lucca, que se sentia um verdadeiro dançarino.

− E acabar com a graça? Nem pensar, Gaia! – Ela riu alegremente, balançando sua cabeça, fazendo com que seus cabelos coloridos ondulassem ao lado de seu rosto.

E apenas depois de dois dias que conheci Holly, eu descobri que ela sempre soube fazer uma estrelinha, mas talvez, sem aquela pequena frase no parquinho, nós não estivéssemos naquele momento agora, onde todos os clientes assistiam nosso pequeno show de dança, enquanto ríamos como crianças, livres e sem preocupações.

Continua...


Notas Finais


Bem, esse foi o primeiro capítulo, e espero mesmo que tenham gostado!
Fiquei meio triste pelo prólogo ter pouco comentários, mas como aquilo era apenas o "gostinho" da fic não posso reclamar, até porque vocês me deram 90 favoritos!
~~~estou soltando fogos de felicidade~~~
Mas deixem aqui suas opiniões, pois quero saber se continuo a fic ou não.
Até a próximo, sweethearts!
Xoxo, Gabi G.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...