Quando o sinal bateu e todos correram para sair da sala, eu lentamente guardei minhas coisas, para que todos saíssem antes de mim.
Os dois garotos estavam parados, encostados nas cadeiras a minha espera.
Peguei a mochila, tomei o braço deles e pudemos sorrir uns para os outros. Por que o amor nos deixa tão trouxas?
Os beijei para conseguir a confiança necessária para sair daquela sala e caminhar até a quadra sob diversos olhares.
Saímos nós três de mãos dadas, eu no meio e Han e Josh nas pontas. Eu andava de cabeça baixa, meio alheio ao que todos diziam, inclusive a conversa entre meus dois namorados. Os deixei na entrada e corri para o vestiário.
Quando entrei, um silêncio perturbador se instaurou. Alguns dos jogares e meus parceiros de time, me olharam com raiva, nojo, porém outros me olharam com dó. Por este último, eu realmente não esperava.
Avistei Mingyu no fim do corredor de armários e andei até ele. Deixei minha bolsa com o uniforme no banco ao lado dele e o garoto parou de calçar os tênis para me olhar.
- Seungcheol! - fizemos um toque - Você está bem o suficiente para treinar hoje? Posso dizer ao treinador q-
- Não. Não será preciso.
O garoto assentiu.
Eu precisava encarar o problema de frente, não interessavam os olhares.
Me vesti rapidamente e, quando ajeitava as meias, o treinador entrou e pediu que todos fossem para o fundo do vestiário. Lá tinham alguns bancos, onde eu me encontrava no momento e, mais a esquerda, estavam os chuveiros.
O time não demorou a se reunir e o garoto alto, Mingyu, sentou ao meu lado. Aquele garoto, depois que entendi que sua situação era parecida com a minha de certa forma, me ajudava como um grande amigo.
- Sinto que não vem boa coisa por aí.
Franzi o cenho e Mingyu continuou.
- Ele não chegou com uma cara boa, hyung.
Eu temi naquele momento, por mim e por todo o time.
- Atenção! Quero que todos escutem o que vou dizer. - o treinador se impôs, rapidamente calando todos - Nós todos somos um time e isso é muito importante. Dentro de quadra, a sua vida lá fora não interessa. Nem para mim e nem para ninguém. Mas, temos algumas regras para continuar no time. Espero que todos saibam quais são.
- Manter um bom desempenho no colégio e não se meter em confusões.
Todos repetiram em uníssono.
- Sim, exato. Porém, pela notícia que chegou aos meus ouvidos pela manhã, alguém não está entendendo bem o que elas significam. - os garotos começaram a falar todos juntos e mal poderíamos entender o que diziam - SILÊNCIO! Não há mais respeito pelo seu treinador?
- Desculpe, treinador.
Alguns disseram.
- Por isso, a decisão será dura. Doeu em mim, confesso. Mas, não vi outra forma de lidar. Seungcheol. - todos se viraram para mim e eu engoli em seco - A braçadeira, por favor.
Eu franzi o cenho e me segurei para não chorar naquele momento.
- C-Como, senhor?
- A braçadeira de capitão. A partir deste momento, pelo escândalo que causou no colégio inteiro, sendo motivo de fofocas e burburinhos, não posso mantê-lo na liderança do time. Você não será mais o capitão.
Assenti engolindo em seco.
- Você também ficará no banco até segunda ordem. - suspirou - Você é um jogador bom e eu não tenho condições de desmontar todas as estratégias do time tão em cima do campeonato. O normal seria a expulsão, mas... Me resta um pouco de apreço por você, Choi.
- Agradeço isso, treinador.
- Espero não me decepcionar com o nosso novo capitão. Hansol?
O garoto levantou atônito, mas pegou a braçadeira e a colocou. Ele me olhou. Ele era um dos caras que me olhavam com pena.
Quando o treinador Kwon nos liberou para a quadra, Hansol agarrou meu braço.
- Eu apenas aceitei porquê estávamos na presença do treinador. Mas, saiba que Choi-hyung sempre será nosso capitão. Aliás, eu nem levo jeito pra coisa.
Coçou a nuca com seu típico sorriso de lado.
- É seu trabalho agora, Hansol. Faça bom uso dessa braçadeira.
Ele sorriu para mim e saímos correndo com o restante do time.
NARRADOR
Não há muito o que dizer sobre o jogo. O time tinha sido dividido em dois times para treinar. Porém, Seungcheol tinha ficado no banco. Jeonghan e Joshua assistiam, mas as pessoas não gostaram da presença deles ali. O burburinho da história do dia da festa reverberava sem dó, de forma negativa, por toda arquibancada, onde algumas pessoas assistiam o treinamento do time.
Os namorados perceberam o estado do mais velho e desceram até a parte mais próxima dele na grade para questiona-lo.
Sem que ninguém visse, ele explicou rapidamente e os garotos o quiseram abraçar naquele momento. Mas, não poderiam.
Mingyu olhava preocupado para o banco de reservas e acabou caindo no meio do jogo. Se machucou e foi parar no local para onde olhava minutos antes. Sendo assim, o garoto mais velho jogaria em seu lugar.
- Jeonghan-hyung? Jisoo-hyung?
Mingyu chamou quando ninguém mais prestava atenção em si. Os dois garotos estranharam, porém o atenderam.
- Me desculpem por ontem, primeiramente. Desculpa, Jisoo-hyung, não era a minha intenção ter todo aquele lance da foto com o Jeonghan-hyung.
- Não se preocupe, garoto. - Jisoo disse com sua característica voz suave - Não somos tão nervosos como o Cheol.
O mais novo sorriu.
- Seu nome é Mingyu, não é?
Jeonghan perguntou e o Kim, mesmo estranhando, concordou.
- Como sabe?
- Seungcheol ama esse time. Ele sempre fala de vocês depois do treino. Você é o mais alto, não é? - Mingyu concordou rindo - Ele diz que você é como um bebê gigante. Sempre precisando de ajuda, sempre com vergonha, mas tem o tamanho que tem e é um ótimo jogador.
- Ah! Ele sempre fala de um Hansol. - Joshua completou - Um garoto americano que nunca para quieto, elétrico e se deixar passa uma madrugada treinando.
O casal riu junto com o mais novo.
- Hansol é o novo capitão. - o casal parou o olhando preocupado - Seungcheol está triste. Eu sei que tudo isso não é culpa dele e nem dos hyungs. Ninguém tem culpa de nascer gay.
O garoto deu de ombros, parecendo chateado com a situação.
- Eu sabia que meu 'gaydar' tinha sido acionado quando te vi.
Não se importando muito com o que Joshua dissera, Mingyu continuou com seu plano. Antes, conferindo se ninguém percebia a movimentação dele.
- Então, eu queria ajudar o Coups-hyung com uma coisa, mas vou precisar dos hyungs...
Joshua sorriu para Jeonghan e o namorado igualmente o fez. Sim, aquilo poderia dar muito certo.
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