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História Love Inside Out - Quem vai ser a madrinha?


Escrita por: jaimencanto

Notas do Autor


Já dei um spoiler com a foto do capítulo, mas enfim... HAHA

Capítulo 18 - Quem vai ser a madrinha?


Fanfic / Fanfiction Love Inside Out - Quem vai ser a madrinha?

- E esse é aqui, não é mamãe?

- Isso mesmo!

               Sofia fazia sua lição de casa e Letícia a ajudava. Era a única coisa que conseguia fazer naquele momento, suportando todas as dores nas costas e o mal estar.

- Já terminei, mamãe! – Sofia fechou o seu caderno. – Posso ver o desenho agora?

- É claro que pode. – Lety sorriu.

               Sofia ligou a televisão e voltou a sentar-se ao lado de Lety no sofá. Letícia a abraçou e deu um longo suspiro, sentindo o mal estar aumentar um pouco mais. No momento em que se ajeitaram ao sofá, o interfone tocou e Letícia revirou os olhos impaciente.

- Meu amor, voce pode atender para mim? Se não for alguém que conheça, você me chama e não abra o portão.

- Tudo bem.

               Sofia pulou do sofá e saiu correndo da sala. Maria estava de folga naquele dia por ter pegado um resfriado. Embora Fernando não quisesse deixar as duas sozinhas, principalmente com Letícia naquelas condições, ela insistiu que ficaria tudo bem, e por fim conseguiu convencê-lo. Depois de alguns minutos Sofia voltou à sala, parecendo animada.

- Quem era? – Lety perguntou.

- É a tia Stella! – Ela disse animada.

               Sofia correu para se encontrar com ela e Letícia se levantou esperando por ela.

- Onde está sua mãe? – Stella perguntou.

- Na sala. Estamos assistindo desenho!

               Em poucos segundos Stella entrou na sala seguindo Sofia que a puxava pela mão.

- Oi! – Ela sorriu.

- Que surpresa! – Lety sorriu cumprimentando-a com dois beijos.

- Resolvi fazer uma visita surpresa. Só trabalhei até o horário de almoço hoje.

- Que beleza! Acho que vou repensar e trabalhar de professora. – Letícia voltou a sentar-se pesadamente.

- Nossa... Isso parece incomodo. – Stella disse sentando-se no outro sofá.

- Eu acho que já não tem mais espaço para ele aqui. – Lety tocou em sua enorme barriga. – De verdade.

- Já está quase. Fica tranqüila. – Ela riu.

- Você quis mesmo nos fazer uma visita ou o seu irmão te mandou aqui?

- Nossa, cunhada. Que ofensa! Eu não posso mais querer visitá-la no meu horário de folga?

               Letícia arqueou as sobrancelhas.

- Ele só está preocupado.

- Eu sabia! – Lety exclamou. – Fernando não tem jeito! Ele nunca confia em mim quando eu digo que está tudo bem.

- O papai disse para eu tomar conta de você. – Sofia disse.

- Eu sei, meu amor. – Letícia sorriu. – E você está fazendo isso muito bem.

- Ele só não queria deixar voce sozinha desse jeito. – Stella explicou.

- Desse jeito... Fernando acha que eu estou prestes a explodir, só pode.

- De qualquer maneira eu fico tranqüila por estar aqui. Saiba que assisti alguns filmes e li alguns livros sobre o parto e eu estou totalmente preparada caso seja precis...

               Stella parou de falar quando percebeu que Letícia levou as mãos à barriga imediatamente.

- O que foi? – Perguntou preocupada.

- Eu... Acho que foi uma contração. – Lety a olhou tensa. – Eu não tenho certeza.

- AI meu Deus! Uma contração? – Stella levantou-se rapidamente. – Pelo amor de Deus, Lety!

- O que é contração? – Sofia perguntou.

- Precisamos ligar para o Fernando! – Stella procurou pelo seu celular.

- Stella, se acalma. Você não disse que estava preparada?

- Ao menos até você entrar em trabalho de parto eu estava!

               Letícia riu.

- Fica calma. É só uma contração. Nem sabemos se é realmente um... – Ela parou de falar, fechando os olhos.

- O que foi?

- Outra. E dessa vez das fortes.

- Ai meu Deus!

- Mamãe, o que é contração?

- Meu amor... – Letícia a olhou, lhe entregando o seu celular. – Faça um favor. Ligue para o seu pai, e diga para ele que sua tia e eu vamos ao hospital. Peça para ele nos encontrar lá. Você se lembra como liga, não é?

- Sim!

- Ótimo!

               Sofia deslizou o dedo pela tela do celular até levar o telefone ao ouvido. Stella não parava de roer as unhas, e Letícia tentava ao máximo continuar mantendo a calma.

- Oi papai, sou eu! A mamãe pediu para te ligar e dizer que ela está indo ao hospital com a tia Stella. – Ela olhou para Letícia, que assentiu. – Eu não sei direito. Acho que ela está tendo uma concentração. Na verdade, acho que ela vai explodir como voce disse.

- Sofia! – Letícia chamou sua atenção.

- Papai? Ele desligou. – Ela entregou o celular para Letícia.

- Ai meu Deus! – Letícia levou a mão à testa. – Agora temos que nos preocupar se Fernando não vai dirigir que nem um louco até o hospital.

- Precisamos nos apressar! Eu não quero ter que fazer um parto em casa!

- Minha bolsa está lá em cima. Já está tudo preparado. Pode pegá-la por favor?

- Por que voce está tão calma? Como está tão calma? – Stella perguntou apreensiva.

- Eu só estou tentando não ficar louca como voce. – Letícia riu. – Pode buscar a bolsa por favor?

- Claro! Claro! – Stella saiu apressada da sala.

- Você está com dor, mamãe? – Sofia perguntou.

- Poucas. Mas não se preocupe. – Letícia sorriu tranqüilizando-a. – Nós vamos deixá-la na sua avó Patrícia agora, e depois seu pai volta para te buscar, tudo bem?

- O meu irmão vai nascer?

- Eu espero que sim.

- Ah mamãe... Eu quero ver!

- Infelizmente voce não pode ver, meu amor. Mas eu prometo que assim que ele nascer, eu peço alguém para buscá-la para voce vê-lo.

- Tudo bem. – Ela sorriu.

- Pronto! Peguei! – Stella voltou para a sala com a bolsa em mãos. – Vamos logo, Lety. Sua bolsa não pode estourar aqui!

               Letícia riu e Stella a ajudou a se levantar.

 

 

 

•••

 

 

 

- Pronto! Enviei mensagem para todo mundo! – Stella disse quando entraram no hospital. – Só Fernando que não atende a droga do celular.

- Ele deve estar dirigindo.

- Como estão as contrações?

- Mais fortes. – Letícia expirou profundamente.

- Eu vou pedir alguém para te atender.

               Stella correu até o balcão da recepção, mas logo apareceram dois enfermeiros com uma cadeira de rodas.

- Está em trabalho de parto, Senhora?

- Sim! – Letícia respondeu sentando-se.

- E onde está o seu acompanhante? A Senhora está sozinha?

- Não. Ela está ali.

               Stella se aproximou no mesmo instante.

- Oi! Eu estou com ela!

- Nós vamos levá-la para o quarto. Tem mais alguém com ela?

- Todo mundo está chegando!

- Tudo bem. Nós voltaremos para dar notícias.

               Lety a olhou.

- Tente falar com o Fernando, por favor. – Disse com a voz ofegante após ter outra contração.

- Sim! Pode deixar! Não se preocupe!

               Os enfermeiros se afastaram com Letícia e Stella pegou o celular com as mãos trêmulas. Precisava falar com o seu irmão o mais rápido possível.

- Stella!

               Carolina entrou no hospital às pressas.

- Ai! Graças a Deus! – Suspirou aliviada. – Pensei que ficaria sozinha aqui! Eu estou prestes a desmaiar.

- Onde está a Lety? Como eles estão?

- Eles acabaram de levá-la. Disseram que daqui a pouco voltam para dar notícias.

- E o Fernando?

- Eu não consigo falar com esse cabeça dura! Sofia ligou para ele, mas ela foi um pouco exagerada demais. Provavelmente ele ficou preocupado e saiu feito um louco.

- Ele já deve estar chegando. Vou ligar para o Omar.

- Isso!

               Carolina tirou o seu celular do bolso e rapidamente ligou para Omar. O telefone chamou por um tempo, mas ninguém o atendeu.

- Nada. – Carolina suspirou desanimada. – Devem estar juntos.

               Stella a olhou nervosa.

- O que faremos?

- Esperamos. – Stella suspirou. – É a única coisa que podemos fazer.

 

 

•••

 

 

 

               Letícia segurava nas barras laterais da cama cada vez que a dor lhe incomodava. As contrações já estavam freqüentes e mais fortes depois que sua bolsa rompeu, e a cada dor sentida, a ansiedade de ter o seu filho nos braços aumentava ainda mais. Mas, a preocupação com Fernando também, e a idéia de começar o parto sem ter Fernando ao seu lado a incomodava, talvez ainda mais do que as dores.

- Doutor, pode checar mais uma vez? – Ela perguntou coma  respiração ofegante.

- Lety, eu acabei de ir lá fora. – O doutor explicou enquanto checava os batimentos de Lety. – Fernando ainda não chegou.

- Meu Deus! Ele não pode perder o nascimento do filho dele! – Exclamou fazendo uma careta após outra dor.

- Eu sei que está ansiosa, mas precisa se acalmar. Você já está quase pronta para começar ao parto,e  quanto mais preocupada estiver, pior. – Ele a olhou. – Os seus batimentos estão estáveis e os do bebê também. Então, isso quer dizer que está tudo bem. Agora, respire fundo.

               Letícia expirou o mais forte que pôde.

- Agora... Relaxe.

               Expirando, ela soltou as barras da cama e olhou para seu médico.

- Ótimo. – Ele sorriu. – Está indo muito bem, Lety. Só mais alguns minutos e estaremos prontos.

               Ela sorriu, tocando em sua barriga. Depois de oito meses de ansiedade, preparativos e tensão, Lety finalmente poderia conhecer o seu filho. Depois de tudo o que passou, depois de todos os medos e ansiedades ela finalmente o teria em seus braços. Mas, enquanto tentava se acalmar pensando nas sensações que sentiria ao segurar seu filho pela primeira vez, Letícia não pôde deixar de imaginar a alegria de Fernando fazendo o mesmo. E mais uma vez a preocupação a perturbou. “Ele chegará a tempo?” “E se ele perder o nascimento do seu filho?”. Talvez a maior preocupação de Lety fosse a decepção que ele teria ao saber que perdeu o nascimento do próprio filho.

               De repente, Letícia e o médico escutaram vozes alteradas do lado de fora do quarto. Ela o olhou preocupada, imaginando o que poderia estar acontecendo, mas ao prestar atenção na confusão, conseguiu reconhecer a voz de Fernando.

- É o Fernando! – Ela exclamou animada. – Doutor, é o Fernando!

- Eu vou checar.

               O médico caminhou até a porta, e quando a abriu, dois enfermeiros apareceu na porta.

- Doutor, tem um maluco aí fora querendo entrar e...

- O maluco é o meu marido! – Letícia disse irritada.

- Está tudo bem, Souza. Pode deixá-lo entrar. Ele é o marido.

               Fernando se aproximou e fuzilou os enfermeiros com os olhos, passando pelo médico, olhando diretamente para Letícia.

- Meu amor! – Ele suspirou aliviado, caminhando até ela.

- Onde é que você estava? – Ela perguntou atônita, segurando sua mão.

- Eu vim o mais rápido que pude. Quando a Sofia me ligou eu não tive tempo de mais nada e corri para o carro. Mas o transito estava horrível e...

- Isso não importa. – Letícia sorriu. – Você está aqui, e é isso que... AI!

               Lety fechou os olhos tombando a cabeça no travesseiro. Fernando a olhou preocupado até entender que era uma contração. Só então ele caiu na real que Letícia estava mesmo em trabalho de parto, e que em poucos minutos veria seu filho pela primeira vez. Um misto de ansiedade e nervosismo o dominou, e Fernando simplesmente ficou petrificado ao lado da esposa.

- Fernando. – O medico se aproximou. – Letícia está quase pronta para começarmos o parto. Nós iremos prepará-la e levá-la para a sala de parto, e você precisa colocar algumas roupas de proteção para ficar com ela.

- Tudo bem. – Ele continuou a olhá-la. – Eu volto logo, está bem?

- Promete?

- Claro que sim. – Ele sorriu beijando sua mão. – Eu prometi que ficaria ao seu lado.

               Ela sorriu aliviada.

- Pode acompanhar o Souza que ele vai lhe dar a roupa necessária. – O médico bateu em seu ombro e Fernando olhou para Lety pela ultima vez, antes de sair da sala.

               Não demorou muito tempo para que Letícia estivesse preparada para o parto. Os enfermeiros a levaram para a sala própria para isso e assim que ela entrou, Fernando apareceu logo depois, usando uma máscara de proteção assim como suas roupas. Ele se aproximou de Letícia e segurou sua mão, sem precisar dizer nada. Ele já a tranqüilizava apenas por estar ali.

- Como está se sentindo, Lety? – O médico perguntou enquanto colocava as luvas.

- Com dor, muita dor. – Ela choramingou. – Pelo amor de Deus, doutor, não pode me medicar?

- Não! – Fernando respondeu rapidamente e ela o olhou. – Você pediu para que eu não deixasse você ser medicada, lembra?

- Mas eu não estou agüentando mais! – Ela respondeu eufórica. – Eu preciso de um medicamento!

- Eu não vou deixar! – Fernando bateu o pé. – Você disse que mesmo que implorasse por isso, eu não poderia deixar.

- Fernando Mendiola! – Ela o olhou irritada. – Se você não tem útero, voce não opina! Você não pode nem imaginar a dor insuportável que eu estou sentindo nesse momento! Sabe a dor que você sente quando alguém chuta a sua parte de baixo? Isso não chega nem perto! Então pelo amor de Deus, cala essa boca e deixa ele me dar essa porcaria de medicamento!

- Não! – Fernando insistiu, mesmo que estivesse com medo de Letícia ter sido possuída por alguma entidade, pela maneira que ela estava nervosa. – Doutor, ela não quer isso.

- Eu quero sim... AI! – Mais uma vez ela se queixou de dor. – Por favor... – Choramingou.

               Mesmo que fosse difícil para Fernando ver Letícia sofrendo daquela maneira, ele sabia que ela jamais a perdoaria se ela se medicasse. Ela havia deixado claro que não queria isso, e que de maneira alguma Fernando deveria permitir que a medicassem. Ele estava cumprindo com a sua palavra, mesmo que estivesse tentado em fazer qualquer coisa para que ela não sentisse mais dor.

- Ora, ora... – O médico a olhou sorridente. – De qualquer maneira essa discussão não adianta. O bebê já está nascendo!

- O que? – Lety e Fernando perguntaram ao mesmo tempo.

- Você já está pronta, Lety! – Ele disse animado. – Agora, quando tiver a próxima contração, eu quero que empurre!

- Mas... Já? – Ela o olhou tensa.

- Você vai conseguir. – Fernando apertou sua mão. – Eu estou aqui do seu lado.

               No mesmo instante, Letícia sentiu uma das piores contrações, e consequentemente fez o que o médico lhe pediu.

- Isso, Lety! Está ótimo! Muito bem! – Ele disse animado. – Só mais um pouco, não vai demorar.

               Fernando estava paralisado olhando para tudo aquilo. Por mais que tivesse tentado se preparar para aquele momento, era impossível não sentir-se em choque, e ao mesmo tempo emocionado. Depois de tudo o que passaram, depois de tantos anos tendo o sonho de ser pai, finalmente ele conheceria o seu filho e poderia segurá-lo nos braços. Finalmente Fernando teria a família que sempre desejou.

- Continua, Lety! Está ótimo!

- Eu não consigo. – Ela deitou a cabeça pesadamente no travesseiro. – Fernando... Eu não consigo...

- Você consegue sim! – Fernando se aproximou. – Meu amor, você está conseguindo, e está se saindo muito bem! Falta bem pouco para nós o conhecermos. Você não quer segurá-lo? Não quer que Sofia comemore que tem um irmãozinho?

               Ela balançou a cabeça afirmando.

- Então continue, porque voce é capaz.

               Letícia juntou todas as forças que ainda lhe restava e se concentrou. Em sua volta, tudo pareceu desaparecer, exceto Fernando que continuava a segurar sua mão. De repente, o som de um choro a despertou, e só então ela viu o médico segurar o seu filho. A sensação de alívio a deixou emocionada, e enquanto olhava para o bebê que chorava com uma força, as lágrimas escorreram em seu rosto.

- É uma menina! – O médico disse animado.

               Os enfermeiros iniciaram todos os cuidados com o bebê, mas Letícia e Fernando não conseguiam tirar os olhos dela, principalmente porque seu choro alto enchiam o peito de ambos de alegria.

- Você conseguiu! – Fernando exclamou emocionado, tentando controlar as lágrimas que se formaram. – Você conseguiu, meu amor! – Ele a olhou com os olhos marejados.

- Nós conseguimos. – Letícia sorriu enquanto chorava de alegria.

               Fernando riu e depositou um beijo em sua testa, sem conseguir expressar em palavras a felicidade tamanha que estava sentindo naquele momento. Enquanto o choro de sua filha ecoava por todo o quarto, enquanto Fernando ainda segurava sua mão, e enquanto o médico a perguntava se estava tudo bem, Letícia deitou a cabeça no travesseiro e tudo em sua volta escureceu. A ultima coisa que ela ouviu foi Fernando chamar pelo seu nome, e o barulho do aparelho que estava ligado à ela disparar.

 

 

 

 

•••

 

 

 

               Fernando olhava para sua filha entre todos os outros bebês. A janela de vidro que os separavam não o impedia de sorrir enquanto ele a admirava. Ele não pôde deixar de notar que dentre todos os bebês que estavam ali na maternidade, sua filha era de longe a mais bonita. Enquanto a olhava, Stella se aproximou e parou ao lado dele, em silencio. Os dois olharam para a bebê, até o sorriso de Fernando diminuir ao saber porque Stella estava ali ao seu lado.

- Ela ainda está lá dentro? – Ela perguntou sem olhá-lo.

- Sim. – Ele respondeu com os olhos marejados. – Disseram que ainda não podem dizer como ela está.

               Stella o olhou.

- Vai dar tudo certo, Fernando.

               Ele não respondeu. Era o que ele queria acreditar. Mas, a imagem de Letícia desacordada sobre a cama enquanto os enfermeiros se apressavam em descobrir o que estava acontecendo não saía de sua cabeça. Forçado a sair da sala sem ao menos saber o que estava acontecendo, a única notícia que Fernando teve ate então foi que Letícia teve uma pequena complicação pós parto, mas que estavam fazendo o possível para reverter sua situação.

- Ela é linda. – Stella voltou a olhar para sua sobrinha.

- É. – Fernando voltou a sorrir.

- Se parece com vocês dois.

- Acho que ela se parece mais com a Lety.

- Sofia vai ficar muito feliz.

               Novamente seu sorriso diminuiu, ao imaginar o que diria à Sofia quando ela chegasse. Carolina e Omar se disponibilizaram à buscá-la para conhecer sua irmã, mas Fernando ainda não sabia o que diria sobre Letícia, principalmente porque nem ele sabia o que estava acontecendo realmente.

- Não pode acontecer nada com ela. – Fernando falou colocando as mãos no bolso. - Depois de tudo o que enfrentamos, depois de tudo o que passamos... Isso não pode acontecer.

- Não vai acontecer nada com ela. – Stella segurou em seu braço. – Ela está bem, Fernando.

               Ele queria acreditar nisso. Queria acreditar que foi apenas um susto, mas aquela ausência de informações estavam enlouquecendo-o. A única coisa que ele queria era que alguém lhe explicasse a situação de Lety, para que ele pudesse ao menos se tranqüilizar. Mas isso não aconteceu até o momento.

- Papai! – Sofia exclamou animada e Fernando virou-se para ela.

               A pequena correu em sua direção e Fernando sorriu, abaixando-se para pegá-la no colo.

- Meu irmãozinho nasceu, papai? – Sofia perguntou animada.

- Sim! E na verdade não é um irmãozinho, e sim uma irmãzinha. – Fernando disse animado pegando-a no colo. – Ali... Está vendo? É aquela que está ali balançando as perninhas. – Fernando apontou para o outro lado do vidro e Sofia sorriu.

               Carolina e Omar se aproximaram e pararam ao lado deles.

- E como ela se chama? – Sofia perguntou.

- Ainda... Não escolhemos.

- E onde está a mamãe?

               Fernando sentiu sua garganta queimando. Queria ao menos conseguir mentir para Sofia dizendo que ela estava bem e que só estava descansando, mas não seria capaz de fazer isso.

- Sofi, eu vi que aqui tem daquelas máquinas de doces! Você quer um? – Stella perguntou animada.

- Sim!

- Então vamos!

               Fernando a colocou no chão e ela segurou a mão de Stella, afastando-se.

- Nenhuma notícia ainda? – Carolina perguntou.

- Nada. – Fernando respondeu suspirando. – Se demorar mais, eu vou lá saber como ela está.

- É melhor esperar. – Omar disse. – Se ele ainda não deu notícias é porque ainda estão...

- Eu não vou deixar a Lety lá dentro sem notícia nenhuma, Omar. – Fernando disse impaciente. – Eu não posso ficar aqui nessa angústia sem saber o que está acontecendo. Se ela está bem...

               Omar ficou em silencio, assim como Carolina. Ambos também estavam preocupados, e não poderiam acalmar Fernando estando da mesma maneira que ele. De repente, para o alívio ou desespero de Fernando, o médico caminhou em direção aos três.

- Como a Lety está? – Fernando perguntou antes mesmo que ele se aproximasse.

               O médico parou em sua frente e deu um longo suspiro.

- Ela perdeu muito sangue durante o parto... Nós a levamos para reverter a situação e...

- E o que? – Fernando deu um passo à frente, nervoso. – Como é que a minha esposa está, Doutor?

 

 

 

•••

 

 

 

               Letícia encarava o teto há alguns minutos. Desde que acordou, a única coisa que ela pediu foi que o médico buscasse por Fernando e sua filha, que ela ainda não teve o privilégio de segurar. Mesmo fraca depois do que aconteceu, ela já sentia-se de certa forma renovada, mesmo depois do susto. A porta do quarto se abriu e Letícia sorriu ao ver Fernando entrando no quarto, parecendo desnorteado.

- Oi. – Lety sorriu e ele caminhou até ela, abraçando-a logo depois. – Eu estou bem.

- Eu fiquei com tanto medo! – Ele disse enquanto a abraçava.

- Foi apenas um susto, meu amor. Eu estou bem agora. – Ela sorriu retribuindo o abraço.

               Fernando se afastou, olhando-a.

- Não faz mais isso comigo, Lety. – Ele segurou seu rosto e ela riu. – Eu quase tive um troço com medo do que poderia ter acontecido.

- Não se preocupe. Não foi dessa vez. – Ela sorriu.

- Não brinque com isso. – Ele disse com os olhos marejados. – Não quero passar por isso nunca mais.

               Ela sorriu e ele a beijou. Letícia retribuiu o beijo, também aliviada por ele estar ali ao seu lado, e por ter ficado durante todo o parto. De certa maneira tudo estava bem, principalmente sua filha, que era o mais importante.

- Onde ela está? – Letícia perguntou interrompendo o beijo. – Ela está bem?

               Fernando sorriu.

- Está ótima, e é linda.

- Eu posso vê-la?

- Acho que sim.

- Você pode buscá-la para mim?

- Posso. – Ele segurou sua mão e a beijou.

               Antes que Fernando se afastasse, Letícia segurou sua mão, fazendo com que ele a olhasse.

- Eu te amo. – Ela sorriu. – Eu te amo muito.

- Eu te amo muito mais. – Ele retribuiu o sorriso. – Você não imagina o quanto.

               Letícia suspirou satisfeita e Fernando mais uma vez beijou sua mão, dessa vez, afastando-se. Assim que ele a deixou a sós no quarto, Letícia pensou no quanto tinha sorte por sua família. Sofia estava feliz ao lado deles, Fernando era um marido maravilhoso, e agora para completar a felicidade, a chegada de sua filha. Agora seriam uma família completa, do jeito que Fernando sempre sonhou, e do jeito que Lety jamais imaginou que teria algum dia. Enquanto sorria pensando em todas as coisas boas que havia acontecido com ela naqueles meses, a porta novamente se abriu, e dessa vez Fernando entrou acompanhado de três pessoas. Uma delas era sua filha, que Fernando carregava com todo o cuidado aninhada em seu braço. O outro era o médico, que estava contente por Letícia estar bem.

- E agora você vai conhecer a mamãe. – Fernando disse aproximando-se da cama. – Ela está prestes a ter outro filho de tanta ansiedade para te conhecer.

               Letícia riu.

- Não quero passar por tudo isso por um bom tempo. – Ela brincou.

               Fernando a olhou e Letícia voltou sua atenção para sua filha. Com cuidado ele a entregou, e a sensação de segurar sua filha nos braços pela primeira vez foi inexplicável. Letícia sentiu como se sua vida tivesse sido renovada, em todos os sentidos. Todos aqueles meses de ansiedade, tensão e nervosismo tinham valido a pena.

- Ela é perfeita. – Letícia comentou emocionada, olhando para sua filha adormecida em seus braços.

- E ela se parece muito com voce. – Fernando sentou-se ao lado dela na cama, admirando as duas.

- E está muito saudável. – O médico disse. – E é o bebê mais tranqüilo que conheci há semanas, e olha que faço muitos partos por semana.

               Fernando e Letícia riram.

- Ela parece mesmo ser calma. – Ela comentou. – Não sei a quem puxou.

- Acho que vou precisar fazer um exame de DNA. – Fernando brincou e Letícia riu, repreendendo-o.

- Não vai, porque ela se parece muito com você.

               Os dois olharam para a bebê e sorriram, emocionados demais para que qualquer palavra fosse dita.

 

 

•••

 

  

               Depois de um tempo, o quarto estava cheio com os familiares e amigos que estavam ansiosos para conhecer o novo membro da família, principalmente Sofia.

- E então? – Fernando perguntou enquanto a carregava em seu colo. – O que achou da sua irmãzinha?

- Eu pensei que todos os bebês tivessem cara de joelho. – Ela respondeu sincera e todos riram. – Mas ela não tem. – Disse sorrindo. – Na verdade, acho que ela é o bebê mais bonito que já vi.

               Todos exclamaram um “ooh” depois do seu comentário.

- E como ela vai se chamar? – Sofia perguntou à Lety.

- Ainda não escolhemos. – Ela a olhou. – O que você acha de nos ajudar com isso?

- Eu posso?

- É claro que pode! Afinal, você vai ser minha babá particular, não é?

- Sim! – Respondeu animada.

- Então... Você pode ajudar na escolha do nome.

               Sofia olhou para sua irmã nos braços de Lety.

- Eu gosto de Anna Clara.

               Fernando sorriu e olhou para Letícia, que também sorriu.

- Anna Clara. – Lety repetiu, olhando para a bebê, que se mexeu logo depois. – Acho que ela gostou.

- Mesmo?

- É um nome lindo, meu amor. – Lety a olhou. – E acho que combina muito com ela, não acha Fernando?

- Eu acho sim. – Fernando sorriu.

- Então essa princesinha já tem um nome! – Stella disse. – Anna Clara!

               Todos sorriram, voltando sua atenção para ela.

- Isso merece uma foto! – Julieta comentou segurando uma câmera. – Vai ficar uma linda foto de família! Fernando, chegue mais perto da Lety.

               Fernando sentou-se ao lado de Letícia na cama e colocou Sofia sentada em uma de suas pernas. Os quatro olharam em direção à câmera e sorriram. Assim que Julieta bateu a foto, não pôde deixar de notar que era a foto mais sincera que já tinha visto. A felicidade estava estampada no rosto de cada um.

- E agora a pergunta mais importante... – Carolina olhou para Stella, e logo depois para Fernando e Lety.

- Quem vai ser a madrinha? – Stella perguntou.


Notas Finais


Família fofa, não?


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