Eu não sabia como encontrá-lo. Não parei um minuto para respirar, deixei Adler na cama dele, depois de ter lhe ajudado a se limpar e sai, andando em direção ao restaurante, me perguntando se deveria pegar um táxi ou algo assim, já que meus pés estavam me matando e…
— Lana…!
De repente, sinto que me segura com as mãos nos meus braços, sinto nos meus pés o atrito do impacto e no meu coração acelerado, que não para nem um segundo e parece que dói ainda mais quando decido olhar seu rosto, buscando pelos seus olhos. Axl está com os lábios entreabertos, respirando fundo e ainda assim parecia firme, convicto; seja lá do que estava passando por sua cabeça.
— Eu preciso falar com você - ele diz, e eu dou graças a Deus por ele ter tomado a iniciativa de dizer alguma coisa primeiro, porque aparentemente eu estava em alguma espécie de choque.
— Eu também - respiro fundo, concentrando toda minha atenção em tentar ficar mais calma e deixar o ar sair e entrar do meu peito.
Spotlight
Luz de holofote
Bad Baby
Menino mau
You’ve got a flair
For the violentest kind of love
Você tem um dom
Para o amor mais violento
Anywhere out there
Que tem lá fora
Mon amour
Meu amor
Sweet child of mine
You’re divine
Minha doce criança
Você é divino
A praia não estava cheia, e o vento apesar de embolar alguns fios do meu cabelo, não me incomodava.
Sentei em um banco de madeira, bem longe do mar mas que ainda trazia a visão magnífica do horizonte e do sol, que estava preguiçoso e querendo se pôr. Suspirei alto, as alças do meu salto alto presas nos meus dedos e minhas costas levemente curvadas em um relaxamento proposital. Sentia a presença dele ao meu lado, mas não estava disposta a falar, de novo.
— Você sujou seu vestido - Axl disse.
Dei de ombros, enterrando ainda mais meus dedos dos pés na areia.
— Deixei Steven deitado, depois de limpa-lo. - finalmente olhei para o ruivo - Ele não pode ficar sozinho, não por tanto tempo assim…
— Eu sei - começou, e dava para perceber que ele não fazia ideia do que ele estava dizendo - E eu preciso contar a verdade, para você. Eu não importo de ser mentiroso com os outros, mas…
— Você é um péssimo mentiroso.
— Só com você, na realidade - colocou as costas no encosto de madeira, e olhou para cima. Fiquei quieta, esperando - Eu sei que todos somos um bando de drogados e isso não é surpresa pra ninguém, muito menos para você que sempre esteve por perto, e longe de tempos em tempos. Mas Steven não consegue e a gente precisa entregar esse álbum…
Fechei os olhos, fazendo o mesmo que ele e deixando minhas costas apoiadas na madeira.
— Tudo bem, mas vocês não precisam ser tão babacas, certo? Tipo, que porra?! Slash falando daquele jeito do Steven no restaurante…! - explodi - Steven foi o que deu aquela guitarra pra ele, Duff e ele são os mais responsáveis por ter feito essa banda acontecer e Axl, porra…! - respiro fundo, cheia de raiva - Pelo menos seja homem.
Ele parece puto, odiava quando alguém duvidava de sua masculinidade
— O que você quer que eu faça, Lana? Eu não sei…
— Cuida do Steven, foda-se se você não gosta mais dele - interrompi em um átimo - Se não quer vê-lo nem pintado de ouro, foda-se. Você precisa ser um pouco mais humano agora, Axl. - levantei, sentindo o peso dos meus pés afundarem na areia levemente úmida. Eu queria aproveitar o fogo correndo pelas minhas veias para sair dali, e conseguir também não olhar para trás em nenhum momento.
— E sobre nós…? - ele falou baixo, mas eu ouvi. E também olhava para qualquer coisa, menos para o meu rosto ao falar - Achei que conseguiria não cambalear…
— O quê? - fiquei confusa, de princípio
— O que você quer que eu faça sobre nós?
— Não existe nós há um bom tempo, Axl… - olhei para baixo, os nós apertados em minhas mãos - Somos amigos, eu sei. E eu…
Respirei fundo. Não podia mais esconder e eu sabia que precisava ter coragem e ter verdade para delatar meus sentimentos. Voltei a me sentar, e comecei a falar olhando para frente, para o sol, e suas cores que mesclavam com o azul do mar, e o azul do céu. Ainda era tempo.
— Eu ainda amo você, Axl - lambi meu lábio inferior - E eu acho que deveria ter sido menos cabeça dura antes, eu sei. E eu fui boba em acreditar que teria você para sempre - respirei fundo pela milésima vez - Mesmo terminados, tínhamos nossos casos de vez em quando e achava que estava satisfeita com eles, com tudo que você podia me dar. Mas eu sempre amei você, e eu sei que não tem espaço para mim na sua vida, não mais.
Então meus olhos se encheram de lágrimas, a sensação de derrota deixava seca minha garganta e eu me sentia egoísta, eu tive minha chance, eu sei que tive e ainda deixei ir, como se fosse algo bobo. Ele tinha todo o direito de seguir em frente.
— Eu não deveria ter vindo, sabia? - soltei, fungando. Não deixaria as lágrimas caírem.
— Eu me sinto alguém de verdade quando você está por perto - a voz dele estava rouca - E sinto sua falta, mas eu achei que…
— Olha, Axl - levantei de novo, mas não levantei meu rosto. Não o olharia de novo - Depois a gente conversa, eu achei que conseguiria mas…
— Me deixe levá-la para casa - Rose interrompeu. Sua voz continha muita convicção.
— Axl.
— Por favor, Lana - ele levantou, colocando as mãos dentro da calça social. Olhei para seus olhos, e eu não consegui entender o que estava ali.
Caminhamos em silêncio. Quando estávamos longe da areia, tentei limpar a areia das minhas pernas para conseguir colocar meus saltos. Mesmo devagar, ele me acompanhava e eu sentia a necessidade de falar alguma coisa. A coragem que tinha dentro de mim alguns minutos atrás se escapou facilmente, tornando qualquer possibilidade de conversa pesado demais.
— A Erin deve estar furiosa. - ele balbuciou.
Se eu fosse ela, estaria também. Nas vésperas do casamento, o noivo foge para resolver coisas que já deveriam estar resolvidas. Ela deve estar machucada e chateada, e isso me faz sentir um pouco de culpa que eu não esperava. No começo eu estava profundamente decidida a conseguir o Axl de volta, mas tem tantas variáveis que eu não sei mais.
— Lana? - chamou e eu me virei, parando - Que tal uma pizza?
Pisquei, um pouco confusa.
— O que você pretende? - arqueei as sobrancelhas, cruzando os braços.
— Nada, só… Passar um tempo com você. - ele disse, sem piscar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.