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História Love is a Sin (Taekook) - Everything Will be Fine


Escrita por: Peper_KTZ

Notas do Autor


Tradução do título: Vai Ficar Tudo Bem

Boa leitura e perdoem qualquer erro 😊

Capítulo 9 - Everything Will be Fine


Fanfic / Fanfiction Love is a Sin (Taekook) - Everything Will be Fine

Taehyung  P.O.V

19:10                                       Tuesday, 19, March


- Para onde vamos? - Yoongi pergunta para Jimin.

- Estação de metrô. - responde simples.

- E o que vamos fazer em uma estação de metrô? - Hoseok quem questiona. - Pensei que iríamos para o Céu... - 

- E vamos. Mas eu não tenho poder suficiente para abrir um portal para lá. Então vamos de metrô. - Jimin revela.

- Isso explica muita coisa. - o ruivo ironiza.

- Você vai entender melhor quando chegarmos. - diz apenas.

- Jungkook? - chamo baixo pelo moreno. 

- Hm...? - o garoto resmunga, virando e escondendo o rosto em minha barriga.

- Como se sente? Precisa de algo? - 

- Está muito frio... - responde baixinho, a voz abafada.

- A pele dele está gelada. - informo para Hoseok. E realmente, está mais fria, em um enorme contraste de um tempo atrás, e cada vez mais pálida.

Hoseok tira um termômetro da mochila que trouxe e a apoia na testa de Jungkook, esse que reclama um pouco com o contato. 

- 35,4°C - revela e bufa, demonstrando sua preocupação com a situação. 

- Isso... é ruim? - Jimin questiona devagar.

- A temperatura normal do corpo humano é entre 36,5°C e 37,5°C. Então, sim, é ruim. Ainda mais considerando que Jungkook estava com febre há poucas horas atrás. - suspira.

Hoseok ergue a blusa de Jungkook, tira o curativo e analisa o corte com uma careta. Depois troca o curativo, abaixa a blusa novamente e ergue a manga esquerda. 

- Merda... - sussurra. - Jungkook? - chama. O moreno só mexe a cabeça em sinal de estar ouvindo. - Você sente alguma coisa no braço esquerdo? - 

- Eu mal sinto o próprio braço, hyung... - Jungkook responde, virando o rosto para cima, de olhos fechados. 

- Jimin, quanto tempo para chegarmos? - Hoseok questiona. 

- Estamos quase lá. - diz o nephilim. - O que aconteceu? - 

- As partes que o veneno alcançou já estão parando de circular o sangue. - responde, passando as mãos pelo rosto. - Por isso ele está tão gelado. - suspira, começando a massagear os braços de Jungkook, as mãos, pernas e tornozelos, para tentar manter o sangue em circulação, e continua assim até Jimin parar o carro alguns minutos depois.

- Vamos. - diz, instigando todos a saírem. 

Saio do carro com Jungkook no colo, e todos seguimos Jimin até as escadas que levam para o subterrâneo. Muitas pessoas olham em nossa direção, provavelmente estranhando o fato de eu estar carregando um garoto quase desmaiado em meus braços. 

Jimin pede que esperemos perto da parede, enquanto ele se dirige para a bilheteria. Demora alguns minutos, e quando volta, percebo que trouxe duas fitas brancas consigo. Prende uma no pulso de Jungkook e ajuda Hoseok com a outra. 

- Não tire em hipótese alguma. - diz para o ruivo, que só concorda com a cabeça, e se volta para mim. - Tome cuidado para Jungkook não tirar. São suas permissões para passar, se não estiverem com isso, vão ser levados para fora e ter a memória apagada. - alerta, recebendo confirmações minha e de Hoseok. - Vamos. - chama, e andamos até o canto mais afastado da estação. Jimin para de frente para a parede com as mãos estendidas e sussurra algo. Depois se afasta e chama Yoongi. - Atravesse. - fala. 

- Atravessar o quê? - o loiro pergunta, olhando para os lados. - A parede? - aponta para a mesma, desacreditado.

- Sim, Yoongi, a parede. Anda logo, não temos todo o tempo do mundo. - manda, impaciente. Yoongi se coloca de frente para a parede, um pouco à frente do rosado, e suspira. - Não hesite, ou vai dar de cara com um monte de tijolos. - Jimin adverte. Meu conselheiro avança e some assim que seu corpo encosta nos tijolos, como se não houvesse nada ali. Hoseok arregala os olhos, surpreso. - Sua vez. - avisa para o ruivo. 

- Ãhm, tá... - Hoseok resmunga, pouco antes de repetir o mesmo processo de Yoongi. 

Quando ele não está mais à vista, Jimin se vira na minha direção e gesticula para que eu atravesse também. Me aproximo um pouco mais da parede, respiro fundo e atravesso. 

É também uma estação de metrô, mais limpa e maior. Olho para cima e vejo vários pontos de luz grandes, organizados em cinco linhas retas por toda a extensão do teto, protegidos por uma película de cristal. Os pilares e ligas que sustentam o teto são feitos de mármore e quartzo, ambos brancos. O chão das plataformas de embarque e desembarque são pedra polida, cinza e branca. Percebo outras passagens e algumas escadas, mas não me dou o trabalho de observar. 

Conheço esse lugar. Participei da construção.

A atmosfera daqui é pesada e poderosa; há vários tipos de seres, muitas energias reunidas em um lugar só. Semi-Deuses, Anjos, feiticeiros, nephilins, demônios... 

Jungkook mexe a cabeça e abre olhos muito pouco, só para fechá-los logo em seguida. Parece desconfortável.

- Onde estamos? - Hoseok pergunta quando percebe que Jimin se juntou a nós.

- Estação de Travessia dos Nove Mundos. - eu quem respondo. - Esse lugar é o centro que garante a ligação, comunicação e convívio entre os Nove Mundos. - 

- Nós temos que ir. - Jimin intervém. 

- Se vocês conhecem esse lugar, então por que o Yoongi ficou confuso com a entrada pela parede? - o ruivo questiona enquanto vamos em direção à bilheteria. 

- Porque geralmente vimos de portal, e não atravessando uma parede de estação de metrô mundana. - responde o loiro com uma careta, ainda estranhando o acontecimento na estação.

Chegamos na bilheteria, e fico um pouco atrás de Jimin, que começa a falar com a bilheteira, loira e baixa. E pelo visto a garota me reconhece, porque assim que me vê, fica de boca aberta.

Suspiro, buscando uma paciência que está chegando cada vez mais no limite.

- A-al... - ela pigarreia e ajeita sua postura, ficando ereta e de peito estufado. - Alteza! Que honra! - me cumprimenta.

Percebo quando me analisa de cima a baixo, apesar de - falhamente - tentar ser discreta, me fazendo arquear uma sobrancelha.

Sinto Jungkook se encolher em meu colo e desvio o olhar para ele. Respiração ainda mais pesada, com a boca entreaberta me permitindo perceber a respiração vacilar uma ver ou outra, e seus lábios roxos. Olho para Jimin, pedindo ajuda, e ele entende a minha pressa. 

- Oi, linda... As passagens, por favor. - apressa a loira, que quase o ignora, mas volta a arrumar as questões das passagens.

Porém acabo me irritando com sua lerdeza, consequente das espiadas de esguelha. Eu definitivamente não tenho tempo para isso. Jungkook não tem tempo para isso.

 Revirando os olhos, chego mais perto.

- Eu tenho certeza de que não foi contratada para agir de maneira tão lenta, e se não percebeu, estamos com pressa. Então será que poderia prestar mais atenção no que faz e nos entregar as passagens de uma vez? - percebo a dureza em meu tom de voz, mas não faço questão de tentar disfarçar.

A garota fica surpresa por uns segundos, mas então pigarreia e entrega todas as passagens para Jimin com rapidez, permanecendo de cabeça baixa, envergonhada.

Após tudo, todos nos dirigimos para a plataforma, e, graças a Hades, o metrô que nos levaria até o Céu já estava lá. Entramos e nos acomodamos em uma das cabines. 

Eram dois pequenos sofás, um de frente para o outro. Me sento no canto de um dos sofás e ajeito melhor Jungkook. Dessa vez quem se senta ao meu lado é Yoongi, e percebo a temperatura aumentar assim que Hoseok fecha a porta de correr da cabine graças a ele. Os outros dois se sentam em nossa frente, e Jimin apoia a cabeça na parede.

- Quando chegarmos, por favor, tentem ser discretos. - o nephilim pede. 

- Anjinho, olhe para nós. - Yoongi ironiza, desviando o olhar da janela para Jimin. - Um demônio e dois humanos, cujo um desses humanos está sendo carregado pelo Príncipe do Inferno por estar envenenado por algo que nem nós conseguimos identificar. Discrição vai ser algo um tanto impossível de se manter. - 

- O que eu quis dizer é para não se meterem em confusão. Eu já não sei como vai ser a reação da maioria ao verem de quem estou acompanhado. Eu não deveria estar indo até lá, perdi a passagem livre no momento em que escolhi viver entre os humanos, e muito menos deveria estar levando alguém comigo, levando submundanos. Só podemos passar graças a alguém de lá que eu conheço, e se vocês fizerem algo de errado, vai ser um problema bem grande p'ra mim. Então eu só peço que você - aponta para Hoseok - não mexa em nada e nem faça perguntas idiotas. Você - aponta para Yoongi - controle sua língua e seja educado; sei que é um pouco difícil, já que você fala tudo o que pensa, mas tente, por favor. E Taehyung... - olha para mim - Tenha paciência. Sei que toda essa merda está te deixando alterado, isso já está transparecendo na sua aura. Então tenha calma, por favor. Vamos resolver isso, mas todos vão precisar colaborar. - pede, olhando para nós. 

Todos concordam com a cabeça, em silêncio.

O metrô começa a se mover.

...

19:46


Eu estava de olhos fechados e com a nuca apoiada no encosto do sofá, quando sinto Jungkook se remexer um pouco, e o escuto tossir fraco, me fazendo olhar para ele.

- Oi... - murmuro, tirando a franja da frente de seus olhos. 

- Oi... - responde tão baixo que quase não escuto.

- Está com sede? - pergunto, fazendo cafuné na lateral de sua cabeça. 

O moreno só concorda, então Jimin me entrega uma garrafinha de água. Apoio a garrafa e ajudo Jungkook a tomar. Ele tosse um pouco no final e se encolhe contra o meu peito, escondendo parte do rosto. 

- Como ele está? - Jimin pergunta.

- Gelado... - 

E fraco. E mole demais. E morrendo.

Hoseok levanta de seu sofá e vem até nós, ajoelhando na nossa frente. Coloca o termômetro em na testa de Jungkook, e ele reclama. Aperto o garoto em meu colo e sinto que está tremendo.

- 34,7 C° - fala. - Jungkook, respire fundo por favor. - pede, e o garoto suspira, mas atende ao pedido do amigo. Na segunda inspiração, ele começa a tossir. - Abra os olhos - 

- Não dá... - retruca baixo, escondendo todo o rosto no meu ombro. - Estou com sono... - diz com a voz abafada, parecendo a ponto de chorar.

- Você não pode dormir, Jungkook. Por favor, não durma. - Hoseok diz, apertando fraquinho o ombro do moreno. Jungkook apenas balança a cabeça, reclamando. 

Hoseok suspira, cansado. 

- Taehyung, não deixe ele dormir... - pede para mim antes de se levantar, voltando a se sentar no sofá. 

- Hey... - chamo, cutucando de leve a pontinha de seu nariz. - Não durma... - 

- Por favor, estou com sono... Me deixa dormir, por favor, me deixa dormir... - 

- Jungkook, não pode dormir... Tente, por favor...  -

- Isso dói, eu não quero sentir isso... - Jungkook chora, se apertando contra mim. - Faz parar, Tae, eu não aguento mais... Por favor, faz isso parar, faz parar... -

- Vai parar. Eu prometo para ti, vai parar. - murmuro, segurando sua nuca enquanto seu rosto se esconde em meu pescoço. - Só mais um pouco, aguente só mais um pouco... Vamos tirar essa dor de você, só precisa aguentar um pouquinho mais. - peço.

- Eu não aguento... - ofega, respirando com uma desesperada dificuldade. - Eu não quero morrer... - o medo em sua voz sufocada me assusta.

- Você consegue. Só mais um pouco e você vai conseguir melhorar, isso vai parar. - prometo. - Vamos, não durma... -

Tenho que mantê-lo acordado. Se Jungkook dormir, não vai mais acordar.

- Quer ouvir uma história? - 

Demora, mas ele concorda com a cabeça. 

- Tu já viu a minha marca, não? - 

- Aquela embaixo da sua costela? - pergunta baixo.

- Essa mesma. Todo ser sobrenatural possuí uma marca, ela que identifica o que somos. Pode ser de diferentes formas; uma tatuagem, uma cicatriz, olhos de cor diferente, a forma da pele... No Inferno, ganhamos essa marca depois que aprendemos a controlar quem somos. - conto. 

- E como você ganhou a sua? - me pergunta, abrindo levemente os olhos e virando o rosto para me olhar.

Tento não vacilar ao encarar seus olhos negros. Não somente as íris e as pupilas, não o negro natural de seus olhos. Seus olhos estão negros. Completamente. Cobertos pelo veneno, sem deixar uma pontinha branca. Ao redor deles, a pele começa a ficar arroxeada, morta.

Ele não consegue mais enxergar. Não vê nada além de preto. Não me vê.

Aperto seu corpo em minhas mãos para esconder que estão tremendo.

Pigarreio.

- Se não me engano, tinha sua idade. Eu ainda não controlava os meus poderes. Na verdade nem os conhecia totalmente. Perdia o controle facilmente e acabava machucando as pessoas ao meu redor. - confesso, passando a mão pelo seu cabelo. - Na época, Lúcifer tinha acabado de revelar que eu assumiria o trono e não meu irmão, então surgiu um grupo, pessoas que não estavam bem com a ideia de um Anjo Negro como sucessor. No começo eu não tinha dado tanta importância para isso, eu pensava que nada poderiam fazer contra a Coroa, mas com o passar do tempo, esse grupo começou a crescer e a ficar mais perigoso. Atentavam a Capital e cidades vizinhas; ia de discussões a pequenos bombardeios, ameaças a assassinatos sem ordem direta; mexiam com crianças, estragavam comércios. Usavam o que faziam como uma forma de dizer que a Coroa não se importava com o que acontecia pelas cidades, e que seria ainda pior quando eu assumisse o trono, que não faríamos nada para os impedir. - Paro de falar quando ele começa a tossir com a boca fechada, como se tentando se conter, tentando não fazer barulho.

- Desculpa... - pede, a voz falhando. 

- Não precisa se desculpar. - murmuro. Antes que eu pudesse me impedir, antes que pudesse pensar melhor, me vejo com os lábios pressionando a testa do garoto em um selar carinhoso demais para quem não sabe dar nem receber carinho.

Ainda assim, não me afasto.

- Melhor? - pergunto, e ele concorda com a cabeça em resposta. 

- O que aconteceu depois? - 

- Realmente, Lúcifer nunca se importou com o povo. Para ele, desde que seu conforto não fosse abalado, o resto não tinha relevância. Sempre foi assim e ainda é, portanto eu quem tive que assumir a responsabilidade do trono desde cedo. Meu irmão mais velho, Kim Namjoon, nunca gostou da ideia de assumir essa responsabilidade; Lúcifer também nunca permitiria que assumisse, mas Namjoon sempre me auxiliou em tudo que precisei. Yoongi e eu nos conhecemos desde crianças, e ele sempre foi bom ouvinte e observador, é inteligente e até um bom manipulador quando quer, então não foi difícil a escolha de um conselheiro. Jennie, a mais velha entre mim e Namjoon, já era na época e ainda é, General de Exército e uma pessoa importante do Conselho Geral. - volto a falar, explicando resumidamente como as coisas funcionavam. - A primeira interferência nas ações foi feita por poucos soldados que foram ordenados a prender os integrantes do grupo. -

"Quatro foram pegos, três foram mortos, e quinze escaparam. Quem fazia parte desse grupo podia ser identificado por três linhas vermelhas no pulso esquerdo.

Não tivemos nem um sinal dos que fugiram por um mês, então tiramos a conclusão de que desistiram de toda aquela bagunça. Mas, no primeiro dia da quinta semana, o conselheiro de Lúcifer simplesmente desapareceu, ninguém sabia onde ele estava. Dois dias depois Lúcifer recebeu uma caixa de alguém anônimo, e a cabeça do conselheiro estava dentro, junto com um cartão dizendo que esse seria o destino de todos da Coroa. Minha irmã ordenou vigilância diária em todas as cidades que foram atentadas. 

Nisso, mais três foram presos. As coisas ficaram assim por meses, atentados todas as semanas, cada vez mais soldados indo para as cidades montar guarda, e poucas pessoas sendo pegas, e mesmo assim nenhuma delas respondia às perguntas, se suicidavam ou morriam antes de conseguirmos respostas. 

As pessoas desse grupo foram ficando mais fortes, como se usassem os soldados como um treinamento. Fomos recebendo relatos de que os atentados estavam cada vez mais sérios, conseguiam matar os soldados, alguns voltam deformados ou sem uma parte do corpo. Tivemos que reunir todos do Conselho Geral, pois só o Primeiro Comando não estava dando conta."

- O que é Conselho Geral? - Jimin pergunta.

- O Conselho Geral é formado pelos Sete Comandos. Cada Comando é liderado por um Pecado Capital e composto por um conselheiro de Comando, três demônios superiores, quinze soldados com treinamento avançado e uma elite. As bases dos Comandos ficam espalhadas nas principais cidades do Inferno. Todos do Conselho Geral são reunidos às vezes em um único lugar para administrar um problema maior e que não pode ser resolvido sem a consciência de todos. - Yoongi explica. 

- Caramba... Vocês são organizados... - Hoseok comenta, fazendo o loiro soltar um pequeno riso.

- Continua... - Jungkook sussurra, sacudindo minha mão. 

- Eu e Yoongi escapamos por algumas horas do castelo para treinar e espairecer em um campo mais afastado da Capital. Eu estava com raiva por não saber mais o que fazer, e acabei descontando isso verbalmente em Yoongi, e acabamos por começar a discutir, até mesmo agredimos um ao outro. 

"Então houve uma explosão, dentro do castelo. Foi tão grande que eu e Yoongi escutamos o barulho mesmo de onde estávamos. Eu voei até lá e tinham centenas de pessoas na frente do castelo, soldados em posição de defesa, e parte da frontal do castelo destruída.  

Assim que eu me coloquei na frente dos soldados, a batalha começou, e foi se deslocando para dentro do castelo. Queriam chegar no trono. Muitos morreram, tanto do maldito grupo, quanto soldados. Eu não conseguia controlar direito o que fazia e isso me deixava em desvantagem."

- Em um momento da batalha, estávamos só eu e Yoongi na sala do trono, lutando contra dúzias deles. Conseguiram me segurar e me fizeram assistir o Yoongi, ferido, lutando sozinho. - conto, olhando para o loiro que está com o rosto virado para mim, porém com o olhar na parede e distante, e eu sei que ele se lembra desse dia tanto quanto eu. - Foi ali que eu entendi que, ou eu me controlava e impunha quem eu era, ou assistia minha família e meu povo morrer. Naquele dia todos se ajoelharam, e os que faziam parte do grupo imploraram por perdão. Ganhei a minha marca, anunciei minha posição na Coroa e declarei Yoongi como meu conselheiro. - conto, voltando o olhar para Jungkook. 

- Uau - ele sussurra com animação, parecendo uma criança, mesmo agora. - E você, Yoongi, como conseguiu sua marca? - pergunta baixo e falho, tentando identificar onde o demônio está. Seus olhos se perdem nos cantos do vagão, não conseguindo encontrar nada. Ver nada.

- Eu-... - 

- Senhores passageiros, chegaremos à Plataforma Branca em três minutos. Por gentileza, organizem seus pertences e se preparem para o desembarque. - alguém anuncia em uma voz metálica reverberando pelo metrô, interrompendo Yoongi.

- História para outro dia, pirralho. - meu conselheiro fala e bagunça os cabelos de Jungkook. O garoto solta um suspiro decepcionado, mas não reclama.

- Pelo menos ele não dormiu. - Jimin murmura, tentando esconder um sorriso.

...

Já fora do metrô, seguimos Jimin pela o que chamam de Plataforma Branca até as escadas, onde subimos e chegamos ao que me lembra uma cidade, só que mais... divina. É tudo muito organizado e iluminado demais. Aqui está de dia. 

Bem, sempre está. 

Estamos em um tipo de praça enorme, e bem mais à frente, há um templo grande e alto, com uma escada e vários pilares na faixada da frente, um teto triangular, e a estrutura quase que inteira é branca. 

"Ao menos isso eu esperava..."

- Eu esperava mais. - Yoongi comenta, olhando em volta com tédio.

- Esperava pelo o quê? - Jimin pergunta com um sorriso debochado. 

- Anjinhos com asinhas brancas e arcos, deitados em nuvens de algodão doce. - fala, alheio, e recebe um tapa no braço do nephilim. - Ai! - exclama, passando a mão por onde recebeu o tapa. - Projeto de Anjo. - sussurra. 

- Nós temos que ir até... lá? - o demônio pergunta, apontando para o templo com uma careta de desgosto.

- Sim - Jimin responde com um suspiro, também parecendo não gostar da ideia. - Vamos lá... - fala baixo, e começamos a caminhar em direção ao templo. 

Quando chegamos, subimos todas as escadas e paramos em frente a um portão de madeira e com detalhes em ouro, grandioso até demais na minha opinião. Um Anjo alto e com as asas abertas montava guarda na frente do portão, e por poucos segundos fica com uma feição surpresa ao nos ver, mas se recupera e caminha até Jimin.

- Não estamos atendendo hoje, Park, e sabe disso. - anuncia, se colocando na frente do nephilim. A diferença de altura e tamanho não intimida Jimin, que mantém uma postura tão firme que parece igualar seu tamanho com o do Anjo.

- É uma emergência. E eu tenho permissão. Todos temos. - revela enquanto tira uma carta da mochila, entregando para o Anjo. Assim que ele lê, olha para Jungkook em meus braços e acena com a cabeça. 

- Tudo bem. - suspira. - Venham comigo. - diz e caminha novamente até o portão, o abrindo e nos guiando para dentro. 

Um cômodo aberto, com vários pilares em volta. O meio do teto é aberto, dando visão para o lado de fora. Cheio de plantas e fontes de água, com o chão decorado. Armaduras e estátuas nos cantos, e consigo ver alguns quadros ao longe também. 

O Anjo nos guia em direção reta até uma porta grande, mas não tanto quanto a da entrada, bate duas vezes e abre. 

- Senhor, eles chegaram. - anuncia e se coloca em posição de sentido, nos dando passagem para entrar, e depois que o fazemos, fecha a porta novamente, permanecendo do lado de fora. 

- Ora, ora, ora. - Olho em direção de quem se pronunciou. - Alteza. Há quanto tempo. - me cumprimenta com educação. 

- Miguel. Digo o mesmo. - respondo o Arcanjo. Cabelos loiros e lisos com a franja na altura dos olhos azuis, da minha altura, e asas brancas grandes, do tamanho de seu corpo inteiro. 

Algo nele, talvez a postura, talvez o formato do rosto, ou talvez o olhar, me lembram Jimin.

- E quem são vocês? - pergunta calmamente para Yoongi, Hoseok e percebo que Jungkook está incluído na pergunta. 

- Esse é Hoseok. A avó dele é uma feiticeira e ele cuidou de Jungkook o quanto pode. É humano. - Jimin fala, e o ruivo se curva minimamente. 

- Oi, prazer. - fala rápido.

- O prazer é meu, criança. Meu nome é Miguel. - responde devagar. Hoseok fica de boca aberta.

- Mi-miguel? O Arcanjo Miguel? - exclama, chocado, um pouco alto. Jimin dá uma cotovelada nele. - Desculpa. Caramba. Isso é demais! - ele admite ainda de boca aberta. O Arcanjo só sorri fechado antes de voltar seu olhar para Yoongi. 

- Min Yoongi. Conselheiro de Taehyung. - Yoongi se apresenta com a expressão neutra. 

- Ah, sim. Já nos vimos antes, porém nunca nos falamos. - Percebo que espia Jimin com o canto dos olhos, e percebo que sabe mais do que revela. Também percebo que o nephilim torce os dedos em nervosismo durante a apresentação de Yoongi, estranhamente receoso com a reação de Miguel. - É um prazer, Yoongi. - diz por fim, e meu conselheiro só acena com a cabeça. 

Miguel finalmente dirige totalmente seu olhar para Jimin. 

- Olá, Jimin. - cumprimenta com um olhar terno. 

- Oi, pai. - Jimin responde com um sorriso de canto, acanhado. 

Hoseok e eu o olhamos espantados com a revelação.

- Pai?! - Hoseok pergunta, não controlando o tom de voz, então praticamente grita. 

- Depois eu explico. - promete baixo. 

- É bom que explique mesmo, Park Jimin! Seu pai é o Arcanjo Miguel!? - o ruivo exclama, ainda em choque. 

Observando os dois, agora vejo que Jimin é quase uma cópia do pai. Ambos têm muitas coisas em comum.

- Presumo que esse seja o menino que precisa de ajuda. - Miguel interrompe o surto de Hoseok, apontando para Jungkook. 

- Sim... - Jimin suspira. - Ele está morrendo por causa de um veneno que não identificamos. Não sabemos mais o que fazer. - confessa, olhando para o moreno. 

O desespero em seu olhar é evidente quando se volta para o pai, sem mais conseguir conter a emoção.

- Eu não viria até aqui se tivéssemos outra solução... Sei que estou pedindo muito, sei que estou violando as regras... Mas, pai, eu estou implorando... Jungkook vai morrer se não receber ajuda agora. - diz, a voz embargada com o choro que prende na garganta. - Eu lido com as consequências depois, recebo uma punição, qualquer coisa, só... Por favor, ajude ele... - 

Miguel demora um pouco para responder, observando o moreno quieto em meu colo.

- Vou ver o que posso fazer. Enquanto isso, irão me explicar tudo o que houve para o garoto estar assim. - fala depois de um tempo longo demais em silêncio.

Meus ombros relaxam de uma tensão que não percebi que tinha até sumirem com o alívio da resposta. Não consigo evitar fechar os olhos e soltar um suspiro agradecido, o que não passa despercebido pelo Arcanjo, mas ele não comenta nada a respeito. Ainda. 

- Venham comigo. - chama, e caminhamos até um quarto, que me lembra um quarto de hospital, porém mais confortável. - Coloque ele aqui. - pede, apontando para a cama pequena.

Caminho até a lateral da cama e deito Jungkook ali, mas ele reluta em soltar minha camisa, se forçando para cima e resmungando algo que não entendo. 

Parece um coelhinho se escondendo na toca...

- Coelhinho, precisa me soltar para que o Miguel possa tratar de ti. - peço, acariciando seus pulsos. - Eu não vou sair daqui, prometo. - digo, e só assim ele me solta. Dou alguns passos para trás, relutante em me afastar, e cruzo os braços. Miguel se aproxima, ficando ao lado da cama.

- Jimin, venha cá. - chama pelo filho, que obedece imediatamente. - Fique do outro lado da cama. - pede, e o nephilim o atende. - Tire a blusa dele, por favor. - e assim que Jimin o faz, Miguel estende as duas mãos acima do corpo de Jungkook, permanecendo assim. - E então? Como isso aconteceu? - pergunta, e Jimin olha para mim, pedindo minha permissão para contar, e eu confirmo com a cabeça. 

... 

Se passam trinta minutos desde que Jungkook está na cama. 

Nesse tempo, Jimin explicou tudo o que aconteceu nos últimos dias para Miguel, enquanto esse examinava o moreno. Eu permaneci em pé, observando tudo. Yoongi ficou sentado em uma cadeira na frente da cama, em silêncio, vigiando. Hoseok ficou em pé, olhando tudo, vez ou outra interrompendo Jimin e Miguel com perguntas. 

- Por enquanto, eu terminei. - Miguel anuncia, se afastando da cama. Eu me aproximo da cama e me sento na borda, começando a brincar com o cabelo de Jungkook. - O veneno é poderoso, nunca pensei que veria algo assim. Foi feito a partir do sangue do próprio Hades. - revela, olhando para mim. Eu olho para Yoongi, e ele compartilha da minha confusão e preocupação. - Mas conseguirei resolver. O garoto ficará bem. - garante. 

Minha cabeça pesa para a frente com o alívio de escutar essas palavras, e acabo encostando a testa no peito de Jungkook. De ombros leves, como um peso tirado deles, seguro uma das mãos do moreno, ao lado de seu corpo desacordado. 

Só então percebo o quão tenso estava até agora. A quantidade de medo que fez meu corpo enrijecer.

- Irei preparar tudo o que será preciso para livrar o corpo dele do veneno. - Miguel diz, e escuto ele sair do quarto. 

- Jungkook vai ficar bem. - escuto Jimin repetir, sentindo sua mão em meu ombro. 

"Ele vai ficar bem"


Notas Finais


1* = Nephilins são o resultado da reprodução sexual entre um humano e um anjo, este último dando aos descendentes propriedades angelicais.

Obrigado por ler ❤️💜
Até o próximo!


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