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História Love Like You - Capítulo Quatro


Escrita por: DeathSmile

Notas do Autor


Feliz Dia das Crianças!
Eu estava pretendendo postar no sábado, já que eu não pude semana passada por causa de um casamento em que eu tive que viajar para comparecer. Mas eu achei que este capitulo combinava muito com essa data festiva e decidi postar.

Anyway;
Enjoy.

Capítulo 4 - Capítulo Quatro


Fanfic / Fanfiction Love Like You - Capítulo Quatro

Três anos depois...

Era quatro e meia da manhã na casa de praia. E Little Rose já estava mais desperta do que nunca. A neta da Rose original era extremamente hiperativa, o que dava trabalho dobrado aos seus pais. Mas por sorte, Steven e Connie contavam com um exército de gems completamente disponíveis para serviço de babá. No entanto, as gems, com o tempo, passaram a apreciar um ritual humano sagrado, praticado todas as noites sem exceção para a reposição de forças e energia. Também conhecido como dormir.

A casa de praia ficava longe da Base, localizada no subsolo do Celeiro, mas dali mesmo podia se ouvir os roncos das gemas, que raramente acordavam antes das cinco da manhã.

Little Rose, como era conhecida e chamada pelas outras gems, estava agora com dez anos, e no dia seguinte faria seus onze. A menina de pele parda e olhos amendoados, trajava uma blusa salmão que deixava seu umbigo a mostra, onde se localizava uma pedra idêntica à do pai, um colete jeans, uma bermuda até os joelhos do mesmo tecido, e sapa-tênis salmões. A mesma, havia preso os cabelos, grandes e volumosos cachos cor de rosa, herança de sua avó, estavam presos firmemente em um rabo de cavalo alto para não atrapalhar a menina; que antes aprender a domar a juba que chamava de cabelo vivia trombando nas paredes do templo, já que não enxergava bulhufas com tanto cabelo, e nem entendia como “Tia Jasper” conseguia lutar com uma juba muito maior que a dela.

“ – Os cabelos grandes e rebeldes são a marca registrada de um verdadeiro guerreiro quartzo! ”

Lembrou de como a mais velha bradava com orgulho e ameaçava dar murros em Steven toda a vez que o mesmo mencionava a palavra “ Cabelereiro” perto dela. Jasper simplesmente não deixava que ninguém tocasse em um fio de cabelo da menina. Little Rose riu com o pensamento.

Ela se considerava muito sortuda por ter nascido com tantas “mães” a sua volta. E tinha uma para cada momento. Tinha a mãe Pérola, a quem sempre recorria quando estava carente ou com fome. Não que precisasse ir até Pérola; Pérola ia até ela com tortas, doces, receitas que ela fazia, e vivia perguntando se estava bem ou se queria ajuda com os deveres escolares. Também tinha a mãe Lápis, com quem sempre saia nos fins de semana, seja para ir a praia, ao shopping, ou simplesmente fazendo uma maratona de series. Tudo muito bem supervisionado pela mãe Jasper. Tá aí! Uma mãe bem das avessas. Jasper era a mãe a quem recorria quando estava com problemas. Um dia Little Rose quebrou um dos tanques de regeneração do pai. Na mesma hora a pequena menina correu para a fazenda, onde Jasper estava de serviço, e a mãe coruja na mesma hora correu para ajudar a menina. Quando Steven chegou a Sala de Regeneração e Cura, tinha um tanque repleto de fita adesiva escrito “ Em manutenssão”. Não demorou muito para Steven descobrir com fora o gênio que escrevera “manutenção” com “ss”, e Jasper assumiu toda a culpa do ato no lugar de Rose. As duas sempre iam ao fliperama juntas, e era Jasper que buscava Little Rose na escola junto de Lápis, para que os meninos da escola não implicassem com ela. Afinal, quem implicaria com alguém que tinha uma mulher marombada de dois metros como mentora? Também havia a mãe Peridot, que sempre a ajudava com os deveres da escola. Ambas fizeram um vulcão no projeto de ciências que expelia lava de verdade! Claro que o diretor levou um susto, alguns alunos enxeridos se queimaram, chamaram os bombeiros, e Steven e Connie receberam um convite para comparecerem sem falta a diretoria, mas o importante é que Rose ganhou uma medalha! Também havia a mãe Bismuth, que sempre lhe dava os melhores presentes sem motivo algum. Semana passada ela tinha lhe dado um canivete, que sua mãe (a oficial) pegou na mesma hora e quase mandou a ferreira enfiar aquilo em um lugar, e também mandou a mesma parar de fazer armas para sua filha. Mal Connie sabia que sua filha era que sua filha tinha uma paixão por armas brancas (armas brancas, para quem não sabe, é todo o tipo de arma cortante). Também tinha a mãe Garnet, que era a mais coruja. Ao seu modo, claro. Tão serena quanto sempre fora, sempre deixava um espaço em sua apertada agenda como Líder das Crystal Gems, para ouvir a menina. Garnet era o tipo de mãe, que não importa o que você esteja sentindo, você pode desabafar com ela. Little Rose perdeu as contas de quantas vezes já chorou no colo da permafusão. Seja pela implicância que as outras crianças tinham com a mestiça, ou pelo fato de que Stevie e Connie viviam muito ausentes. Mas Rose entendia que não era culpa deles, afinal, Steven ocupava o cargo de chefe do Setor de Cura e Regeneração e também era o líder das Crystal Gems em alguns casos, e Connie, além de conciliar a carreira de medica cirurgiã no hospital de Beach City, ela também era líder do 4º Pelotão. O pelotão das Crystal Gems formado apenas por gems prendadas na arte da esgrima. E isso quando não eram Stevonnie e faziam todas as tarefas juntas. Little Rose acima de tudo amava seus pais e sua grande família, mas como o tempo passava, ela passou a perceber os olhares cheios de olheiras dos pais quando iam lhe dar boa noite. E isso a incomodava.

Mas, saindo de seus pensamentos sobre família. Essa era uma semana especial. O aniversário de Little Rose era quase um evento para as Crystal Gems. É claro que todos recebiam folga na data, mas parecia que um dia se prolongava pela semana toda. E durante essa semana, apesar de não pararem de trabalhar, todas as gems pegavam mais leve, e inclusive, Steven e Connie tiram folgas de seus respectivos trabalhos. E assim, ninguém tinha cara de cansado no aniversário de Rose, e era isso o que ela mais gostava. Ver todos felizes.

Mas, vamos a ação. Rose havia saltado de sua cama as quatro e meia da manhã com um objetivo bem fixo: invadir o quarto da Tia Pérola. Era algo quase que bimestral. Rose invadia o quarto de Pérola, roubava-lhe algo bem especifico, e tentava mais uma vez.

As outras gems achavam que ela não se lembrava, por ser muito nova. Mas Rose se lembrava. Rose se lembrava de Ametista. É claro que não se lembrava de detalhes exatos, como o rosto ou sua arma, mas se lembrava de um borrão roxo e branco que a abraçava e lhe deixava puxar os cabelos brancos. O colete que usava era a afirmação disso. A três anos, no aniversário de Rose, seu último presente de Ametista lhe fora entregue. Era um colete com uma rosa bordada nas costas (estou falando com referência à jaqueta que Rebecca Sugar usou durante a Comic Con de San Diego, que tem uma rosa nas costas, vai lá no facebook Steven Universe que tem as fotos.). Rose nunca deixou de perceber o modo com que Tia Pérola se sentava na janela da casa de praia, após toda a festa ter acabado e todos estarem bêbados e dormindo um em cima do outro, e olhava para o horizonte. Mas não havia o que esperar. Ametista estava ali, e segundo todos: morta. Mas Little Rosa simplesmente não engolia esse tipo de coisa. Ametista não podia estar morta. E ela ia provar isso a eles. Rose sentia, Rose via um leve brilho naquela pedra que Pérola mantinha guardada à sete chaves no seu quarto. E sempre que podia, Little Rose roubava os cacos de Ametista, e levava para o Setor de Cura e Regeneração. E para isso acordava bem cedo. Tia Pérola sempre acordava às cinco e quarenta e cinco em ponto. Rose tinha uma hora e quinze minutos para tentar reanimar Ametista até Pérola dar falta.

E lá estava Rose novamente. Espiando na porta multidimensional do templo. Tecnicamente ela só tinha acesso ao quarto do pai, por ter a mesma pedra, mas dera um jeito de acessar o quarto de Garnet (como? Não sei! Imaginem!) que dava acesso à todos os outros. E como o quarto dimensional de Ametista foi destruído após a gema dela ser destruída também, Pérola retornara para o seu quarto, que era no alto, e Rose teria que escalar para chegar lá.

Rose pôs a cabeça para dentro do quarto de Garnet e via a mesma dormindo em uma rede artesanal enorme conectada às paredes opostas do quarto. O quarto de Garnet mudara bastante. Onde antes havia uma piscina de magma, havia uma mesa de escritório com pilhas e pilhas de papeis por assinar, e atrás da mesa tinha meio que uma lareira, só que invés de fogo, havia lava escorrendo. E Rose não pode deixar de perceber que Garnet estava, digamos... Desfundida. Isso ocorria muito ultimamente. O stress de comandar um exército de gems, para não dizer nação de gems, refletia até mesmo em Garnet e em suas “metades”. A cena seria hilária, se não fosse triste. Na rede estava Ruby, toda espalhada e babando pelo canto da boca, e Sapphire, toda encolhida ao seu lado com a cabeça deitada em seu tórax. Rose poderia até apostar que Sapphire queria manter Garnet acordada até terminarem a papelada, e Ruby percebendo a insanidade daquilo deve ter entrado em conflito com a outra, o que as fez se desfundirem. Mas pelo menos as duas estavam dormindo agora e acordariam bem. Rose se aproximou do casal e as cobriu com uma manta que havia caído no chão. O casal dormente se remexeu, mas apenas para se acomodarem mais ao corpo uma da outra.

Rose riu e tirou uma foto. Iria fazer uma pequena chantagem mais tarde. Fofocas rodavam pela Cidadela com uma velocidade tremenda. Mas voltou à sua missão e passou a escalar as paredes.

Colocou suas luvas, e encarou a parede da qual não se via o teto.

Após bons vinte minutos escalando, e depois de alguns dedos lascados também, ela chegou ao quarto cheio de fontes. Pérola dormia na laguna mais alta, que ficava na fonte do meio de três fontes. E atrás havia um vale de muitas mais fontes e lagunas. Mas Rose procurava uma em especifico. E no limite oposto do quarto, na beira de um precipício que levaria a um outro quarto, havia uma pequena fonte. Rose foi rapidamente até lá, tentando se molhar o menos possível.

Chegando ao destino com apenas alguns respingos, Little Rose olhou a fonte novamente. E como todas as outras vezes, se ajoelhou em reverencia e encarou.

Aquilo nem mesmo podia ser chamado de fonte. A água mal subia quinze centímetros, diferentemente das outras que jorravam metros para cima e criavam “árvores de água”. Em volta da pequena fonte, tinha um altar, mais parecido com um armarinho, a fonte se encontrava dentro dele devido a um furo da parte de baixo. Era pequeno, não muito mais alto que a perna de Rose. Ele estava aberto, e dentro dele tinham algumas pedras ao redor da fonte, e em uma divisória acima, estava a pedra de Ametista, encaixada da melhor forma possível, ao lado tinha uma vela que iluminava o local, que era a parte mais escura do quarto, e atrás da pedra uma foto cheia de marcas de que fora queimada. Bismuth tinha contado à Rose que Pérola teve uma crise, antes do nascimento dela, devido a algum desentendimento com Ametista e Pérola no meio no ataque pegou toda as recordações de Ametista e queimou. Essa foi a única foto salva. Era uma pena. Rose sempre tentava imaginar como seria a foto completa. Parecia um momento feliz. Pérola abraçava Ametista por trás, Pérola sorria, e Rose podia apostar que Ametista estava sorrindo também, era uma pena que o fogo queimara justamente o rosto da quartzo roxa.

Little Rose enxugou uma lagrima solitária e pegou cuidadosamente a gema com as mãos, para depois embrulha-la em um lenço roxo que estava junto do pequeno altar.

Rose então saiu correndo para fora do quarto. Pulou o abismo sem medo, já que o abismo dava diretamente ao quarto fofo e repleto de nuvens rosa que era de seu pai. E como Connie, por nãos ser gem não tinha acesso ao quarto, Steven abriu mão dele e o deixou como escritório, que geralmente não usava. As nuvens amorteceram sua queda. Little Rose já tinha ido ao quarto do pai várias vezes, mas nunca teve a mesma habilidade que ele em moldar a realidade do local. Steven conseguia transformar aquilo em qualquer coisa, um vez ele o transformou em um parque aquático! Mas os dons de Little Rosa ainda permaneciam dormentes em sua pedra. Não sabia se era por ser apenas 25% gem, ou por ser apenas muito jovem, já que seu pai só conseguiu usar o escudo dele aos treze. Mas isso a incomodava. Steven disse que seus dons viriam com o tempo, e que estava completamente ligados as emoções. E se Little Rose dependesse de suas emoções...

Enfim.

Não parou de correr até estar no teleportador. E foi direto para o Celeiro, onde o subsolo era popularmente conhecido como Cidadela. Lá ficava o exército. O Celeiro era mais uma das Torres de controle. Onde Peridot monitorava os setores e montava os relatórios para Garnet, e a sala de reuniões, onde todos os chefes de setores se encontravam mensalmente. E é claro, onde Peridot e Lápis viviam. Peridot tinha um quarto dentro do Celeiro que parecia mais um enorme andar de testes de armas, e Lápis e Jasper viviam no silo, que fora acoplado ao celeiro e virara uma espécie de aquário. E como Jasper não precisava respirar e Lápis era praticamente um ser marinho, ambas ficavam muito confortáveis ali dentro. Menos quando acordavam de vez em quando e descobriram que se fundiram no sono e Malachite ficou entalada na boca do silo. Acredite, isso ocorria com mais frequência do que parece.

Rose entrou no Celeiro, completamente reformado. Tinha mais cinco andares enormes abaixo da simples construção de madeira, acima do nível do solo. Abaixo havia dezenas dos mais variados. Avistou o elevador expresso, próprio para a Cidadela. Afinal, nem todos os teleportadores eram inteiramente conectados. Peridot havia dormido no corredor da sala de espera de novo, com a cara cheia de graxa com os cabelos espetados e cheios de carvão, provavelmente ela teria explodido outra coisa no rosto. Como o Celeiro virou um lugar de gerenciamento, constantes reuniões e audiências eram realizadas, tornando necessária a existência de uma sala de espera. Rose foi subindo os andares até chegar ao último, onde ficava o Celeiro original, olhou para o silo/aquário e viu Jasper dormindo toda esparramada com Lápis aninhada em seu peito. Jasper tinha uma expressão tranquila, diferentemente de Lápis que tinha o cenho franzido, provavelmente as duas tinham discutido noite passada. “Talvez seja por isso que o relacionamento delas dure tanto” pensou Little Rose. Dizem as más línguas do exército, que da primeira vez que Jasper e Lápis se fundiram foi um desastre, que deixara traumas em ambas. Mas que isso fez ambas mudarem seus jeitos. Jasper não deixou de ser impulsiva e emotiva, mas passou a reconhecer mais seus erros e era sempre a primeira a pedir desculpa. E Lápis, passou a reconhecer que nenhuma das duas eras perfeita, ambos tinham seus defeitos e ela era intolerante demais perante isso devido a amargura que sofreu, então a passou a ser mais maleável com a maior. Jasper rapidamente perdoava o que quer que tivesse acontecido e voltava a agir normalmente com a azulada, que por sua vez, permanecia um pouco mais no erro e demorava mais para perdoar, embora não resistisse a cara de cachorro sem dono a aos carinhos da outra. Quem dava graças à Deus por isso era Peridot. Que parecia um juiz do meio de uma luta livre sem fim nos primeiros dias em que Jasper ficara lá. Rose riu ao lembrar das histórias que o pai contava que Peridot saia do celeiro pra ver a novela dela no templo porque as duas gritavam tanto uma com a outra que não deixavam a esverdeada assistir sua novela mexicana em paz.

Voltando, Rose foi até o teleportador X478. Todos os teleportadores eram interligados e monitorados, com exceção desse. Se os peridotos da Sala de Controle a vissem indo para algum lugar com uma gem quebrada, contatariam Steven imediatamente. E então se teleportou para o Setor de Cura e Regeneração, conhecido anteriormente como A Fonte de Rose.

A Fonte de Rose foi realocada de lugar conforme os anos. Mas ela se estabilizara agora na Suécia. Era o único lugar da Cidadela, que não era exatamente no território da Cidadela.

Era um grande espaço aberto, e podia ser comparado à um pátio de hospital. O chão era formado for pedras brancas formando desenhos, havia pequenos jardins com vários tipos de rosas. A parte central era aberta, decorada com vários círculos formados por arcos e bancos ao redor de pequenas fontes que esguichavam água. Era a Ala Branca, decorada com rosas brancas sem espinhos, era aonde as gems com feridas menos sérias iam. Se estavam apenas cansadas, machucadas ou com arranhões na gema, era apenas sentar em um dos bancos e esperar a água esguichar da pequena fonte do chão.

A Ala Verde; como aquele Setor era mais um grande espaço aberto, tão grande quanto uma cidade, algumas alas eram mais distantes do que outras. E esse era o caso da Ala Verde. Era uma colina à oeste da Ala Branca. Lá eram tratadas fusões. Especificamente falando. Fusões instáveis ou com problemas, seja de má formação na fusão, ou à respeito de suas metades. Era um setor terapêutico, acima de tudo, e também recebiam gems com problemas psicológicos. Tudo lá era organizado para trazer paz ao ambiente para que ás fusões ou gems não fiquem mais instáveis ainda. Era decorado com rosas verdes (sim, isso existe) com espinhos fazendo um muro em volta da colina e decorando o arco de entrada. No topo da colina havia vários tapetes de meditação na grama, uma instalação com macas, para casos mais graves, e uma árvore frutífera.

A Ala Vermelha, ao sul da Ala Branca, era destinada aos casos mais graves. Gemas que chegaram muito perto de serem quebradas ficavam lá. Lá tinham os tanques de incubação, para gems que tiveram sua forma física afetada, ou não conseguiam se regenerar completamente ou corretamente. E piscinas abastecidas com lagrimas de Rose, como tudo ali. As piscinas eram geralmente destinadas à casos que receberam pronto-atendimento, e não ficaram tanto tempo rachadas para ter algum efeito colateral.

A Ala Violeta; ao leste da Ala Branca, era destinada às gems corrompidas. Eram muitas vezes casos difíceis de resolver. Era algo que tinha mais a ver com o conflito interno das gems do que com o que se podia fazer por fora. Steven já havia explicado à Little Rose que os casos de corrupção vão de gema para gema. Mas em suma, os “médicos” só sabiam que tinha condição de fazer alguma coisa de acordo com o aspecto da pedra. Se ela ainda estiver muito manchada, quer dizer que a corrupção ainda estava no controle da gema, e que sua consciência ainda estava suspensa. Mas se a gema começasse a combater a corrupção, que se assemelhava mais ao modo de ação de um vírus, aí sim os “médicos” teriam condição de fazer alguma coisa. Lá era um dos poucos lugares do Setor que eram fechados, a instalação era revestida de concreto e arame farpado, sem falar das rosas violetas que cobriam o muro e se enroscavam ao arame, deixando o muro verde com suas raízes, caules, e espinhos, e os arames roxos, pois as rosas tinham o costume de desabrochar lá. Little Rose nunca foi àquela Ala, e nem queria. Tia Jasper foi uma das primeiras a ser tratada lá, e toda a vez que Jasper ia àquele Setor, fazia questão de ficar longe da Ala Violeta. Dizem as más línguas que ela passou bons meses lutando contra a própria corrupção.

E por fim, A Ala Negra. E não, ela não é ao norte. Ela ficava atrás da Ala Vermelha, beeeeem atrás. E não era nada mais que um cemitério. Steven ainda tinha esperanças de descobrir como trazer de volta uma gem quebrada, mas ele em algum ponto desistira da ideia. Afinal, nem tudo é para durar para sempre. E Ametista estaria lá, junto com outras gems quebradas se não fosse pela insistência de Pérola em guardar a pedra da jovem gem junto de si. Little Rose não desejava que ninguém fosse para lá. Nem para visitação. As rosas negras pareciam sussurrar, e as gemas eram colocadas em pequenas caixas de madeira e enterradas com uma lapide minúscula. Infelizmente, nem tudo nas Crystal Gems são flores, e alguns perecem. E nenhuma das Crystal Gems tinha o conhecimento de como fazer mais gems, isso era de sumo conhecimento restrito da Diamonds. E mesmo se pudessem, não fariam, pelo menos, não do jeito que Homeworld fazia. Fabricando vidas como se fossem apenas balas para revólveres.

Little Rose sentiu um calafrio na espinha. Sentiu ser molhada por gotículas finas e percebeu que ainda estava na Ala Branca, e pôs-se a correr de novo. Não havia uma ala de “Colagem de pedras quebradas”, então Little Rose sempre ia fazer suas tentativas na Ala Vermelha. As portas automáticas da instalação abriram e a pequena mestiça passou correndo pela recepção, onde sem perceber deixou um peridoto vermelho com cara de taxo, e foi correndo até as piscinas. Assim que a porta se abriu, Little Rose foi correndo para dentro e foi recebida pela nuvem de vapor que estava sempre no local, devido às águas das piscinas estarem sempre mornas ou quentes. A sala emitia sempre a mesma sinfonia, provida do barulho das piscinas borbulhando. Se Little Rose não conhecesse corretamente a serventia de tudo aquilo ia dizer que era apenas um grande SPA de luxo. Várias piscinas retangulares de não mais que 3x2, iam tomando conta do chão, deixando apenas “corredores” entre elas, onde não cabiam mais que duas pessoas por vez. Little Rose seguiu andando entre os corredores, procurando alguma piscina que lhe parecesse agradável aos olhos. Até que seu celular apita dentro do bolso.

“Alarme:

05:20 – Hurry, girl!”

Little Rose guardou o celular rapidamente e se apressou. Pérola acordaria em 25 minutos. Rose se agachou em uma das dezenas de piscinas e quando ia colocar a pedra de Ametista na água...

- ROSE?!

Steven grita montado em Lion, que parece não ligar para a situação. Little Rose perde o equilíbrio e cai na piscina, com roupa, pedra e tudo. Ela emerge rapidamente e Steven vai correndo até a filha. Ele se agacha na borda da piscina, que como era rasa, ficava nos ombros de Little Rose que estava em pé.

- Mocinha, o que raios você está fazendo aqui?!

- Eu que pergunto, o que VOCÊ, está fazendo aqui?

- Eu trabalho aqui!

- Não senhor! – Rose colocou as mãos na cintura e imitou a pose de Pérola quando queria dar sermão – O senhor está de folga essa semana! O senhor prometeu! É a semana do meu aniversário e o senhor vem trabalhar?! Você disse que ficaria em casa!

- São cinco e meia da manhã! A senhorita devia estar na cama!

- E o senhor também!

- Esse é o meu trabalho, não é como se eu simplesmente pudesse deixar gems feridas rachando por ai! E, de novo, o que raios a senhora está fazendo aqui?!

- Estou tomando banho, ué! – Little Rose passava o pé no chão, procurando desesperadamente a gema de Ametista.

- De roupa? Às cinco da manhã?

- Eu tenho hiperatividade e sempre acordei mais cedo que vocês! E eu só estava checando a temperatura, para depois colocar o maiô, mas você me assustou!

- Mas eu já lhe disse que essas piscinas não são para isso! Shyne me ligou louca dizendo que a minha filha estava correndo pela Ala Vermelha! Teve sorte de que não foi sua mãe que atendeu a ligação! – “Aquele peridoto liguarudo! ” Pensou a pequena - E temos uma banheira em casa!

- Mas ela não tem bolhas e nem é aquecida!

- Isso não vem ao caso! Saia já dessa banheira!

Steven ralhou e apontou o dedo para a pequena, que emburrou a cara e cruzou os braços. Steven geralmente teria cedido ao ver aquele bico nos lábios da filha, mas não hoje. Ele montou em Lion novamente e deu seu ultimato:

- Saia já daí, se não quiser passar seu aniversário de castigo, ouviu mocinha?!

- O QUE?! Isso não é justo!

- Agora, mocinha!

A criança bateu o pé no fundo da piscina e se preparou para sair. Uma lagrima teimava a querer sair, Rose não aceitava. Todos a tratavam como criança, o que ela era, mas queria ajudar. Tinha que ajudar. Sabia como, mas os outros a tratavam como uma invalida. Não suportava isso!

- NÃO!

A negatória ecoou pela sala. Steven olhou estático para a filha, seu olho esquerdo tremeu de leve em um tique nervoso.

- “Não” o que?

- Eu não posso ir agora! Eu vim fazer algo aqui e vou terminar!

Talvez se Steven não estivesse tão estressado pela falta de sono, ou se Little Rose não estivesse tão determinada em sua missão, eles não estivessem se encarando com raiva. Uma raiva que nenhum pai e nenhum filho deveria experimentar um pelo outro. Mas também se não fosse por isso... a pedra de Rose não se ativaria.

- DE. CASTIGO.

Steven encarou a filha com os olhos semicerrados e com sua sensibilidade completamente anestesiada perante ao stress. Tem uma hora, na vida de uma criança, que ela não reconhece os próprios pais. É uma hora em que a criança percebe que seus pais não são os heróis de capa que a protegem de tudo. E que de vez em quando eles também são os vilões. Quando eles deixam de ser pais e se tornam apenas educadores. Quando eles mostram para a criança quem eles são quando estão na batalha da vida. E é ai que a criança percebe que os adultos são imperfeitos, e então ela se torna adolescente. Com Steven, foi quando ele enfrentou Garnet para salvar Lápis, e com Rose está sendo agora...

Geralmente isso não termina bem. Pais mostrando que têm autoridade, e filhos mostrando que tem garras. Em algumas famílias, pais e filhos ficam sem se falar, os filhos presos no quarto, e pais não querendo admitir que erraram. Leva tempo, e uma aceitação forçada as vezes deixa apenas tudo pior. Mas talvez seja aí, que a palavra “família”, venha fazer seus milagres.

- Qual é, Steven, deixa ela!

Pai e filha se encararam, ao perceber que nenhum dos dois tinha falado aquilo.

- Huh... Querida, você trouxe alguém com você?

A mestiça olhou de volta para a piscina, as bolhas continham um pequeno brilho rosado saindo dela.

- Rose...?

Ela se virou novamente para o pai.

- Depende. O senhor promete que não vai me colocar de castigo?

Steven não respondeu e pulou diretamente na piscina. “Aquela voz...” Pensou o quartzo mestiço. Ele encarou a filha, que tinha juntado as mãos e começado a mexer com os dedos, como sempre fazia quando sentia culpa de algo. Steven, então, mergulhou o rosto na água. O que viu, não lhe deveria ser novo, na verdade na maioria das vezes que via algo do tipo ficava preocupado, mas dessa vez não. Dessa vez, não.

Ele começou a rir em baixo d’água. Ao ver as bolhas subindo, Little Rose, que estava curiosa para ver o que estava acontecendo, enfiou o rosto embaixo d’água também. Ela arregalou os olhos e emergiu de novo. Steven subiu novamente também.

Rose começou a dar socos no ar e a espirrar água para todo o lado.

- YES! Eu sabia! Eu sabia, que ia conseguir! EU CONSEGUI!

- Espera, o quê?!

Rose percebeu que não estava sozinha e que a cara de bravo do seu pai estava voltando.

- Bom... É que...

- Você fez isso?! De propósito?!

- Bem... Sim. – Ela falou em um miado e se encolhendo perante o encarar do pai. – Eu ouvia você dizer até mesmo gemas quebradas tinham cura.

- Mas isso foi antes! Não se pode trazer ninguém dos mortos!

- Eu sei, mas... – Ela esfregou o próprio braço – Eu via que não era isso. Há uma diferença entre uma gema morta e uma gema quebrada, eu tenho certeza!

Steven deixou os ombros caírem e suspirou. Ele coçou os longos dread-locks e depois esfregou o cavanhaque. Encarou novamente a água, para depois se resignar e esconder as mãos nos bolsos do jaleco branco que usava.

- Foi você que tinha pego a Ametista ano passado? – A filha assentiu – Então foi por isso que ela apareceu de novo no mesmo lugar. Quantas vezes você já veio aqui pra isso?

A menina deixou um rubor crescer nas bochechas pardas.

- Eu venho uma vez a cada dois meses. Mas no primeiro ano foram nove por mês.

- No primeiro?! Desde quando/

- Desde que aconteceu. – Steven se calou – Vocês achavam que eu era nova demais pra lembrar... Mas eu lembro.

Lagrimas começaram a brotar no rosto da menina e Steven se sentiu culpado por isso.

- Todo o dia, no meu aniversário, depois que eu “durmo” – a menina fez aspas com os dedos – eu vejo vocês olhando pra porta. Eu sei que querem estar felizes, eu sei que não querem que eu perceba, mas eu sei! Eu sei que sentem falta dela! Eu sei que Pérola estaria feliz e não precisaria ir pra Ala Verde todo o mês se ela estivesse aqui! Eu sei que Jasper me treinaria e pararia de se exilar se não se sentisse culpada pelo o que aconteceu! Eu sei que Peridot voltaria a contar piadas e fazer palhaçadas se ela estivesse aqui! Eu sei que Garnet não se sufocaria tanto com o trabalho se não fosse pela culpa de não ter feito nada quando “sabe-se-lá-o-que” aconteceu! Aquilo que vocês não me contam! E todas as gems ficam incomodadas quando eu pergunto!

Ela começou a chorar com vontade, as lagrimas desciam como cascata dos olhos da garota, ela começou a soluçar e a fungar. Steven abraçou a menina, que retribuiu.

- Eu só quero ter minha família unida de novo. – Ela falou no ouvido do pai.

Lagrimas começaram a descer dos olhos dele também. Por quê omitiram Ametista por tanto tempo mesmo? Steven nem se lembrava, mas sabia que foi um ato ignorante e egoísta. Eles não queriam se lembrar. Não de Ametista, mas da vergonha. Da culpa.

“ A ARÉA DE GEMS ÍNUTEIS É PRA LÁ! ”

“ Agora não, Ametista. ”

“Ô nanica! Não dá para entender que eu tô ocupada! ”

“Volte já para o seu pelotão, Ametista! Não tenho tempo para isso agora! ”

“Comparada aos quartzos daquele pelotão, você não é nada. ”

“Gems pequenas como você não podem trabalhar aqui! Sai daí e pede remanejamento! ”

Do mal que fizeram. Antes Steven e Ametista eram as crianças do grupo, mas ele amadureceu. Ele teve quem o ajudasse a amadurecer seu pai, Garnet, Pérola, Peridot, Connie, Lápis, Jasper e Ametista. Mas Ametista ficou. Talvez os outros achassem que ela já era crescida pelo seu modo de agir, sempre bancando a durona. Uma pedra impenetrável e forte, como todo o quartzo deveria ser. Mas ela não era. Ela só tinha algumas centenas de anos. Tinha quase a mesma idade mental que Steven. E sem todo aquele modo de criação artificial de Homeworld, Steven percebeu que nem as próprias Crystal Gems sabiam do que se tratava de fato uma criança. Ametista não tinha ideia do que era, o que deveria ser, pra que servia, o que deveria sentir. Aprender tudo isso com os outros lidando com você como se fosse apenas um pequeno adulto... Steven queria poder mudar o passado. Não podia. Mas podia mudar o futuro.

- Ei, gente! Eu sei que o momento é lindo e coisa e tal... Pai e filha... filme da Sessão da Tarde, mas eu ainda tô aqui! E minha perna tá na cabeça, se não notaram.

Steven e Rose se separam do abraço, ambos se encaram e riem. Steven enxuga as lagrimas restantes da filha.

- Não sinta culpa. Esse é o pior sentimento que tem. – Ele beijou a testa da filha. – Agora vamos, pequena enfermeira! Procure um avental no armário para colocarmos nela, e depois me ajude a coloca-la no tanque!

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            CONTINUA...


Notas Finais


Provavelmente, seguindo minha linha de dois capítulos seguidos, postarei o outro amanhã, após as correções.


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