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História Love Line - Capítulo 6


Escrita por: jamunnie

Notas do Autor


Eu espero que vocês possam me perdoar pela demora em atualizar, tá?

Capítulo 6 - Capítulo 6


Seria mais simples se as pessoas deixassem de lutar contra o que sentiam e apenas admitissem o que lhes afetava. Bastava aceitar. E aquilo já minimizaria consideravelmente as aflições e preocupações de todos. Inclusive as minhas.

Uma coisa era lidar com as frustrações, birras e até teimosias de meus pacientes. Outra coisa bem distinta era lidar com essas emoções quando elas vinham de minha melhor amiga. Eunbi estava insistentemente testando a minha paciência com todos aqueles resmungos ao longo da semana. E para completar, o mau humor de Sojung também não estava colaborando para que meus ouvidos tivessem sossego.

A mais velha parecia determinada a não permitir que tivéssemos momento algum de distração diante de tantos casos que nos encaminhava para atendimento. Enquanto eu estava me sentindo um pouco sobrecarregada e exausta, Eunbi parecia estar grata por aquilo e eu sabia exatamente o porquê... Desde que estivesse focada nos casos, minha amiga deixava de pensar momentaneamente em Yerin. Apenas momentaneamente. Porque bastava estarmos novamente livres e a sós para que Eunbi voltasse a mencionar a Jung.

― Acredita que seus colegas idiotas ainda insistem nisso? ― Suspirei assim que o resmungo de SinB chegou aos meus ouvidos.

― O que foi agora? ― Murmurei assim que encarei a expressão franzida de minha amiga, mas podia jurar que Eunbi sequer tinha me escutado direito enquanto resmungava baixinho ao tamborilar os dedos sobre o balcão de atendimento da recepção.

― “Por onde a filha do diretor anda... Vocês brigaram, SinB?... Era mais divertido encontrá-la pelos corredores...” ― Mordi meu lábio para conter um sorriso enquanto ouvia SinB fazer uma careta enquanto imitava nossos colegas. ― Yah! Faz dias que ela não aparece por aqui... Por que eu saberia algo sobre a Yerin?

Eunbi bufou frustrada ao apoiar o braço sobre o balcão e recostar a testa nele. Minha amiga suspirou e eu me contive em apenas manear minha cabeça antes de cutucar o ombro dela.

― Mas bem que você gostaria de saber, não é? ― Murmurei com calma e observei Eunbi me encarar com os olhos semicerrados. ― Apenas admita que o que está mais te incomodando não são as perguntas provocativas.

― Você sabe que eu decidi ignorar esses idiotas, Yewon. ― Eunbi rolou os olhos e eu sorri acenando.

― Exato. Por isso o que está te incomodando é o fato que gostaria de ter as respostas para essas perguntas ridículas, o fato de não ter encontrado mais a Yerin depois que –

― Fui meio rude com ela. ― Eunbi me interrompeu e dei de ombros quando ela suspirou. ― Eu até quero me desculpar, mas ela não voltou mais ao hospital, Yewon.

― Yeah, estou bastante ciente que você está sentindo a falta dela. ― Provoquei e recebi um esbarrão do braço de Eunbi contra o meu. ― O que? Estou enganada?

― Não é bem assim. ― Eunbi encolheu os ombros e foi a minha vez de bufar enquanto revirava meus olhos.

― E é como então, Eunbi? ― Cruzei meus braços ao virar-me de lado para minha amiga. ― Você não parou de falar nela desde a última vez que a atendeu. ― Murmurei e sorri de lado ao vê-la evitar meu olhar. ― Aliás, não parou de falar nela desde que a conheceu.

― Pare com isso, Yewon. ― Minha amiga lamentou ao voltar a recostar a testa contra o próprio braço. ― Eu apenas me acostumei com a presença dela por aqui... É estranho não a encontrar pelos corredores.

― Até acredito nisso, mas sabemos que há mais... Então tente novamente. ― Voltei a cutucar Eunbi e pisquei surpresa quando minha amiga bufou antes de se virar novamente para me encarar.

― Não pode ter nada mais, Yewon.

SinB suspirou cansada ao encolher os ombros e eu percebi o quanto minha amiga parecia exausta tanto física quanto emocionalmente. Conhecia Eunbi por tempo o suficiente para perceber que ela estava numa batalha interna para se convencer também daquilo. E aquilo era desgastante. Principalmente por Eunbi parecer querer o oposto.

― O que não significa necessariamente que não deva ter, Eunbi. ― Murmurei séria enquanto ela maneava a cabeça em derrota. ― Negar que você se importa um pouco demais com a presença, ou nesse caso ausência dela, é forçado, SinB. ― Minha amiga mordeu o lábio e se limitou a dar de ombros. ― Já tentou falar com ela?

― Como, Yewon? ― SinB bufou frustrada. ― Como eu disse, faz dias que ela não aparece aqui no hospital. E eu não consegui encontrá-la na universidade também, mesmo tendo perdido boa parte de uma manhã fazendo hora na biblioteca. Até considerei perguntar à PG sobre ela, mas do jeito que Sojung anda amaldiçoando a família Jung pelos quatro cantos desse hospital, eu achei melhor não tocar no assunto.

Foi a minha vez de suspirar derrotada enquanto fazia uma careta diante do tom desafortunado de minha amiga. Era mesmo frustrante. Eunbi tinha elencado as primeiras alternativas que também pensei em como entrar em contato com Yerin. Mas, infelizmente, nenhuma delas estava sendo tão viável. Assim como não era viável simplesmente conversar com a outra filha do diretor a respeito do paradeiro da Jung mais velha. A baixinha, Eunha, tinha se ocupado em verificar a situação clínica de cada residente e interno, de forma que não era sábio nos colocarmos na mira dela, principalmente por se tratar de assuntos pessoais.

Estava prestes a voltar a cutucar o ombro de minha amiga em uma tentativa de trazer algum conforto, quando meus olhos pousaram naquela figura ousada. Há alguns dias que ela também deixara de frequentar o hospital, mas ao vê-la caminhar despreocupadamente novamente por aqui me fez perceber que talvez aquele fosse o dia de sorte de Eunbi e, talvez, tivéssemos mais uma alternativa viável para entrar em contato com Yerin. Mesmo que isso significasse uma derrota para mim mesma.

― Você vai ficar me devendo essa, Eunbi. ― Sussurrei entredentes para minha amiga que piscou confusa para mim. Eunbi me questionou com o olhar, mas eu apenas suspirei antes de acenar e erguer meu braço, chamando a atenção dela. ― Hey Yuna!

SinB piscou surpresa. E mais surpresa ainda ficou a amiga de Yerin ao perceber que fora eu que a chamava. Um suspiro deixou meus lábios enquanto a figura sorridente de Yuna se aproximava de onde estávamos, enquanto Eunbi me olhava curiosa.

― SinB e Yewon. ― A mais alta murmurou divertida ao parar a nossa frente. ― Quanto tempo, doutoras. ― Yuna nos cumprimentou com um sorriso. ― Estou surpresa.

― Você sabe, nós trabalhamos aqui. ― Murmurei e ela bufou uma risada.

― Claro, eu só estou surpresa por terem me chamado... ― revezou o olhar curioso entre nós ― E mais ainda por ter recordado meu nome, Yewon. ― Yuna cravou os olhos diretamente em mim enquanto sorria de lado.

― Eu tenho uma boa memória e como você costumava andar por aqui por perto com a Yerin... ― dei de ombros enquanto ela acenava concordando ― Notei que faz alguns dias que não apareciam por aqui... Voltaram a frequenta o hospital?

― Oh! Você sentiu minha falta, Yewon? ― Yuna provocou e SinB bufou uma risada. Dei um olhar de repreensão para minha amiga, que se limitou a morder o lábio para esconder o riso. ― Espero que sim. ― Yuna piscou divertida e voltei a rolar meus olhos. ― Bom, eu só vim trazer alguns documentos que precisavam para a reunião e preciso voltar ao trabalho, mas a Yerin –

― Ela está aqui? ― SinB interrompeu a fala dela e foi a minha vez de sorrir divertida ao ver minha amiga corar enquanto Yuna arqueava a sobrancelha para ela, estranhamente séria.

― Yeah, ela veio apenas para uma reunião com o Sr. Jung e a Eunha... Por quê? ― Yuna semicerrou o olhar e observei Eunbi dar de ombros.

― Por nada, apenas curiosidade... Faz alguns dias que ela não aparece por aqui. ― Eunbi murmurou e Yuna acenou concordando. ― Bom, eu preciso voltar às rondas agora... Até mais, Yuna. ― Minha amiga se esgueirou entre nós ao acenar para Yuna. ― Yewon, nós nos falamos depois.

Eu pisquei atordoada ao vê-la sorrir de lado para mim. Eunbi supostamente não deveria escapar de mansinho assim depois de ter conseguido a informação que queria por minha causa. Traidora. Bufei frustrada enquanto recolhia os prontuários dos casos que estava atendendo, enquanto formulava uma desculpa para também escapar... Mas meus planos foram frustrados quando a voz de Yuna voltou a alcançar meus ouvidos.

― Impressão minha ou a Hwang pareceu ansiosa com a ideia da Yerin ter voltado ao hospital?

― Ansiosa é um termo que se adequa bem pelo fato dela não ter parado de falar na Yerin por toda a semana. ― Apenas depois que o resmungo deixou meus lábios que eu percebi do que estava falando e com quem. Olhei com uma careta para Yuna que apenas maneava a cabeça.

― Isso é interessante, porque a Yerin também não deixou de falar sobre a estúpida doutora Hwang por toda a semana. Ela já estava irritando meus ouvidos. ― A mais alta fez uma careta e eu não pude evitar um sorriso. Porque eu entendia perfeitamente o sentimento.

― É algo que temos em comum então.

― Bom, aposto que nós temos mais coisas em comum, Yewon. ― Revirei meus olhos ao perceber que o tom de flerte estava de volta. Francamente.

― Não creio nisso. ― Sorri debochada para Yuna antes de dar às costas e voltar a caminhar. Bufei ao perceber que ela me seguia. ― Você não disse que precisava voltar ao trabalho?

― Você presta bastante atenção às coisas que eu falo, não é, Yewon? ― Ela sorriu convencida, o que provocou mais um rolar de olhos em mim. Continuei andando sem dar bola para ela, até o momento que Yuna apressou os passos e se colocou a minha frente, interrompendo meu caminho.

― Você pode dar licença? Eu também preciso voltar ao meu trabalho. ― Resmunguei impaciente.

― Claro... Só diga antes que aceita jantar comigo e saio do seu caminho.

― Yah! Você só pode estar brincando. ― Bufei enquanto ela encolhia os ombros.

― Não custava tentar. ― Sorriu e eu maneei minha cabeça antes de tentar voltar a andar, mas novamente Yuna se interpôs.

― Sério? ― Arqueei minha sobrancelha.

― Desculpe... ― Sorriu culpada. ― Um café então? ― Me encarou esperançosa enquanto unia as mãos em frente ao peito. ― Por favor, Yewon, não pode ser de todo mal assim... Nem que seja para falarmos sobre o quão irritantes Yerin e SinB são.

Encarei a garota por alguns instantes, enquanto ela devolvia meu olhar com um sorriso torto. Disse para mim mesma que Yuna parecia tão irritante quanto SinB ou Yerin. Tanto que sabia que ela continuaria insistindo, e eu estava ficando realmente sem paciência... De forma que era melhor por um fim naquilo. Ela me deixaria em paz depois daquele café. Certo?

― Na Starbucks há dois quarteirões daqui, no final da tarde. Não se atrase. ― Murmurei assim que finalmente consegui passar por Yuna.

― Estarei esperando, Yewon.

Não olhei para trás e apenas continuei seguindo meu caminho, mas pelo tom animado da voz dela, eu podia jurar que Yuna estava quase socando o ar animada. Eu apenas revirei meus olhos enquanto suspirava ao empurrar as portas duplas da ala médica, encontrando finalmente sossego. Ao menos, momentâneo.

×××

― Por qual motivo estamos aqui mesmo?

Murmurei por cima do ombro, enquanto observava o reflexo de minha irmã pela grande parede de vidro do escritório da diretoria. A parede tinha vista para o pátio de entrada do hospital e enquanto meus olhos fitavam o fluxo de pessoas que frequentavam aquele local, eu não pude evitar pensar o quanto aquele lugar era um misto de emoções, que alcançava facilmente e rapidamente os extremos.

― Você conhece o appa tão bem quanto eu mesma. ― Minha irmã suspirou ao encolher os ombros e voltar a prestar atenção nos relatórios que tinha em mãos. ― Só vamos saber quando ele chegar.

― Você realmente não faz nenhuma ideia? ― Semicerrei meu olhar sobre minha irmã ao me aproximar da poltrona dela. ― Eunha? ― Tomei os relatórios da mão dela enquanto minha irmã bufava ao erguer o olhar para mim.

― Realmente não sei do que se trata, Yenni. ― Eunha suspirou ao estender a mão em minha direção. ― Agora pode devolver?

Meus olhos pousaram brevemente sobre o conteúdo dos relatórios e franzi minha testa ao notar que se tratava das fichas com estatísticas de cada residente e internos. E ironicamente percebi que a que minha irmã estava analisando no momento era justamente a da doutora Hwang. Mas antes que pudesse verificar as anotações de Eunha, minha irmã tomou de volta os documentos. Ela arqueou a sobrancelha para mim quando permaneci parada a encarando. Maneei minha cabeça antes de morder meu lábio e dar de ombros. Estava curiosa sobre a análise dela do perfil da Hwang, mas eu nada comentaria a respeito. Ao menos, não diretamente.

― Como andam as coisas por aqui? ― Murmurei ao me sentar na poltrona ao lado de Eunha.

― Poderiam estar melhores e mais tranquilas de se administrar se você estivesse por aqui. ― Bufei uma risada diante do resmungo de Eunha. ― É sério, Yenni.

― Não vai acontecer, você sabe. ― Murmurei séria enquanto minha irmã revirava os olhos.

― Você é uma irmã muito egoísta. ― Eunha me acusou com um bico e foi a minha vez de revirar os olhos. ― Me deixa sozinha para lidar com tantos problemas.

― Você se preparou muito bem para isso, maninha. ― Provoquei e sorri de lado ao vê-la fazer uma careta. ― E não é possível que haja tantos problemas assim.

― Oh, claro! Apenas atendentes discutindo entre quais departamentos merecem ou não mais recursos, internos indisciplinados, outros quase indo à exaustão, residentes ignorando a minha presença.... ― Eunha debochou e arqueei minha sobrancelha ao vê-la cruzar os braços.

― Com residentes você quer dizer exatamente Sojung, huh? ― Cutuquei o braço de minha irmã que me olhou pesarosa.

― Ela malmente fala comigo, Yerin. ― Minha irmã lamentou e apenas suspirei junto com ela.

― Você pode a culpar? ― Eunha fez cara feia para mim, enquanto ergui minhas mãos. ― Dê tempo para ela se acostumar com você por aqui novamente.

― Sua presença por aqui poderia facilitar isso.

― Não comece. ― Apontei um dedo para minha irmã que deu de ombros. ― Eu não vou me meter entre vocês.

Alertei séria e nós duas nos encaramos por alguns instantes. A tensão entre nossos olhares só fora interrompida quando a porta do escritório foi aberta e nosso pai adentrou a sala. Eunha e eu suspiramos antes de desviarmos o olhar para cumprimentar nosso pai.

O velho Jung beijou nossas têmporas, como sempre fazia, antes de ocupar o lugar à nossa frente. Observei atenta meu pai apoiar os cotovelos sobre a mesa e cruzar as mãos enquanto sorria abertamente em nossa direção, o olhar determinado enquanto nos fitava. Eu conhecia bem aquela postura e suspirei cansada ao me preparar para aquela conversa.

― É tão satisfatório ter minhas duas garotas por perto. ― O tom caloroso de meu pai não disfarçava completamente o teor de julgamento por trás daquela sentença.

― Appa, pode ir direto ao assunto, por favor? Eu tenho coisas a fazer ainda. ― Um suspiro deixou meus lábios ao vê-lo estalar a língua ao inclinar-se contra a poltrona.

― Eu não sei pra que a pressa, minha filha, quando a sua prioridade deveria estar e ser isso aqui. ― Appa estendeu os braços, como se sinalizasse o hospital, o que me fez morder a parte interna de minha boca. De novo não. ― E é justamente sobre isso que quero falar... Quero que assuma a administração do hospital com a sua irmã, Yerin.

― Bom, mas não é o que eu quero. ― Murmurei séria ao encarar meu pai que também permanecia sério. ― Eu já administro o –

― Era para ser apenas um hobby. ― Meu pai me interrompeu ao sorrir debochado e apertei o encosto da poltrona, enquanto Eunha revezava o olhar entre nós. ― Não pode realmente comparar o patrimônio que temos com o hospital com o patrimônio do restaurante, Yerin.

― A mamãe não pensava assim. ― Resmunguei e engoli em seco ao ver meu pai crispar os lábios, mas não desviei meu olhar do dele.

― Ok, não acho que esta seja a questão da conversa. ― Eunha interrompeu a tensão entre nós e apenas suspirei ao ver meu pai manear a cabeça.

― Claro. O ponto desta conversa é que seria bom que vocês duas assumissem integralmente a administração do hospital. ― Foi a minha vez de manear a cabeça ao vê-lo encolher os ombros. ― Não concorda, Eunha?

― Huh, eu admito que seria uma boa ideia compartilhar a responsabilidade com a minha irmã... ― Eunha murmurou e eu a encarei com o olhar semicerrado. Minha irmã encolheu os ombros ao me encarar de volta. ― Yah, não pode me culpar... Nos dias que esteve só por aqui você fez um bom trabalho, Yenni, e pareceu confortável com a ideia de voltar a frequentar o hospital, então achei que poderia reconsiderar a ideia.

― Inacreditável! ― Bufei uma risada sem humor. ― Por que continuam supondo coisas que eu deveria fazer ou não? ― Revezei meu olhar entre meu pai e minha irmã. Meu pai me encarava sério, até indiferente, já minha irmã parecia confusa e curiosa sobre aquela questão. ― Eu estive à frente do hospital por alguns dias, apenas porque você não tinha retornado ainda, Eunha... E não é porque as coisas parecem estar mais fáceis de lidar agora, appa, que isso significa que tenho a intenção de assumir isso aqui. ― Maneei minha mão em direção à área ao nosso redor. ― Eu não quero isso.

― Ainda assim vocês são as herdeiras de tudo isso, minhas herdeiras. Estudaram para assumir o comando. Mesmo que você tenha feito a besteira de não seguir a especialização que sua irmã fez, Yerin, ainda assim quero que –

― Besteira? ― Murmurei irritada ao me levantar. Eunha segurou meu braço, mas me desfiz do toque de minha irmã, enquanto encarava nosso pai. ― Eu não acredito que vamos voltar a ter essa discussão, appa. Achei que já tínhamos passado disso.

― Minha filha, eu só quero que perceba que focar no hospital é mais lucrativo para você do que –

― Não me interessa, appa. ― Interrompi meu pai e o vi bufar frustrado.

― Eu não consigo compreender, Yerin. ― Meu pai maneou a cabeça e eu suspirei cansada.

― Eu também não consigo compreender como mesmo depois de tudo o que houve, o senhor ainda insiste em diminuir as minhas escolhas. ― Murmurei frustrada ao encará-lo. ― É tão difícil entender que nós desejamos coisas diferentes? Eunha quis e escolheu estar aqui, à frente disso, assim como o senhor... Eu não quero isso para mim e vocês já deveriam saber disso.

Um suspiro deixou meus lábios, enquanto sentia minha cabeça doer diante daquela exaustiva conversa. Apenas recebi o silêncio de meu pai como resposta, antes de vê-lo virar de costas com a cadeira. Bufei uma risada antes de pegar minha bolsa e caminhar apressadamente para fora do escritório.

Interrompi meus passos assim que abri a porta do escritório, apenas porque estava ciente dos passos apressados de minha irmã atrás de mim. Virei-me repentinamente, surpreendendo minha irmã e semicerrei meu olhar sobre ela.

― Você não deveria incentivar essas ideias dele, Eunha.

― Eu não incentivei nada, Yenni.

― Mas também não me ajudou a evitar essa conversa estúpida. ― Acusei e observei minha irmã cruzar os braços irritada.

― Oh! Me desculpe por não achar tão estúpida assim a ideia de trabalhar com minha irmã e fazer do nosso hospital um lugar ainda melhor. ― Eunha debochou e eu maneei a cabeça.

― Mesmo sabendo que eu prefiro estar em outro lugar e não aqui? Você sabe bem que enquanto o hospital é mais relevante para você, eu me sinto muito mais realizada à frente do restaurante.

― Você estava indo bem aqui, achei que poderíamos tentar, Yerin, mas você não quer. ― Eunha encolheu os ombros e eu bufei irritada com minha irmã.

― Yeah, eu não quero. Mas você e o appa parecem não se importar com o que eu desejo, não é?

― Não é assim. Eu sempre te apoiei, só –

― Está sendo egoísta agora. ― Interrompi minha irmã e nós duas voltamos a nos encarar intensamente. Eunha suspirou ao fechar os olhos e eu engoli o nó em minha garganta, voltando a me sentir sufocada naquele hospital. ― Essa conversa não vai nos levar a nada, eu preciso ir.

Não esperei por uma resposta de minha irmã e, felizmente, daquela vez Eunha não alcançou por meu braço ou seguiu meus passos. Mesmo que a voz dela chamando meu nome continuasse presente. Não olhei para trás. Eu só queria deixar aquele hospital o mais rápido possível. Estava me sentindo sufocada e pressionada... E irritada com o fato das pessoas se acharem no direito de supor o que eu deveria ou não fazer. Sequer considerando ou permitindo a minha liberdade de escolha. Meu pai, minha irmã, doutora Hwang... Eu não queria ser tratada de maneira distante por nenhum deles. Não queria que tomassem ações por mim, que eu sequer considerei.

A única coisa que eu queria no momento era deixar aquele hospital sem olhar para trás. E foi o que fiz. Não me preocupei em responder aos chamados de Eunha, da mesma forma que não me preocupei em ignorar os olhares curiosos que atrai até alcançar o elevador. Também não me preocupei em desviar meu olhar quando senti um par de olhos em especial queimando minha pele. Meu olhar encontrou, depois de dias, o olhar da doutora Hwang, que me observava parada a alguns metros do elevador. Não consegui interpretar se era um olhar preocupado, curioso, saudoso... Eunbi entreabriu os lábios e podia jurar que a ouvi balbuciar meu nome, mas não esperei que ela também me alcançasse. As portas do elevador se abriram e não tardei a desaparecer entre elas. No momento eu que precisava estar longe.  

×××

Eu não tive a chance de me aproximar de Yerin. Diferente da primeira vez que a vi, com passos apressados e intempestivos para estar no hospital, daquela vez aqueles mesmos passos a conduziam para longe do hospital. O encontro entre nossos olhares fora rápido, Yerin não se deteve ao me encarar e aquilo mexeu comigo. Senti falta. Da mesma forma que senti falta do pequeno sorriso torto nos lábios. Ela parecia séria, chateada, incomodada. Algo estava errado. E aquilo me incomodou... Porque percebi que gostaria de saber o que a incomodava, porque queria ajudá-la. Ao menos, tentar.

Aquele pensamento me assustou brevemente, mas não pude evitá-lo. Eu me importava com o bem-estar da garota. Até demais. Nós estávamos tendo uma boa relação e, novamente, lamentei por tê-la afastado... Agora me parecia estúpido ter me deixado levar por provocações alheias, porque o que me importava no momento era saber como ela estava.

Mas eu não podia. Mesmo que tentasse alcançá-la na saída do hospital, já seria tarde demais. O elevador não chegaria a tempo, os lances de escadas eram muitos e, ainda, assim que me virei fiquei cara a cara com a Jung mais nova. Eu bem gostaria de evitá-la, mas percebi que seria impossível assim que a irmã de Yerin pousou os olhos sobre mim e chamou por meu nome.

― Doutora Hwang! ― Suspirei assim que a voz fina e forte da Jung mais nova se fez presente, me fazendo ter que encará-la.

― Miss Jung. ― Murmurei com um pequeno aceno quando ela parou a minha frente. ― Posso ajudar em algo?

― Na verdade, pode sim. ― Eunha murmurou e eu arqueei minha sobrancelha curiosa. ― Pode me ajudar ao cumprir seus plantões corretamente. ― Murmurou séria e pisquei confusa.

― Mas eu tenho feito plantões com frequência e –

― Justamente isso. ― Mordi a parte interna de minha boca para evitar um resmungo quando ela me interrompeu. ― Tem feito muitos plantões, consecutivos, Hwang. ― Eunha murmurou séria. ― Não está respeitando o intervalo estabelecido pelo hospital.

― Prestar mais atendimentos é algo ruim?

Não pude evitar o resmungo e engoli em seco quando ela semicerrou o olhar sobre mim. Cruzei meus braços e continuei encarando a irmã de Yerin, que me olhava séria. Eunha entreabriu os lábios, mas antes que se pronunciasse, fomos interrompidas pela voz curiosa de Sojung. A mais alta se aproximou de onde estávamos, revezando o olhar desconfiado entre nós.

― O que está havendo aqui? ― Sojung murmurou e eu encolhi meus ombros. Pisquei confusa quando a mais alta passou um dos braços sobre meus ombros, ao parar ao meu lado e observar a Jung. Observei Eunha rolar os olhos antes de bufar e a encarar de volta.

― Estava alertando à doutora Hwang sobre o desrespeito aos períodos de plantão. ― Eunha resmungou ao apoiar os braços na cintura. ― Deveria estar atenta, Sojung, aos períodos de plantão das suas internas. ― Provocou e eu crispei meus lábios quando Sojung pesou o braço sobre meus ombros. ― Plantões sem intervalos de descansos apropriados não são interessantes para o hospital. A última coisa que eu preciso é que meus médicos estejam exaustos, podendo aumentar a probabilidade de equívocos médicos.

― Eu não – minha fala foi interrompida por Sojung, ao apertar meu ombro.

― Doutora Hwang é uma boa médica e tem responsabilidade clínica, mas pode ter a certeza que ela respeitará a carga horária estabelecida para os plantões, Eunbi.

A tensão entre os olhares das duas já estava me incomodando, tudo que eu queria era sair dali e deixá-las para trás. Mas não podia. Não até o instante que Eunha apenas deu um breve aceno, murmurando um “ótimo”, ao nos dirigir um olhar duro, antes de nos dar às costas e voltar para o escritório da diretoria.

O suspiro que deixou meus lábios logo deu lugar a um pequeno muxoxo quando senti minha orelha ser apertada por Sojung.

― Yah! O que está fazendo? ― Resmunguei ao me afastar alguns passos dela, enquanto Sojung apontava um dedo para mim.

― Eu que pergunto, Hwang. O que pensa que está fazendo? ― Resmungou. ― Não me faça receber reclamações por sua causa. ― Acusou e eu encolhi meus ombros. ― Que diabos está pensando ao emendar plantões consecutivos? ― Sojung suspirou cansada. ― Você sabe muito bem que não é o recomendado.

― Eu não vejo qual o problema em –

― O problema é que não é uma prática clínica saudável. Nem para você, nem para os pacientes, nem para o hospital. ― Sojung me interrompeu e me encarou séria. ― Sabemos que você é uma boa médica, mas não seja estúpida... Mesmo você precisa de condições viáveis para clinicar. ― Sojung deu um peteleco em minha testa e franzi minha expressão para ela. ― É a sua segunda advertência... Então pare de violar as regras do hospital. ― Arqueou a sobrancelha ao puxar meu braço para acompanhá-la na caminhada.

― O que acontece se eu levar mais uma? ― Encolhi meus ombros ao vê-la revirar os olhos.

― Você quer ser afastada temporariamente das suas atividades? ― Sojung provocou e fiz uma careta antes de suspirar negando. ― Então não arrume mais uma advertência. ― Advertiu ao empurrar meu ombro com o dela. ― E não me faça receber uma também por sua causa. ― Bronqueou e apenas suspirei concordando. ― Agora assim que terminar seu turno de rondas, dê o fora desse hospital, SinB.

― Mas – interrompi meus passos indignada, mas o olhar de advertência de Sojung me alertou que também deveria interromper meu protesto. ― Yah! O que supostamente devo fazer?

― Não é problema meu. ― Revirei meus olhos quando Sojung deu de ombros. ― Vá estudar, ou vá para casa, ou vá sair... Qualquer coisa. Só não inicie um novo plantão sem ter autorização ou condições para isso.

Suspirei derrotada enquanto continuava parada no mesmo local e observava as costas de Sojung se afastando. Nada estava indo bem. E eu me sentia frustrada. Não conseguia falar com Yerin e agora não podia distrair e ocupar meus pensamentos com meus pacientes. E isso não era bom. Porque eu sabia que no momento que estivesse em casa, sozinha, minha mente me trairia ao buscar respostas sobre Yerin... Sobre o porquê a garota mexia comigo, estando longe ou perto.

×××

Praguejei baixinho quando mais uma mensagem minha foi ignorada. Há muito já anoitecera quando deixei o hospital, sem qualquer sinal de existência de minha melhor amiga. Yewon simplesmente tinha desaparecido ou escolheu ignorar a minha existência.

Minha intenção era convidá-la para fazermos algo, nos distrairmos da rotina do internato, mas novamente me senti frustrada. Não soava tão atraente sair sozinha. Por isso decidi que o melhor a fazer seria seguir direto para meu apartamento.

Era o que tinha em mente e para onde meus passos estavam seguindo, até notar em particular um veículo estacionado há alguns metros do outro lado da avenida. Reconhecer veículos não era exatamente algo em que era boa, mas aquele era fácil reconhecer. Estava, de certa forma, familiarizada com ele. Eu tinha o dirigido só uma vez, mas eu tinha quase certeza que aquele era o carro de Yerin. Por isso parei por alguns instantes enquanto meus olhos fitavam o automóvel, antes de deslizarem para o estabelecimento próximo a ele.

Mordi meu lábio ao contemplar a ideia de atravessar a avenida, adentrar o pub e, talvez, reencontrar Yerin. Possivelmente ela estava ali. Acompanhada de Yuna, talvez. Seria uma boa ideia aproveitar aquele ambiente para um pedido de desculpas? Eu não sabia. Mas tinha certeza que voltaria a me sentir frustrada caso não tentasse ao menos. Yerin pareceu não estar em um bom dia quando a vi mais cedo, e talvez não quisesse sequer falar comigo... Era um risco a correr. E, se tinha algo que, aparentemente, eu estava fazendo ultimamente era me arriscar. Por isso apenas suspirei antes de ajeitar a alça da mochila em meu ombro e atravessar a avenida.

Mesmo para aquela hora da noite o pub não estava tão cheio e agradeci silenciosamente por isso. O público era formado, em geral, por pessoas que trabalhavam ali por perto e que tinham aproveitado para se reunirem após um dia cansativo de trabalho. De forma que não foi difícil avistar imediatamente Yerin.

Era a figura que parecia menos se encaixar naquele cenário. Enquanto grupos de colegas conversavam e bebericavam nas ilhas das mesas pelo lugar, Yerin era uma das poucas figuras solitárias próximas ao balcão do bar. Franzi minha testa ao testemunhar que ela não estava com Yuna e minha expressão apenas se tornou mais séria, e preocupada, quando me aproximei de onde estava e notei algumas garrafas vazias de cerveja à frente dela, que terminava de ingerir o último gole de mais uma. Definitivamente ela não parecia ter tido um bom dia.

― Hey! ― Chamei a atenção dela ao me recostar ao lado de Yerin no balcão. A garota semicerrou o olhar sobre mim e quando me reconheceu estalou a língua antes de manear a cabeça.

― O que quer doutora Hwang? ― Yerin murmurou ao desviar o olhar e acenar para o garçom. ― Hey! Mais uma. ― Ela balançou a garrafa vazia no ar e fiz uma careta ao vê-la esbarrar nas outras, o som do vidro tilintando, enquanto o garçom, já conhecido meu, suspirou cansado ao nos encarar. Maneei minha cabeça negando o pedido da garota para ele, que felizmente me atendeu e voltou a atender outro cliente, ignorando o chamado de Yerin. ― Yah! Estou falando com você. ― Yerin resmungou e eu suspirei.

― Não acha que já bebeu demais por hoje, Yerin? ― Resmunguei ao afastar as garrafas dela, que bufou ao me encarar.

― Não entendo você. ― Resmungou. ― Voltou a me chamar pelo nome agora? ― Debochou e eu suspirei ao encarar os olhos ébrios e belos dela. ― Quer saber? Esquece. Não é como se fosse da sua conta, doutora Hwang.

― Não deveria estar bebendo assim. ― Bronqueei e rolei meus olhos ao vê-la rir e encolher os ombros.

― Eu não sou sua paciente, então por que você se importa? ― Yerin espalmou as mãos no balcão ao se virar de frente pra mim. ― E não vem você também dizer o que eu devo ou não fazer, Eunbi. ― Pisquei surpresa quando ela cutucou meu ombro irritada. ― Eu sei o que estou fazendo.

Yerin resmungou ao se levantar rapidamente, ela girou o corpo de maneira trôpega, esbarrando em uma das garrafas que virou e molhou a manga da blusa dela com um resto de cerveja. Yerin praguejou ao cambalear ao levar a mão até a cabeça, enquanto que com a outra tentava se segurar no balcão. Mas ao invés de alcançar o balcão, ela segurou em meu antebraço, enquanto com o outro eu a segurei, ajudando-a se equilibrar novamente.

― Yah! Claramente sabe o que está fazendo. ― Resmunguei baixo ao observá-la fechar os olhos com força. ― Melhor te levar para o hospital, talvez você possa tomar um pouco de glicose para melhorar da embriaguez e –

― Não, não e não. ― Pisquei confusa ao vê-la acenar rapidamente negando, enquanto a mão se fechava com força em meu braço. ― Eu quero distância daquele hospital. ― Mordi meu lábio sem entender ao certo o porquê daquela reação. O tom de voz fora firme e Yerin não soou como se não soubesse do que falava. ― Eu não quero ir. ― A voz quebrada dela sussurrou e eu engoli em seco ao vê-la apertar os olhos com força.

― Ok, tudo bem. Então acho que pode ir para casa com sua irm –

― Yah! Eu não quero ver meu pai ou minha irmã tão cedo. ― Yerin me interrompeu e respirei fundo diante do tom teimoso e mimado da garota. ― Não quero ver ninguém, só me deixe aqui, Hwang.

Yerin se esquivou do meu toque e tentou voltar a se sentar na banqueta de frente ao balcão. Suspirei cansada ao deslizar minha mão por meu rosto e cabelo, enquanto encarava o perfil dela. Deixá-la continuar bebendo ali não era uma opção. Ela estava sozinha, estava ficando tarde e ela não tinha condições de voltar dirigindo. Yerin não estava bem e não ia permitir que ela continuasse assim.

― Chagmi, depois nós acertamos. ― Indiquei as garrafas vazias para o barman, que apenas acenou concordando com um discreto sorriso. Suspirei antes de segurar o braço de Yerin e puxá-la suavemente comigo.

Ela se assustou e tentou se esquivar, mas a tontura a impediu de continuar protestando e eu não a soltei. Ouvia os muxoxos de Yerin atrás de mim, me chamando de rude e tudo que pude fazer foi revirar meus olhos.

― O que está fazendo, Hwang?

― Vou levar você para casa.

Murmurei por cima do ombro ao cruzarmos as portas do pub. Notei que Yerin bufou irritada, mas não prestei atenção ao que ela resmungou, porque meu olhar pousou sobre o grupo distraído que gargalhava escandalosamente há alguns metros. Foi a minha vez de bufar irritada pela infelicidade de encontrar meu grupo de colegas babacas. Eu não queria que eles nos vissem assim, não queria alimentar rumores maldosos sobre Yerin e eu. Felizmente o carro dela estava perto, mas não daria tempo de entrarmos... Por isso apenas a puxei pela cintura pra perto de mim, colocando-a na minha frente, ao encostá-la na lateral do veículo. Yerin arquejou em surpresa ao segurar em meus braços, enquanto eu suspirei pela rua estar escura, nos deixando na penumbra, e pelo grupo não ter nos visto ao atravessar a avenida.

― Yah! E o que está fazendo agora? ― O hálito quente de Yerin despertou meus sentidos e só então abri meus olhos para encará-la e me dei conta do quão próximas estávamos. Engoli em seco, mas não consegui desviar meus olhos dos dela, que mesmo ébrios pareciam me analisar.

― As chaves do carro, por favor. ― Suspirei ao me afastar do espaço pessoal dela. Yerin me encarou antes de puxar as chaves da bolsa e apontá-las para mim.

― Eu já disse que não quero ir para casa. ― Murmurou ao afastar as chaves das minhas mãos. Semicerrei meu olhar quando ela pareceu se divertir com minha tentativa frustrada.

― Eu ouvi. ― Resmunguei ao puxar rapidamente as chaves da mão dela e sorri vitoriosa ao vê-la fazer uma careta. Destravei o carro e levei minha mão até a cintura dela, puxando-a para o lado levemente, para poder alcançar a maçaneta da porta, abrindo-a. ― Agora, entra no carro, Yerin.

Nos encaramos por alguns instantes e relutantemente Yerin suspirou cansada antes de entrar no veículo. Fechei meus olhos e também respirei fundo antes de contornar o veículo e alcançar o lugar do motorista. Coloquei o cinto de segurança e então me virei para Yerin que não tinha se mexido e me encarava com a testa franzida.

― Sério, o que está fazendo? Eu não vou para casa.

Revirei meus olhos por ela estar se repetindo. Yerin cruzou os braços e assim permaneceu. Ela voltou a me encarar surpresa quando me inclinei para perto dela, puxando o cinto de segurança e prendendo-a com ele. Depois que me certifiquei que ela estava segura, voltei a erguer meus olhos para Yerin e senti meu rosto esquentar com o olhar fixo dela sobre mim, me questionando em silêncio.

― Eu ouvi o que você disse, Yerin. ― Murmurei com calma, me certificando que ela prestasse atenção, antes de suspirar e voltar a arrumar minha postura, acionando o motor do carro. ― Vamos para a minha casa.

Foi tudo o que sussurrei antes de dar partida no veículo. Para minha paz, felizmente Yerin não fez nenhum escândalo ou protesto. Tudo o que ela fez foi continuar encarando meu perfil, enquanto eu dirigia em segurança o carro dela pela noite de Seul.

― Por quê, Eunbi?

A voz dela não foi mais que um sussurro que preencheu o silêncio entre nós no veículo. Eu pisquei por alguns segundos antes de responder, porque aquela era uma das perguntas para as respostas que eu não sabia como lidar. Mas eu precisava.

― Porque eu não ia te deixar por aí só. ― Encolhi meus ombros, enquanto silêncio pairava sobre nós. ― E porque eu não quero que nada de ruim lhe aconteça, Yerin.

Um suspiro deixou meus lábios e desviei meu olhar para o dela por um breve instante. Yerin entreabriu os lábios, mas nada me disse... Ela apenas acenou antes de finalmente desviar o olhar do meu, fechando os olhos enquanto recostava a cabeça na janela.

O percurso até o prédio onde morava não foi longo, logo estava estacionando o carro dela na frente do prédio. Precisei sacudir o ombro de uma sonolenta Yerin para que ela deixasse o carro e me acompanhasse. Minha mão esteve apoiada nas costas dela durante todo o caminho até o elevador, e do elevador para meu apartamento, e não pude evitar me sentir tranquila quando Yerin não voltou a se esquivar do meu toque. Ela me deixou guiá-la cegamente por meu apartamento, indo em direção à única cama do lugar, que ficava no meu quarto. Yerin apenas voltou a resmungar quando se sentou na minha cama e levou as mãos até os olhos, coçando-os.

― Yah! Minha blusa está molhada e fedendo a cerveja. ― Fez uma careta e eu bufei uma risada.

― Claro, você derramou bebida em si mesma. ― Murmurei divertida, mas meu riso ficou preso em minha garganta ao vê-la desabotoar a camisa. ― Yah! Eu – eu vou pegar uma toalha e algo para você vestir depois que tomar banho, espera aqui.

Murmurei apressada ao me dirigir até meu armário. Revirei algumas roupas amarrotadas e fiz uma careta ao fazer uma nota mental que eu realmente precisava passar um pouco de tempo em casa, para ao menos deixar aquele apartamento apresentável. Finalmente depois que encontrei uma toalha limpa e roupas confortáveis para a garota, voltei a me aproximar da cama, pronta para sinalizar que ela poderia usar meu banheiro antes.

Mas aparentemente Yerin não tinha essa intenção, porque quando retornei, apenas a encontrei deitada em minha cama, adormecida. A blusa dela estava largada no chão, aos pés da cama, enquanto ela tinha deitada de bruços, o rosto afundado em meu travesseiro. Suspirei e maneei minha cabeça derrotada ao sentar na ponta da cama, ao lado dela. Meus olhos correram pela pele alva das costas e ousei retirar alguns fios do cabelo que cobriram o rosto dela.

Novamente meu olhar deslizou pela silhueta dela e notei mais uma vez a cicatriz na base das costelas. Passei a ponta dos meus dedos sobre a marca por um instante de distração e apenas retrai minha mão quando a ouvi suspirar, antes de voltar a afundar o rosto no travesseiro. Suspirei aliviada por não a ter despertado e continuei observando-a. Minha mente continuava repleta de perguntas e eu tinha que admitir que, por mais que tivesse receio das respostas, eu gostaria de tê-las. E para isso, precisava de Yerin por perto. Era estúpido me manter longe dela. Principalmente porque realmente eu não a queria longe.


Notas Finais


Que saudades, Babies!
Eu espero que ainda estejam por aí, bem, e que não tenham desistido de mim. Eu estou tentando atualizar todas as minhas histórias e prometo que não abandonarei nenhuma... Só, me desculpem pela ausência, não é de propósito.
No mais, eu espero também que estejam gostando da condução da história... As coisas vão desenrolar. E espero que ainda estejam comigo aqui e em minhas outras histórias.
Novamente, me desculpem a demora.
Fiquem bem! Voltamos a nos encontrar. E qualquer coisa, podem puxar minha orelha no twitter (@jamunnie).
Beijos cheios de saudades! ❤


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