História Love lives on next door | Dofia - 032

Dove 

Depois de nos reunirmos no estúdio e assistirmos a versão já editada e finalizada de nossa participação, Sofia e eu fomos almoçar junto com o elenco, e passamos algumas horas juntos, conversando e nos distraindo, tive mais afinidade com o pessoal que falava inglês por motivos óbvios, mas Sofia como sempre, não havia me deixado de fora das conversas com todos, sempre traduzindo o que podia e me incluindo quando que possível. 

Mike, Sofia e eu, passamos um bom tempo no aeroporto, ainda que o assessor da morena tivesse conseguido contato com alguém para apressar nosso embarque, dessa vez era a aeronave que ainda não estava pronta, então tomamos um belo chá de cadeira. 

O voo assim como o anterior, foi bastante tranquilo, apesar de ser extremamente massante passar tanto tempo dentro de um espaço tão limitado, estar com a morena deixava as coisas mais leves. Depois de contar a Sofia sobre a ligação de Thomas e precisar dar meus pulos para distrair a garota que ficou preocupada com a ameaça dele, que eu considerava vazia, afinal o que ele poderia fazer contra mim? Eu não estava preocupada e estava tentando deixar Sofia da mesma forma, mas a mulher parecia mesmo aflita. 

O desembarque também foi tranquilo, e depois de separar-me da morena, porque ela já teria compromisso aquele dia, voltei para casa, e após um bom banho, e dormir por algumas horas, eu desfiz as malas, tive uma reunião com minha gravadora, deixando minha agenda alinhada com eles para iniciar a gravação do meu ep, finalmente! 

Thomas insistiu nas ligações, e a fim de realmente dar um fim naquela história, eu mudei de número, informando o novo apenas as pessoas mais próximas e aos meus contatos profissionais. Cameron me adicionou novamente no grupo que tínhamos com Booboo e Sofia, nós três conversamos por horas, a morena não deu as caras, mas havia postado foto com Hailee, então deduzimos que ela estava ocupada com os preparativos para a performance no evento da rádio Disney. Sabendo que a apresentação das meninas seria dali a algumas horas, marcamos de nos encontrar na casa do Boo, para vermos juntos, mas antes disso, eu estava a caminho da casa do Cameron, pois o mesmo queria me ver a sós.

Cam me recebeu de braços abertos, literalmente, como sempre, e o único motivo para querer me ver antes de encontrarmos o Boo, era para falar sobre a viagem, e consequentemente de Sofia, de como estavam as coisas entre nós. Deixei o garoto a par de tudo que tinha acontecido, tudo que Sofi havia feito para mim, de como a mulher me cuidava e me tratava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo para ela, ele me interrompeu poucas vezes, ouviu tudo com um sorriso largo no rosto. 

– É tão bom ver você assim Dove, sério, você está radiante! 

– Eu só... eu nunca senti algo parecido Cam, e isso me assusta um pouco. Na verdade tem algo que me incomoda desde que eu percebi e eu não conversei sobre com a Sofi porque não sabia como 

– O que seria? 

– Sabe, antes da gente se envolver, romanticamente eu digo, nós vivíamos dizendo que nos amávamos, tipo, sempre. E agora, nada ... eu sempre travo na hora de dizer "eu te amo" e acho que ela também. O que está acontecendo Cam? Eu tô com medo — o garoto riu e eu o olhei confusa, realmente não enxergava graça naquilo — está me zoando? Cameron eu tô falando sério — ele tentou se conter mas só acabou rindo mais — ah quer saber, vamos logo para a casa do Boo — cruzei os braços irritada e ele controlou-se 

– Desculpa meu amor, é que você está parecendo uma adolescente! — ele riu mas conteve-se rápido — escute, quando vocês confessavam seu amor uma pela outra antes de se envolverem não tinha o mesmo peso de dizer um eu te amo agora, entende? Não é que vocês não se amam mais ou nada do tipo, o amor continua aí, ele só está carregado de paixão e agora parece uma coisa nova, respeitem o tempo de vocês, a confissão virá, quando ambas sentirem segurança para fazê-lo 

– Você acha?

– E você não? Dove, o amor não precisa ser dito, é óbvio que é sempre bom ouvir mas, ele é provado nas ações da pessoa conosco, tudo o que a Sofia faz, tudo o que ela é, quando está com você, não grita "eu te amo" a cada gesto? — pensei por um instante, encarando um ponto fixo na parede e me sentindo meio idiota, o Cam estava coberto de razão, como eu podia estar insegura? 

– Você tem razão, droga! Porque eu estou assim? 

 – Porque você está apaixonada minha amiga, completamente. E paixão é um sentimento que às vezes nos deixa meio tontos 

– Tudo bem, vamos logo pro Boo, eu já tô me sentindo meio idiota de só falar dela

– Até parece que você vai falar de outra coisa quando chegarmos lá,  não ache que o Booboo não vai te fazer um interrogatório

(...)

Cam tinha razão, o Boo realmente também me fez um milhão de perguntas sobre a viagem e a Sofia, e eu acabei por explicar tudo de novo, obviamente com menos detalhes do que com o Cam, pois o moreno era um palhaço e eu não daria material para as brincadeiras constrangedoras dele. 

Estávamos todos diante a grande tv de Boo, o evento já havia começado, mas estavam transmitindo o tapete vermelho, aparentemente Sofia ainda não havia chegado, porém várias caras conhecidas já estavam por lá, e eu como boa moleque, havia me juntado aos meninos para zoar a maioria que passava por ali, principalmente as roupas.

Ninguém prestava atenção na tv, estávamos só jogando conversa fora até ouvirmos o nome da morena ser mencionado pelos repórteres, atraindo a atenção de todos nós, a mulher que a entrevistava a cobriu de elogios, mas aquilo era de praxe, Sofia respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas, simpática e sorridente como sempre, ela falava de seu próximo lançamento quando Fadil interrompeu a entrevista, revirei os olhos automaticamente e os meninos não perderam a oportunidade de pegar no meu pé. 

– Mas o que infernos ele está fazendo lá? Esse cara não tinha viajado depois de gravar com a Sabrina? 

– Pessoas viajam o tempo todo Dove, não seja ciumenta 

– Boo, se você tivesse visto a cena que eu vi, entenderia meu ciúme desse cara! 

– Mas ela está com você, idiota, e não te dá motivos pra ciúme — Cameron 

– Que saco! Porquê infernos eu vim dirigindo? Queria estar tomando uns shots agora 

(...)

– Ih gente, acho que é agora — Cameron anunciou e nós passamos a prestar atenção na apresentação 

Kelsea abriu o número cantando Oops! ... Did It Again, começou voz e violão e logo a apresentação ganhou proporções maiores, com balé e acompanhamento de banda, em seguida Hailee entrou com Circus, a morena estava belíssima e com vocais perfeitos, levou a plateia a loucura, Sofia entrou após a amiga com One More Time, e eu quase infartei, a mulher estava maravilhosa e vê-la coreografar com os dançarinos me deixou embasbacada, e obviamente os meus amigos fizeram graça com a minha cara até que o palco fosse cedido à Jamie, com Till the World Ends, a mulher era basicamente uma cópia da Britney, e foi lindo de ver a emoção da loira ao ver a irmã no palco, coisa que foi uma clara surpresa para ela, ao final da apresentação, todas elas se juntaram no centro do palco para finalizar a música, e ao fim, elas ficaram para entregar o prêmio a Britney, o discurso das irmãs foi emocionante, mas foi a última coisa que prestamos atenção aquela noite, pois depois da apresentação, nós esquecemos novamente a existência da tv, era sempre assim quando nos encontrávamos, sempre arrumávamos assuntos para horas de conversas. 

– Tenho certeza que a Dove vai querer pegar a Sofia essa noite vestida de Britney, certeza! Você viu Cam? Só faltou babar — Booboo começou — isso é, se não babou por lugares que não vemos né 

– Vai se foder Stewart, que idiota — rebati rindo 

– Duvido nada! 

– Cameron, de que lado você está? 

– Nessa? Do lado dele com certeza 

– Vocês me odeiam, sim? 

– Sim — disseram em uníssono e eu revirei os olhos, recebi uma mensagem de Sofia em seguida dizendo que não voltaria tão cedo pra casa aquela noite, pois estaria com Hailee em uma after 

– É, bom, sem pegação hoje 

– Porque, o que houve? — Boo

– Sofi vai pra uma festa com Hailee 

– Ih, se sentir dor de cabeça, já sabe loirinha! 

– Boo, só... vai pro inferno garoto!

– Quando vai ao ar o episódio que vocês participaram? — Cam

– Hm, daqui dois ou três dias, eu acho... Não sei ao certo 

– Perfeito, você, Paulina, Sofia e Boo na minha casa, para vermos juntos, o que acha? 

– Ah, eu topo 

– Eu também — Boo 

– Ótimo, vou mandar mensagem pra Lina 

– Só vai ser a gente? Quer dizer, Brenna, China e Sarah estão na cidade — pontuei 

– Sim estão, mas elas não sabem de você e Sofia — Cam

– E acho mesmo que a Sofi não vai querer contar agora, ela nem gostou do Mike ter descoberto 

– Ela é uma mulher discreta Dove, só isso — Boo

– Eu sei Boo — verifiquei as horas e já eram quase meia noite e meia — meninos eu vou indo, já está tarde! 

– Ah fica mais, você pode dormir aqui, os dois podem, vamos virar a noite no videogame como nos velhos tempos — o moreno propôs, eu olhei diretamente para o Cameron buscando uma confirmação, e não precisou de mais de um olhar para concordarmos silenciosamente em ficar. 

Na manhã seguinte, depois de acordar tarde por ter de fato virado a noite jogando, dirigi às pressas até minha casa, apenas para me organizar e sair nos mesmos pés para o estúdio, mergulhando no trabalho, eu respirei música por todo aquele dia, trabalhamos por horas a fio em Bloodshot, e no dia seguinte, depois de mais uma olhada na música do dia anterior, começamos a trabalhar em Waste, eu estava completamente apaixonada pelo que tínhamos conseguido até então, as músicas eram muito a minha vibe, e eu estava envolvida em todo o processo, desde a composição das letras as etapas finais de edição e finalização. Estar finalmente gravando algo que eu mesma tenha escrito, me dava uma satisfação inimaginável. Ainda produziríamos mais dois singles, mas eu optei por uma curta pausa, já que agora Sofia estava desocupada e eu morando no estúdio, eu não sabia quanto tempo a morena teria antes de começar as gravações da série, então o máximo de dias que conseguíssemos ficar juntas, deveriam ser devidamente aproveitados.

– Vai mesmo tirar folga no pico das suas gravações? — Ariel pergunta quando terminamos de discutir as ideias para So Good 

– São só uns dias, quer dizer, estamos trabalhando há dois dias e já temos duas músicas prontas, ou quase, qual é! Não vamos lançar um álbum, podemos nos dar esse luxo 

– Você tem razão, é só que... é muito bom trabalhar com você, a coisa flui 

– Bem, eu digo o mesmo! 

– O que acha de começarmos a brincar um pouco com a próxima? — verifiquei as horas e vi que ainda tinha tempo até encontrar Sofia e os meninos 

– Olha, acho que temos tempo para uns... 

– Com licença — bateram à porta, entrando em seguida, um rapaz com um vaso delicado portanto uma orquídea azul lindíssima se aproximou de mim — Dove? 

– Sim?! 

– É pra você, pode assinar aqui por favor? — entregou-me o tablet e a caneta digital 

– Sim, claro — respondi tomando o aparelho, rubricando e entregando-lhe de volta em seguida 

– Obrigada! 

– Eu quem agradeço — ele me entregou o vaso e eu observei a belíssima planta antes de me atentar ao cartão, sem assinatura alguma no envelope, abri curiosa, encontrando uma caligrafia desconhecida mas palavras familiares 

"Dovey, 

Resolvi lhe dar flores plantadas para que durem mais tempo e você possa me ter por perto mesmo quando eu não estiver, eu espero que goste delas, a beleza singular dessas em específico me lembraram você!

Eu estou com saudades, quando receber essas flores, estarei no carro na saída lateral do estúdio, te espero.

-S"

Meu sorriso basicamente foi de orelha a orelha ao terminar de ler, Sofia não cansava de surpreender, e de ser atenciosa, mais uma vez admirei o vaso cautelosamente, droga, meu coração estava acelerado. 

– Ariel, vamos adiar os trabalhos sim? 

– Compromisso importante? — o homem me olhou sugestivo 

– Importantíssimo 

– Tudo bem, nos vemos depois 

Nós nos abraçamos rapidamente, e eu deixei a sala, cumprimentando algumas pessoas no caminho até a saída, assim que deixei o prédio, avistei o carro de Sofia estacionado ali perto, caminhei apressada até o mesmo, ouvindo as travas serem liberadas quando me aproximei, acomodei-me no carona, cuidadosamente colocando o vaso entre minhas coxas e encarando finalmente a morena, céus, não nos víamos desde que chegamos de viagem há alguns dias e eu já estava com o peito apertado de saudade dela. Sem dizer uma só palavra, minhas mãos foram até sua nuca, trazendo-a para mim e atacando seus lábios num beijo urgente, que se prolongou por longos minutos e ainda assim ainda não parecia suficiente, só quebramos o contato quando nossas respirações estavam desreguladas 

– Nossa! Gostou das flores ou isso tudo é saudade?

– Porque não pode ser os dois?! — devolvi a pergunta, fazendo o sorriso da mulher se alargar — não esperava por você, surpresa boa! — pousei a mão em sua coxa fazendo um carinho inocente e involuntário ali — como me mandou as flores e estava aqui ao mesmo tempo? Quer dizer, não foi você quem trouxe não é? Não era sua letra no cartão 

– Que observadora! Não, não era minha letra no cartão porque eu encomendei as flores, pedi para que entregassem nesse horário e cheguei aqui alguns minutos antes e fiquei só esperando, vi quando o cara passou, fiz o pedido como Sofia Lauren, ninguém me chama por Sofia Lauren, então não devem perceber, mesmo sendo pra você

– Sempre um passo à frente 

– É bom ser cuidadosa — ela riu — você gostou?

– Eu amei! É uma orquídea, eu só... porra eu amei demais! Vou cuidar dela com o mesmo carinho que aquela bola de pelos — falei rindo me referindo ao gato 

– Sabia que ia gostar — eu lhe beijei de novo, é só me afastei porque a própria Sofia me parou — não se empolgue, meu pára-brisa não é escuro o suficiente 

– Droga de carro! — brinquei e a mulher me olhou ofendida 

– Não escuta ela bebê — a morena disse alisando o volante — enfim, temos um tempinho antes de irmos encontrar os meninos, tem algo que queira fazer? 

– Tem muitas coisas que quero fazer Carson, se eu fosse você, tomaria cuidado com as perguntas — nós rimos — pode me levar em casa? Eu não quero correr o risco de estragar as flores e preciso de um banho, passei o dia enfurnada numa cabine de gravação, também tenho que trocar de roupa 

– Sim senhora! 

Sofia nos tirou dali rápido, o estúdio era um pouco distante de casa, então passamos um tempo no trânsito, o que obviamente não foi tão ruim pois nós nos atualizávamos dos acontecimentos dos últimos dias, eu estava empolgada contando como estava indo com a produção das músicas e Sofia me ouvia com atenção e demonstrava estar orgulhosa, ela própria também tinha começado a gravar o novo single, mas fez mistério a respeito dele, preferindo me ouvir mais do que falar.

Eu não demorei em casa, afinal não morava tão perto do Cam e nosso horário já estava apertado, nós buscamos Paulina e a ida até a casa de nosso amigo foi regada a conversas animadas e risadas escandalosas. Booboo já estava lá quando chegamos, ainda faltavam pelo menos uma meia hora até começar a novela, Paulina logo juntou-se a Cameron e Boo no videogame, e eu aproveitei a deixa para tirar a morena dali, conhecia muito bem a casa de meu amigo, levei Sofi até a área de lazer externa, Cameron tinha um balanço de madeira no terraço, um maldito clichê mas nós nos sentamos coladas uma na outra, com minha cabeça pousada em seu ombro e nossos dedos entrelaçados. 

– Enfim, sós — brinquei 

– Não por muito tempo, conhecendo o Boo — nós rimos pois era bem verdade que a qualquer momento o moreno poderia, e com certeza iria aparecer, numa tentativa de nos flagrar para zoar com a nossa cara, Sofia começou a balançar o banco, os meus pés não tocavam o chão e eu estava rezando para a mulher não fazer nenhuma piadinha sobre aquilo 

– Como você está Sofi? Conversamos muito pouco nos últimos dias 

– Eu estou legal baby, e você? Parece que invertemos os papéis 

– É, pois é! Tem estado uma loucura no estúdio e só começamos a dois dias

– Eu fico feliz, como anda o projeto para sua dublagem lá pra Marvel, vai rolar? 

– Acho que vai sim, segundo o Eric, é quase certo, eu estou empolgada

– Eu imagino, creio que já vamos começar o processo de gravações também, mas vamos filmar em Portland, então as coisas vão complicar um pouco pra nós, mas daremos um jeito, eu prometo

– Longe pra caramba para ir de carro, puta merda 

– Sim amor, seria uma viagem longa mas de avião fica mais fácil, o problema com isso é a atenção que voarmos chama, o ideal seria que eu viesse sempre que possível, você ir lá daria muito pano pra manga 

– Não podemos fugir para onde não somos conhecidas, e viver uma vidinha pacata e anônima ? 

– Tentador não é? — nós rimos — mas sou muito feliz com a vida que tenho baby, e ela só está mais completa com você comigo, também não tem nada que nos impeça de fugir dessa realidade um pouco de vez em quando, nós vimos que funcionou bem na nossa viagem 

– Bom falando nisso, eu preciso mesmo te levar a Paris, ou talvez a Roma... bom ou ambos — dei de ombros e a morena me olhou divertida 

– O mundo inteiro para conhecermos e você quer me levar aos destinos das minhas últimas viagens? — assenti — o quanto isso tem a ver com eu ter estado lá com o Fadil? 

– Quem? — me fiz de desentendida — bom, eu só acho que você não aproveitou Paris do jeito certo, veja, você provavelmente falou em inglês a viagem inteira, não? — ela assentiu — primeiro ponto, eu falo francês fluente, você também, eu cresci lá, posso te levar a lugares que nem o melhor guia turístico conheceria, eu amo aquela cidade, e esses pontos por si só já fazem de mim a pessoa mais indicada para te levar lá! 

– Hm, certo, você tem um ponto

– Obrigada — falei convencida 

– Mas e quanto a Roma? Conhece a cidade com a palma da mão também? 

– Não, e é exatamente por isso que deveríamos ir, para explorar juntas 

– Então não tem nada a ver com eu ter estado lá com o cara que você inegavelmente morre de ciúmes?

– Claro que não! — falei e desviei de seu olhar intenso, fazendo a mulher gargalhar e me beijar apaixonadamente — vá a Paris comigo — supliquei num sussurro após rompermos o beijo 

– Je vais au bout du monde avec toi, ma chère [ Vou ao fim do mundo com você, minha querida] — ela devolveu no mesmo tom, sussurrando em meu ouvido, num francês perfeito, aquilo definitivamente despertou algo dentro de mim, e jogando minha perna sobre o corpo da mulher, logo eu estava em seu colo, entregando naquele beijo o quão satisfeita eu estava por tê-la convencido, ainda que provavelmente aquela viagem fosse demorar para acontecer. As mãos ágeis de Sofia já exploravam meu corpo, e eu descia os beijos por seu pescoço, quase gemendo de satisfação ao inebriar-me com o cheiro maravilhoso dela, o clima já estava perigosamente quente entre nós, quando fomos interrompidas 

– Porque eu não trouxe a pipoca? — a voz de Boo se fez presente e Sofia afastou o rosto de mim o suficiente para me olhar, numa confirmação muda de "eu não disse?" — vocês são realmente um casal visualmente atrativo

– Vai pro inferno, Boo — disse sem me mover um centímetro para sair do colo da morena 

– Ah não, gosto de lugares quentes mas lá não rola, aí suas pervertidas vamos, já começou o programa! E Paulina já fez a gente perder a partida, por favor vamos voltar lá antes que eles se peguem e eu fique de vela — Sofia gargalhou e eu arregalei os olhos com a possibilidade do Cameron envolvido com a Lina 

– Não faça essa cara baby, não é impossível, eles tem passado muito tempo juntos 

– Jesus Cristo, eu estou traumatizada com a imagem que está em minha cabeça — dramatizei 

– Vamos logo garota — eu senti os braços fortes de Boo passarem por baixo dos meus, encaixando seus antebraços em minhas axilas, o moreno me arrancou do colo de Sofia com a facilidade de quem levantava uma pena, ter reclamado daquilo só fez o garoto me jogar sob seus ombros e literalmente me carregar para dentro da casa, a morena me seguia sorrindo — só assim pra elas virem — Boo disse entrando comigo ainda em seus braços na sala onde Lina e Cam estavam — e Cameron, se eu fosse você, mandava higienizar seu balanço 

– Não seja imbecil — falei socando suas costas, o garoto só riu mais 

– Vocês estão fazendo muito alarde, acabou de começar? — Sofia pergunta, se referindo a tv e jogando-se no colo de Cam 

– Uhum, agora mesmo — Paulina disse acomodando-se no mesmo sofá que a irmã, puxando as pernas de Sofia pra cima das suas, Boo finalmente me soltou e sentou-se numa poltrona, eu analisei os lugares restantes e um tanto frustrada sentei-me em outra poltrona 

– Nossa participação é bem curta gente, e provavelmente vão enrolar até o final do episódio 

– E daí? Nós vamos dar audiência para as nossas deusas — Boo

– Ah, agorinha mesmo éramos pervertidas, agora somos deusas? Se decide garoto 

– Dove você só está rabugenta assim porque não voltou pro colo da dita cuja — mostrei-lhe o dedo e todos na sala começaram a rir 

– Vamos comer pra matar o tempo então, eu não acompanho a novela então não vou entender é nada mesmo — Cameron — o que vamos pedir?

– Pizza! — Sofia e Boo disseram juntos

– Japonesa! — Paulina 

– Japonesa — Cameron votou, e eu ergui a sobrancelha em sua direção pois o garoto nunca recusava a chance de comer uma boa pizza, e a fala de Boo fez ainda mais sentido na minha cabeça — você decide Dove

– Ambos, pra todo mundo ser feliz — disse abrindo o aplicativo de delivery em meu celular 

Como Sofia havia dito, realmente nossa aparição estava sendo arrastada para o final do programa, nossa comida já havia sido entregue, nós já tínhamos a devorado, Boo e Sofia já estavam fazendo algazarra ao que parecia horas, e até então,  a menção do nome da morena era a única coisa que havia aparecido sobre nós na novela, depois de muita conversa fiada e brincadeiras entre nós, finalmente aparecemos, e todo mundo prestou atenção o curto diálogo em que tínhamos logo deu lugar ao número musical, que foi fechado novamente por mais um diálogo rápido

– Eu sou o único que está percebendo que a Dove não faz a mínima questão de disfarçar que está querendo pegar a Sofia, o tempo inteiro? — Boo

– Não dá pra discordar, Dove você entregou o jogo todo pra quem quiser ver — Paulina 

– Realmente, esses olhares, as mordidinhas de lábio, só não entregou mais porque se afastaram no resto do número — Cameron falou, enquanto ele e Boo, tiravam foto da tv, não demorou para que a tietagem deles chegasse nas minhas notificações, afinal eles marcaram a mim e a Sofi na publicação 

– Sofia, você não vai me defender? — perguntei cruzando os braços 

– Baby se você tivesse defesa, Mike não teria descoberto sobre nós, preciso concordar com eles — falou rindo 

– Que palhaçada! 

Quando a novela terminou, as publicações dos meninos já tinham feito bagunça na internet, eu aproveitei a deixa para postar algumas fotos do dia da gravação nos stories e Sofia fez o mesmo postando uma foto em seu feed, agradecendo todos os envolvidos.

(...)

– Eu votaria em irmos para a casa da Sofia, mas já que todos querem ir pra casa da Dove, vamos né! — Cameron 

– Qual o seu interesse em ir para a casa da Sofia? Eu hein — provoquei o garoto que me fuzilou com os olhos quando eu olhei sugestiva para Paulina 

– Vamos lá Dove, me de um bom argumento para irmos a sua casa e não a de Sofi — Boo — eu vou desempatar esse dilema 

– Bom, eu bebo mais do que a Sofia, então meu estoque de bebidas é mais variado e maior que o dela

– Casa da Dove, decidido — Boo levantou-se pegando a chave de seu carro, fazendo todos rirem, e depois de cismar de ir dirigindo, e Paulina ter decidido ir embora no carro dos meninos, eu curtia o silêncio enquanto Sofi nos conduzia para casa, saímos antes dos três patetas, já que eles decidiram que passariam em alguma loja de conveniência para comprar besteira, se dependesse da animação deles, essa noite ninguém dormiria. 

...

– Dovey... — Sofi chamou quando paramos em um sinal vermelho 

– Hm? — lhe encarei 

– É impressão minha ou você está armando de embebedar todo mundo? 

– Meu anjo, nós já nos divertimos pra caramba hoje com eles, talvez eu esteja mesmo armando um esquema na minha cabeça para roubar você só pra mim — ela sorriu com a sugestão e voltou a pôr o carro em movimento 

– Bom, nós podemos sair de fininho depois e ir lá pra casa, não é tão longe sabe? 

– Maravilhosa, pegou o espírito 

Sofia aumentou o volume do rádio quando a música nova da Halsey, com participação da Lauren, começou a tocar, eu sinceramente não conhecia alguém mais tiete da Lauren que a morena, e sabia que a recíproca era verdadeira, apesar de às vezes ainda sentir ciúme da relação delas, não podia negar, era uma amizade linda. 

– Aqui, faz um vídeo quando chegar no refrão! Só toma cuidado para não aparecer nos reflexos — a morena me entregou seu celular com a câmera do Instagram já aberta eu quase reviro os olhos ao cuidado dela com a descrição, mas quando vi que do ângulo que eu iria gravar realmente aparecia o reflexo das minhas mãos, eu precisei morder a língua e dar razão a ela, depois de fazer o vídeo, escrever o que Sofia me pediu, marcando Halsey e Lauren, eu comecei a tirar fotos da morena e nossas, e talvez tenha me apaixonado de novo por ela. 

Sofia dirigiu por mais alguns minutos até chegarmos em casa, assim que estacionou a mulher se virou no banco em minha direção

– Não podemos dar logo um perdido neles? 

– Que tipo de anfitriã é você, Sofia Carson?

– O tipo que está louca de vontade de me livrar das suas roupas ... — sorrindo sugestiva a morena inclinou seu corpo em minha direção, diminuindo o resto da distância eu iniciei um beijo apressado, quase agressivo, era surreal que com tão pouco a mulher mexia com todas as minhas estruturas 

– Se você não parar de me beijar assim, vamos acabar transando no carro, e ser pegas nessa situação pelos meninos vai nos render pelo menos alguns meses de lenga lenga — disse me afastando o mínimo possível da morena 

– O risco de ser pega só deixa tudo mais excitante, huh? 

– Ah deixa... — voltei a beijá-la com volúpia, e puxei as mãos dela para o meu corpo, se ela queria brincar com fogo, eu deixaria que nos queimássemos.

Tomamos um susto horroroso quando ouvimos mãos sendo espalmadas no vidro da porta de Sofia, nos afastamos no impulso do medo, mas ambas pensamos se tratar dos meninos e meu coração quase para ao ver uma figura transtornada do Thomas

– Inferno, porque não me convidaram pra festinha de vocês? — gritou batendo no vidro com a mão fechada em punho, com toda a força de si — abre essa porta Carson! — ele continuou gritando quando tentou abrir e não conseguiu, engolindo a seco, Sofia não moveu um músculo 

– Haja o que houver, não saia desse carro — ela disse tentando manter a calma e me balançou pelos ombros assustada — Dove, respire! Respire por favor — só então eu me dei conta de que a dor que estava sentindo no peito era devido a respiração que eu segurava e sequer tinha notado — Dove, olha pra mim! Se acalme, respire — meus olhos não deixavam o garoto, não conseguimos ouvir bem o que ele dizia, o carro estava completamente fechado e Sofia não ousaria abrir, mas ele dava socos e chutes no veículo ameaçando o tempo inteiro nos tirar de dentro dele a força — como ele entrou aqui? 

– Não sei, Sofi, tire a gente daqui... — eu apertei o botão do pequeno controle em minhas chaves para abrir os portões e a morena até tentou mas ele se pôs no caminho, não havia como sairmos, então novamente Sofia desligou o carro 

– Está tudo bem Dove! Tudo bem... — a morena repetia, mas Thomas gritava cada vez mais alto, mandando Sofia descer e ir resolver de uma vez as coisas com ele. O homem estava completamente bêbado, e ainda tinha uma garrafa quase vazia nas mãos

– Sofi, não sai do carro, não cai na pilha dele — implorei quase sem voz, minha ansiedade já estava me deixando a ponto de ter um ataque de pânico, e claramente Sofia estava ciente disso pois não tirava os olhos de mim, mas ao que parece, ser ignorado por nós só o deixou mais transtornado ainda, fazendo o garoto bater com a garrafa no capô do carro, quebrando-a e com o gargalo afiado vandalizou toda a lataria, até se prostrar diante da minha porta e começar a tentar quebrar o vidro dizendo que se Sofia não o enfrentasse por bem, ele a forçaria a isso, e a possibilidade eminente de que ele fizesse algo contra mim parece ter desligado qualquer senso de racionalidade na morena 

– Thomas, se afasta desse carro agora! — ela gritou 

– Pra você sair? Não sou idiota — dito isso ele deu um chute no vidro da minha janela, me fazendo gritar assustada, ele continuou chutando com cada vez mais força até que não sei como infernos ele conseguiu trincar, sem pensar duas vezes, Sofia tomou a chave do carro nas mãos e saiu dele, travando-o em seguida, me impedindo de fazer o mesmo. 

Desesperada eu tentava abrir o carro por dentro mas não conseguia, eu vi quando o Thomas sorriu, de forma quase psicopata, ao encarar a mulher, Sofia ia em sua direção com uma postura firme, de braços erguidos e pedindo calma a todo o momento, o mundo pareceu entrar em colapso na minha cabeça quando vi o homem que agora eu não reconhecia mais, jogar fora a garrafa quebrada e avançar pra cima de Sofia como um animal, fúria era a única coisa clara em sua expressão, agarrando a mulher pela gola de sua jaqueta; a próxima coisa que eu vi foram as costas dela colidirem com violência com o vidro, piorando as rachaduras tamanha a força do impacto, eu gritava a plenos pulmões para ela abrir o carro e para o Thomas parar com aquilo, ninguém me dava ouvidos, um soco do homem balançou o carro, Sofia havia conseguido desviar dele, mas não teve tanta sorte com o próximo, que atingiu em cheio o seu rosto, e outro seu estômago, eu não sabia onde infernos estava Em e o resto dos funcionários que não estavam ouvindo nada, mas ninguém apareceu, quase sendo acertada novamente, Sofia conseguiu dar uma joelhada entre as pernas do garoto, mas aquilo só o atrasou e enfureceu mais, antes que ela conseguisse se afastar ele a derrubou e pegou novamente o gargalo quebrado, indo em sua direção como um monstro 

– Sofia!!! — gritei em completo desespero, vendo em minha frente uma possível desgraça acontecer 

(...)