Dove
Eu vinha mantendo contato com Sofia mais por mensagem nos últimos dias, estava realmente uma loucura a minha rotina, e a dela não parecia muito diferente, mas finalmente eu havia adiantado bastante coisa a ponto de conseguir acompanhar as duas semanas de folga dela, eu tinha planos pra nós, e Paulina correu contra o tempo também para me ajudar com tudo.
Eu estava em meu quarto fazendo as malas quando Paulina chegou
– E então? Tudo pronto? — perguntei enquanto a outra se jogava em minha cama
– As malas dela estão na sala, tem certeza que vai até lá Dove? Seria bem menos cansativo pra ti se ela viesse pra casa e vocês viajassem daqui
– E estragar a surpresa? Não, vou até lá
– Bem, você quem sabe... só dirija com cuidado e pelo amor de Deus me avisa quando chegar
– Tá bom!
– Conseguiu ir na joalheria buscar as coisas?
– Consegui, ai ficaram tão lindas e combinadinhas!
– Você é muito gay! — ela riu e eu revirei os olhos — quer ajuda com isso? — referiu-se a mala
– Por favor!
Paulina e eu terminamos de dobrar e organizar minhas coisas rapidamente conversando aleatoriedades, logo a loira estava me ajudando a por toda a bagagem no porta malas, nos despedimos e depois de me desejar sorte a loira voltou pra casa.
Entrei e depois de pesquisar qual seria o melhor horário para pegar a estrada, tomei um banho e me organizei, depois fiquei jogando conversa fora com Cameron e Boo.
Chequei novamente o itinerário e já ansiosa não esperei mais e caí na estrada, curtindo alto minhas playlists, e fazendo algumas paradas para descansar, minha medicação tinha sido trocada recentemente e a nova me deixava mais sonolenta, levei mais tempo que da primeira vez, mas no cair da tarde do dia seguinte eu já me encontrava na portaria do prédio de Sofi.
Fui anunciada e logo minha entrada foi liberada, deixei toda a bagagem no carro, e depois de estacionar em sua vaga, subi quase roendo as unhas de ansiedade até seu apartamento, dando de cara com Sofia empoleirada na soleira assim que as portas do elevador se abriram, ela parecia não acreditar que eu estava mesmo caminhando em sua direção, e quando voltou a si correu até mim, me tomando em seus braços e cortando toda a distância entre nós num beijo urgente, de nos tirar o ar
– Que recepção calorosa! Eu passar a noite com sua melhor amiga já caiu no esquecimento? — brinquei
– Você está querendo quebrar o clima? — minha resposta foi roubar-lhe mais um beijo — excelente resposta! — ela sorriu e sua mão alcançou a minha, guiando-nos para dentro do apartamento — o que faz aqui? Porque não me avisou que viria?
– Atrapalhei algo?
– O que? Claro que não Dovey... só, bom foi uma excelente surpresa — a morena sentou-se no sofá e me puxou para seu colo — estava com saudades
– Estava?
– Uhum...
– Que bom, eu também estou morrendo de saudade e se você não se importa ... — tirei minha camisa, jogando-a por sobre meus ombros — podemos? — um sorriso quase pervertido brilhou nos lábios da mulher e nós sequer nos demos ao trabalho de ir até o quarto, nos livrando de nossas roupas entre risos e amassos, transamos ali mesmo, mas eu estava exausta e ela me roubou o resto de minhas forças, não demorou para a sonolência me deixar mole
– Está ficando fraca Celeste ... — sussurrou quando repousei minha cabeça em seu peito desnudo
– Mulher, eu dirigi por quase dezessete horas, me dá um desconto — ouvi sua risada e não consegui conter meu próprio sorriso, levantando a cabeça e encarando seus olhos, claros como mel, bem diferente de instantes antes
– Quer comer alguma coisa?
– Além de você?
– Chloe! — gargalhei, ela sempre ficava sem jeito quando eu fazia piadinhas desse tipo
– Eu estou sem fome agora meu amor, mas estou exausta, posso dormir um pouco?
– Claro que pode, quer tomar um banho antes?
– Uhum
– Deixou de novo suas coisas no carro? — assenti fazendo bico — tudo bem, você veste qualquer coisa e depois pegamos — assenti novamente
– Oh, puta merda, cadê meu celular?
– Não sei baby, não vi você com ele
– Você pode avisar a Paulina que eu já estou aqui então? Ela vai me matar por não avisar
– Então Paulina sabia que você viria?
– Claro que sabia!
– Vocês duas de segredinhos me dão nos nervos!
– Ciúmes Carson?
– Ciúmes? Não sinto ciúme de você
– Ah é? — subi em seu colo, e vi quando a morena abaixou o olhar pelo meu torso, sua expressão de fome fez algo dentro de mim se contrair com força — não me olhe assim se não for me foder até me fazer esquecer meu nome...
– Posso providenciar ...
Dito isso a morena não falou mais uma palavra, me tomou em seus braços e caminhou até o banheiro comigo em seu colo, a última coisa que me lembro foi de cair na cama ainda encharcada do banho depois de me desmanchar completamente na boca de Sofia, instantes antes daquele box.
Quando acordei, Sofia não estava na cama, nem no quarto, estranhei mas não fui atrás dela antes de tomar um banho de novo pra melhorar minha cara de zumbi e ficar minimamente apresentável, assaltando qualquer roupa confortável em seu closet. Encontrei a morena no sofá, lendo alguma coisa, me parecia ser um script, ela estava concentrada demais para ser uma leitura casual.
– Trabalhando Carson? Com uma mulher dessas na sua cama? –– falei apontando meu próprio corpo, provocando-a
– Oras, mas que absurdo não? –– ela riu e eu sentei-me ao seu lado
– Ainda tem gravações? Soube por um passarinho que você estaria de folga por uns dias...
– E estou, mas porque não estudar um pouco a personagem hein?
– Céus Carson, às vezes você consegue ser bem entediante
– Ah é? –– ela me olhou com a sobrancelha erguida em desafio
– Não vou repetir... –– encolhi os ombros e ela deixou um beijo em meu pescoço, largando seus textos na mesa de centro, junto ao seu óculos
– Está com fome?
– Agora estou morrendo, e nem tô falando de...
– Nem termine essa frase! –– ela me interrompeu e eu gargalhei quando notei seu rosto corar –– eu ia cozinhar quando você chegou, então não fiz nada, o que quer comer? Pare com isso! –– ela me interrompeu antes mesmo que eu abrisse a boca
– Você é muito sem graça –– reclamei
– Anda Chloe, eu estou com fome –– fez bico
– Tudo bem, peça o seu preferido, te acompanho não importa o que seja
– Hm, gostei disso –– ela me deu um selinho rápido, e antes que se afastasse, eu lhe roubei um beijo decente
Nós começamos a ver um filme enquanto esperávamos a comida, e o terminamos jantando de todo jeito no chão da sala, esperei que arrumássemos tudo para poder conversar com a mulher sobre o real motivo de eu estar ali, não era uma simples visita.
Depois de escovar os dentes, encontrei Sofia na varanda, apoiada no parapeito, e caminhei até ela, abraçando-a por trás, sentindo seus braços sob os meus, respirei fundo, deixando-me inebriar-me por seu cheiro, eu nunca me acostumaria com aquilo, com tê-la daquela forma finalmente, e eu queria mais, muito mais.
– Sofi...
– Hm –– murmurou para que eu continuasse
– Vem pra Paris comigo? –– a morena riu e quando se deu conta de que eu falava sério, ela se soltou de meu abraço só para virar-se em minha direção, tratei de envolver sua cintura novamente, não queria perder o contato do calor de seu corpo no meu –– estou falando sério, consegui uns dias de folga, queria fugir dessa loucura toda por uns dias e não pretendo passar com alguém além de ti...
– Dovey, Paris? Sério? Quer dizer, o tanto de coisa que precisamos resolver para poder ir... Você pode ficar comigo aqui o tempo que quiser
– Não precisaríamos resolver nada, eu tenho uma mala para mim e uma para você no porta malas do carro, tenho reservas lá, e já tenho as passagens, a única coisa que precisa é aceitar, e do seu passaporte, claro –– Sofia me olhava chocada
– Como diabos você...?
– Lina me ajudou –– ri –– tenho algumas novidades Sofi, sobre minha carreira, preciso conversar com você a respeito e saber sua opinião, se eu aceitar o projeto que me propuseram, nós vamos passar um tempo sem conseguir nos ver, e se isso acontecer, queria passar um tempo especial com você...
– Eu acho fofo ou fico preocupada?
– Por favor, por hora só ache fofo –– fiz bico
– Você já cuidou de tudo mesmo?
– Uhum, as passagens são para amanhã a tarde inclusive –– novamente o choque se fez presente nas feições de Sofia
– Paris, huh?
– Uhum, eu já disse, eu conheço bem a cidade, e estamos precisando de um tempo, de um tempo nosso quero dizer, depois de tudo que passamos... –– fui sincera e se havia alguma desconfiança da morena que eu estava fazendo aquilo por implicância, caiu por terra naquele momento –– posso fazer ficarmos fora dos holofotes, ou pelo menos tentar, não posso garantir algo que não está ao meu alcance controlar, mas posso me esforçar para ser discreta, eu juro
– Você sabe que você é o oposto de discreta, não é?
– Poxa, me da uma moral
– Tudo bem Dovey, eu vou para Paris com você –– murmurei um "yes" mordendo o lábio em seguida para conter o sorriso bobo que tentava se apossar de mim –– mas não vou esperar tanto para termos essa conversa sobre precisarmos ficar afastadas um tempo, que história é essa? –– suspirei
– Quer mesmo falar sobre agora?
– Quero
– Okay –– soltei-a e me sentei numa cadeira, puxando-a para meu colo em seguida –– Sofi eu não vou fazer rodeios, vou dar uma pausa com as minhas próprias canções para focar em alguns projetos, estou trabalhando nesse filme, e devo gravar para a trilha sonora dele também, mas recebi uma proposta para um musical, Broadway, coisa grande ...
– O que? –– Sofia praticamente gritou, empolgando-se instantaneamente –– Dove, isso é maravilhoso meu amor, porque você está hesitando? Deveria ter aceitado imediatamente!
– Sofi, não entende o que isso implica? Você vai ficar presa aqui por pelo menos mais alguns meses sim? A temporada toda do musical é em Nova York, eu devo passar pelo menos um ano lá, não vamos conseguir nos ver, não com a frequência que gostaríamos e eu não sei se aguento isso
– Mas Dovey, é a Broadway meu amor, entende a visibilidade e o peso disso no seu currículo?
– Entendo, mas nós demoramos tanto para ficarmos juntas, eu não quero nos afastar desse jeito
– Pequena, o seu ponto contra é exatamente o que deveria ser um pró, nós demoramos tanto para ficarmos juntas, que tenho certeza que valorizamos muito mais os momentos em que estamos juntas agora, e tenho certeza que nós conseguimos dar conta, quer dizer, vai ser um inferno, não faz tanto tempo que você esteve aqui e eu já estava colapsando, mas esse é um passo grande demais e importante demais para sua carreira, eu não posso ficar no meio disso, não posso ser um peso cogitado nessa balança
– Está dizendo que eu devo aceitar?
– Estou dizendo que você não deveria sequer cogitar não aceitar, quanto a nós? Será difícil sim, eu não estou me enganando, mas nós daremos um jeito, eu quero você voando Dovey, e voando alto... –– meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu estava lutando para não deixá-las cair, em vão é claro, olhar para aquela imensidão âmbar de Sofia me fazia praticamente ver sua alma, e tinha tanta sinceridade ali, ela estava genuinamente feliz por mim, e não queria ficar no meio de uma conquista minha, eu a admirava ainda mais, se possível, apaixonei-me novamente por ela ali, e definitivamente amei-a ainda mais –– não chore –– senti as pontas de seus dedos enxugarem as lágrimas teimosas
– Eu amo você, porra mulher, eu te amo demais!
Sofia sorriu e acomodou-se melhor em meu colo com um joelho de cada lado de minhas coxas, beijando-me em seguida, aquela era definitivamente a melhor resposta para um eu te amo!
Quase gemi quando senti a língua dela sob a minha, céus, eu não conseguia me acostumar com o beijo daquela mulher, era sempre como se fosse a primeira vez e ao mesmo tempo tinha uma familiaridade confortável.
Sofia mordiscou meus lábios antes de levar uma das mãos ao meu pescoço, e virar minha cabeça de modo que deixasse o pescoço exposto, levando os lábios a ele e distribuindo beijos e pequenos chupões por onde alcançava, fechei os olhos e levei as mãos a sua bunda, apertando com força e sentindo meu centro se contrair contra o nada quando a ouvi suspirar.
Aquela mulher me desmontava inteira, só sentir seu cheiro, ou sua respiração em meu pescoço, seus lábios próximos ao meu ouvido, me envolvia na sua aura de sedução sem esforço.
Eu continuava puxando-a em minha direção, não ousava abrir os olhos, estava perdida demais em cada sensação, cada beijo, cada toque, cada provocação.
– Então vamos à Paris, huh?
– Vamos
– Alors je peux te faire foutre et parler français?
[ Então eu posso te foder e falar francês? ]
Eu não acreditava no que acabara de ouvir, podia dizer com todas as letras que havia encontrado a primeira maravilha do mundo, Sofia sendo quase suja em francês! Céus, eu podia beirar o orgasmo só com aquilo
– Tu n'as pas besoin d'être en France pour faire ça, mon amour
[ Você não precisa estar na França pra fazer isso, meu amor ]
– Precisamos descansar então, huh? Será um longo voo
– Exatamente por ser um longo voo que descansamos nele, agora, eu só quero você
– É mesmo?
– Ah é — apertei mais minhas mãos em sua bunda, sem pudor algum
– Quer quanto?
– Muito
– Muito quanto?
– Sério Sofia ?! — a mulher gargalhou e eu resolvi acabar com seus joguinhos, pegando sua mão e fazendo-a driblar minhas roupas até que ela sentisse por si própria o que a gracinha dela em francês havia feito comigo, inferno, era patético mas eu havia ficado molhada — é o suficiente para você? — seu sorriso se alargou e a mulher assentiu — o que vai fazer a respeito?
– Eu não sei bem — ela rebolou em meu colo e eu mordi os lábios — o que acha que eu devo fazer? — ela rebolou de novo e eu já mordia o lábio com tanta força que estava começando a machucar
– Vai pro inferno! — eu amava as preliminares, mas não era um exemplo de paciência quando estava com tesão acumulado, e aquele era o caso, eu estava a tempo demais sem aquela mulher pra entrar no jogo duro dela, então simplesmente comecei a tirar suas roupas e as minhas.
– Está com pressa?
– Use essa sua boca para algo produtivo, Sofia!
– Je crois que lécher tout ton corps est un bon usage pour ma bouche, huh?
[ Acho que lamber todo o seu corpo é um bom uso para a minha boca, huh? ]
– Puta merda, Sofs... — seu nome saiu de minha boca quase como um gemido enquanto eu me levantava com a mulher em meus braços.
Carreguei Sofia até seu quarto, mas a mulher saiu de meu colo, e atacou meus lábios com pressa, terminando a tarefa que eu havia começado antes e livrando-se de todas as nossas roupas restantes.
Não demorou para que eu sentisse suas mãos tateando por onde alcançava, suas curtas unhas arranhando meu corpo e me arrancando arrepios, seus beijos me tiravam de órbita, e seus toques me puxavam de volta, eu estava perdida nas íris agora mais escuras que o normal de Sofia, eu nunca me acostumaria a ver o desejo estampado naqueles olhos e naqueles traços sabendo que eu era o motivo.
Sofia conseguia ser de opostos, conseguia ser adorável como um bebê, e uma perfeita sedutora capaz de render qualquer pessoa aos seus pés. Eu não podia acreditar na sorte que tinha por ela retribuir meus sentimentos.
Nós nos deixamos guiar por nossos instintos, nada mais foi falado durante toda aquela noite, tudo o que se ouvia eram os sons quase abafados da cidade muitos andares abaixo de nós, nossos gemidos e respirações pesadas, eu estava completamente entregue e não podia esperar para saber se ela também.
(...)
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