Jimin sentia a mão tímida de Namjoon na sua cintura e logo riu, enquanto empurrava o corpo do mais alto contra a cama, vendo o olhar cheio de surpresa do moreno, que pareceu não saber o que fazer com o fato de que Park estava agora sentado em seu colo, com um sorriso de lado no rosto.
— Não o maltrate, Jimin.
— Hm… se você estivesse aqui, eu poderia dividir toda a minha maldade…
O fato era que Seokjin tinha trabalho para fazer. Ele tinha um grande relatório semestral para entregar e não conseguira terminar pela tarde, então enquanto os outros dois estavam na sua cama, ele digitava apressadamente em seu notebook, tentando terminar tudo aquilo antes da meia-noite, que era o prazo final de entrega no sistema.
— Agora eu não posso — disparou o mais velho. — Desculpa.
Park projetou o lábio inferior para frente, suspirando pesado e se jogando na cama ao lado de Namjoon, mas logo buscando a mão do mais alto contra a sua.
— Joonie?
— Sim, baby?
— Como está Jungkook?
A pergunta foi feita em um tom baixo e Namjoon logo suspirou pesado. Aquele assunto era delicado, mesmo após tantas semanas. Ele nem imaginava como Taehyung deveria estar lidando com tudo quando Jeon nem lhe dera uma explicação.
— Ele está bem — disse o mais alto. — Papai já voltou, então ele está de volta no antigo apartamento, já que reforma já acabou.
— Foi minha culpa?
— Oi?
— Jungkook foi embora por minha causa? — quis saber o mais baixo. — Porque eu levei aquele cara e também falei algumas besteiras? Eu o magoei?
— Minnie…
— Só me fala a verdade, Joonie.
O moreno se moveu até ter o rosto de Park entre as mãos, beijando com cuidado os lábios de Jimin e sorrindo em seguida.
— Não tem nada a ver com você, Minnie. Eu juro.
— É que… — Jimin parou de falar, suspirando pesado. — Tae ainda pensa nele e… manda mensagens todos os dias. Eu sei que ansiedade é algo bem fodido, mas ele não pode nem responder? Pelo menos uma mensagenzinha? E as coisas dele ainda então lá... Desculpa, eu não deveria reclamar disso com você.
O professor sorriu fracamente.
— Está tudo bem, você quer proteger o seu amigo. — Namjoon deixou os seus polegares brincarem com a face do mais baixo e soltou um suspiro. — Eu vou falar com Kookie, okay?
— Não precisa…
— De qualquer maneira, Jungkook precisa conversar com Taehyung de uma vez. Essa história já foi longe demais.
Seokjin ouvia a conversa e não podia deixar de imaginar o que Namjoon queria dizer. Ele não insistira para saber sobre a história de Jungkook e Jimin também fizera o mesmo, contudo o mais velho sabia que tinha algo grave acontecendo. Mas, Kim nada falava, então não sabia ao certo como ajudar naquela situação.
— Vamos mudar de assunto — Jimin disse por fim, percebendo o olhar triste no rosto de Namjoon. Ele não deveria ter comentado sobre aquele assunto. — Como anda a escola?
Aquele era um bom tema, pois Namjoon amava falar das crianças, agora até acrescentando sobre a amizade que fizera com o outro professor. Jimin escutou a tudo atentamente, rindo e fazendo comentários quando necessário. Era sempre bom ver o professor animado ao conversar sobre seus alunos.
— Acabei! — Seokjin anunciou, fechando o computador de uma vez e ficando de pé. — Estou livre para curtir com vocês!
— Agora não quero mais — implicou Jimin.
— Nem eu — disse o mais alto. — Estou cansado. Vou dormir.
— Isso, Joonie. Vamos dormir — disse Park. — Eu sou a conchinha menor.
O mais velho estalou a língua e logo cruzou os braços, projetando o lábio inferior para fora. Ele não gostava quando os outros dois brincavam daquela maneira, sentia-se dispensável, por mais que soubesse que não era por isso que faziam.
— Tudo bem, então para fora do meu apartamento! — disparou o mais velho, pegando o seu notebook e sem falar nada, seguindo para a sala de estar. Se era assim que queriam, era assim que teriam.
Os mais novos rolaram na cama e riram antes de se levantarem e irem atrás de Seokjin, este já estavam digitando outra vez no computador, fingindo não se importar com a aproximação dos outros dois.
Jimin levantou uma das sobrancelhas e revirou os olhos, apontando para Namjoon tomar o lado esquerdo do sofá enquanto ele ficaria com o direito. Seokjin, por sua vez, fingiu não perceber os outros dois ocuparem onde estava, focado em somente digitar rapidamente em seu computador.
— Sabe, Joonie… Tem certas pessoas que não sabem brincar — implicou o mais baixo, deixando seus dedos irem até o ombro do mais velho, massageando o local com cuidado. — O que você pensa de pessoas assim, Joonie?
— Não sei, Minnie — disse o mais alto, também levando as mãos a Seokjin, mais especificamente na perna do outro. — Talvez pessoas assim só precisem de carinho.
— Hm… é um bom ponto, Joonie…
Park então deixou que suas mãos começassem a descer pelo peitoral do mais velho ao mesmo tempo que sua boca já encontrava a curva do pescoço do loiro, distribuindo castos beijos pela derme, contudo Jimin logo deixou o momento ainda mais sensual quando se afastou do outro, fechou o seu notebook e o deixou na mesinha de centro de uma vez. Seokjin engoliu a seco, sem saber o que fazer.
Namjoon observou a cena e quis fazer algo para também ganhar atenção do mais velho. Ele não sabia ser tão sensual quanto Jimin, mas ainda assim deixou seus dedos subirem na coxa de Seokjin, apertando o local com força.
— O-oh! — murmurou o mais velho, surpreso.
— Gosta? — questionou o mais alto, com dúvidas.
— Ele preferia que estivesse mais em cima — afirmou Jimin, olhando com um sorriso de lado para os outros dois. — Não é, Jin?
O loiro engoliu a seco, mas concordou com a cabeça. Oh, céus! Como ele realmente que aqueles dedos estivessem mais em cima.
O professor concordou com a cabeça e então levou sua mão até o membro de Seokjin, deixando-a repousar por cima do tecido da calça que usava.
Jimin sorriu, depositando um beijo no pescoço antes de puxar o rosto do mais velho para si, chamando atenção de Namjoon no processo.
— Vocês querem mesmo isso? — questionou o mais baixo, cuidadosamente. — Podemos parar agora mesmo.
— Eu quero.
Para a surpresa deles, Namjoon foi o primeiro a falar, pressionando a sua palma ainda mais contra o volume de Seokjin.
— E-eu também quero — disse Seokjin, puxando o ar com força. — Quero muito.
— Ótimo.
A fala do mais baixo foi precisa e os outros dois logo o fitaram, mas Jimin gostava daquilo, tanto que ficou de pé e arrancou a camisa de uma vez, jogando-a de qualquer maneira no chão, para em seguida desabotoar sua braguilha, ficando somente de cueca na frente dos mais velhos.
O choque foi tanto para os mais velhos, que Namjoon somente percebeu que sua mão já não estava em Seokjin quando Jimin tomou o colo de Seokjin, mas o fitando com intensidade, até que o puxou para um beijo, ao mesmo tempo que rebolava contra a crescente ereção de Seokjin. O professor não sabia o que sentia naquele instante, mas seu corpo estava todo quente, principalmente quando Park se separou dele puxando o seu lábio inferior com força com os dentes.
Namjoon gemeu e ninguém mais aguentou a tensão.
Seokjin puxou Namjoon pra um beijo ao mesmo tempo que Jimin deixou seus lábios explorarem o pescoço do mais velho, movimentando-se com força no colo do loiro, querendo sentir mais daquela ereção contra si, porém era impossível com a calça jeans grossa que assistente social usava.
Park gemeu frustrado pela falta de contato e então enquanto Seokjin e Namjoon se beijavam com intensidade, com mordidas e suspiros altos, Jimin saiu do colo do mais velho, somente para ir até o chão, abrindo a calça do outro sem muito cuidado e a puxando para baixo com força e a largando de qualquer maneira pelo chão antes de tomar o local que antes estava. Agora, os dois usavam somente tecidos finos e Jimin conseguia realmente sentir o membro do outro contra seu, então dessa maneira voltou a rebolar, gemendo ao sentir o contato.
— E-espera — Seokjin pediu, gemendo quando as unhas do mais novo fincaram nos seus ombros. — Caralho… Ai… Vamos para o quarto, por favor…
O mais baixo queria ali e agora, mas foi o primeiro a se levantar, puxando Namjoon pela manga da camisa enquanto apertava com força o braço de Seokjin, fazendo o mesmo com o mais velho.
Eles não se importaram de fechar a porta, pois antes de pudessem falar qualquer coisa, Jimin já tinha os empurrado contra a cama, agora dando a devida atenção a Namjoon. O ruivo não tomou o colo do mais alto, pois estava preocupado em igualmente arrancar a calça do professor, que mal teve tempo de gemer ao sentir os lábios de Seokjin novamente nos seus. Eram muitas sensações, já estava perdido naquele momento.
Quando Namjoon sentiu uma mão no seu pênis, eles gemeu alto, abrindo os olhos e percebendo que enquanto beijava Seokjin, Jimin o masturbava, mas para a sua surpresa, Park não fazia isso só com ele, pois a outra mão do mais novo estava igualmente no Kim mais velho, que acabou também gemendo alto, acabando o beijo de qualquer maneira.
— Minnie… — Seokjin conseguiu dizer, gemendo outra vez. — N-não… P-para…
O mais baixo estava ajoelhado no chão, pronto para usar mais que mão quando escutou a voz de Seokjin e parou no mesmo instante, assustado. Namjoon pareceu igualmente surpreso, confuso por um momento.
— Você não precisa nos a-agradar… somente… — Seokjin engoliu a seco, enquanto respirava com dificuldade. — V-vem para a cama, vamos cuidar de você também…
Jimin não esperava por isso e acabou ficando no mesmo lugar, ainda com os olhos arregalados, então foi a vez de Namjoon se mover da cama e mesmo achando estranho estar desnudo daquela maneira depois de tanto tempo com somente o ex o vendo nu, ele se agachou ao lado de Park, ajudando-o a se levantar para em seguida o sentar na beirada da cama. O ruivo ainda parecia sem nada entender.
— Eu sou bom de boquete — Namjoon falou simplesmente, ficando de joelhos. — Espero que você goste, Minnie.
O ruivo quase parou Namjoon, porém ao sentir os dedos longos e gelados de Namjoon abaixando sua cueca e em seguida tomando o seu pênis em sua mão e masturbando-o com cuidado, Jimin gemeu alto, buscando Seokjin de alguma maneira, até que o conseguiu em seus lábios.
O mais novo não estava acostumado com aquilo, na verdade, aquela era a primeira vez em muito tempo que alguém pensava nele na hora do sexo, ainda mais duas pessoas. Park nem sabia o que fazer, acostumado a ser aquele que levava prazer aos parceiros.
Quando os lábios de Namjoon tomaram o pênis de Jimin, Park sentiu todo o corpo tremer e por mais idiota que fosse, quis chorar. Aquela relação não era ele fazendo as coisas para os outros dois, eram os três fazendo as coisas juntos.
— Minnie? — Seokjin logo percebeu que o mais baixo parecia afetado demais. — Ei… tudo bem?
— Só… m-me b-beija — pediu Park. — Por favor, me beija.
Seokjin percebeu que Jimin parecia passar por alguma batalha interna e sem demora beijou o mais baixo, sentindo-o quase relaxar em seu toque, contudo logo gemendo quando Namjoon movimentou a língua na glande de maneira provocativa.
O momento estava perfeito para Seokjin e ele não queria que nunca acabasse, que pudessem se amar até esquecerem de todos os problemas. Porém, quando o pensamento estava se formando na mente do mais velho, ele escutou a campainha do seu apartamento tocar. Ele reclamou alto, afastando-se com cuidado de Jimin e olhando desanimado em direção a porta do quarto.
Namjoon já tinha parado o que fazia e somente tinha o pênis de Jimin nas mãos, mas sem se movimentar.
— Esquece isso — Namjoon murmurou baixo. — Não deve ser nada.
Para rebater a fala do professor, outra vez a campainha tocou.
— Eu vou lá — Seokjin proferiu, ficando de pé e suspirando pesado enquanto buscava a sua calça, percebendo que ela estava na sala. Assim, somente ajeitou a sua cueca e sorriu fracamente para os outros dois. — Hm… fiquem aí. Não se divirtam muito sem mim — brincou.
Ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si, deixando Jimin e Namjoon se fitando por um momento, até que o mais baixo se moveu, puxando o outro para a cama.
— Você já ficou tempo demais ajoelhado — disse Jimin, afagando a bochecha de Namjoon com carinho. — Tem outras partes do meu corpo para você explorar…
Park se arrastou pela cama, até estar próximo a cabeceira, com um sorriso que Namjoon não resisti a acompanhar. Seokjin falara que não era para se divertirem muito sem ele, o mais velho somente não explicou o que era “muito” na sua concepção. O pensamento trouxe um sorriso ao rosto do professor quando este sentiu o seu corpo de Jimin reagir ao seu.
Ah, definitivamente, vou me divertir!
***
Seokjin se apressou a vestir suas calças e ajeitar o cabelo de qualquer maneira antes de abrir a porta do apartamento de uma vez. Calculava ser algum dos seus vizinhos, porém travou no lugar ao notar que não era nenhum deles, era uma pessoa que não esperava que aparecesse por ali, pelo menos não sem um aviso antes.
— Pai…
O homem a frente de Seokjin era muito parecido com ele, tirando as marcas da idade e a altura, que era bem mais baixo, contudo, o mais velho conseguia perceber claramente como iria envelhecer. Todos esses pensamentos passaram na mente do loiro e ele sorriu, porém, segundos depois lembrou de Jimin e Namjoon no quarto e quase sentiu vontade de vomitar.
— Olá, Jin… Você vai me deixar entrar ou vai deixar o seu velho pai na porta? — brincou o mais velho.
— P-pai… — Seokjin respirou fundo, pensando em uma desculpa. — E-eu estou acompanhado… hm… meu… Minha namorada está no quarto e… ela não está vestida? — O loiro sentiu a bile subir na garganta naquele momento. Estava tão nervoso! O pai não poderia entrar ali. — O s-senhor d-deveria ter dito que viria… Mamãe também v-veio?
O homem levantou uma sobrancelha.
— Nós brigamos, por isso que eu vim. E eu posso esperar sua namorada se vestir, Jin.
Kim arregalou os olhos, sem saber o que fazer ou falar.
— O senhor não pode voltar depois?
— Filho, você está com um homem?
Seokjin sentiu como se tivesse levado um soco no estômago e logo arregalou os olhos. Como seu pai sabia daquilo? Como?! Ótimo, agora serei xingado! Humilhado! Perfeito! Sinceramente, o loiro quis chorar naquele momento.
— Aquele seu amigo, o Jaehwan esteve lá em casa…
Outra vez, o loiro sentiu que iria vomitar e agora parecia mais forte ainda a vontade, tanto que segurou a própria barriga e se apoiou no batente da porta, sentindo tudo girar a sua volta.
— Sua mãe… ficou falando bobagens sobre querer um neto e… nós acabamos discutindo. Então, eu pensei que talvez você precisasse de mim — afirmou o homem, tocando no braço do filho. — Filho? Jin?
O assistente social sabia que não poderia desmaiar naquele momento, pois seu pai não poderia ver Namjoon e Jimin, pelo menos não daquela maneira, sem uma explicação prévia, mas ele não estava conseguindo focar em nada, sua mente tão confusa e nervosa que não conseguia pensar em mais nada a não ser o fato de que seus pais sabiam que ele era gay. Depois de ficar escondido tanto tempo, agora eles sabiam e o odiavam.
Aquele era o mais dos seus pesadelos e agora tinha virado realidade.
— Jin!
Tudo ficou preto na visão de Seokjin e ele não conseguiu ficar em pé, perdendo o fio da realidade em poucos segundos.
***
Namjoon e Jimin estavam aos risinhos, beijando e totalmente embolados um no outro, com suas línguas quase confusas pelos beijos, quando eles escutaram um grito, seguido de um barulho alto de algo se chocando pelo o que pareceu ser o chão.
Os dois se assustaram no mesmo instante e fitaram a porta, alarmados. Mas, Jimin foi o primeiro a se mexer, sua mente logo acreditando se tratar outra vez de Jaehwan. Ele então somente ajeitou a cueca de qualquer maneira e saiu do quarto às pressas.
Namjoon ainda estava assustado, mas fez o mesmo que mais baixo: somente acertou sua cueca box e correu para o outro cômodo do apartamento.
— Saia de perto dele! — Jimin gritou, assustado ao ver Seokjin caído no chão. — Quem é você?! Larga ele!
— Jimin? Jin? — Namjoon chegou na sala e assim que viu o loiro no chão, gritou. — Jinnie!
— Seokjin! Filho! — O homem proferiu, puxando o tronco do assistente social para si, dando leves tapinhas nas bochechas do mesmo, para acordá-lo. — Droga… Seokjin!
— Quem é você!? O que aconteceu?! — Jimin gritou outra vez, ajoelhando-se ao lado de Seokjin também sem saber o que fazer.
— E-eu vou pegar álcoo.. — Namjoon anunciou para ninguém específico, correndo para pegar o que precisava. Deveria estar no banheiro.
Jimin não gostava daquele homem e nem sabia o porquê, então somente o empurrou para longe de Seokjin, enquanto colocava o loiro sentado. Era melhor assim, lembrava-se de ler sobre desmaios.
— O que você fez com ele?! — disparou Park, irritado. — Oh! Ele está sangrando! Merda!
— Quem é você?! — O homem perguntou, igualmente irritado agora. — O que faz no quarto do meu filho? E aquele outro rapaz?! Kim Seokjin!
— Aqui! — Namjoon gritou retornando ao recinto com o frasco de álcool, aproximando-o calmamente do nariz de Seokjin, apreensivo enquanto esperava o resultado. — Jinnie, acorda, amor… por favor…
Jimin segurou o loiro no lugar, bastante alarmado, mas pronto para bater naquele homem que tinha feito aquilo com Seokjin. Se ele não acordasse, teriam problemas, era o que Park pensava naquele momento.
— Vamos, Jinnie — pediu Park, abaixando a cabeça do assistente social com cuidado. — Acorda, baby…
Eles perceberam Seokjin se mexer e logo o apoiaram de melhor maneira na parede, vendo que o loiro ainda aparentava estar tonto, olhando em volta confuso, com a face tão pálida que logo os assustou.
— O-onde e-estou?
— Em casa, baby… Como está se sentindo? Está doendo? — Jimin questionou, com a voz mais calma possível, correndo os dedos pela lateral da cabeça do mais velho, onde era possível ver um pouco de sangue. — Acho que devemos levá-lo ao hospital, Joonie.
— Eu sou médico, posso dar uma olhada. — O homem que Jimin estava tentando ignorar para não perder a cabeça proferiu. — Me deixem cuidar do meu filho.
A palavra “Filho” fez tanto Jimin quando Namjoon se assustarem e fitarem o homem, mas ele não pareceu se importar, somente ficou na frente de Seokjin, rapidamente indo até a sua bolsa e de lá tirando um estojo e de dentro dele uma pequena lanterna, na qual colocou no rosto do assistente social, vendo seus reflexos.
— Uma leve concussão — murmurou.
— Então precisamos mesmo levá-lo ao hospital? — Namjoon perguntou, com os braços ao redor do próprio corpo agora consciente de que estava quase completamente desnudo na frente do pai de Seokjin.
— Não… Eu posso cuidar dele. Vocês podem ir.
— Nós não vamos a lugar nenhum até ele estar bem — Jimin concluiu, cruzando os braços em frente ao corpo e trocando o peso de uma perna para a outra, encarando o homem como se o desafiasse a sair dali.
Não poderiam deixar Seokjin ali sozinho. Afinal ele desmaiara na presença do homem, então não era um bom sinal.
— Minnie… V-vamos trocar de roupa…
Park não queria sair dali, mas logo notou como Namjoon estava desconfortável com toda a situação. Jimin então foi até o sofá, pegando a sua calça e do moreno, antes de segurar em sua mão e seguir com o outro para o quarto.
Namjoon respirou fundo, como se finalmente pudesse fazer tal coisa após longos minutos.
— Eu não gosto daquele homem…
— Minnie… É o pai dele
— Não importa…
— Ai, Minnie! — Namjoon nem sabia o que dizer, então abraçou o mais baixo. — É o p-pai dele! E… nós estávamos seminus! E Jin desmaiou?! E-eu não entendo!
— Nem eu, mas para ele ter essa reação a relação deles não deve ser das melhores… Eu não quero deixá-lo sozinho com esse homem até ter certeza…
— Você tem razão… — Namjoon respirou fundo outra vez. — Vamos voltar logo para lá…
Os dois então se adiantaram a colocarem suas roupas e ainda passaram no banheiro pra lavar as mãos e ajeitarem o cabelo antes de voltarem para a sala de estar. Seokjin parecia mais alerta, contudo, olhava em volta alarmado. Porém, assim que viu os mais novos, sorriu e relaxou.
— Amores…
O loiro esticou as mãos, pedindo para os outros se aproximaram e logo segurou em suas mãos quando cada um ocupou um lado do sofá, ficando ambos ao seu lado. O médico fingia nada ver e somente terminava de guardar suas coisas após fazer curativo no supercílio do filho.
— Jinnie, como se sente? — Namjoon logo questionou, com a voz cheia de preocupação.
— Você quer que eu expulse seu pai daqui? — Jimin perguntou em voz baixa. — Eu faço agora, baby.
Para ser sincero, Seokjin estava tão confuso quanto os outros dois com tudo o que tinha acontecido. Olhar para o pai ainda trazia aquele velho medo de ser odiado pela família, mas o homem nada dizia, somente tinha cuidado dele em silêncio e permanência da mesma maneira. Como deveria agir? Estava perdido.
— Não, Minnie… Tenho que conversar com ele — explicou Seokjin, fechando o olho quando a sua cabeça doeu. — Joonie… você está bem?
— Oi? Você está perguntando para mim?!
— Eu sei como você não gosta de ficar com poucas roupas perto de pessoas desconhecidas…
Namjoon fitou Seokjin e não conseguiu evitar de beijá-lo. Ele não se importou com o par de olhos novos ou com nada mais, somente com o fato de que mesmo depois de toda aquela agitação, o loiro se preocupava com ele.
Já Jimin sorriu para a cena, achando adorável como os outros agiam e também como se sentia com eles, pois tudo parecia fazer sentido quando estavam juntos, por mais louco que fosse tal coisa.
E, por um momento, os três esqueceram que tinha mais alguém no apartamento, pelo menos até o médico se aproximar, pigarreando enquanto esticava um copo de água na direção de Seokjin, que se afastou com cuidado do professor para olhar para o pai.
— Vai ajudar com a dor de cabeça — disse o homem, indicando o comprimido que tinha na mão.
O assistente social concordou com a cabeça, pegando o remédio e o tomando de uma vez com a ajuda da água, a mente já tomada de dúvidas sobre o que deveria ou não fazer ou falar naquele instante.
Mas, como se respondesse parte das perguntas de Seokjin, seu pai se sentou na poltrona solitária da sala e o fitou seriamente, não olhando nem para Namjoon ou para Jimin, coisa que deixou Park desconfortável.
— Acho que você tem algo para me contar, Seokjin — disse o médico de uma vez. — Pelo jeito você anda escondendo grande parte da sua vida dos seus pais.
— E-eu vou contar, mas primeiro… Primeiro o senhor disse que Jaehwan esteve na sua casa? — questionou o loiro, sentindo a mão de Jimin na sua; em seguida, Namjoon fez o mesmo. Ele sorriu e logo voltou a fitar o médico. — O que ele foi fazer lá, papai?
O homem pareceu na dúvida e depois fitou os outros rapazes antes de voltar a fitar o filho.
— Hm… Ele disse que estava preocupado com você, que… você estava envolvido com pessoas ruins — afirmou o médico, suspirando pesado. — E disse que você é gay.
— Amor… — Namjoon proferiu, preocupado. Agora fazia sentido o desmaio. Seokjin havia sido jogado para fora do armário por Jaehwan e o pai aparecera ali em um momento muito íntimo. É óbvio que ele ficara nervoso, tão nervoso que chegara naquele extremo.
Seokjin sorriu tímido para Namjoon, estava com vergonha agora. Afinal ele era o mais velho, deveria já ter se assumido para aos pais a muito tempo, deveria ser uma espécie de exemplo ou algo do tipo.
— Que homem baixo… — Park proferiu, apertando a mão do mais velho.
— Jaehwan está certo… E-eu estava envolvido com uma pessoa ruim. Ele, quando estávamos namorando. Jaehwan mencionou isso, pai?
O médico ficou sem saber o que falar, um pouco confuso. Seokjin então respirou fundo, sabendo que teria que contar toda a história.
— Pai… Sim, eu sou gay — Seokjin disse de uma vez, respirando fundo em seguida quando o nervosismo começou a tomar conta do seu corpo. — E… quando eu apresentei Jaehwan como amigo, ele… era o meu namorado. Mas, meses depois, eu descobri que ele me traía, na verdade morava junto com outra pessoa. E sim, isso partiu o meu coração, mas o pior foi depois, pois ele me deixou com uma dívida no cartão de crédito e quando aparece na minha frente, é só para me humilhar. Foi por isso que ele foi atrás de você, para outra vez me humilhar e me colocar para baixo. Para retirar de mim a decisão de me assumir para minha família.
Falar para o pai aquilo foi bem diferente do que imaginou, pois sempre pensou que seria algo solitário ou triste, que talvez chorasse dependendo do que escutasse da sua família, mas estar ali com Namjoon e Jimin, que seguravam na sua mão e lhe davam forças, de alguma maneira, foi melhor do que todos os cenários que poderia ter na sua mente.
— Seu tio é gay.
Seokjin franziu a testa e piscou algumas vezes.
— Oi?
— Seu tio, meu irmão é gay. Por que você acha que ele nunca casou e até hoje mora com um colega? Sabe… colega…
O loiro tinha a face de puro choque.
— Enfim, eu só quero dizer, que não tenho problema algum com você ser gay, Jin. Eu te amo de qualquer maneira… — afirmou o homem, dando um fraco sorriso. — Eu só não entendo… São dois?
— S-são… — O moreno conseguia sentir seu rosto esquentar com a timidez. Afinal as coisas que seu pai queria ouvir e ele também queria dizer, ainda não haviam sido ditas por ele para Jimin e Namjoon. — Hm… é… Complicado? E-eu ainda não sei como explicar. Só sei que eles dois os que me mantém são ultimamente. Eles cuidam de mim.
— Oh… isso eu percebi quando esse daí quase me bateu… — o senhor Kim proferiu, indicando Jimin com um aceno de cabeça, mas ele sorria então deveria significar algo bom, certo? Seokjin esperava que sim.
Jimin sorriu sem graça, fazendo uma rápida reverência com a cabeça.
— Desculpe, senhor. Eu só fiquei assustado…
— Está perdoado — afirmou o mais velho, sorrindo mais abertamente. — Então, filho… Me apresente aos seus namorados.
Seokjin poderia mentir e entrar na onda do pai só para evitar mais explicações, porém acreditava que aquele não era o momento para continuar o ciclo, que deveria ser sincero com tudo.
— N-nós não namoramos ainda… E-estamos n-nos conhecendo… Eu disse que é complicado.
— O-oh… — murmurou o mais velho, concordando com a cabeça. — Okay… Mas eu ainda quero os conhecer. Eles parecem importantes para você.
O loiro sorriu, concordando com a cabeça.
— Esse aqui é Namjoon. Ele é pedagogo e trabalha em uma escola particular super chique. Ele é um anjinho — garantiu Seokjin, sorrindo docemente para o mais alto, que sentiu o rosto queimar e logo escondeu a face na curvatura do pescoço do loiro, o que causou risadas até no médico. — Esse é Jimin. Ele ainda está na faculdade, mas está terminando o curso de Arquitetura. Minnie também luta muito e até me defendeu quando Jaehwan entrou aqui depois de termos terminado.
— Ele é o diabinho? — implicou o médico.
— Parece uma boa definição. — Seokjin concordou de brincadeira, recebendo um empurrão leve de Jimin como resposta. — Mas, não… Jimin é uma fada. Eu tenho um anjo e uma fada tomando conta de mim.
Jimin sorriu tão abertamente que Seokjin se controlou para não o beijar naquele momento. Ainda parecia absurdo que aqueles dois realmente gostavam dele.
— Tudo bem. Meu filho tem um anjo e uma fada, acho que posso viver com isso — garantiu o médico, concordando com a cabeça. — Mas eu sempre achei que seria Yoongi, hn? — brincou.
— Oh, Yoongi resolveu que prefere o sol, pai — Seokjin explicou rindo. — Ele está feliz, também conheceu alguém especial.
— Hm… Jinnie, eu vou preparar um café para o seu pai, tudo bem? — Namjoon avisou, afinal aprecia falta de educação permanecerem ali sem oferecer nada ao mais velho.
— Eu vou preparar algo para comermos — Jimin também disse, ficando de pé e estendendo a mão para o mais alto. — Vem, Joonie…
Seokjin sorriu para a figura dos outros dois indo para a cozinha e quando fitou o pai, percebeu que ele o encarava com uma expressão engraçada, quase divertido.
— Eles são bonitos, filho.
— Eles são. — O sorriso de Seokjin não podia ser contido, principalmente quando se tratava de Jimin e Namjoon. — Eu deveria ter falado antes…
— Deveria… Por que não disse, Jin?
O mais velho suspirou pesado apertando uma mão na outra, sem perceber.
— Eu pretendia falar quando tinha dezoito, mas você e mamãe foram naquele congresso na Europa e quando voltaram, minha mãe ficou falando sobre os casais gays que ela viu e como achou feio e tal… — Seokjin suspirou pesado. — Foi idiota, desculpa.
— Então, um dia você ia se casar ou morar com alguém e não nos convidar?
— Eu pretendia falar antes. Mas… não chegamos a ser noivos, eu descobri antes da merda que ele fazia.
O médico concordou.
— Ele vem te irritando muito, meu filho?
— Jaehwan quer voltar, mas… Nunca. eu nunca vou voltar para ele, pai. O que nós tínhamos era uma fantasia, nada foi real. O que ele fez comigo e Namjoon não tem perdão.
— Namjoon?!
O mais velho respirou fundo.
— Era Namjoon a pessoa com quem ele me traía. Joonie também não tinha ideia… Porém, Joonie foi mais inteligente e descobriu tudo. — Seokjin sorriu. — Pai, eu sei que é estranho eu namorar dois… Mas, obrigado por não me xingar.
— Eu nunca faria isso — garantiu o mais velho, ficando de pé e indo para o lado do filho, logo puxando pra um abraço. — Se você está feliz, eu também estou. Pode deixar que eu falo com a sua mãe, okay?
—O-okay? Ela vai ficar muito brava, não é?
— Seokjin você é adulto, dono do seu nariz e da sua vida. Nossa obrigação como seus pais é amá-lo, respeitar suas decisões e sempre pensar no seu bem-estar. Se você está feliz e não estiver fazendo nada ilegal ou prejudicial a si mesmo, então o que tem para ter raiva? Eu vim porque fiquei preocupado com o que aquele cara falou, mas pelo visto era tudo mentira, então eu já sei que não devo escutá-lo mais. Você está bem e com pessoas boas ao seu lado. Não tem pelo o que eu ficar chateado, só feliz. Mesmo que você não seja médico.
— Pai…
— Brincadeirinha.
Os dois riram juntos e outra vez se abraçaram. Seokjin então sentiu paz, pela primeira vez em muito tempo quando aquele assunto surgia ou então quando pensava em contar para os pais sobre sua orientação sexual. O loiro então percebeu que estava feliz.
Eles ficaram daquela maneira até os mais novos voltarem com bebidas e comida, a noite romântica completamente acabada, mas nenhum deles se importaram, pois Seokjin sorria e parecia bem na presença do pai, então era o que importava. Ainda teriam muitos e muitos dias para se amarem.
Por fim, o senhor Kim disse que ficaria para garantir que Seokjin não passaria mal pela noite por causa da concussão e Namjoon e Jimin concordaram em ir embora, mas isso não significou que eles não foram até o loiro e o beijaram quando o médico deu a desculpa que iria ao banheiro para os deixarem sozinhos.
— Hey, nos ligue antes de dormir e quando acordar, okay? — Jimin pediu, deslizando os dedos pelos fios de Seokjin. Ele ficara tão assustado ao encontrar o mais velho desacordado no chão, mas agora estava feliz por ele estar bem.
— Sim e descanse bastante — Namjoon completou, com o queixo apoiado no ombro do mais velho enquanto o abraçava por trás. — Já estou com saudades!
— Eu também! — afirmou o mais baixo.
— Mas eu que já estou com mais saudades! — afirmou Seokjin, dando um selinho em Jimin e depois se virando para fazer o mesmo com Namjoon. — Obrigado por ficarem comigo.
— Sempre.
— Sempre.
Os mais novos responderam juntos e Seokjin sentiu o coração bater mais rápido, então sem se importar com mais nada, os beijou uma última vez antes de realmente ter que se despedir deles.
Assim, minutos depois, Seokjin se viu somente com o pai no sofá da sala, mas com um sorriso que não saiu durante todo o restante da noite da sua boca. As coisas finalmente estavam dando certo para ele.
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