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História Love Maze - Capítulo 65


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos leitores, todos que favoritam e comentam!!! \(@^0^@)/(づ ̄3 ̄)づ╭❤~
Para mais informações ou se quiserem bater um papo com as autoras,
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AVISO DE GATILHO: Maus-tratos infantil. Conversa sobre estupro (passado).

Capítulo 65 - Capítulo 65


 

Namjoon tinha terminado sua mala e se sentia extremamente só. Hoseok quase não aparecia mais por ali e já sentia a hora que o ruivo diria que se mudaria para morar com Yoongi. Jungkook vivia estudando para não se lembrar de Taehyung. E seu namorado estava viajando com o melhor amigo.

E, além de todas essas pessoas, tinha Seokjin. Por algum motivo, o estômago de Namjoon revirara ao se lembrar do ex-namorado, pois no seu íntimo, nada daquilo estava certo. Mas, não sabia se conseguia encarar o outro novamente, não depois do seu coração ser partido como tinha sido. De certa forma, sentia que havia doído mais do que com Jaehwan, pois de alguma maneira, nunca acreditou realmente que Lee o amava.

Assim, somente olhava para aquele quarto que dividia com Hoseok e sentia que tudo a sua volta perdera um pouco do sentido. Iria viajar para igualmente fugir daquela solidão e tristeza. Quem sabe não era o que precisava?

— Eu sinto falta…

Ele não realmente nomeou o que sentia falta, pois naquela altura, era de muita coisa. Não queria ser aquele que reclamava, mas estava perdido e não sabia ao certo o que fazer da sua vida, o que nunca era bom para si. Passara por crises na vida antes e todas elas envolviam o futuro de alguma maneira. A diferença é que agora Hoseok estava ocupado demais para o ajudar com pelo menos um abraço. Sentia falta do melhor amigo. Sentia falta dos namorados. Sentia falta da sua vida. Quando tudo iria parecer normal uma outra vez?

Quando deu sete da manhã, Namjoon suspirou pesado e pegou suas coisas, tinha uma aula para dar antes de pegar o avião e ir para Inglaterra. Seria uma boa viagem para ele, pelo menos era o que repetia na sua mente durante o caminho até a saída do apartamento até o Uber que pedira, seria ruim arrastar a bagagem por toda a rua, iria estragar as rodinhas.

A viagem foi rápida e trocou poucas palavras com a motorista do aplicativo, dando cinco estrelas assim que ela o deixou no destino. Em seguida, foi para a sala dos professores, deixar suas coisas e então partir para a aula.

— Ei, Joon! Animado para a viagem?

Não.

— Sim — disparou o mais alto, sorrindo para Jinyoung. — Será muito legal!

— E dividiremos o quarto! Isso não é ótimo?

Namjoon sorriu.

— Claro, será ótimo.

Jinyoung o fitou com os olhos estreitos, deixando o copo de água na mesa, mas Namjoon não queria conversar, sentia que iria chorar a qualquer momento.

— O que aconteceu?

— Depois conversamos — Namjoon proferiu rapidamente. — Tenho que recepcionar as crianças…

Park sabia que tinha algo de errado, mas nada falou e somente deixou Namjoon ir. Há uns dias o mais alto estava daquela maneira, esperava que a viagem o animasse outra vez.

 

***

 

Namjoon recepcionou todas as crianças com sorrisos no rosto, cumprimentando pais e responsáveis sempre com a mesma simpatia que o fazia sempre ser elogiado. Ele ainda estava triste, mas seu trabalho sempre o animava de alguma maneira, havia algo em crianças sendo somente crianças que o deixava feliz. Talvez fosse disso que realmente precisava para não se sentir tão só.

— Não precisa dar banho nele, eu já dei em casa — afirmou uma mãe e Namjoon somente concordou com a cabeça.

— Nessa idade nós só damos banho se acontecer algum acidente — esclareceu o professor. — Eles já não precisam de fralda, então não é necessário.

— Oh, okay! — Ela deu um sorriso. — Ouviu o tio, Sook? Nada de acidentes!

O garoto concordou com a cabeça e logo correu em direção a outras crianças, doido para brincar com elas. O professor abriu o sorriso para a cena.

— Deve ser o pai dele que virá buscá-lo hoje, okay?

— Ah, claro. Já conheço o senhor Chae.

A mulher concordou com a cabeça e após uma rápida despedida, Namjoon ganhou atenção de uma das crianças, que lhe puxaram a perna por atenção. A primeira hora, após a entrada, era o momento de brincadeiras, mas logo fariam a roda do dia para os combinados e outras conversas.

Nesse meio tempo, mais crianças chegaram e entraram na brincadeira enquanto Namjoon olhava as agendas de cada um, anotando recados ou somente vendo se alguma criança tinha que tomar algum remédio, uma das coisas mais comuns em uma creche. O pensamento fez Kim sorrir. Crianças sempre o deixavam felizes, talvez quisesse ser pai um dia, mas naquela altura achava impossível algo assim.

— Crianças, hora dos combinados do dia!

E, assim, Namjoon se sentou no chão e esperou que suas crianças o acompanhasse.

 

***

 

O dia ia bem, sem nenhuma surpresa, quando Sook vomitou a comida em toda a roupa. Namjoon murmurou uma reclamação, mas logo pediu para Jinyoung cuidar das suas crianças enquanto segurava na mãozinha do menino e o levava para o banheiro.

— Você está se sentindo mal, Sook? — questionou com a voz baixa, separando as roupinhas que a mãe havia colocado na mochila.

— Não sei, senhor Kim.

— Sua barriga dói?

— Um pouquinho… aqui… — o menino disse, apontando para a barriga. — Ontem eu também vomitei na minha casa. D-desculpa.

O professor deu um fraco sorriso.

— Está tudo bem, você ‘tá dodói — esclareceu, ajudando o menino a retirar o casaco e depois a camisa. — Não é sua culpa.

— Tudo bem, senhor Kim.

O garoto sempre tinha sido bastante educado e Namjoon já tinha grande carinho por ele, mesmo estando na escola por somente um mês. O menino gostava de brincar e comia direito, também era bastante inteligente e já dava sinais de leitura e escrita, mesmo que a alfabetização viesse somente no ano seguinte. Era um garoto bastante inteligente.

O professor mordeu o lábio inferior, percebendo que não daria somente para limpar a parte de cima do garoto, pois a calça também estava suja, então ele tirou a calça, logo ligando o chuveirinho para rapidamente dar banho no garoto; como a mãe tinha informado que ele tinha tomado banho pela manhã, não precisaria de mais do que um sabão.

— A água está boa, Sook?

— Sim, senhor Kim.

Namjoon sorriu e virou o garoto de frente e pela primeira vez ele viu umas pequenas marcas vermelhas na coxa do menino. Seu primeiro ato foi molhar o local ainda mais, porém as marcas continuaram ali. Então ele desligou o chuveiro, pedindo para o menino afastar as pernas, notando que haviam marcas por ali, algumas vermelhas e outras quase pretas, como se a pele tivesse criado casca após ferimentos.

— Sook, o que são essas marcas?

O menino seguiu o olhar de Namjoon e depois o fitou outra vez.

— Papai ficou com raiva de mim e me colocou de castigo.

Kim sentiu como se algo estivesse o sufocando no mesmo momento, mas não podia demonstrar para não assustar o menino.

— De castigo, como?

O banho já havia acabado para Namjoon, ele agora estava com a toalha, já secando o menino. Ele não cheirava a vômito, então não precisava realmente de muito mais. O professor estava preocupado com outra coisa naquele momento.

— Foi com cigarro, senhor Kim. Eu lembro que o nome é cigarro.

Namjoon engoliu a seco.

— Por que você… ficou de castigo?

— Porque eu vomitei no chão e foi errado…

Ele quis chorar ali mesmo. Como alguém poderia fazer aquilo com uma criança inocente? E o próprio pai? O coração de Namjoon estava apertado e após colocar toda a roupa da criança, o professor a abraçou com força, de alguma maneira tentando passar um conforto para o menino.

Quando voltaram para a sala, Namjoon foi até Jinyoung e o chamou no canto. Park fez um sinal para o estagiário da sua sala e foi até Kim.

— Você pode olhar eles rapidinho? Minha estagiária não veio…

— Eu sei… — Park franziu a testa. — Aconteceu alguma coisa?

— Sook está sofrendo abuso físico em casa. Vou falar com a diretora.

Jinyoung arregalou os olhos.

— O garoto novo?! Abuso físico?!

— Ele está cheio de marcas de cigarro nas coxas, disse que o pai o queimou para castigar porque ele vomitou no chão.

Park levou a mão na boca e Namjoon pode ver os olhos do outro moreno brilharem com lágrimas. Jinyoung também entendia a dor que ele estava sentindo no momento.

— Pobrezinho… V-vai lá… Eu olho as crianças.

Namjoon concordou rapidamente com a cabeça e foi para a diretoria.

O professor não esperou muito e contou de uma vez toda a situação para a mulher, que ficou chocada e perguntou se ele tinha certeza das acusações, afinal seria ruim para a criança ficar sendo exposta para pessoas pelas quais não era acostumada. Assim quando Kim confirmou, a diretora avisou que ligaria para a Assistência Social e dispensou o moreno para voltar a sua sala.

Ele então voltou as crianças, tentando continuar o dia de trabalho, mas era complicado com a imagem da pele cheia de queimaduras da criança. Seu coração se apertava somente de lembrar.

Porém, quando faltava quase meia hora para o final da aula, Namjoon foi chamado na diretoria e ele sabia que a assistência social deveria ter chegado. Ele não sabia o que esperar, então foi com calma, pensando em como falaria da melhor maneira e explicaria tudo o que descobrira durante o banho. Mas, assim que pisou na sala, sua mente o fez esquecer tudo quando viu Seokjin ali parado.

— Namjoon, esse é Kim Seokjin. Ele veio conversar sobre Chae Sook.

Os dois se fitaram e pareceu tanto tempo. Namjoon se moveu sem saber o que fazer realmente, querendo fugir dali ao mesmo tempo que enfrentar Seokjin, mas o fato era que uma das crianças precisava dele e não poderia ignorar aquilo. Era uma brincadeira do destino, tinha certeza disso, mas um ser inocente necessitava da sua ajuda, assim somente engoliu fundo e fez uma rápida reverência para o assistente social, que retribuiu como se não o conhecesse.

— Conte para ele o que você viu, Namjoon.

A diretora apontou para as cadeiras e os dois sentaram, Seokjin com um bloco de anotações na mão, escrevendo alguns pontos enquanto Namjoon contava tudo o que viu e o que conversou com a criança. No final do relato, o mais velho concordou com a cabeça, fechando o bloco.

— Eu preciso falar com a criança — concluiu.

— Vou providenciar uma sala… — murmurou a diretora.

— Seria ideal se o professor também fosse, a criança sentiria mais calma com um rosto conhecido — afirmou o Kim mais velho.

A diretora concordou e assim ficou combinado.

Namjoon então se adiantou para voltar para a sala de referência, buscando o garoto sem demoras e novamente pedindo para Jinyoung ficar de olho nas crianças, mas Park já fazia isso sem que o pedissem de qualquer maneira.

— Senhor Kim eu fiz algo de errado?

O professor sorriu para a criança, sacudindo a cabeça negativamente.

— Você não fez nada de errado — garantiu.

O garoto pareceu acreditar e Namjoon outra vez se sentiu nauseado por um pai maltratar o filho da maneira que Sook tinha sido machucado, era cruel e covarde.

Quando entraram na sala, Seokjin já estava sentando em uma das cadeiras, com um sorriso no rosto.

— Sook, esse é Seokjin, ele é um amigo meu e… ele queria conversar com você — afirmou o professor. — Não se preocupe, você pode falar qualquer coisa e eu estarei aqui o tempo todo.

O menino pareceu desconfiado de início, mas logo foi para perto de Seokjin, apontando para o seu cabelo.

— Seu cabelo é roxo — afirmou.

— Sim. Você gostou? — Seokjin deu outro sorriso. — As crianças sempre gostam do meu cabelo colorido.

— Eu gosto — afirmou Sook, logo apoiando as mãozinhas e se sentando na pequena cadeira, própria para o seu tamanho. — Nós vamos desenhar?

Namjoon estava tão preocupado que pela primeira vez notou a folha e os giz de cera na mesinha que Sook havia sentado.

— Se você quiser… — disse o assistente social.

— É para desenhar o quê?

— Por que você não desenha sua família para nós?

O menino nada disse, somente começou a rabiscar o papel. Seokjin então desviou o olhar de Sook e fitou Namjoon, mas logo voltou a olhar a criança. O professor notou um olhar triste no mais velho e calculou que fosse pela criança, não haveria outra explicação de qualquer maneira.

— Esse é o seu pai? — o mais velho perguntou, apontando para a figura que o garoto tinha terminado de desenhar. Namjoon logo reparou que a representação do homem era bruta e as feições do rosto eram riscadas com força, mostrando raiva mesmo que somente com alguns rabiscos.

— É papai…

— Ele parece chateado com algo — comentou Seokjin.

— Papai sempre fica chateado comigo — disse a criança, com uma voz entristecida.  — Eu não sei porque… acho que eu faço as coisas erradas.

Mesmo sem Seokjin nada dizendo, Namjoon se ajoelhou no chão, ao lado da criança e tomou suas mãozinhas para si.

— Você não faz nada de errado, Sook. Você é um anjinho.

O garoto balançou a cabeça com força, mas Namjoon podia ver as lágrimas em seus olhos. Seu coração estava estraçalhado naquele instante.

— Mamãe diz que eu não posso chorar para não chatear papai — afirmou o menininho.

— Sua mãe sabe que seu pai fica chateado com você? — Seokjin interferiu, atento a conversa entre professor e aluno.

Sook sacudiu a cabeça positivamente.

— Mamãe disse para eu não falar nada — explicou a criança. — Mas dói quando papai me machuca, dói muito. Eu não gosto quando papai usa cigarro — concluiu.

Seokjin não precisava de mais nada para ter certeza sobre o caso, então ele tocou no ombro de Namjoon, que quase se assustou, mas logo se pôs de pé.

— Por que você não continua desenhando, Sook? Vou ali fora rapidinho com o meu amigo.

— ‘Tá bom, senhor Kim.

Namjoon então acompanhou o assistente social para fora da sala, ambos sussurrando naquele momento.

— Acho que está claro o que está acontecendo — disse o mais velho, suspirando pesado. — Hm… você sabe quem costuma buscar o menino?

— É a mãe, mas hoje ela disse que seria o pai.

Seokjin concordou com a cabeça.

— Eu vou ligar para a polícia, os pais dele vão para a prisão — afirmou Seokjin. — E tenho que levá-lo para fazer corpo de delito.

— Ele está vomitando, acho que pode ser uma virose.

— Eu falo com o médico — afirmou Seokjin, já pegando o celular. — Ele vai ficar bem, Joonie.

E então, a máscara de profissionalismo ruiu. Namjoon fitou o chão, com o coração apertado e Seokjin sentiu seus dedos tremerem antes de sair de perto do outro para completar a ligação. O professor não queria ser daquela maneira, não queria pensar em como amava o assistente social, mas era impossível não ficar com o coração partido naquela situação.

Sem saber ao certo o que fazer, Namjoon voltou para dentro da sala, sorrindo para o garoto que ainda estava desenhando no local. E, por lá ficou até dar a hora da saída das crianças.

A criança ainda desenhava quando Namjoon ouviu uma batida na porta. Ele foi rapidamente e encontrou Seokjin, parecendo desconfortável por um momento.

— O pai dele chegou, mas a polícia ainda não. Então, a diretora vai o enrolar um pouco, okay? Não saia daqui com Sook.

Namjoon concordou com a cabeça.

Hm… você quer alguma coisa? Água?

O mais alto fitou o outro e somente sacudiu a cabeça em negação. Não sabia se seria capaz de falar algo sem gaguejar, a ferida ainda forte em seu coração.

— Vou voltar para Sook — Namjoon disse, simplesmente.

— Não… — murmurou Seokjin. — Eu… Podemos conversar?

O professor olhou por cima dos ombros e concordou, fechando a porta da sala e olhando para Seokjin. Ele não queria realmente fazer aquilo, pois sentia que teria o coração ainda mais partido depois de tudo, mas poderia escutar o assistente social. E, mesmo não querendo admitir, sentia saudades da voz do mais velho, sentia saudades de tudo que envolvia o outro Kim.

— Estou ouvindo.

A voz de Namjoon não soou rude, mas Seokjin achou errado se aproveitar daquilo de alguma maneira.

— Como… você está?

O moreno não esperava por aquela pergunta, parecia ínfima, quase como se não fosse realmente de importância para o outro saber ou não se ele estava bem. Talvez, o coração ainda iludido de Namjoon, esperasse uma grande declaração ou qualquer outra coisa que fosse mais do que um “Como você está?”

— Bem.

Uma resposta ínfima para uma pergunta igualmente insignificante.

Seokjin moveu os pés, mudando o peso do seu corpo enquanto pensava se deveria ou não falar para Namjoon o que estava ocorrendo. Mas, após segundos, sua mente desistiu da ideia, seria perigoso para o professor enquanto não tinham nada confirmado de que o advogado poderia resolver alguma coisa.

— E… Jimin? — A voz de Seokjin tinha sido tão baixa que se não estivessem próximos, o mais alto não escutaria.

— Muito bem, viajando com Taehyung e pela falta de mensagens, provavelmente me traindo. — Namjoon deu um sorriso forçado e falso. — Espero que esteja satisfeito.

O mais velho respirou fundo e não soube ao certo o que dizer naquela situação. Ele além de ter estragado as coisas com seus namorados, também tinha feito com que eles terminassem ou quase isso? Tinha chegado a esse ponto?

— Deve ser só… um mal-entendido — disse Seokjin, querendo melhorar a situação de alguma maneira. — Jimin não iria o trair.

Namjoon riu sem humor.

— Eu também pensava que você não nos trairia. E veja onde estamos agora, né?

— Eu… não os traí. — Seokjin apertou uma mão na outra. — Foram… bons momentos.

Seokjin queria desesperadamente falar que os amava, mas não podia, então somente fitou o chão.

— Bons momentos? Sério? Você voltou com o nosso ex! — disparou Namjoon, quase falando alto demais, para em seguida controlar o tom de voz. — Poderia ser qualquer um, eu aceitaria melhor do que Jaehwan.

— Joonie…

— Não! Você não tem o direito de me chamar assim! — afirmou o mais alto, um tanto irritado. — Você voltou com Jaehwan mesmo sabendo o que ele fez comigo.

Aquilo era o que mais doía em Namjoon. Ele tivera tanto medo de se abrir com qualquer um depois que Lee havia o machucado durante o sexo, para quando fazer tal coisa, Seokjin terminar com ele e voltar com a pessoa que o fizera mal. Parecia uma piada sem nenhuma graça do destino.

— Namjoon, eu estou sendo for-

O mais velho não conseguiu completar a confissão, pois gritos foram escutados e ambos olharam assustados em direção a diretoria, onde o pai de Sook saía com raiva, batendo a porta com força ao mesmo tempo que a diretora vinha atrás, tentando acalmá-lo. A polícia ainda não havia chegado e Seokjin xingou baixinho, empurrando de leve Namjoon em direção a porta.

— Fique aí dentro com Sook.

— Quê?! Não…

— Não discuta comigo, Namjoon. Fique aí dentro com ele!

Namjoon olhou para o homem indo na direção deles e agarrou o braço de Seokjin.

— Ele vai te machucar.

— Só entra, Namjoon! Sook precisa de você.

Ainda a contragosto o mais alto fez o que foi pedido, trancando a porta atrás de si e fitando a criança que agora o encarava, não mais desenhando.

— É o meu pai.

Não era uma pergunta, afinal Sook deveria conhecer os gritos do homem com facilidade.

— Se eu não for, ele vai me castigar por deixá-lo chateado, professor Kim. — O menino ficou de pé, empurrando a mesinha com as mãos. — Eu gostei do dia de hoje, senhor Kim. Obrigado!

O menininho foi em direção a porta, mas Namjoon parou na sua frente antes, pegando-o no colo com facilidade, depois de anos era quase um talento as várias formas que segurava crianças no ar.

— Não é a hora do seu pai te ver, tudo bem? Vamos desenhar mais.

— Mas…

— Ainda não está na hora da saída, vamos desenhar mais…

Sook pareceu confuso, porém concordou com a cabeça. Se o senhor Kim dizia que era para desenhar mais, ele desenharia.

 

***

 

— EU QUERO O MEU FILHO!

Seokjin não se abalou com os gritos do homem, somente continuou de braços cruzados na frente da porta, evitando que ele passasse.

— Primeiro, pare de gritar o senhor está em um colégio — o assistente social proferiu com falsa calma, afinal sua verdade era de socar aquele homem. — Segundo, o senhor não irá levar Sook para casa e traumatizá-lo ainda mais.

— Como é?

— O senhor me escutou.

— E quem é você para me dizer alguma coisa?! — O homem se aproximou perigosamente de Seokjin, mas Kim não sentiu medo, na verdade, continuou da mesma maneira. — QUEM VOCÊ PENSA QUE É?!

A diretora deu alguns passos à frente, mas Seokjin se moveu somente para fazer um sinal de que ela deveria ficar no mesmo lugar.

— Se você encostar um dedo em mim, sua situação que já é ruim, vai ficar ainda pior — falou calmamente.

— O que isso quer dizer?

— Quer dizer que a polícia já está vindo conversar com um agressor de menores. — Seokjin levantou o canto dos lábios, quase em um sorriso. — Com agravante de ser o seu filho. Quantos anos será que isso dá de prisão?

 O homem pareceu assustado, tanto que deu um passo para trás, já olhando em direção ao corredor que dava para o portão da frente. Seokjin logo notou que ele iria fugir e então quando Chae começou a correr, o assistente social nem pensou, somente se jogou contra ele, indo ambos parar no chão.

— Nem pensar! Ao menos um filho da puta eu vou conseguir colocar na prisão! — Seokjin gritou, imobilizando o homem no chão. — Para de se mexer ou eu vou quebrar a porra do teu braço! — ameaçou, mesmo que não soubesse realmente como fazer aquilo.

Houve alguma resistência, mas para o alívio de Seokjin, a polícia chegou menos dois minutos depois e o assistente social pode soltar o homem, que logo foi algemado.

— Vocês não podem fazer isso! Não tem provas!

— Não? E os machucados no corpo dele?!

— Ele é uma criança desastrada! Eu vou processá-los por criar uma história ridícula dessas!

Seokjin não discutiu, pois ele sabia qual a verdade e, o policial logo levou o homem dali, então foi o tempo do mais velho respirar fundo e bater de leve na porta, logo vendo o olhar de Namjoon cheio de preocupação, com Sook agarrado a sua perna como se dependesse para não ter medo.

— Jin…

— Está tudo bem agora — garantiu o assistente social. — Ele já… — O Kim mais velho parou no meio da frase ao se lembrar do menino ali ouvindo. — Ele já foi embora.

— Sua mão está sangrando…

— Não é nada demais, eu só caí — Seokjin explicou, logo se abaixando para fitar o menino. — Hey, Sook. Já acabou o seu desenho?

 O menino somente sacudiu a cabeça positivamente.

— Isso é bom, Sook. Então, o senhor Kim me disse que você ‘tá dodói. Nós vamos te levar o médico tudo bem? Ele fará uns exames para descobrir o que você tem. O que acha disso?

— Eu não gosto de médicos.

— E se eu prometer que ele vai te dar um pirulito no final, hm? — Seokjin arriscou com um sorriso.

— Senhor Kim… E o m-meu pai? — Sook perguntou olhando para Namjoon.

Namjoon olhou para Seokjin, que concordou com a cabeça. Ainda era impressionante como se entendiam, mas o professor tentou não pensar naquilo e assim, somente se ajoelhou na altura da criança.

— O que seu pai fez com você foi muito errado, Sook — disse o professor. — Então, ele será punido por isso.

O menino concordou com a cabeça, como se entendesse de alguma maneira.

— Mamãe também?

— Ela o deixar continuar fazendo o que ele fazia também é errado, pequeno. Ele deixava sua mãe de castigo também? — Namjoon questionou. Afinal, a mulher talvez pudesse ser uma vítima das agressões também e por isso não o denunciou antes, por medo.

Sook outra vez somente balançou a cabeça em negação, mas Seokjin fez um rápido movimento para Namjoon. Isso quem investigaria era a polícia e o garoto estava assustado agora, então era melhor manter as coisas calmas.

— Nós precisamos ir ao médico agora, Sook — murmurou Seokjin.

— N-não… N-não gosto…

Namjoon suspirou pesado, levantando-se.

— E se eu for junto, Sook? Você sentiria menos medo?

O menininho apenas balançou a cabeça positivamente, ainda agarrado às pernas de Namjoon que sorriu se abaixando e o pegando no colo. O menino era tão leve e parecia tão frágil e pequeno. O professor não pode deixar se se sentir um pouco paternal naquele instante.

— Tudo bem? Vamos?

E então, eles foram para o hospital.

 

***

 

O carro que Seokjin usava era um do trabalho e era estranho para Namjoon entrar nele, mas era todo preparado para crianças, assim Sook ficou calmo na cadeirinha, brincando com um tablet infantil.

O professor então pensou em puxar algum assunto, mas era estranho agora. Então, ele se surpreendeu quando ouviu a voz de Seokjin.

— A diretora disse que você iria viajar. Eu… posso te dar uma carona para o aeroporto depois.

— Não, mas obrigado. — Namjoon não sentia que conseguiria lidar com Seokjin e a situação de Sook ao mesmo tempo.

— T-tudo bem.

— Eu não vou — esclareceu o mais alto, sem nem saber o porquê. — Já estou atrasado de qualquer maneira… Eu deveria estar indo para o aeroporto agora.

O mais velho olhou na direção do moreno por um instante.

— Eu posso lidar com ele sozinho, Joonie.

— Não me chame de Joonie, okay? Só meu namorado pode fazer isso.

A palavras doeram e Seokjin apertou o volante. Ele realmente não tinha qualquer direito de continuar a usar o apelido.

— Professor, você tem um namorado?

— Eu disse namorada — disparou Namjoon quase no automático. — Minha namorada.

O maior medo de Namjoon era que pessoas da escola descobrissem e isso incluía os alunos. Então, era melhor deixar daquela maneira.

Seokjin nada comentou e a criança logo se distraiu, então ficaram daquela maneira até a chegada ao hospital.

 

***

 

Os exames seriam mais do que estomacais e Namjoon sabia daquilo, então seu coração já doía pelo menino, ele ficaria assustado e o professor sabia que não podia entrar, não naquele momento.

— Jin vai cuidar bem de você, Sook. E são só alguns minutinhos, eu estarei aqui te esperando.

— Promete? —  O menininho pediu com a voz baixa esticando o dedo mindinho na direção do professor, que sorriu entrelaçando seu próprio tão maior com o de Sook em uma promessa infantil.

— Prometo.

O garoto então foi para a sala de exames com um sorriso no rosto.

 

***

 

Namjoon tentava ligar para Jimin, mas outra vez, ninguém atendeu. Kim não queria ser chato e inseguro, mas já era o segundo dia sem contato e a única coisa que conseguia pensar era que Park finalmente se cansara dele de uma vez.

— Namjoon? O que faz aqui?

A voz feminina o tirou dos devaneios e quando olhou para cima, viu Dawon, com o seu característico avental de enfermeira.

— Ah… tentando ligar para o meu namorado.

 Ela estalou a língua, sentando-se ao lado do outro.

— Não isso, né?! O que você faz aqui, em um hospital?

— Ah… Um dos meus alunos está aqui.

— Joon, você quebrou um dos seus alunos? — a mais velha brincou cruzando os braços para fingir seriedade.

Noona! — O mais alto revirou os olhos, arriscando um sorriso. — Eu descobri que ele estava sendo agredido pelo pai e então acionamos o conselho tutelar e a polícia. O menino está fazendo exames agora…

A morena arregalou os olhos.

— Pobrezinho! Ele tem família? A mãe?

— Pelo visto sabia de tudo e outros familiares… acho que Jin está tentando descobrir.

— Jin… o seu ex?

— É…

— Que linda torta de climão, hn?

A enfermeira tinha razão, mas Namjoon não queria falar daquilo, pelo menos não por enquanto.

— Eu não quero que ele vá para um orfanato, Dawon. Ele vai ficar tão assustado! Ele ainda nem entende direito porque não pode ir para casa! —  o mais alto confessou, fungando levemente quando o choro que estava prendendo desde cedo, finalmente o acometeu. — Me dá uma certa culpa, sabe? O separar da família, mas… ele estava sendo maltratado! Não sei o que pensar!

— Ei, você fez certo, Joon — garantiu a enfermeira, buscando a mão do moreno. — A noona está muito orgulhosa de você, okay?

Ele concordou com a cabeça, mas o medo ainda estava ali.

— E se ele não tiver outros parentes? E se ele for para um orfanato e nunca for adotado? Eu prometi que tudo ficaria bem e a-agora…

— Tenho certeza de que ele ficará bem, Joon. Você fez o que era melhor para essa criança.

Noona, e se fosse Yeonjun, sozinho em um orfanato?

Namjoon sabia que tinha pego pesado, mas ele queria que ela entendesse o que ele estava sentindo no momento. Era somente uma criança inocente que ficaria sem o conforto do seu lar porque seus pais eram péssimas pessoas. Por que parecia injusto?

Dawon estalou a língua outra vez.

— Okay, você pegou pesado — disse a mulher, suspirando pesado. — Se ele não tiver família, você pode se inscrever para adoção provisória.

— Como?! Eu não tenho onde morar, Dawon! Eu estou com Hobi ainda, lembra? Não vão deixar!

A mulher murmurou uma concordância. Realmente, seria complicado.

— Eu vou torcer para ele ter família — concluiu Namjoon.

Como se ouvisse as palavras otimistas de Namjoon, Seokjin saiu apressadamente de uma das portas, mal notando Dawon por ali.

— Pesquisaram nos registros e nada de familiares próximos, somente primos de segundo grau em outro país — o assistente disparou de uma vez e então fitou a mulher ao lado do professor. — O-oh… Olá, Dawon.

— Oi. — A mulher o cumprimentou com um tom de voz seco. Ela era tão protetora com Namjoon quanto com Hoseok.

— E agora? Ele precisa mesmo ir para o orfanato? — Namjoon proferiu por entre o choro.

Seokjin quis mais do que tudo abraçar o mais alto e o consolar, mas não podia.

— E-eu sinto muito, Jo… Namjoon. — Seokjin pigarreou. — A não ser que apareça um lar temporário, ele vai sim…

O assistente social viu Namjoon o fitar com a expressão inquisidora, que se fosse em palavras seria algo como: “Você pode ser o lar temporário dele.” Seokjin queria poder, mas não com Jaehwan por perto, ele não arriscaria a segurança de uma criança inocente naquele momento.

— Eu me candidato — Dawon disse de uma vez. — Onde preciso assinar?

A fala da mulher surpreendeu os outros dois, que se fitaram antes de voltarem a fitá-la. Dawon somente deu um sorriso.

— Eu tenho a ficha de cadastro atualizada, só que nunca levaram nenhuma criança para lá, provavelmente porque Hoseok morava por lá, mas agora ele não mora mais e tem um quarto sobrando — disse a enfermeira. — E a companhia será ótima para Yeonjun, que está há dias sem brincar com crianças da idade dele por causa da fratura.

Namjoon engoliu a seco, fitando o assistente social.

— Você acha que ela pode ficar com ele? Pelo menos por um tempo?

Seokjin fitou Namjoon e estalou a língua.

— Vou fazer umas ligações.

Novamente, o assistente social sumiu pelos corredores e Namjoon fitou a mulher, que lhe sorria.

— Eu juro que vou todos os dias, será o meu próprio filho — garantiu Namjoon.

— Bem, se você o quer como filho é melhor mexer os pauzinhos, Joon. — a mulher murmurou, aproximando-se do caçula e enxugando suas lágrimas. — Eu vou dar todo o apoio, okay?

— Okay, okay… Obrigado, noona.

O mais alto proferiu, respirando fundo. Precisava parar de chorar, afinal Sook iria sair daquela sala em breve e precisava encontrar nele alguém firme e confiável.

— Tão crescidos os meus meninos. Eu tenho muito orgulho de vocês — Dawon proferiu, estalando um beijo na testa do rapaz, ficando na ponta dos pés para conseguir tal coisa. — Vai ficar tudo bem com o menino, okay? Agora eu tenho que voltar para o meu plantão e eu sei como tudo isso demora. Qualquer coisa, é só me ligar que venho resolver tudo, ‘tá?

Namjoon concordou, não podendo deixar de abraçar a mais velha. Estava feliz agora e mal podia acreditar que realmente ela estava se ligando àquela responsabilidade por confiar nele, de certa maneira nem achava ser capaz de tal coisa.

Assim, quando Namjoon se viu sozinho novamente, ele torceu para que estivesse tomando a decisão certa e que as coisas ficassem bem para Sook, pois a partir daquele momento, estava somente pensando no pequeno menino. E, se a divindade fosse boa, mostraria para a criança que um pai de verdade não maltrata suas crianças.

 

 


Notas Finais


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