…
Um silêncio absoluto havia se instalado no local, ninguém se atrevia a quebrá-lo. A sala parecia apertada para a quantidade de pessoas ali, mas naquele momento ninguém se importava com o tamanho do ambiente. Winn estava incomodado, era como se precisasse desesperadamente que alguém quebrasse o silêncio, alguém que não fosse ele, o jovem olhou para Alex que parecia culpada por algo que não havia feito, Sam estava ao lado da agente, suas mãos estavam juntas e elas nem ao menos perceberam aquele singelo ato, era familiar demais para fazerem grande caso sobre aquilo. J’onn tinha suas mãos nos quadris e procurava uma maneira de começar seu discurso, Imra tinha sua atenção no homem pois sabia que ele seria o primeiro a falar, Psi estava entediada e se alguém não começasse a falar logo ela iria sair por aquela porta e ninguém iria lhe impedir. Já Brainy se concentrava ao máximo para não surtar por está ao lado de Lena Luthor, a CEO parecia irritada e todos ali pareceram temer a expressão da mulher, Kara por outro lado tinha um semblante preocupado, Alura estava ao lado da filha. Todos foram parar em uma sala de reuniões, quando Kara pousou na varanda do DEO com Lena em seus braços, a CEO não esperou Kara acompanhar, encontrou o diretor do departamento e perguntou como diabos havia outra Supergirl, foi então que todos foram levados para aquele questionamento.
- Alguém sabia sobre isso? - perguntou Kara, não estava irritada, ela só queria respostas.
Alex e Alura se entreolharam decidindo quem iria contar, Kara sentiu uma pressão em seu braço e olhou para a mãe que acabara de ganhar sua atenção.
- A consequência de uma kryptonita negra entrando em contato com um kryptoniano… - Alura olhou para Alex e a agente a encorajou, a mulher voltou para sua filha para continuar - Bom, ela tem a função de separar o lado ruim e o lado bom, porém em minhas interpretações isso só poderia acontecer internamente, em relação a sentimentos, mas parece que eu me enganei. Quando Lex deixou a kryptonita negra entrar em contato com você, isso separou fisicamente seu lado bom e ruim, o que explica essa sua nova versão.
- Então essa nova versão foi a que quase matou Kate? - perguntou Lena se deixando ficar feliz por um breve momento, Kara realmente não tinha nada a ver com o ataque à Batwoman.
- É a única teoria que faz sentido - respondeu Winn.
- E o que faremos? Não podemos ter uma versão má minha tomando conta de National City, se ela é parte de mim com certeza ela possui todas as minhas habilidades - Kara imaginava o quão destrutivo aquilo poderia ser, e ela não poderia permitir - Se uma kryptonita vermelha é capaz de fazer estragos, eu não consigo nem imaginar o que uma versão completamente ruim minha pode fazer - Kara olhou para todos naquela roda - Precisamos fazer algo para impedi-la.
- Não podemos matá-la - informou Alura segura de suas palavras, Lena imediatamente olhou para a mulher, ela havia se assustado com a menção da possibilidade de morte.
- Apesar de tudo ela ainda é Kara, ela não é uma intrusa, ela faz parte da Kara original - Alex soltou a mão de Sam apenas para gesticular - Não temos a certeza de que se eliminarmos essa versão de Kara, não haverá consequências em você - disse olhando para a irmã - Precisamos estudar uma forma de juntar as duas versões em uma só, como sempre foi.
- E em hipótese alguma essa história pode sair daqui - alertou J’onn - Se a população souber que há uma versão má de Supergirl e que ela está “cuidando” da cidade, eles vão surtar como aconteceu com Reign - Sam imediatamente desviou seu olhar do homem se sentindo um pouco culpada - Eles não podem saber que há duas Supergirl.
- E como faremos? Quero dizer, deixaremos a cidade sob o comando dessa versão gótica de Supergirl? - questionou Psi, algo naquela pergunta fez Imra sorrir internamente.
- Faremos de tudo para chegarmos nas ocorrências primeiro do que ela, ainda não sabemos qual o seu plano e o que ela pretende ao se expor dessa forma, mas enquanto ela não fizer mal aos civis, deixaremos ela pensar que não queremos uma batalha - aconselhou o diretor - Temos mentes brilhantes nessa sala, eu tenho certeza de que encontraremos uma solução. Eu enviarei alguns de nossos agentes para procurar a localização de Supergirl, vocês sabem o que fazer - dito isso J’onn caminhou para fora da sala deixando os outros ali.
- Nós encontraremos uma solução, minha filha, eu lhe asseguro - Alura beijou a testa de sua filha que suspirou, ela precisava disso. Lena deu espaço para as duas e Alura sorriu para a bela CEO - Seria uma honra para mim ter a chance de trabalhar com alguém tão brilhante quanto você, me daria essa oportunidade? - perguntou Alura sorrindo para a CEO, seu sorriso era tão amigável quanto o de Kara. Lena não sabia o que falar, parecia envergonhada e Kara sorriu com aquilo.
- Mãe, os últimos dois dias foram exaustivos tanto para mim quanto para Lena, quem sabe depois? - pediu Kara tocando no ombro da mulher.
Alura concordou de imediato, ela se culpou mentalmente por parecer inconveniente naquele momento. A mulher pediu licença para as duas e caminhou ao lado de Winn, Psi e Imra. Brainy continuava a olhar para Lena e foi quando Kara percebeu, a repórter franziu a testa observando aquela cena, Lena olhou para traz e Brainy imediatamente se virou, ele começou a andar para fora do local deixando a CEO confusa.
- Consegue acreditar nisso? - comentou Kara se apoiando na ponta da mesa, Lena ficou ao lado da repórter e suspirou.
- Depois de três destruidoras de mundo e uma delas sendo sua mãe, eu já não consigo duvidar de nada, mas uma outra Supergirl sem dúvidas alguma me deixou surpresa - Lena riu fraco e olhou para a mulher ao seu lado. Kara continuava pensativa - O que houve?
- Será sempre assim - a jovem tocou na lateral de seus óculos e Lena se achou uma boba por sentir falta daquela mania da loira - Por mais que eu queira, eu nunca vou conseguir deixar de ser quem eu sou, eu nunca vou conseguir abandonar Supergirl… E isso me assusta - Kara olhou para a namorada, ou ex, Kara ainda não sabia se estavam de volta ao relacionamento.
- Por que diz isso?
- Porque me assusta imaginar uma vida perfeita para mim com você ao meu lado, filhos, família… Me assusta imaginar tudo isso e saber que não vai acontecer, porque eu sempre vou estar colocando-os em perigo por ser quem eu sou.
Lena teve ainda mais a confirmação de que o segredo que Kara guardou foi para protegê-la.
- Você ainda pode ter isso tudo…
- Seria muito perigoso.
- Então o que estamos fazendo, Kara? Digo, eu e você? Eu não quero você apenas no agora. No momento em que eu disse sim para o começo de nosso relacionamento, foi para que ele se estendesse por um longo tempo. O fato de você ser Supergirl não me assustou, apenas me decepcionou por não ter sido sincera comigo. - o coração de Kara pareceu pular de sua caixa torácica ao ouvir aquilo de Lena - Se quisermos que isso realmente dê certo você precisa confiar que apesar de sermos mais fortes juntas, eu também sei me defender sozinha. Eu não preciso de Supergirl, eu preciso de Kara, da mulher pelo o qual eu me apaixonei, da mulher que me fez sentir como se realmente tivesse encontrado um lar, é dela que eu preciso, Supergirl é apenas um bônus.
Há alguns metros dali naquela mesma sala, Alex e Sam estavam caladas observando as duas mulheres, elas queriam sair, mas a conversa das duas havia ficado bem mais interessante e já que a CEO e a repórter não perceberam, elas também não iriam apontar que estavam ali.
Kara corava tanto que Lena passou a ter uma nova cor favorita ao ver o rosado nas bochechas da repórter.
- Você me perdoa? Hum… Você sabe, pelo… por tudo?
- Eu não quero perder você por conta do meu orgulho - afirmou - É, eu não nego que ainda há uma certa decepção, mas eu não posso me dar o luxo de perder você por isso.
Kara não esperava por aquela resposta, não era o que ela queria ouvir, mas era o bastante para pensar rapidamente em uma solução.
- Por mais que eu queira ficar com você, ser como antes, eu sei que não vai ser fácil, principalmente quando você ainda sente essa decepção - Kara segurou a mão de Lena e beijou, Lena não pareceu gostar tanto assim - Eu amo você Lena e você sabe disso, então eu vou esperar, vou esperar você me perdoar completamente para podermos começar do zero. Você nunca vai me perder, isso eu garanto - Kara conseguiu sorrir, algo dentro de si gritava que isso era o certo a se fazer, ela não poderia recomeçar com Lena quando a mesma ainda sentia a decepção, Kara esperaria por Lena o tempo que precisasse.
- Eu achei que era isso que você queria, nós novamente.
- É tudo o que eu mais quero - Kara sorriu podendo ter esperança naquele momento - Mas eu entendi que tenho que respeitar seu tempo, o que eu fiz não foi certo e mesmo eu querendo desesperadamente ter você de volta, eu vou respeitar seu tempo para me perdoar. Eu confio no que sentimos uma pela a outra e eventualmente, espero que logo - Kara e Lena sorriram timidamente ao mesmo tempo - Possamos começar novamente.
- Obrigada - agradeceu. Kara abraçou Lena, ela sabia que era necessário Lena perdoá-la completamente para que voltassem a ser como antes - Mas esse tempo não significa que eu queira você longe de mim, pelo o contrário, por favor, continue ao meu lado - sussurrou enquanto os braços firmes da repórter lhe abraçavam.
- Lena, você ainda não entendeu? Eu sempre estarei ao seu lado - voltou a prometer.
- Eu amo você - sussurrou a CEO.
Kara gentilmente quebrou o abraço, uma de suas mãos tocaram o rosto de Lena e a CEO fechou os olhos com o toque, Kara se aproximou e depositou um beijo na testa de Lena, um ato cheio de promessas e amor. As mãos de Lena descansaram na cintura de Kara enquanto aquele momento parecia se eternizar. Kara sorriu quando Lena abriu os olhos, a CEO se pôs a sorrir também, porque aquele não era um momento triste ou melancólico, era finalmente as duas agindo como duas adultas depois da intensidade do momento de fúria ter passado, Lena eventualmente iria se livrar da decepção pelo o segredo e Kara não se importaria de esperar, porque ela percebeu que não importava quanto tempo demorasse Lena e ela voltariam uma para outra, e a Super sabia que quando isso acontecesse seria espectacular, elas seriam invencíveis juntas. Um sutil ruído despertou as duas mulheres, Alex imediatamente virou o rosto quando sua irmã e Lena notaram a presença de Sam e da agente. Sam tinha os olhos marejados e estava tendo um momento difícil para não continuar a se emocionar com o que presenciara ali.
- Desculpa, é que eu nunca vi nada tão bonito quanto essa cena - explicou-se enxugando a simples lágrima que caiu de seus olhos. Alex continuava sem olhar para ninguém - Alex também se emocionou, ela só está escondendo.
Kara e Lena gargalharam ao ouvir aquilo.
- O quê?! Eu disse que foi um mosquito que entrou no meu olho - retrucou nada feliz por Sam a ter exposto.
- Eu preciso ir agora - disse a CEO voltando para a ex.
- Eu acompanho você, me dá só um segundo? - pediu e Lena concordou.
- Espero você lá fora - Lena se aproximou para beijar os lábios da loira em um impulso, e parou quando percebeu que não deveria fazer aquilo. Ela sorriu e beijou a bochecha da loira para a logo em seguida sair da sala.
Sam falou algo para Alex e correu para acompanhar Lena. A agente ainda evitava os olhos da irmã.
- Malditos mosquitos! - comentou tentando disfarçar a emoção.
Kara sorriu. A repórter se aproximou da irmã e conseguiu ver o olhar preocupado da agente.
- Você está bem com isso? Ter Lena de volta era tudo o que você queria…
- Eu ainda quero isso, mas eu consegui perceber que estava sendo egoísta, sabe? Eu queria que ela me perdoasse de imediato, eu não pensei o quanto isso poderia ser difícil para ela - Kara estava diferente, era óbvio que a repórter sempre pensou no bem dos outros, mas Alex percebeu que esse bem para todos estava mais intenso - Ela precisa desse tempo para poder me perdoar e eu vou esperá-la, não importa o quanto demore, só assim poderemos realmente começar de novo, dessa vez sem segredos, sem máscaras.
- Isso é muito… Bom, sem dúvidas alguma é o certo a se fazer - comentou ainda incerta - Ei! - Alex deu um leve soco no ombro da irmã - É bom ter você de volta - Kara puxou Alex para um abraço, apertando-a um pouco mais do que o necessário - Kara… Minhas costelas - disse ao sentir o começo da dor, Kara imediatamente a soltou se sentindo culpada.
- Ei, antes de me prenderem você me mandou uma mensagem, disse que levaria Sam em um encontro, como foi? - agora a loira estava animada, queria saber dos detalhes.
- Não fomos, eu não me sentiria bem indo me divertir enquanto minha irmã estava presa, teremos outras oportunidades - a agente deu de ombros como se não fosse nada demais.
- O quê?! Alex! Não! Sai daqui agora e vai com Sam, eu sei que você planejou algo especial… Por favor - Alex continuou a negar - Alex, não poderemos fazer nada enquanto não soubermos como chegar até essa outra versão minha, tenho certeza de que nada vai mudar em dois dias e além do mais, temos Brainy e minha mãe trabalhando nisso, minha mãe conhecesse tudo sobre Krypton e Brainy tem uma mente do futuro, você também é brilhante, mas eles podem cuidar de tudo enquanto você está fora. Você merece uns dias de descanso com alguém que ama.
Alex olhou para sua irmã quando ouviu a simples palavra “ama”, é, Alex amava Sam, e aparentemente todos poderiam notar.
- Tem certeza?
Kara sorriu.
- Absoluta, e se te faz sentir melhor, eu prometo ligar caso haja alguma novidade - prometeu e Alex acreditou - E não se preocupe com Ruby, ela sempre pode ficar comigo e minha mãe. Agora vamos, você está perdendo tempo.
Alex sorriu e um frio na barriga apareceu ao se sentir ansiosa para seu encontro com Sam. As duas saíram da sala, Kara logo avistou Lena e Sam a alguns metros daquela sala, as duas irmãs andaram em direção as duas, até que Psi parou diante delas.
- Aconteceu algo Psi? - perguntou Kara, Alex ficou de prontidão ao lado da irmã.
- Podemos conversar? É algo rápido - garantiu - A sós - dessa vez a loira olhou para Alex.
A agente olhou para sua irmã esperando alguma resposta, Kara concordou com a cabeça e a agente as deixou sozinhas. Kara esperou a telepata falar algo, claramente era algo importante, já que Psi dificilmente dirigia a palavra para a Super.
- Ontem eu e os dois Marty McFly - disse se referindo aos dois do futuro - Ficamos de guarda-costas da sua namorada - Kara quis corrigi-la e dizer “ex”, mas ela gostava de como soava - Estava indo tudo bem até aparecer alguém, ela estava flutuando, observando da varanda de Lena, ela me parecia que iria entrar no apartamento, até que eu interferir e ela nos atacou, não conseguimos identificar quem era, mas devido as novas informações eu tenho quase certeza de que era sua outra versão - Kara olhou para Lena atrás dos ombros de Psi a alguns metros dela - Eu não quis comentar na nossa pequena reunião porque eu não queria assustar Lena, mas acho que você deveria cuidar disso.
Kara voltou a olhar para Psi e lhe deu um sorriso em agradecimento.
- Obrigada Psi, você fez certo em não comentar diante de todos, obrigada - Kara deu leves batidas no ombro da outra loira e caminhou até Lena.
Psi virou-se para observar a interação das duas mulheres, e um quase que imperceptível sorriso apareceu em seu rosto ao ver as quatro interagindo.
- Então… - Kara andou lado a lado com Lena para a saída do departamento - O que vai fazer agora?
- Preciso passar na CatCo e autorizar uma nota sobre o equívoco de terem prendido uma das minhas repórteres, Kate nos dará um depoimento sobre o
- Oh… Kate… Ela, ela está aqui? - algo naquelas palavras de Lena deixaram Kara desconfortável.
- Ela retirou a queixa contra você Kara, e ela ainda vai ajudar a limpar sua imagem - Lena não respondeu a pergunta da loira e Kara sabia que não deveria insistir - Enfim, depois de resolver isso na CatCo preciso voltar para L-Corp.
- Mas é sábado…
- Infelizmente para alguém como eu isso não significa folga - Lena sorriu e parou quando chegaram a saída do departamento - Eu posso pegar um táxi, não precisa me acompanhar…
- Lena, eu sei que você pode cuidar de si mesma, mas eu não consigo deixar de me preocupar com você.
Lena sorriu, ela sabia que Kara nunca poderia deixar de fazer aquilo.
- Prometo que se algo estranho acontecer eu chamo por você, afinal você sempre estará a um chamado meu, certo? - questionou deixando a conversa mais amigável.
- Sempre - afirmou - Obrigada, sabe, por me tirar da prisão, por não me dar as costas mesmo quando estávamos distantes. Significa muito para mim saber que você continua do meu lado… - Kara sentia o nervosismo lhe consumir, esperar por uma resposta ou comentário de Lena sempre a deixava assim, com um nervosismo excitante.
- Você foi uma das poucas pessoas a acreditar em mim quando National City toda achou que eu envenenei aquelas crianças, você sempre acreditou em mim desde o começo, isso eu tenho que admitir.
- Então estava apenas retribuindo um favor?
- Não, eu estava seguindo meu coração, eu sempre soube que você era inocente - ao admitir aquilo novamente, Kara não pôde deixar de sorrir e consequentemente fazendo Lena sorrir também - Eu realmente preciso ir agora, nos falamos depois?
- Claro - retrucou ainda sorrindo. Kara acompanhou Lena ao táxi que parou para a CEO, ela abriu a porta para Lena entrar e a olhou da janela - Se cuida ok? - Lena concordou e Kara bateu no carro ordenando que poderia seguir.
A loira imediatamente arregalou os olhos quando viu que onde havia batido tinha um notável amassado, a repórter logo entrou no departamento com medo de que o taxista voltasse ao perceber o que ela havia feito.
…
- Ei! - Psi chamou. Alex acenou para Sam ao carro e depois caminhou até Psi que parecia um pouco apreensiva.
Alex caminhou entres os outros agentes e chegou até a telepata.
- O que foi? - perguntou preocupada que algo pudesse ter acontecido e ela tivesse que desmarcar novamente seu encontro.
- Eu queria te perguntar uma coisa… - Psi olhou ao redor como se o que tivesse prestes a falar fosse um segredo, Alex arqueou uma sobrancelha em questionamento - Como você faz isso?
- Como faço para ser a melhor agente que esse departamento já teve? - questionou inflando seu peito de orgulho próprio, porém Psi negou deixando Alex desapontada - Acho que não entendi o que você quer saber.
- Você e Reign
- Sam! - corrigiu.
Psi girou os olhos.
- Sam, você e Sam… Como você conseguiu? Quero dizer, ela está muito além de sua capacidade e - Psi parou de falar quando percebeu que poderia ser agredida pela a agente - Desculpa, é só que… Tem essa pessoa e provavelmente eu tenho sentimentos por ela, mas nada confirmado, e ela está além do que eu posso ter, ela é incrível e talvez eu não seja o melhor para ela, mas eu queria
- É óbvio que Imra sente algo por você Psi, é tão óbvio quanto Lena e Kara. Ela voltou para National City por causa de você, ela poderia ter ido para qualquer outro ano, século, lugar, mas ela escolheu voltar para cá. Só não seja uma versão de Mon-El, seja alguém bom para ela.
- Mas
- Eu não consegui Sam, nós simplesmente nos encaixamos, perdemos muito tempo decidindo quem dava o primeiro passo, então para livrar você de perder um tempo como esse, dê o primeiro passo, porque duvido muito que ela faça isso, ela já sofreu demais por outros amores
- ALEX!
- Se meu salário aumentasse toda vez que meu nome fosse chamado por aqui eu já não precisaria trabalhar - comentou ao ouvir alguém gritar seu nome.
Alex olhou para o agente que havia lhe chamado, a mulher tocou no ombro da loira chamando sua atenção.
- Para alguém que ler mentes você é bem ruim para ler as atitudes das pessoas, mas o primeiro passo é você que tem que dar, afinal o que de ruim poderia acontecer? Não responda - Alex deu duas batidas no ombro de Psi a encorajando e foi para o encontro do agente que lhe chamava.
…
Lena saiu do elevador, ela tinha em suas mãos dois sacos de um marca de fast food que acabara de se instalar na cidade, Big Belly Burger, a mulher caminhou até toda sua tecnologia, pegou um de seus dispositivos e desativou o campo de força daquela sofisticada prisão, Lillian sorriu ao rever sua filha, Lena caminhou até a mulher e entregou os dois sacos.
- Eu sei que você adora essas comidas - Lena conhecia sua mãe e Lillian se surpreendeu ao saber que Lena tinha conhecimentos de coisas tão particulares de Lillian, como seu desejo por aquelas comidas.
Lillian aceitou a oferta de Lena, ela estava faminta. Lena não voltou a ativar o campo de força, ela o deixou assim, sua mãe poderia correr e tentar escapar, provavelmente conseguiria, porém Lena confiava que ela não faria aquilo. A CEO tirou seu sobretudo e o deixou jogado em uma das cadeiras, ela pegou uma e a levou até sua mãe, a jovem sentou diante da mulher que estava sobre a cama e a observou.
- Isso é uma oferta de paz? - questionou para logo depois dar uma boa mordida no hambúrguer.
- O que você e Lex fizeram foi desumano, porém eu não deveria estar surpresa com isso - a voz firme de Lena chamou atenção de Lillian, era como se toda a dor houvesse amenizado e Lillian queria respostas para aquilo.
A mulher limpou o canto da boca já pronta para falar.
- Por que insiste em achar que Lex e eu estamos juntos?
- Porque é o óbvio, e você mesma me confirmou na nossa última conversa na prisão.
- Se me lembro bem eu não confirmei nada, só não neguei. Isso não diz nada - argumentou - Só porque Lex e eu temos o mesmo propósito de livrar nossa raça dos aliens, não quer dizer que estamos juntos nisso. Seu irmão e eu temos diferentes formas de querer eliminá-los e juntos podemos acabar nos destruindo ao invés de acabar com nosso inimigo comum - Lillian tomou um gole de seu refrigerante - Agora estou curiosa, o que Lex fez?
- Continua negando que não está envolvida nisso?
- Lena, se Lex e eu estivéssemos juntos você não acha que eu teria escapado da prisão desde o começo? Use sua inteligência, por qual motivo seria viável eu continuar atrás das grades e deixar seu irmão cuidar de tudo? Ele sempre foi inconsequente, eu precisaria estar ao seu lado fisicamente para que nada saísse do controle - Lena não sabia se poderia acreditar em Lillian, mas realmente a argumentação da mulher fazia sentido.
- Lex usou kryptonita negra em Supergirl, agora há duas delas, uma completamente má está solta em National City - Lillian pareceu surpresa, mas não de uma forma teatral, apenas o bastante para passar veracidade.
- Seu irmão está fora de sua mente com toda a certeza! Se o objetivo é acabar com os kryptonianos, o que raios ele estava pensando quando criou outro?! E o pior de tudo, um que é claramente nosso pesadelo, alguém que não tem escrúpulos e pode realmente acabar com nosso Planeta quando bem entender! - Lillian parecia irritada e desapontada - Você precisa parar seu irmão Lena, por mais que eu queira acabar com os kryptonianos, essa versão de Supergirl precisa ser parada o mais rápido possível para o bem de todos.
- Por isso que eu vim aqui - Lena levantou e Lillian pareceu confusa - Eu tenho certeza de que você sabe muito mais sobre os kryptonianos do que eu possa imaginar, sua obsessão por eles é quase que compatível com a de Lex, me entregue seus estudos sobre eles.
- Por que está me pedindo? Você claramente tem recursos, poderia invadir Cadmus e pegá-los sem empecilho algum.
- Porque eu sei que você é mais esperta do que isso, não deixaria algo tão precioso exposto em seu covil, eu preciso que me entregue então eu poderei parar Lex e essa versão de Supergirl - Lena imaginava que teria um inimigo em comum com sua mãe, uma nova versão de Supergirl.
- Eu farei isso, com uma condição.
Lena gargalhou em sarcasmo.
- Claro que tem uma condição.
- Me deixe ajudá-la, me deixe encontrar uma forma de acabar com essa versão de Supergirl, me deixe ter a glória de acabar com pelo menos uma versão kryptoniana - pediu levantando da cama e ficando diante da filha - Poderá ser da forma como você quiser, estarei ao seu lado enquanto trabalhamos juntas, depois você me prende novamente, e quando finalmente conseguirmos acabar com essa Supergirl o mundo saberá que Lillian Luthor fez algo bom.
- E desde quando você faz bons atos?
- Não é meu costume, mas o sentimento de poder acabar com um Super me dará uma glória pessoal que você não tem ideia - Lena hesitou - Eu sou sua melhor chance de acabar com essa ameaça e poder deixar sua namorada em paz, afinal, até onde eu lembro sobre meus estudos, quanto mais essa versão má fica forte, mais fraca Kara ficará, é uma balança Lena, juntas em um só há um equilíbrio com o bom e ruim, porém separadas sempre uma ficará mais forte do que a outra e quando essa balança estiver 100% do lado ruim, bom… Você sabe o que pode acontecer, não precisa confiar em mim, nada passa sem sua supervisão.
Lena ainda parecia indecisa e Lillian ansiosa por uma resposta, Lena deu um passo ameaçando Lillian.
- Eu juro que se você tentar me apunhalar pelas costas eu não pensarei duas vezes, eu mandarei você para prisão máxima, sem nenhuma visita, isolada longe de qualquer contato humano - ameaçou.
Lillian sorriu e estendeu sua mão para a filha.
- Temos um trato então? - Lillian não tirava os olhos de sua filha, ela não negava que tinha orgulho de ver sua filha se impondo daquela forma.
- Onde estão os documentos? Faremos tudo aqui, eu tenho tudo o que você poderá precisar.
Lillian sorriu.
- Eles estão no subsolo do meu escritório em Cadmus, não, não foram destruídos - informou - Há um dispositivo ao lado da janela do escritório, isso abrirá as escadas que dá acesso ao subsolo, lá você encontrará um cofre.
- Me deixe adivinhar, vai ser preciso sua digital?
Lillian negou.
- Digite os números do seu nascimento, então terá acesso ao que coletei até agora sobre os kryptonianos - Lillian viu a surpresa na feição de Lena - Você está perdendo tempo aqui…
Lena não falou nada, ela saiu da prisão e ativou novamente o campo de força, pegou seu sobretudo e saiu do local. Lillian a acompanhou com o olhar, ela sorriu quando Lena desapareceu no elevador e voltou para sua refeição.
…
Sam beijou a testa de sua filha e a jovem ficou ao lado de Alura e Kara, estavam saindo da casa da CFO, Alura e Kara seguiriam com Ruby para o apartamento e Alex e Sam seguiriam para o objetivo da agente.
- Se comporte ok? - pediu Sam e Ruby girou os olhos como se fosse patético sua mãe lhe pedir algo óbvio, ao ver a atitude da filha, Sam olhou para Alex - E eu culpo você por isso.
Kara gargalhou ao ver a interação das duas.
- Ela ficará bem Sam - garantiu Kara - Vamos nos divertir sem vocês aqui - Kara fez hi-five com Ruby, a garota estava animada.
- Kara, nada de exagerar ok? Ruby passa mal depois do seu terceiro pedaço de pizza - alertou Alex como se conhecesse a garota tão bem quanto Sam, a CFO parecia surpresa por Alex ter percebido aquilo - Alura, eu confio em você para cuidar dessas duas crianças.
- EI! - impôs-se as duas cruzando os braços em sincronia, foi a vez de Alura gargalhar.
- Pode deixar, eu cuidarei das duas - afirmou - Divirtam-se - desejou para as duas.
Elas se despediram com um abraço em cada uma ali e seguiram para o carro, Alex tomou as chaves de Sam e a CFO se acomodou ao lado de Alex, sendo sua co-piloto.
- Então, para onde vamos Danvers? - questionou colocando o cinto de seguranças.
- Até parece que eu vou dizer, Arias - Alex ligou o carro e olhou para a CFO - Pronta para o nosso primeiro encontro?
- Me surpreenda - pediu sorrindo.
As duas trocaram um rápido selinho e Alex finalmente deu partida no carro, não queriam perder um minuto.
…
Lena estava em seu escritório, além dos guardas na porta do prédio, Lena era a única naquele lugar. Lena estava lendo as diversas anotações e estudos que sua mãe possuía sobre os kryptonianos, Lena se perguntou como àquela mulher adquiriu tanto conhecimento assim, como ela poderia saber tanto sobre eles, aquilo assustava Lena mais do que ela podia admitir. A jovem fechou um diário de anotações e levou suas mãos ao rosto, ela estava exausta, ela passara a tarde inteira e parte de sua noite lendo sobre aquilo e quanto mais continuava a ler, mas ela tinha medo do que encontrar. Lena levantou e juntou todos os documentos, os guardou em seu pequeno cofre daquele escritório deixando-os a salvo até ela começar seu trabalho com Lillian. A mulher voltou para pegar sua bolsa, pôs seus sobretudo e quando guardou o celular em um dos bolsos ela sentiu um papel ali, foi então que lembrou do que achara em seu apartamento.
Terraço da L-Corp. 20h00.
E o símbolo de Supergirl como assinatura. Lena olhou para as horas em seu celular e viu que para aquele compromisso, ela já estava quinze minutos atrasada. A mulher hesitou, mas sua curiosidade era maior. A CEO saiu de sua sala e resolveu subir até o terraço daquele prédio.
Cada vez que subia um andar a mais, Lena sentia uma enorme ansiedade, ela não sabia o que esperar, pelo o que sabia, aquela versão de Kara era inescrupulosa e poderia jogá-la daquele prédio sem nem ao menos sentir remorso. Lena saiu do elevador, ela caminhou até a porta que dava acesso ao terraço e a abriu, de imediato o vento jogou os cabelos de Lena para trás, ela fechou seu sobretudo e cruzou os braços com o frio naquele lugar. Na extremidade do local estava a mulher, ela olhava para baixo, já não estava com as roupas para seu combate, ela se vestia exatamente como na noite passada, a calça jeans escura e uma jaqueta preta, Lena não se aproximou, permaneceu parada, ela sabia que Kara já tinha conhecimento de sua presença ali.
- Você nunca se atrasou antes - comentou Kara ainda olhando para a rua abaixo de si.
- Eu não planejava vir - respondeu sem temer.
Kara virou-se, ela teve que atuar para não mostrar que havia ficado sem ar ao ver a bela mulher, era quase que doloroso não ter Lena em seus braços.
- Mas você veio mesmo assim.
- Era você, você que foi até meu apartamento ontem… - agora sim Lena reconhecia, agora sim fazia sentido, era notável para ela nos pequenos detalhes a diferença entre as duas Kara’s.
- Eu precisava vê-la - Kara se aproximou e Lena deu um passo para trás. A mulher arqueou uma sobrancelha não acreditando na atitude da CEO - Está com medo de mim? - Kara gargalhou fraco - Logo você, uma Luthor?
- Eu só não confio em você - respondeu em seu tom firme, não demonstrando medo.
Kara mudou sua expressão, ela agora parecia irritada, se aproximou de Lena em sua velocidade e segurou firme seus braços.
- Me solta! - ordenou tentando sair da mulher - Está me machucando! - alertou quando sentiu a pressão aumentar.
Kara imediatamente a soltou quando viu a dor nos olhos de Lena, a Super fechou os olhos se amaldiçoando com a falta de controle.
- Me desculpa - pediu ainda de olhos fechados - Lena, me desculpa, eu não queria… eu - Kara abriu os olhos e olhou diretamente para a CEO, daquela vez realmente parecia a Kara que Lena conhecia.
- O que você quer de mim? - perguntou tentando ignorar o incômodo ainda em seus braços
- Agora o seu perdão por ter machucado você - Kara tentou tocar em Lena novamente, mas a CEO recusou - Lena…
- Você quase matou alguém no qual eu me importo
- Sua ex?
- E tentou jogar a culpa em alguém inocente!
Dessa vez Kara gargalhou.
- Você percebe que ela e eu somos a mesma pessoa, certo? A minha outra versão patética sentia todos esses sentimentos, essa fúria, essa raiva, ela sentia tudo Lena! Eu só fiz o que ela queria, porém não tinha a coragem. Se me acha um monstro, significa que sua preciosa Kara também é - Kara sentiu uma tapa em seu rosto, a mão de Lena ardia, porém Kara não sentia nada, ela estava surpresa com a atitude da CEO.
- Não se atreva a falar de Kara dessa forma!
- Somos a mesma pessoa.
- Não, vocês não são, eu não preciso de uma vida inteira para conhecer a pessoa que Kara realmente é, vocês são duas pessoas completamente diferentes, ela nunca machucaria um inocente, ela nunca me machucaria!
- Não? Porque se me lembro bem ela magoou você, e eu sei o quanto doeu - afirmou.
Lena ficou calada, algo sobre aquela Kara a deixava curiosa para continuar uma conversa, mesmo que uma conversa como aquela.
- Eu posso falar com toda a certeza, e eu sei o quanto vai doer em você, mas ela não confiava em você Lena, eram os meus sentimentos, ela pode dizer que foi para proteger você, mas não foi - Kara viu uma lágrima descer dos olhos de Lena e sua mão automaticamente foi para o rosto da CEO - Bem lá no fundo ela não queria contar sobre ser Supergirl porque ela tinha medo de você se juntar aos outros, a sua mãe e irmão, e juntos tentarem destruí-la, uma pessoa que não confia em você não merece ter você fielmente ao seu lado.
- Você está mentindo…
- Estou? - Kara sorriu, ela enxugou a lágrima de Lena e tirou sua mão do rosto da mesma - Você realmente acredita que era para proteger você? Clark, Clark é Superman, Lois sabe disso e até onde eu sei eles vivem perfeitamente assim, ele confiou nela porque sabia que Lois o amava bastante, que Lois nunca poderia machucá-lo, mas você Lena, se você quisesse você poderia acabar com Supergirl. Se alguém está mentindo, com certeza não é essa versão - respondeu apontando para si.
- O que você quer de mim?! - insistiu dessa vez com fúria.
- Nada, bom, nada do que provavelmente você esteja pensando, um plano maligno e blah blah blah - Kara girou os olhos - Eu só achei que você deveria saber sobre a verdade, e ninguém melhor do que eu para contar. Agora é por você Lena, se quiser continuar se iludindo pelas palavras de Kara, o problema é seu, mas não pode negar que te avisei.
Lena não esperava por aquilo, ela estava esperando um bom argumento para ela se juntar àquela Supergirl e provavelmente Lex, mas nenhuma palavra sobre isso foi mencionada.
- O que você ganha me dizendo isso?
- Sinceramente? Nada, como eu disse antes, eu só queria que você soubesse da verdade, Kara ela não merece você, você é muito boa para ela.
- Boa? - gargalhou em sarcasmo.
- Infelizmente sim, caso contrário eu teria alguma chance com você - admitiu pegando Lena desprevenida.
Kara sorriu, o mesmo sorriso que Lena estava acostumada a ver em Kara quando ela repetia o “eu amo você”, e aquilo a deixou confusa.
- Eu sinto muito pelo seu braço…
Antes que Lena pudesse chamar pela a loira, Kara pulou do prédio e Lena correu para ver o que aconteceu, ela deu passos para trás quando a Super voou pelo céu estrelado da cidade, Lena se perdeu olhando para a outra.
Kara voava com um sorriso convencido no rosto, como se tudo tivesse saído exatamente como ela previa.
Lena alcançou seu celular no sobretudo e ligou para o contato salvo, ela caminhou para fora daquele local e alcançou o elevador, seu coração batia rápido demais e suas mãos pareciam tremer pelo o acontecido.
- Lena? Lena aconteceu algo?! Você está bem?
Ao ouvir a voz de Kara, Lena conseguiu se acalmar, era quase que inacreditável como uma simples voz poderia ser tão importante para o bem-estar da CEO.
- Kara, eu tenho um plano.
Um sorriso confiante apareceu no rosto de Lena, ela estava tão certa de seu plano que seu sorriso era quase que diabólico, ela poderia ser taxada de muitas coisas, porém nunca de ingênua, ninguém a fazia de idiota.
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