História Love Me Like You Do - Follow Me To The Dark

08 - Follow Me To The Dark

Como toda manhã, a mansão acordava agitada, todos transitavam de um lado para o outro, arrumando seus quartos e esperando ansiosamente pelas visitas. Chuck e Naomi já haviam partido, voltariam apenas na tarde do Domingo e isso daria tempo suficiente para todos se divertirem e aproveitarem o dia sem regras, além disso, vovó Rose estava apoiando a diversão dos seus "netos" e também estaria os vigiando de longe.

Michael, Lúcifer, Gabriel e Gadreel já estavam no andar de baixo, arrumados e conversando abertamente sobre assuntos aleatórios enquanto os mais novos ainda terminavam de arrumar seus quartos.

Após a organização total dos quartos, eles desceram já arrumados e se juntaram aos mais velhos, quase todos pareciam felizes, quase, exceto Hester que mantinha em seu rosto uma expressão de ódio inigualável.

- Algum problema Hester? - perguntou Gadreel notando os pensamentos distantes da irmã.

- Não, nenhum... - falou sem encarar a face do irmão, tendo assim a atenção de todos presentes.

- Tem certeza? Não está se sentindo mal né? - Michael se levantou e tocou a testa da menor, como sempre fazia com todos, demonstrando sua preocupação constante.

- Estou bem, Michael... - desfez a cara de raiva e retirou delicadamente a mão do irmão mais velho de sua testa e a beijou, como sinal de devoção, Hester podia ser complicada, mas seu respeito por Michael a tornava alguém suportável, ele era o orgulho dela, o irmão perfeito, seu herói e se tinha alguém que conseguia acalma-la, esse alguém era ele.

- Isso é falta de dar! - Anna disse no sofá ao lado, arrancando gargalhadas de Lúcifer e Gabriel, quebrando todo o clima de amor entre irmãos de Michael e Hester.

- Pelo menos eu tenho a quem dar... - Hester sorriu vitoriosa.

- PORRA ANNA, NÃO DEIXAVA, KKKKKKKKK... - Lúcifer já aprontava mais um de seus escândalos.

- LÚCIFER! - Michael o encarou, repreendendo toda sua atitude com um único olhar, frio e mortal.

- Desculpinha... - fingiu arrependimento, mesmo assim ainda mantendo um sorriso malicioso nos lábios.

- Será que vão demorar muito? - Hannah se pronunciou, observando o rélogio de parede marcar 10:42.

- Acredito que devem estar a caminho daqui, falei com o Adam a alguns minutos e ele disse que já iam sair de casa. - Samandriel respondeu enquanto mexia no celular freneticamente, jogando alguma coisa que Lúcifer pareceu demonstrar interesse.

Todos falavam e se comunicavam livremente, mas Castiel mantinha seu olhar através das enormes janelas de vidro presentes na sala de estar, observando as grades da entrada da mansão, pensando que a qualquer momento, logo "ELE" estaria ali, entrando em seu mundo e conhecendo grande parte dele, em seus lábios rosados havia um sorriso, sincero e medroso ao mesmo tempo, suas mãos tremiam e seu coração parecia saber que algo estava prestes a mudar em sua vida.

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Dentro do seu amado carro, um Impala, cujo apelido é "Baby", Dean Winchester fantasiava como seria estar na casa de Cas, ao lado dele, observando seu sorriso tímido, seus olhos azuis, lábios rosados e a vontade incontrolável de tocar cada parte do corpo do menor.

Sam, Charlie e Adam discutiam sobre a bronca que levaram mais cedo de Jo, a loira, estava saindo para faculdade, uma aula extra marcada de última hora, quando tropeçou no monte de livros que Sam e Charlie não colocaram na estante, tendo esses dois culpando Adam, alegando que ele era responsável por tal tarefa, como castigo, Jo os obrigou a lavar toda a louça do café da manhã e isso os fez se atrasarem. Dean já havia ligado para Bobby pedindo permissão para os quatro dormirem na casa dos colegas, Bobby e Hellen estavam viajando e só depois de muita insistência Dean conseguiu a permissão, ouvindo todos os conselhos de Hellen sobre ter cuidado com os irmãos mais novos.

Finalmente, ao dobrar a última esquina com o Impala, os quatro avistaram, boquiabertos, a enorme "casa" no fim da rua, à medida que o Impala se aproximava, as grades foram abertas automaticamente, dando total passagem aos desconhecidos que estacionaram em um local reservado próximo a fonte, desceram ainda bobos com a beleza do local e foram recebidos por vovó Rose.

- Bem-vindos! Podem me chamar de vovó Rose. - a pequena senhora sorriu amigavelmente para todos e por um momento encarou Dean com um carinho especial nos olhos.

- Nós agradecemos, estamos contentes por estarmos aqui e por essa recepção. - Sam tomou a dianteira, sendo como sempre, um exemplo de educação, fazendo vovó Rose apertar suas bochechas.

- Entrem! Entrem crianças! - falou abrindo a porta de entrada, permitindo que todos entrassem e encontrassem os irmãos, pela ordem de nascença, todos em pé na sala de estar, como uma apresentação formal.

- É um prazer recebe-los em nossa casa! Eu sou Michael, irmão mais velho de Anna, Hester, Castiel, Hannah e Samandriel, que, como já conhecem não precisam ser apresentados. - disse num tom de voz firme.

- Eu sou Lúcifer ou Lú para os mais chegados, sou príncipe das trevas, capeta das baladas, transão da porra e irmão desses "demonhos" que estudam com vocês. - falou maliciosamente, mandando um beijinho para Dean no final, que o encarou incrédulo.

- Eu sou Gabriel, mas me chamem de Gabe, saibam antecipadamente, que todo o cardápio foi preparado por mim. - pôs a mão sobre o peito, orgulhoso do seu trabalho.

- Eu sou Gadreel, alguns me chamam apenas de Gad, espero que se sintam confortáveis em nossa casa. - finalizou as apresentações dos Novaks e todos aguardaram a vez dos Winchesters.

- Bom, er...eu, eu sou Dean Winchester e quero ser namor, digo, sou amigo do Cas... - encarou nervosamente o de olhos azuis que apenas sorriu envergonhado.

- Eu sou Charlie Bradbury, também sou amiga do Cas, estudamos juntos. - Charlie sorriu.

- Me chamo Sam Winchester e estudo na mesma turma que a Hannah. - disse observando claramente o contraste da cor dos olhos de cada um dos irmãos Novaks.

- Sou Adam Winchester e estudo com o Samandriel. - falou rindo para o mais novo dos irmãos.

- Bom, acredito, que agora, depois das apresentações, estão livres para se divertirem e estudarem, só não exagerem. - Michael falou por fim, saindo da sala sendo seguido por Gabriel, indo ambos para a cozinha, preparar o almoço.

- As divisões para dormir foram feitas por mim. - Lúcifer se mostrou responsável. - Adam e Sam vão dormir com Samandriel, Charlie com Hannah e Dean com Cas. - falou por fim saindo da sala, sendo seguido por Gadreel e Hester que não se sentia encaixada naquela roda de amigos.

- Sam! Adam! Vamos levar as coisas de vocês para o meu quarto. - Samandriel disse alegre enquanto subia as escadas.

Hannah e Anna fizeram o mesmo com Charlie, a levaram as pressas para o andar de cima, restando na sala apenas Dean e Castiel, um olhando para o outro, um mergulhando no azul calmo e vivo e o outro no verde intenso e suplicante.

- Você...vai, sabe, querer subir e guardar suas coisas? - Cas falou quebrando o silêncio de ambas as partes.

- Estarei logo atrás de você... - Dean abriu o seu belo sorriso, fazendo as pernas de Castiel tremerem de pura agonia, pois agora, o corpo de Castiel sabia, "ELE" estava definitivamente ali.

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Brandon caminhava solitário pelas ruas em direção a casa de Castiel, sabia o caminho decorado, já que o fizera milhões de vezes quando frequentava a mansão dos Novaks, em sua mochila o bilhete que Cas fez o lembrando do trabalho, mexia de um lado para o outro, como se existisse uma fresta permitindo que o vento entrasse, era exatamente como a vida dele se encontrava no atual momento, a indecisão acabou o tornando alguém confuso, alguém que nem mesmo ele reconhecia, alguém que se deixa ser levado pelo vento dos outros, balanceado emocionalmente e corrompido espiritualmente. Brandon se sentia a pior pessoa do mundo por tratar Castiel tão mal e sabia que não merecia outra coisa dele a não ser desprezo, porém mesmo assim Castiel ainda continuava a ser a pessoa de sempre, com o carinho e paciência que muitas vezes, o próprio Brandon invejava, o moreno de olhos azuis trazia para Brandon a paz que faltava em seu ser e ele não queria ter que abrir mão disso, mesmo que isso significasse que teria que lutar contra o Winchester. Castiel era o único que dava direção a vida de Brandon, ele fazia Brandon querer trilhar o próprio caminho, ser o vento para seus próprios sonhos.

A cada passo que dava, Brandon ganhava mais confiança, estava disposto e determinado, e quase como se fosse mágica, o vento soprou o cheiro suave e doce do perfume de Castiel presente na folha do bilhete para fora da mochila, chegando as cavidades nasais de Brandon, o inebriante cheiro da paixão.

Brandon agora não caminhava calmamente.

Ele corria.

Na esperança de chegar a tempo, e não o perder.

Num súbito impulso acabou esbarrando em alguém ao dobrar na esquina mais próxima, fazendo ambos caírem, um pouco machucado Brandon levantou e correu em direção ao rapaz que havia derrubado, estendendo sua mão para que o outro levantasse também...

- Ethan?! - falou encarando o loiro, amigo de Lisa, que havia ajudado ela e Charlie com o plano do ciúmes.

- Brandon? Nossa! Para que essa pressa toda? Vai tirar o pai da forca? - o loiro limpou toda sua roupa suja e suas mãos.

- Desculpa, estou meio apressado e acabei não te vendo... - coçou a nuca envergonhado e pode perceber que o loiro apesar de ágil e forte, era pequeno em relação a ele.

- Tudo bem... - Ethan encarou Brandon e pela primeira vez enxergou os seus olhos verdes brilhantes, fixos em si.

- Você ficou um pouco sujo aqui... - Brandon passou o polegar na boca, umedecendo ele e limpou a têmpora direita do garoto que ficou surpreso e envergonhado com a atitude do outro.

- O-Obrigado! - ainda desconfortável pelo toque gélido do outro.

- Tenho que ir, nos vemos por aí... - sorriu e continuou a correr, deixando ali um Ethan se sentindo estranho.

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Apesar de todos estarem fazendo alguma coisa divertida, Cas, Dean e Charlie já haviam começado a fazer o trabalho no quarto de Cas, enquanto isso, Adam, Sam, Hannah, Anna, Samandriel e Gadreel que se juntou a eles brincavam pelo jardim.

Dean estava a cada minuto com mais dificuldade de se controlar perto de Castiel, sua boca ficando seca, o nervosismo diante do sorriso do Cas enquanto explicava processos de formação, a admiração pela inteligência de Castiel e as desculpas esfarrapadas enquanto dizia não ter entendido apenas para Castiel repetir e ele poder escutar a bela voz do garoto, o tom levemente rouco de Castiel que o deixava extasiado. Dean estava deitado no tapete do chão do quarto, de lado, com a cabeça apoiada em um dos braços e na sua frente Castiel estava deitado de bruços, com um livro e um lápis entre as mãos e Charlie sentada na cama digitando parte do trabalho já feita em seu notebook, Dean percebeu quando Cas involuntariamente ficou de quatro se esticando para alcançar o outro livro que precisava.

- E-eu preciso...beber água... - falou dando um salto e correndo para fora do quarto enquanto se controlava para não ter uma ereção.

Caminhando ainda pelo corredor para se acalmar, notou algo que não havia percebido, um enorme quadro, com a imagem de uma bela mulher, de cabelos negros como a noite e olhos claros como o céu da manhã e no mesmo instante a fisionomia da jovem mulher lhe fez lembrar de Castiel, tão calma, tão serena, tão linda.

- Ela era muito bonita né? - Castiel apareceu de seu lado também encarando a imagem com a qual tentava se acostumar por não ser real, como desejava.

- Ela era com certeza a mais bela... - Dean o encarou e viu uma lágrima formar no canto de seus olhinhos tristes, tomou coragem e segurou a mão do menor. - assim como você! - sorriu galanteador.

- Agradeço pelo elogio, esse quadro é a única coisa que nos restou dela, não sabemos o que papai fez com as outras coisas - apertou a mão de Dean.

- Ela já havia deixado uma coisa melhor para ele, nove coisas para falar a verdade. - riu leve, também se sentindo enfraquecido ao ver o outro derramar lágrimas.

- E-eu...eu...sinto tanta falta dela Dean... - chorou, não aguentando mais.

- Calma, chore, ponha para fora! - envolveu o menor em um abraço, passando os braços fortes pela cintura do outro, enquanto o moreno chorava em seus ombros, encontrando ali conforto e um pouco de paz.

- Eu me culpo por não ter conseguido dizer a ela o quanto eu a amava, me sinto tão fraco por isso. - ambos agora estavam sentados, Cas entre as pernas de Dean, enquanto o maior limpava as lágrimas com os polegares, acariciando de leve o rosto avermelhado do outro.

- Não sinta culpa, não houve tempo suficiente, mas acredite, ela sabia que você a amava, que todos a amavam. - encarou a face entre suas mãos.

- Essa é a escuridão que há em mim, um dos meus pesadelos Dean, perder as pessoas que amo. - falou encarando o maior que prestava atenção em cada palavra sua.

- Então Castiel, apenas me permita... - processou as palavras que queria pronunciar.

- Permitir? O quê Dean? - Cas o encarou confuso.

- Apenas me permita conhecer a sua escuridão, apenas me permita segui-la, apenas me permita acabar com ela de uma vez, para poder te ver feliz. - os olhares se encontraram novamente.

- Por quê quer fazer isso Dean? - o azul cintilou de acordo com os batimentos cardíacos do menor.

- É simples, porque eu estou completamente apaixonado por você. - finalmente os verdes penetraram os azuis em uma união inseparável.

Dean o beijou.

Castiel o retribuiu.

Entrelaçados no meio do corredor, os lábios selados, as lágrimas ainda presentes no rosto de Castiel, os olhos fechados e todas aquelas sensações que iniciam calmamente como uma poça de água, mas evoluem continuamente para um mar agitado de emoções, o ar de seus pulmões suprimido pela força em que o selo se transformará em um beijo, onde Castiel havia cedido passagem para Dean tomar seus lábios rosados para si, umedecendo sua boca antes seca, enquantos os corações pareciam dançar juntos, no mesmo ritmo acelerado e descompassado.

Os azuis sendo tomados pelos verdes.

Os verdes sendo tocados pelos azuis.

Dean apertou a cintura de Castiel, o aproximando ainda mais, o tendo, enfim, para si, nesse momento Charlie abriu a porta do quarto para procurar os amigos, mas ao ver a cena, retornou sem fazer barulho, sorrindo e na sua mente um "FINALMENTE" comemorava.

Apesar da cena de muito amor, ali mesmo, após subir as escadas, apressado, um coração se quebrava ao chegar no ínicio do corredor, o suor em sua testa descia até seu pescoço, não estava acreditando que sua própria escuridão, seu próprio medo havia, agora, se tornado real.