História Love on the brain - Porra, vocês acham que eu sou burra?

Literalmente corri do quarto de Neymar para o meu. Mas a corrida não valeu de nada, assim que entrei no quarto dei de cara com a Rafaella sentada na minha cama mexendo em seu celular. Logo o aparelho estava na cama e a mesma me encarava com um olhar acusador, fodeu.

― Sabia! ― A mesma gritou e eu fechei a porta, escola de samba não é nada se comparada as batidas do meu coração ― Porra, vocês acham que eu sou burra? ― ela murmurou e eu levantou da cama, minha garganta estava seca.

Não tinha nada para eu dizer, eu simplesmente me sinto mal. Não por ter transado com ele, ou talvez exatamente por isso, na verdade eu não sei. Essa situação me deixou mais confusa do que sou.

― Merda, estava tão na cara! ― Rafaella andava pelo quarto pensando alto e eu a observava tentando entender o que essa maluca está pensando ― Primeiro vocês ficam todo estranhos na sua casa, no outro dia o Neymar some de manhã e chega em casa todo marcado ― ela me olha e aponta pra mim ― depois eu chego na sua casa e você está tão estranha quanto ele ― ela passa as mãos nos cabelos tentando montar todas as peças ― Daí no aeroporto um nem olha mais na cara do outro, você e Gil subitamente se grudam do nada ― ela arqueou uma de suas sobrancelhas, mais uma mania de Rafaella. ― Espera ― ela gritou ― ele sabia antes de mim? ― subitamente neguei com a cabeça.

Caminhei até a cama me sentando na mesma, a observando. Pela primeira vez eu não tinha a mínima noção do que se passava com a minha melhor amiga, logo com a pessoa que eu mais sou próxima, tirando o Caio.

― Por quê não me contou? ― ela murmurou me olhando friamente.

― Ah claro Rafaella ― resmunguei ― eu iria chegar em você e falar transei com o seu irmão ontem amiga ― coloquei as mãos no rosto e me deitei na cama ― Não sabia como chegar em você.

― Deveria ter tentado, sou sua melhor amiga ― tirei as mãos do rosto tendo a visão da mesma de braços cruzados e cara fechada.

― Você é toda protetora com seu irmão, não queria acabar com a nossa amizade por conta de um deslize ― ela me interrompeu.

― Deslize que aconteceu mais de uma vez ― ela suspirou e me encarou ― Pensei que você confiasse mais em mim!

― Não, Rafaella ― murmurei mas a mesma saiu do meu quarto batendo a porta com força.

Que merda! Rafaella era o único motivo para eu ter vindo nessa viagem, Rafaella é o único motivo de eu ainda morar em São Paulo. Logo de cara me identifiquei com a menina doida que sorria para os quatro cantos do mundo, que não tem papas na língua, que protege as pessoas que ela ama com unhas e dentes.
Eu não sei aonde eu estava com a cabeça de me submeter a isso, nem na minha amiga eu pensei. Não pensei na pessoa que poderia sair mais magoada dessa história além de mim. À alguns minutos atrás antes de deixar o quarto do Neymar eu estava cogitando a ideia de me submeter sim a ser amante.

Porém essa história já foi longe demais, acabei de magoar uma das pessoas que eu mais me importo e que mais se importa comigo. Por mais louca que seja a nossa amizade é importante demais para mim.

Nem percebi as lágrimas descendo pelo meu rosto. Tirei a roupa que eu havia acabado de vestir e segui em direção ao banheiro do quarto. Entrei de baixo do chuveiro deixando a água levar toda a culpa do meu ombro. E passei o banho pensando na merda que eu havia feito, eu sou um ímã para coisas ruins.

Coloquei uma roupa qualquer e me joguei na cama, nem liguei para o meu cabelo molhado no travesseiro ou pelas lágrimas que também estavam molhando o mesmo. Um certo tempo depois a porta foi aberta e Neymar entrou pela mesma, virei o rosto para o outro lado pra tentar esconder a cara de choro do mesmo.

― me desculpa ― Ele murmurou e eu fiquei em silêncio, não tinha o porquê desculpá-lo, ele não havia feito nada ― Rafaella saiu agora do meu quarto ― ele resmungou. Senti a cama mexer com o peso do mesmo e logo suas mãos acariciando os meus cabelos.

Fechei os meus olhos derramando mais lágrimas, meu coração parecia está sangrando com falta de alguém ou algo.

― Você não tem culpa de nada ― murmurei com voz de choro, suas mãos levantaram o meu rosto e ele depositou um selinho em meus lábios. Não sei porque ele fez isso, mas o meu coração acelerou.

Escutamos batidas na porta interrompendo a nossa troca de olhares. Murmurei para a pessoas entrar e logo Rafaella estava novamente no quarto. Seu rosto estava tão inchado quanto o meu e seus olhos vermelhos como os meus também.

― Vou lá embaixo ― Neymar murmurou levantando da cama.

― Fica ― Rafaella sussurrou ― Eu quero me desculpar com os dois.

Ela estava nervosa pois brincava com os seus dedos, assim como eu estava. 

― Eu perdi a cabeça, não por vocês ficarem pois vocês são grandes e sabem o que fazem ― ela prendeu o cabelo e me encarou ― Eu me senti excluída por nenhum dos dois terem me contado.

― Rafaella ― murmurei.

― Você é minha melhor amiga e você meu irmão ― ela nos olhou e fungou ― eu que deveria ter juntado vocês ― ela riu em meio as lágrimas me fazendo rir ― Não queria ter brigado com vocês, me desculpem!

Assenti e a mesma se jogou em cima de mim na cama me abraçando apertado. Não sei o que eu faria sem a Rafaella, ela faz até a situação mais constrangedora virar engraçado.

― Agora você pode sair, quero conversar com a minha amiga ― Ela empurrou Neymar que levantou da cama com cara de nojo.

― Me conta como foi o seu dia. ― murmuro assim que Neymar deixa o quarto e fecha a porta.

― Estou namorando ― ela bate palmas animadamente me fazendo sorrir abertamente.

― Finalmente tomou vergonha na cara ― falo e ela ri me mostrando as fotos que tiraram ― Cadê ele?

― Ele foi embora amiga ― ela fez cara de cachorrinho ― resolver os últimos detalhes do voo, ele volta para a Itália de madrugada ― assenti a olhando. ― Agora me conte tudo, gatinha!

Contei toda a história para ela desde o beijo em meu apartamento até o selinho que rolou aqui nesse quarto. Contei das incertezas e medos em relação a isso.

Eu não sei o que eu irei fazer daqui para frente, não sei se irei continuar com essa história. Não importa como a Bruna seja, ela não merece isso. Assim como eu não merecia.

― Então cunhada, prefiro você do que a Bruna ― Rafaella murmurou me fazendo revirar os olhos e rir.