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História Love on Wheels (Bakudeku) - Três


Escrita por: beachvibes

Notas do Autor


Postando em mais um domingo de Enem, torcendo para que você (que fez essa prova que definitivamente não define nada sobre você) tenha se saído muito bem e conseguido o que você queria, seja uma vaga em faculdade, seja testar seus conhecimentos.

Espero que esse capítulo marque o fim desses últimos tempos de cansaço mental e possa te ajudar de alguma forma.

Mais uma vez, não se esqueça: Essa prova não define nada em relação à você, você é muito mais que umas folhas de papéis!

Desculpe qualquer erro e boa leitura! xoxo

Capítulo 3 - Três


 

Bakugou Katsuki

 

 

- Quando foi que comecei a querer ter um patinador por perto? - Kaminari questionou em voz alta, de forma retórica.


   E eu percebi que também não sabia.

   Hoje fazia quase uma semana desde que vimos aquele maldito patinador pela última vez, por pura coincidência, treinando em uma pista pequena, vazia e consideravelmente perigosa.

    Fico grato por não ser o único que ainda pensa nele e no quão convicto ele soou quando disse que voltaria, mas, ainda assim, é perturbador. Quer dizer, tudo o que conhecemos dele é que se chama Midoriya Izuku e que tem uns miolos à menos. Na verdade, mais que isso, eu sei que ele tem algo que os outros não sabem, já que foi o único que realmente corri com ele. Ele têm a capacidade de me proporcionar a liberdade que sempre busquei e, inferno, depois dele todas as outras vezes em que corri no Wheels se tornaram chatas. Ninguém corre como ele. Ninguém me deixa acelerado como ele. Parece até que ninguém me entende como ele. Suspirei, irritado.

   Quer saber? Que se foda. Não preciso dele! Não preciso de ninguém!

   Peguei minha garrafinha de água na mochila, disposto a matar minha sede e, agora, consideravelmente agoniado.

   Estávamos matando aula no momento, havíamos acabado de treinar e correr após a manhã inteira, finalmente sentados no topo da piscina vazia que todos usavam para andar de skate quando podiam. Estávamos cansados. Dei mais uma boa golada na água antes de fechar a garrafa e guardá-la em minha mochila mais uma vez.
 

- Acho que só estamos impactados. - Sero, surpreendentemente, usou a lógica - Quer dizer, não sei vocês, mas ele é o primeiro patinador que eu conheço.


   Os meninos concordaram com murmúrios e acenos de cabeça, e isso, infelizmente, era algo com o qual eu não podia concordar também.

   Escolhi desconversar.
 

- Foi o jeito dele. - apontei o fato mais importante, ganhando a atenção dos outros três.

- É verdade... Ele veio só com aquele cara, desafiou a gente e quase alcançou você... - Kaminari observou, me encarando curioso - Está com medo dele?

- Medo? Dele?


   Me senti tão indignado que nem consegui usar um tom de voz raivoso. Agradeci por já ter parado de beber água ou eu, definitivamente, teria me engasgado. Sim, era a primeira vez que eu via um patinador buscar o mesmo que eu, a diversão e a liberdade, ao invés de beleza e isso era estranho, mas definitivamente não me deixa inseguro, porra! Eu sou foda para caralho! O melhor skatista dessa merda! O melhor dessa merda!
 

- É claro do que não, seu bostinha! - rosnei, empurrando o retardado do Denki, que caiu que nem uma banana podre do topo da piscina.

- Se quer vê-lo admitir isso precisa enterrá-lo à sete palmos de terra antes. - Kirishima zoou e eu tentei empurrá-lo também, mas o maldito desviou, rindo alto com Sero e Denki, que permanecia lá em baixo.


   E é claro que eu ia mandar ele ir se foder, isso se meu celular não tivesse tocado dentro da mochila. Estranhei, pois, literalmente ninguém me liga, nunca... Quer saber, é melhor eu parar de tentar adivinhar quem é, não é?! Peguei a porra do celular, atendendo de uma vez e antes de eu sequer dizer algo, escutei uma voz bem conhecida por mim disparar:
 

- Onde você está?


   Prendi a respiração e tentei não mostrar meu pavor para os três que me acompanhavam.

   Puta que pariu!
 

- Oooaaawwnnnn! - Kaminari gritou um gemido alto, agudo e longo bem ao meu lado e eu senti que ia morrer, nem conseguindo me questionar como ーou quandoー ele subiu tão rápido.


   Desliguei o telefone, sentindo minha pressão abaixar. Enfiei o aparelho no bolso e catei a minha mochila, me colocando de pé.
 

- Ai, ai, desculpa! - Kaminari se colocou em posição fetal, pronto para apanhar, enquanto os outros dois riam descontrolados.


   Passei direto por ele, sabendo que independente do gemido dele, eu estaria bem fodido, afinal, era uma ligação da minha mãe e isso, definitivamente, não tinha como ser uma boa coisa.
 

- Ei, tá indo para onde? - foi Sero quem questionou, parando de rir aos poucos, ao me ver pegar meu skate.

- Embora.

- Ah, relaxa, brô, era só uma brincadeirinha. - Eijirou falou sério.

- To pouco me fodendo pras babaquices do Kaminari.

- Então porque ta indo embora?

- Não é da conta de vocês.

- Ih, era o patinadorzinho... - Kaminari zoou, mas apenas me contentei em expor meu dedo do meio para ele, vendo os três patetas gargalharem de novo.


   Desci da piscina e corri, jogando o skate no chão e acelerando o máximo que eu podia. E acreditem, eu precisava acelerar. Demorei uns dez minutos para estar em casa, isso com incontáveis vibrações rolando no aparelho em meu bolso, e, a cada uma que eu perdia, eu sabia que a bronca seria pior. Quando parei de frente para a porta da minha casa, não enrolei. Queria enfrentar o mostro de uma vez e, porra, que monstro! Fechei a porta as minhas costas e logo ela apareceu: A fera que eu chamava de mãe. Sua carranca era inigualável e eu precisei me esforçar para não tremer na base ao ter seus olhos ígneos, transbordando ódio, em minha direção.
 

- Onde você estava? - sua voz estava rouca, crispando ódio em minha direção.


   Se eu me concentrasse bastante, podia sentir uma faca imaginária cortando minha garganta lentamente.

   Ela era minha mãe, não poderia me matar de verdade, não é? Então porquê parecia que podia?
 

- Na escola.

- Seu bastardinho mentiroso! - rosnou possessa, se aproximando e me puxando pela orelha.


   Fui arrastado, pela orelha, da porta até o centro da sala. Trinquei os dentes assim que fui solto, sentado no sofá, de frente para ela. Segurei a vontade súbita de esfregar minha orelha, que, definitivamente, latejava.
 

- É melhor me dizer a verdade, fedelho!


   Não respondi. Ela bufou alguns segundos depois, mas pelo menos não me bateu.
 

- Vou repetir: Onde estava, Bakugou Katsuki?

- Na escola! - repeti de imediato, insistindo de novo na mentira, indignado, mas ela sorriu de um jeito assustador e eu senti, de verdade, que deveria parar de mentir.

- Como estava na escola se eu recebi uma ligação dizendo que era a sexta vez que você faltava só essa semana, Katsuki? - foi aumentando seu tom de voz gradualmente, cada vez mais irritada - HOJE É SEXTA-FEIRA, KATSUKI! VOCÊ FALTOU A PORRA DA SEMANA TODA!


   Respirei fundo.

   Escola maldita, xis nove do caralho!
 

- É aquele caralho do skate, não é? - rosnou desgostosa - O que foi? Seus amiguinhos vagabundos matam aula e agora você vai na onda deles? TÁ ACHANDO QUE NÃO TEM PAI, NEM MÃE, MOLEQUE?

- Não tem nada a ver, velha... - tentei falar, mas ela me calou.

- Eu sabia que não devia ter deixado você começar com essa palhaçada de skate. Eu sabia!


   Agora eu fiquei irritado. De todas as pessoas que acham que skatistas são vagabundos, minha mãe definitivamente é a mais intensa e, inferno, como eu odeio quando ela faz isso.
 

- Se eu não vou pra escola é porque o ensino daquela joça é uma merda.

- Ah, é? - debochou, se esgoelando, mas eu não fiquei para trás.

- SIM! - aumentei meu tom de voz - Eu consigo estudar tudo o que se passa lá sozinho em casa e tiro ótimas notas! Você já me viu reprovar? - questionei furioso, vendo sua cara mudando: Deixava de ser uma expressão assustadoramente furiosa para ser uma expressão assustadoramente zen.


   E, claro que eu omiti, mas de fato a única parte boa da escola realmente são os meus amigos e, porra, se eles não estão lá, por quê diabos eu ficaria?

   A velhota ficou em silêncio. Consegui contar mais de sessenta segundos e eu já começava a me sentir ridiculamente nervoso de novo. Não é comum vê-la tão analítica, ela é muito mais sangue quente e, por isso, eu sabia que não podia estar vindo boa coisa de seu silêncio. Se meu pai estivesse todo pensativo enquanto ela quebrava a casa, eu sei que poderia me sentir seguro, mas quando ela se calava, eu deveria me preparar para o pior.

   Foi comprovado assim que ela voltou a falar:
 

- Quer saber? - ela se sentou no sofá de frente para mim, mais relaxada - Eu já estava discutindo isso com seu pai há um certo tempo.

- Discutindo o quê? - questionei curioso, mas ela apenas me ignorou.

- Saber que o ensino não te agrada é mais um ótimo motivo para te colocar na Academia Blade.


   Pisquei bem lentamente, duas, até três vezes, para ver se havia entendido corretamente.

   A Academia Blade é, literalmente, um internato de mauricinhos estúpidos. O lugar mais zoado desta cidade. Ela está tirando uma com a minha cara?

   Me coloquei de pé, indignado.
 

- Não pode me tirar da escola no começo do ano!

- É exatamente no começo do ano que devo te tirar da escola. - falou risonha, mas eu rosnei.

- Não pode fazer isso comigo! - me senti uma patricinha no final da frase e me odiei por isso.

- Posso sim. - ela parecia com sua cabeça feita e isso me dava um pouco de pânico - Sou sua mãe, pivete, e não vou pensar duas vezes antes de fazer o que é melhor para você.


   E isso, definitivamente, não era o melhor para mim, mas eu sabia que não adiantava de nada dizer, ela simplesmente não ia me escutar. Peguei meu skate, até então largado no chão e dei as costas, sem sequer pedir permissão e andando em direção ao meu quarto.
 

- Quando seu pai chegar, conversaremos melhor. - escutei sua voz soar, quando já estava entrando no cômodo que eu chamava de meu.


   E eu fiz questão de bater a porta com força, causando um estrondo alto. Sabia que isso podia provocá-la, mas eu estava furioso com toda essa história e, felizmente, ela optou por não vir brigar comigo. Larguei meu skate, tirei minha mochila e me joguei na cama, derrotado.

   Eu estava cansado, me sentindo injustiçado e frustrado. Por quê minha mãe é assim? Por quê sempre me impõe a fazer o que ela quer? Quis chorar, mas engoli a vontade. Não sou um perdedor para derramar lágrimas estúpidas assim!

   Quis gritar também, quebrar alguma coisa, bater minha cabeça na parede, ou sei lá, qualquer coisa que me ajudasse a descontar a raiva, mas ao invés disso apenas fechei meus olhos e entrei no mundo da inconsciência.

   Quando acordei, sem ter noção de quanto tempo havia se passado, vibrações incômodas rolavam no bolso da minha calça. Peguei o celular e tive que piscar algumas vezes para me acostumar com a luz forte que incomodava meus olhos. Eram os três panacas, no grupo que tínhamos em comum.

[28/04 22:00] Kirishima:
Bakubrô, tá tudo bem, cara?

[28/04 22:01] Kaminari:
É
Você sumiu


[28/04 22:03] Bakugou:
Estou bem


[28/04 22:04] Kirishima:
Cara, vai se atrasar pro Wheels de hoje?

   Me atrasar? Mas... Conferi o horário e vi que, sim, definitivamente iria me atrasar. Me levantei em um pulo, nem trocando de roupa.


[28/04 22:06] Bakugou:
Estou a caminho


[28/04 22:07] Kaminari:
É assim que se fala!

   Revirei meus olhos, sem conseguir segurar o sorriso. A verdade é que o Wheels não tem sido a mesma coisa, não desde que corri com aquele inútil do Midoriya, mas ainda era legal estar na presença dos meus únicos amigos. Coloquei minha mochila nas costas e peguei meu skate. Abri a porta do quarto silenciosamente e andei mais silenciosamente ainda pela casa, a passos curtos e apressados. Quando cheguei a sala e concluí que estava vazia, meti o pé. Abri a porta, sem me importar se já estava fazendo barulho e coloquei o skate no chão, acelerando bastante.

   Sim, eu estava fugindo de casa, mas só porquê minha mãe não me deixaria sair nunca se soubesse que eu estava indo ao Wheels. Ela é uma bruxa velha chata do caralho!

   Se ela tornasse as coisas mais fáceis, eu não precisaria mentir, será que ela não vê que, se eu minto para ela, a culpa é toda e unicamente dela? Ela é a minha mãe e é ela quem não me deixa confiar nela!

   Foda-se, não é hora de ter crise adolescente.

   A noite estava gelada, mas isso não era um problema, peguei meu celular, apenas para checar uma última vez o endereço que me foi passado do Wheels de hoje e fui até lá, num bom ritmo, sentindo a brisa fresca cortar ao meu redor. Ah, fala sério, como é bom ter o domínio do skate e como é bom essa sensação de poder simplesmente respirar fundo, sem nada te sufocando ou limitando.

   Não demorei muito a chegar ao pé do pequeno morro, subi correndo e logo estava lá em cima. O local estava cheio, haviam muitos meninos, meninas e até mesmo alguns adultos ali. Reparei que a pista da descida era de terra, o que definitivamente atacaria a alergia de Kaminari. Não tardei a avistar os meus amigos, observando os dois novos adversários que se preparavam para descer.
 

- Cara, finalmente você chegou! - Kirishima comemorou ao me ver.


   Observei que Denki coçava seu nariz com um lenço de papel freneticamente e já tinha seus olhos levemente inchados. Eu estava certo, fala sério, coloquei a mão nos bolsos, conferindo se tinha um antialérgico ali ーjá que eu sempre andava com um para ele, por pura precaução, graças às suas alergias intensas ー, e felizmente tinha. Joguei a cartela para ele, que a capturou com as duas mãos e retirou um, logo me devolvendo...

   Você deve se perguntar porquê ele mesmo não guarda, não é? Na verdade é bem simples: É porque ele é um irresponsável do caralho.
 

- O que foi aquilo de manhã? Você sumiu o dia todo! - Sero questionou e concluiu e eu bufei.

- Minha velha me ligou. - confessei, guardando o remédio no bolso novamente.

- E aí?

- Veio com um papo torto de me mudar de escola.

- O quê? - Kirishima arregalou seus olhos, totalmente chocado.

- Por quê? - o catarrento do Kaminari perguntou, com a voz fanha.

- Para onde você vai?

- Parem de perguntar tantas coisas! - rosnei, irritado.


   A verdade é que eu apenas não queria falar que era na Academia Blade que meus pais queriam me colocar. Eles iriam me zoar muito e eu não aguentaria tanta humilhação. Sem falar que aquele lugar é literalmente um internato, pelo que eu saiba, eu não conseguiria andar de skate com meus amigos nunca!

   Suspirei.
 

- Eu não sei para onde ainda. - menti - Mas relaxa, acho que vai demorar um pouco...


   Ah, se engano matasse...
 

- ACORDA!


   Quando pisquei meus olhos, entendi. Eu não estava mais com os meninos. Na verdade eu estava deitado na cama, já era o dia seguinte e eu havia acabado de ser acordado com um belo grito de bom dia da minha velha. Não sabia que horas havia voltado para casa e nem quantas vezes havia corrido ontem, mas sabia que havia voltado tarde e sabia que, muito provavelmente, tem algo de errado com a minha mão.
 

- Se arruma!

- O quê? - questionei confuso, afinal, havia acabado de acordar.

- MANDEI SE ARRUMAR!

- TA BOM, PORRA, PARA DE GRITAR! - berrei, irritado com tanta gritaria.


   E simples assim, ao invés de retrucar, ela bateu a porta do meu quarto e se retirou. Eu deveria ter estranhado, afinal, eu literalmente gritei com ela, mas eu acho que estava desorientado demais para perceber. Bocejei e me espreguicei, sentindo uma dor fodida em meu dedo anelar ao tentar fechar a mão no processo. Provavelmente o quebrei, cara, minha mãe vai ficar uma fera. Me levantei e percebi que ainda estava com as mesmas roupas, ou seja, passei o dia todo sem tomar banho. Puta merda!

   Catei uma roupa em meu closet e corri para o banheiro ali. Sim, meu quarto é uma suíte e sim, meus pais têm uma condição financeira consideravelmente boa. Não, meus amigos definitivamente não sabem, mas eu bem acho que o Kirishima até desconfia, já que é um intrometido do caralho.

   Tomei um banho rápido, tendo cuidado com meu dedo machucado ーnão que tenha adiantado de algum coisa, já que doeu para porra do mesmo jeitoー e logo me vesti, de um jeito bem simples, já que não sabia o que faríamos. Enquanto escovava meus dentes, percebi que não sabia que dia era hoje, mas eu provavelmente devia estar na escola, então, o que diabos estava acontecendo?

   Cuspi a espuma da minha boca, a enxaguei e corri até a sala, escondendo o dedo inchado no meu bolso. Passaria no hospital mais tarde e, com sorte, seria apenas uma luxação. Meu pai estava sentado na mesa da cozinha, ao lado da minha mãe e eu soube que para ele estar em casa, com toda a certeza, era sábado. Puxei uma cadeira e me sentei.
 

- Bom dia, filho. - meu pai sorriu e eu o cumprimentei levemente com a cabeça.


   Minha mãe me empurrou um sanduíche e uma caneca, e eu os aceitei sem questionar muito. Estava com fome. Comecei o meu café da manhã enquanto os dois conversavam brevemente sobre qualquer bobagem estúpida de suas vidas, até eu acabar e então seus olhares se voltarem para mim novamente.
 

- Acabou? - a velha questionou, já recolhendo as louças a minha frente.

- Sim, né...

- Então vamos. - meu pai se colocou de pé, se alongando e abrindo um de seus sorrisos calorosos.

- Vamos aonde? - perguntei desconfiado, porém também me levantando da cadeira.

- Vamos visitar a Academia!

- COMO É QUE É? - berrei, irritado, mas então minha mãe, em um movimento estupidamente rápido, me puxou pela orelha mais uma vez.


   A maldita foi meu arrastando casa afora, como se eu não tivesse cuspindo fogo de tanto ódio ao seu lado e meu pai a implorando para me soltar atrás de nós. Pegou sua bolsa no cabideiro da entrada e me arrastou até enfrente ao carro, isso tudo, pela porra da minha orelha.

   Velha maldita.
 

- Mitsuki! - papai ralhou - Não faça isso com Katsuki!

- Abre essa porra logo, Masaru! - a bruxa revirou seus olhos e meu pai a obedeceu com um suspiro cansado.


   Eu até ficava grato quando ele tentava me proteger de alguma forma, mas a verdade é que nunca adiantava de porra nenhuma. Nunca vi homem mais frouxo que meu pai. Entramos em seu carro e logo que todos estávamos com os devidos cintos de segurança, ele deu partida. Mamãe parecia satisfeita e, caralho, eu só queria, à todo momento, abrir aquela porta e me jogar do carro em movimento. Com sorte eu morreria de forma rápida.

   Mas a verdade é que não dava. Meu dedo latejava no bolso da calça, minha orelha ardia e um cinto de segurança me prendia. Joguei a cabeça para trás, a batendo no banco e torcendo para isso tudo não passar de um pesadelo, mas a voz de minha mente cantarolando a música da rádio não me deixava sonhar. E só piorou quando o carro finalmente parou por um bom tempo alguns minutos depois e me vi de frente para os muros de tijolos daquela instituição ridícula. A Academia Blade. O brasão em prata de duas espadas marcavam os grandes portões à nossa frente, que logo foram abertos para o carro poder passar.

   Não queria estar interessado, mas, porra, eu estava. Nunca havia conhecido o lugar antes, só ouvido falar e muito mal por sinal, mas a verdade é que o lugar era lindo. Assim que você passava pelos portões um grande jardim podia ser visto nas laterais do caminho para carros. Havia uma pequena estrada para pedestres entre o jardim e também um tipo de ciclovia, me perguntei como seria andar de skate ali. Me perguntei, na verdade, se era permitido andar de skate ali naquele pequeno campus, porque eu com certeza gostaria de passear por aqui com os meninos.

   Não precisamos andar muito de carro até avistar o primeiro grande prédio. Era rústico, todo de tijolos, mas sua arquitetura era muito bonita, quase vitoriana. Me questionei por alguns segundos quem havia o construído.
 

- Aqui é a reitoria. - mamãe falou, ganhando meu olhar momentaneamente - Legal, não é?


   E eu concordei mentalmente, voltando a encarar a vista, mas decidi apenas ignorá-la. Tecnicamente ainda estou bravo com ela.

   Logo passávamos por outro prédio, no mesmo estilo que o outro, mas um pouco maior, escutei minha mãe dizer que ali era onde ficavam as salas de aulas comuns, mas nem me virei para encará-la. Logo diversos prédios puderam ser vistos. Refeitório, alguns dormitórios, quadras de futebol, de basquete, de vôlei, laboratórios e até um prédio próximo as quadras, que, pelo o que eu entendi, eram vestiários! Aquele lugar parecia infinito! Infelizmente, eu confesso, a porra do ambiente todo é fascinante e super dá pra entender o porquê de ser um lugar visto como para mauricinhos.
 

- Chegamos! - mamãe falou animada e só então reparei que estávamos de novo em frente ao primeiro prédio.

- A reitoria?

- Então quer dizer que estava prestando atenção? - mamãe disse em tom orgulhoso, parecendo feliz, mas eu apenas revirei meus olhos - É aqui que vamos fazer o tour pela escola.

- Mas não acabamos de fazer?

- Não, bobo! - ela riu baixinho, soltando seu cinto, enquanto meu pai já se retirava do carro - Eu só te mostrei o que eu conhecia.

- O que você conhecia? - repeti, confuso.


   Mas ela já havia saído do carro, por isso, eu saí também. Subimos os poucos degraus da escada que dava acesso a entrada do local e, porra, se eu achei bonito por fora, admito que por dentro era estupendo! As paredes brancas, os quadros grandes, as portas de vidro, a maldita escultura bem no centro do salão! Fala sério, parecia uma galeria de artes e não um prédio de reitor. Me vi curioso, querendo saber como era o resto da escola.
 

- Bom dia, viemos fazer uma visita guiada pela Academia. - meu pai cumprimentou um tipo de recepcionista, que eu não havia percebido - Estamos agendados para às onze.


   A moça assentiu, papai se sentou no sofá ali próximo e mamãe me puxou, nos fazendo sentar ao lado dele, abaixo de um grande quadro com um barco no oceano. Não esperamos nem por um minuto quando as maiores portas de vidro se abriram ali no local.

   Nos levantamos e, por algum motivo desconhecido, eu me sentia meio ansioso.
 

- Bakugou! - um homem calvo de cabelos brancos e barba branca chamou sorridente, abrindo seus braços.


   Me perguntei de onde aquele velho me conhecia, até escutar a risada sonora da minha mãe ao meu lado.
 

- E aí, velhote! Voltamos para dar trabalho!


   Arregalei meus olhos, finalmente tendo as peças se encaixando aos poucos. Minha mãe estudou aqui? Mas minha mãe passou o ensino médio todo treinando sua patinação artística em uma escola especializada para entrar nas Olimpíadas.

   E sim, minha mãe anda de patins desde que eu me lembro de ser gente, inclusive, minhas primeiras memórias são encima de um patins e, inferno, como eu tenho vergonha disso. Se eu detesto patinadores, podem agradecer à ela, antes de qualquer um!

   Só para deixar claro, caso tenha ficado alguma dúvida: Não, meus amigos definitivamente não sabem disso!

 

- Espero não ter tanto trabalho dessa vez! - o velho sorriu, finalmente dirigindo seu olhar para mim - Bem-vindo a Academia Blade, meu jovem, a academia expertise em patinação.

- O QUÊ?


 


Notas Finais


Oi, como vocês estão? Espero que bem, muito bem!

Bem-vindes a Academia Blade!

E aí, alguém esperava por isso? Alguma teoria ou conclusão nesses três capítulos? Seja como for, espero que estejam gostando bastante!

Uma explosão de amor, nos vemos nos comentários!

• capas de minha autoria •
• plágio é crime •
• obrigada por ter lido •


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