História Love s Melody - Lágrimas

~* Capítulo XXIII *~

Lágrimas

KyuHyun POV’S on

Sunny me encarava com seus olhinhos miúdos e brilhantes. Seu rosto estava vermelho, algo que eu sempre achara adorável. Mas ela estava em uma posição realmente perigosa. Não sou muito do tipo cavalheiro, mas nunca me atreveria a desrespeitar Sunny. Ela não era do tipo de garota que eu ousaria a brincar. Ainda mais sabendo que ela tem sentimentos românticos por mim.

Ela ainda estava paralisada por causa de meu atrevimento, então resolvi parar com isso, já estava indo longe demais. Mas antes que eu sequer abrisse minhas mãos, a porta da sala é aberta e por ela entram Donghae e Sungmin.

O primeiro olhar que Sungmin me lançou, fez com que eu quase engasgasse com a saliva. Donghae olhou pra cena, tentando entender alguma coisa. Quem chegasse de fora, como os dois, e visse Sunny e eu, do jeito que estávamos, pensaria besteira com certeza.

_ É melhor soltar minha irmã antes que eu amasse sua cabeça. – Sungmin falou, em tom baixo.

KyuHyun POV’S off

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Haruki POV’S on

Eu voltava da casa de Nick, onde tivemos o que ela chama de “reunião”. Ela me contou o que Krystal havia aprontado na festa. Eu não tinha visto nada daquilo, e nem reparara que Yoko tinha sumido. Mas saber o que a ruiva era capaz de fazer, me dava calafrios. Ela havia drogado minha irmã! Isso me deu raiva. Eu gostava cada vez menos de Krystal. E cada vez mais de Nick.

Estava motivado a ser o “agente duplo” de Nick. E também precisava proteger Yoko. Continuei andando pela rua, o sol se punha e os postes de luz se acendiam. Virei uma esquina e, mais a frente, vi Yoko e Henry.

Henry...

FLASHBACK ON

_ Você vai ser meu espião, Haru.

Encarei Nick, que me olhava apreensiva.

_ Espião?

_ Sim. Não conhece o ditado “Mantenha seus amigos perto, e os inimigos mais perto ainda”? É sobre isso que ele fala.

_ Okay... eu acho que você e sua irmã leram muito A arte da guerra.

Nick riu e sorri.

_ Bem, Krystal também pensa assim. Por isso tem um espião em meio aos meus amigos. Então, pode fazer isso por sua irmã. Se não quiser fazer por mim…

Novamente, recebi o peso de seu olhar. Como alguém podia parecer tão doce, mas ser tão fria? Desviei o olhar e andei até a janela da sala, vendo o pátio da escola.

_ O que quer dizer sobre o espião entre seus amigos? Está falando dos garotos que andam com a Yoko?

Ela andou até mim e ficou ao meu lado.

_ Sim. – Olhou além da paisagem, imersa em pensamentos. – Um deles é um traidor. Mas ele faz isso por Krystal. Ele a ama.

_ Quem? – Me virei pra ela. – Quem é ele?

Ela me olhou, com os olhos carregados de tristeza.

_ Henry.

FLASHBACK OFF

Me escondi nas sombras de um beco úmido. Observei com frieza os dois que pareciam tão íntimos. Sabia que Henry estava enganando minha irmã. E também sabia o quanto Yoko era ingênua. Apertei os olhos quando os dois se separaram e seguiram caminhos diferentes.

Pensei em seguir Henry e avisar pra ficar longe da minha irmã, mas Nick disse que era essencial que ninguém soubesse quem Henry era. Só Nick e eu sabíamos sua verdadeira face. Além de Krystal. Então andei em direção à Yoko. Ela devia estar indo pra casa. Apertei o passo e a alcancei.

_ Quantos namorados você tem mesmo?

_ Haru? – Ela me olhou, surpresa. – Estava me seguindo?

_ Me poupe, Yoko. Tenho coisas melhores pra fazer. – Ela franziu o cenho e mostrou a língua. Sorri.

_ Henry não é meu namorado!

_ Mesmo? Ele parece gostar de você. – Vi ela corando e murmurando um “nada a ver”. – Como você reagiria se alguém que você gostasse te traísse?

_ O que? Como um namorado? – Ela me olhou, confusa.

_ Não só com um namorado. Talvez um amigo.

_ Hum – ela olhou para algum ponto, pensativa – Nunca pensei sobre isso.

_ Pois deveria pensar. – Olhei pra frente, e andei mais rápido.

Yoko parou brevemente e então correu pra me alcançar.

Haruki POV’S off

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 Yoko POV’S on

Na segunda-feira, o assunto mais comentado era a festa de Krystal. A Luta de Monstros havia sido um sucesso. Pelo menos para os Fires, já que os competidores deles haviam vencido. Sungmin não poderia estar mais furioso. Com os hematomas e cortes pelo corpo e a expressão sombria ele parecia assustadoramente perigoso. É bom o Siwon tirar umas férias e não perturbá-lo tão cedo.

Outra que está prestes a bater em alguém, sou eu, por incrível que pareça. Yesung não falava comigo em momento algum. Nem mesmo me olhava. Já na hora do intervalo eu estava decidida a ignorá-lo, assim como ele fazia.

_ Unnie, vamos ao shopping comigo hoje?

Olhei Sunny, que parecia ter ganhado na loteria, o que era a expressão usual dela. Terminei de mastigar e engoli. Ainda não havia ido ao shopping desde que me mudara. Por que não?

_ Claro! Vai fazer algo em específico?

_ Cabeleireiro. – Ela corou e deu um sorriso tímido. Sorri pra si, sabendo o motivo de ela querer mudar o visual.

_ Lá vem a naja.

Olhamos para onde KyuHyun indicava e vimos Krystal e companhia adentrando o refeitório. Ela vasculhou as mesas com os olhos e parou na nossa. Olhava em direção a Yesung. A garota abriu um sorriso sedutor e levantou uma sobrancelha. Yesung se levantou.

_ Eu já vou.

_ O quê? Você vai se encontrar com ela?! – Olhamos abismados para Yesung que assentiu normalmente.

Antes de sair ele me olhou brevemente, mas logo desviou os olhos. Abri a boca, surpresa, o vendo andar até Krystal que sorriu enormemente e enlaçou seu braço no dele. O refeitório inteiro pareceu ter notado e todos estavam chocados.

Logo que os dois saíram do salão, o murmurinho foi inevitável. Parecia que havia caído uma bomba em nossa mesa, e todos estavam quietos, encarando seus lanches. Menos eu, que ainda encarava a porta por onde Yesung e Krystal haviam saído. Juntos. Mordi meus lábios, em aflição.

_ O quê foi agora? Eles estão juntos? – Donghae parecia mais perdido do que o normal.

_ Até parece! – KyuHyun começou a rir. – Isso é impossível.

_ Não é – Henry comia palitinhos de biscoito. – Eles estão namorando.

Sunny deixou seu cupcake cair e todos olharam pra Henry. Ele franziu o cenho e continuou a comer.

_ Não estavam sabendo, mesmo?

_ Como é que é? – Sungmin gritou, atraindo a atenção das mesas a nossa volta.

Eles começaram a discutir e falar, indignados, mas não ouvi. Eu nunca havia levado um soco no estômago, mas apostava que a sensação era como o que eu sentia. Meu estômago revirou e tive de forçar o ar para respirar. Já sentia meus olhos arderem e tudo parecia ter perdido o som e o foco. Vi Sungmin se levantar e KyuHyun o segurou. Eu precisava sair dali. Agora.

Me levantei e nem vi se eles haviam notado. Corri até o banheiro, já sentindo meu rosto molhado. Entrei e andei até o reservado, me trancando lá. E chorei, escondendo meu rosto com as mãos. Meus soluços ecoavam pelo banheiro, mas eu não me importava. Sentia como se houvessem me estapeado. Por quê? Por que Yesung mentira pra mim? Ele havia dito que nada nunca ocorrera com Krystal, ela havia se tornado uma má pessoa. Ele não era uma má pessoa.

Logo o que Haru havia me falado no dia anterior surgiu em minha mente. Como você reagiria se alguém que você gostasse te traísse? Ele sabia? Como poderia saber? Então me lembrei que ele estava do lado de Krystal e era amigo dela.

 Era mais do que óbvio pra mim que eu gostava de Yesung. Mas nunca pensei que algo assim pudesse acontecer, ainda mais vindo dele. Isso seria uma traição? As expressões dos meus amigos foram de traídos. Mas quem eu era para Yesung? Só nos conhecíamos há algumas semanas, então eu não deveria me sentir assim.

Mas meu coração pesava. Me sentia confusa e algo doía dentro de mim. Respirei fundo, tentando me controlar e sequei meu rosto com a manga da blusa. Já havia parado de chorar, então abri a porta do reservado e vi alguém parado, em frente ao espelho. Jessica me olhou e sorriu docemente, enquanto espalhava o gloss cor de rosa nos lábios.

_ Yoko! – Ela notou meus olhos inchados e vermelhos e se virou pra mim. – Ah, querida, não chore. Você sabia que Krystal e Yesung ficariam juntos um dia. Eu te falei, lembra? Te avisei que você sairia machucada. Mas é incrível você ter pensado que algo pudesse acontecer entre vocês dois. Você achava mesmo que Yesung fosse gostar de você? Aposto que ele só era amigável por ter pena da pobre ratinha de biblioteca.

Me encolhi por causa de suas palavras. Olhei em direção a porta e vi Sunny parada ali, com a expressão furiosa. Jessica também havia notado, mas riu em tom de deboche.

_ Yah! Quem é você pra falar assim com a minha unnie? – Ela disse, ameaçadoramente.

_ Puf, me poupe. Não deveria estar babando por causa do Kyu, não? – Jessica saiu do banheiro, dando as costas pra Sunny. Esta grunhiu e se virou, saindo do banheiro também. Previ o que aconteceria, então as segui.

_ Por que você não toma conta da sua vida, sua idiota?! – Sunny gritou, no meio do corredor. Havia vários alunos ali, e todos pararam, olhando as duas.

Jessica se virou, com o sorriso cruel, e olhou pra Sunny.

_ Meu amor, eu não dou a mínima pra sua vida. Por que você não vai cuidar dela? Ah, acho que está muito preocupada em chamar a atenção do “Kyu oppa”, ne? Mas por que não olha o que aconteceu com a ratinha e deixa de ser estúpida? É a mesma coisa com ele. Por que um cara como ele, que pode ter qualquer garota dessa escola, iria olhar pra você? Deve estar no sangue ser um perdedor. Assim como seu irmão fracote.

Sunny parecia um tomate de tão vermelha. Suas bochechas estavam cheias de ar e ela apertava as mãos em punho, aguentando tudo que a garota lhe dizia. Mas quando Jessica falou sobre seu irmão, Sunny explodiu.

_ Não fale do meu irmão, sua piranha! – Ela gritou e pulou em cima de Jessica, puxando seus cabelos e estapeando a garota.

Jessica gritava e tentava se proteger, mas Sunny estava com muita raiva, então não dava trégua nenhuma pra garota. Os outros alunos riam e incentivavam a briga. Eu observava tudo, chocada. Saí de meu transe momentâneo e andei até elas, tentando tirar Sunny de cima de Jessica.

_ Sua maldita, venenosa, galinha, vou tirar todo esse reboco da sua cara aos tapas! – Ela gritava, agarrando os cabelos de Jessica.

Tentei separar as duas, mas fui empurrada pro lado, e os alunos fecharam as duas em um cerco. Havia pessoas demais e não me deixavam passar. Caí no chão e pude ver, entre várias pernas, as duas rolando no chão. Jessica agarrava os cabelos de Sunny, por cima dela, mas Sunny se esperneou e se soltou, logo a batendo de novo.

Do meio do cerco, vi Hyuna aparecendo, chocada, ela tentou ajudar a amiga, mas acabou sendo puxada pra briga. Consegui entrar na roda também, e tentei separar as três garotas que se atracavam. Acabei levando um tapa no meio do rosto e minha cabeça virou pro lado. Encarei minha agressora que me olhava com raiva. Hyuna pulou em cima de mim e tentei me proteger com meus braços, que foram estapeados.

Gritei, falando para ela parar, mas ela continuou me batendo. Meu rosto e meus braços ardiam. Eu nunca havia brigado com ninguém, então, obviamente estava perdendo. Comecei a chorar, desesperada para que Hyuna parasse de me bater, então ela sai de cima de mim.

Meus olhos estavam fechados e eu ainda tentava me esconder com os braços. Mas tudo parecia quieto. Senti alguém me puxar, fazendo com que eu sentasse. Abri os olhos e vi Yesung me olhando, com uma expressão assustada. Quando eu olhei em seus olhos e vi tristeza, comecei a chorar de novo. Yesung me puxou, em um abraço, escondi meu rosto em seu peito, agarrando seu blazer.

_ Calma, tudo bem – ele sussurrou – Já acabou.

Pude ver os outros alunos, quietos, observando tudo. Ao meu lado, Sunny era segurada por KyuHyun, mas ainda olhava Jessica com raiva, esta era contida por Donghae. Sungmin segurava Hyuna pelo braço, e não vi Henry.

KyuHyun soltou Sunny, e a olhou, zangado, alertando para ela ficar onde estava. Depois ele encarou os outros alunos.

_ Yah! Qual é o problema de vocês? Querendo ver garotas brigando e se machucando! Seus idiotas! – Ele gritou, furioso. Me encolhi. Todos continuaram calados. – Vão cuidar da maldita vida de vocês!

Alguns alunos se entreolharam, outros abaixaram a cabeça, e então, eles começaram a se dissipar. Yesung me ajudou a levantar. Meu rosto doía e senti gosto de sangue. Sunny, Hyuna e Jessica estavam com o rosto vermelho, os cabelos bagunçados e havia marcas de unha e pequenos machucados em suas peles. Eu não devia estar muito diferente.

_ Tudo bem? – Yesung me olhou, preocupado. – Consegue andar?

Assenti e ele passou o braço em meu ombro, me fazendo andar. Disse que eu devia ir até a enfermaria, cuidar de meus machucados. “Machucados”, no plural! Minha mãe vai chiar! As outras meninas também foram guiadas até lá. Todas bem vigiadas, para impedir que se atacassem novamente.

A enfermaria era grande e cheia de macas. A enfermeira que estava lá nos encarou, espantada. E correu pra nos auxiliar. Yesung me fez deitar em uma das macas. Eu não conseguia olhá-lo, então fiquei mexendo em meu blazer. Felizmente, minhas roupas estavam inteiras.

Quando a enfermeira chegou para me examinar, Yesung se afastou. Mas ficou próximo, observando tudo. Ela limpava partes do meu rosto com algodão molhado com medicamento. Ardia, mas era melhor do que apanhar.

_ Aish, vocês, crianças, brigando na escola. Mocinhas como você deviam se comportar e não esfolar esse rostinho bonito. – A enfermeira parecia severa, mas paciente.

Fiquei em silencio enquanto ela cuidava dos meus ferimentos. Me senti envergonhada, sabendo que com certeza isso seria motivo de fofoca pelo resto da semana. Depois de terminar seu trabalho, a enfermeira se levantou e passou a examinar Jessica, que estava pior que todas nós. Yesung voltou a se sentar ao lado da maca e me olhou.

_ E-eu tenho que ir pra sala. – Falei.

_ Nada disso. Não pode sair assim, tem que descansar. – Ele me empurrou delicadamente de volta pra maca. – Encrenqueira.

O olhei e ele sorriu.

_ Eu não estava brigando, estava tentando separá-las.

_ Fez um ótimo trabalho. Pelo menos distraiu Hyuna pra que a Sunny ficasse livre pra bater só na Jessica.

Sorri. Tudo aquilo parecia surreal. Ouvi Jessica choramingando quando a enfermeira limpou um corte em sua boca. Hyuna estava ao seu lado. Ela me olhou e deu um meio sorriso, pedindo desculpas. Assenti com a cabeça, minimamente. E suspirei.

_ Eu sei o que você deve estar pensando de mim. – Yesung disse. – Mas, quem sabe um dia você entenda.

O olhei, indignada.

_ Entender? – Ri, sem graça. – Como eu vou entender isso? Então você é mesmo namorado da Krystal?

Ele assentiu.

_ É por isso que não vai mais me ensinar a tocar piano?

Ele abaixou o olhar, ficando em silêncio. Apertei os lábios.

_ Você tem que voltar pra sua sala, Jongwoon-ssi.

Ele me encarou, com uma expressão triste. Desviei o olhar e fitei o céu, pela janela. Ele esperou um instante, e disse um “me desculpe, Yoko” em voz baixa. Então se levantou, andando e saindo pela porta. Pela terceira vez, só essa manhã, senti as lágrimas molharem meu rosto.

~* Fim do Capítulo XXIII *~