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História Love Shot - Capítulo Único


Escrita por: BTSHunt

Notas do Autor


REPOSTANDO

Biscoitinhoooooooooossssssssssss
Repostando depois que o projeto em que foi originalmente postada saiu do ar.
Espero que gostem!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Meu nome é Kim Taehyung e eu quero contar a minha história. 

Eu sempre fui solitário, isso nunca me atrapalhou na vida agitada que eu levava, afinal, ser líder de um Clã de vampiros em pleno ano de mil trezentos e oitenta não é uma tarefa fácil. O que eu vim relatar aqui, nessas páginas, é a parte mais importante da minha história, a parte em que eu conheci o amor da minha vida. Ou deveria dizer da minha morte? Eu não sei, ser um vampiro confunde meu senso do que está vivo ou não.

Primeiro, eu tenho que explicar algo: eu não gosto de mulheres, romanticamente falando. Esse é o primeiro ponto para que os meus protegidos tivessem feito aquela reunião, naquela madrugada do dia das bruxas; como eu não tinha alguém para voltar toda a manhã, eu era muito livre. Com livre, pode-se ler volátil e irresponsável, do tipo que não se importa muito se chegaria inteiro ou faltando um braço, se morreria com uma estaca no peito ou se seria feito refém por humanos em uma guerra por território. Essa era a preocupação do meu Clã para comigo. Eu era tão terrível que eles temiam minha vida. Ou eu devia dizer morte? Ou a segunda morte? Não sei dizer, mas pense como existência nesse mundo.

No dia trinta e um de outubro, meu melhor amigo, Namjoon, se sentou na varanda do casarão que morávamos, no meio das árvores de um bosque esquecido na periferia de Seoul, me ofereceu uma taça de sangue e passou a admirar a lua cheia comigo. Ele não disse nada por um bom tempo, até que me perguntou o mais óbvio.

— Não acha que está na hora de ter alguém?

Ah, Namjoon nunca foi muito de rodeios, ele era sempre muito direto, achava conversas triviais uma perda de tempo. Eu o encarei e ri, não tinha nada que eu pudesse fazer, sequer me irritar com ele ou dizer para que tomasse conta da sua vida, porque ele tomava, muito bem. Da dele e da minha.

— E eu vou ter quem?  No Clã todos sabem do meu comportamento, não há aquele que gostaria de estar comigo.

— Então procure fora. — ele deu de ombros. — Beber sangue de nossa espécie nos mantém fortes, você ter um amor nos mantém calmos, pois sabemos que por alguém, você viverá e não apenas morrerá por nós.

— Fala como se eu fosse um mártir, Namjoon.

— Sei que é. — ele riu. — Te conheço do avesso, garoto. Sei que morreria por nós, mas não queremos isso. Queremos que viva por nós e a sua motivação será um par.

— Não posso foder com a vida de alguém, transformá-lo em um vampiro e obrigá-lo a viver nessa vida.

— Pode encontrar quem queira. — sugeriu. — Há muitos humanos descontentes com suas vidas medíocres que querem a chance de serem melhores, mais fortes, imortais.

Pensei um pouco sobre o que ele disse, naquele momento, eu não sabia que tinha aceitado um destino o qual nunca quis, mas dentro de mim já havia aquela chama de esperança que dizia, num sussurro, que eu encontraria o que estava procurando. Ah, eu não sabia de nada e menos ainda que seria tão difícil.

Na noite seguinte, eu fui até a Catedral Central de Seul, era um local de paz para mim; ficava nos caibros do local, acima de todas as cabeças que passavam, escondido nas sombras apenas ouvindo o lamento dessa gente infeliz, os problemas e absorvendo aquela sensação estranha que eles chamavam de fé. Sempre gostei de ver como os humanos se comportam e o que pediam ao ser superior à eles, ia toda a noite naquele lugar, e as vezes passava a madrugada ali, e foi assim que eu conheci o garoto, minha perdição e minha redenção.

Seu nome era Jeon Jungkook, hoje ele atende por Kim-Jeon Jungkook, ou apenas Kook. Quando o conheci, era apenas um garoto que tinha completado dezoito anos recentemente, cheio de incertezas e medos. Fascinante. Ele tinha ido para a Catedral rezar pelos seus parentes falecidos, pedir perdão por seus levíssimos pecados, pedir auxílio em sua jornada e que um milagre divino salvasse sua família da miséria. O ouvi fazer os mesmos pedidos por cerca de seis meses, as vezes sua irmã vinha lhe buscar, foi assim que descobri seu nome, sendo gritado por ela. As roupas eram simples e puídas, o corpo dourado magro e olheiras preocupadas em seus belos olhos escuros. Jungkook era lindo e hoje é ainda mais.

Foi naquele dia, no primeiro de novembro, que ele me viu pela primeira vez. Estava da mesma forma que sempre, rezando por sua vida e de seus irmãos, pedindo um milagre divino quando eu ri, reverberando o som em todas as paredes da Catedral e fazendo seu coração disparar violentamente.

— Pobre criança… fadada à desgraça como todos os humanos.

— Q-quem está aí? — a voz trêmula soou e eu sorri nas sombras que me encontrava, era tão frágil que eu chegava a salivar.

— Apenas alguém. Me diga, Jeon… como é saber que não pode mudar seu destino sozinho?

— Não sei do que fala, minha fé mudará meu destino.

— Que otimismo cativante, devo concordar; talvez sua fé tenha mesmo lhe trazido algo que procura.

Se eu soubesse que, ao encarar os olhos dele, eu me sentiria tão exposto, teria iniciado de uma forma melhor. Pobre de mim que não sabia que encararia aqueles lábios com tamanho desejo e da mesma forma sentir minhas mãos formigarem por tocar aquele corpo. Eu comecei mal, pois a minha intenção não era me apaixonar, mas eu falhei e até hoje, depois de tanto tempo, meu Kook joga minhas palavras contra mim por pura diversão, me irritando por ser tão presunçoso em minha juventude.

— O que é você? — ele perguntou, apertando algo em seu peito que eu notei ser uma correntinha de prata, um crucifixo. Ótimo… eu não podia tocá-lo.

— Conversar, podemos? 

— Então desça para que eu o veja.

Anos depois ele me contaria que pediu para eu descer apenas porque não queria ficar olhando para o escuro e conversando com uma voz sem rosto, e que ficou arrependido depois de ver meus olhos vermelhos, porque eram assustadores e encantadores. Pulei em sua frente e ele deu vários passos para trás, assustado, com medo, seu cheiro ácido de quem queria sair correndo, mas as pernas não lhe obedeciam.

— Cristo…

— Não… um vampiro comum, pequeno Jeon. Nunca viu um de nós?

— N-não.

Eu fui seu primeiro em tantas coisas que sinto a derme arrepiar com a lembrança. Fui seu primeiro contato com um vampiro e ele detestou isso, porque era tão inexperiente em conversar com outra pessoa que não pôde fazer as perguntas que queria.

— Se continuar me encarando dessa forma, eu vou morder você.

— Minha cruz me protege de você.

— Eu gosto de me queimar. — respondi ao dar alguns passos para frente e ele alguns para trás.

— O que faz aqui?

Ah, a bela pergunta que me fez lembrar o motivo irritante que me fazia ir ali refletir; soaria muito fraco se dissesse a verdade? Que se foda, eu falei. Ele não riu, tampouco achou estranho, ele apenas… se solidarizou.

— Venho ouvir os lamentos dos humanos na esperança de ter respostas aos meus próprios.

— Você espia humanos? Por quê?

— São fascinantes. Tão frágeis e se acham tão fortes, tão pequenos e se acham tão grandes. É incrível. E você, por que vem aqui?

— Para pedir que meu Pai tenha compaixão.

— Da sua vida ou da pobreza em que vivem?

— Você não pode ficar ouvindo! — ralhou o garoto. — É pessoal.

— Eu não ligo. — deu de ombros.

— Você vem aqui para pedir o quê? Pedir perdão pelas pessoas que mata?

— Eu mato pra sobreviver. — eu aumentei o tom de voz, soando grosso e frio e vi o garoto estremecer, encolher, recuar. — Eu sou caçado dia e noite por sua espécie irritante que não aceita seu futuro curto e querem prolongar a vida bebendo o sangue da minha gente.

— Deve haver uma maneira diferente.

— Acredite… eu já procurei.

Exasperado, eu me sentei em um banco e fiquei olhando as imagens dispostas no altar. Estar perto daquele humano me irritava, ao mesmo tempo que me atraía e, como ele mesmo diz, eu devia ter ido embora naquele momento, e não esperado que ele se sentasse ao meu lado. O silêncio ainda estava ali, e eu o quebrei.

— Preciso de alguém. Estou aqui porque preciso de alguém, meu Clã me pede isso.

— Alguém?

— Alguém para me parar, para me fazer querer voltar para casa em segurança, alguém que eu queira cuidar, que cuide de mim, que me impeça de ser… tão eu.

— Meu pai diz que minha mãe o torna menos ele e mais pai. Você precisa se casar?

— Eu preciso me apaixonar.

— Não há alguém em seu Clã?

— Se tivesse, acha que eu estaria aqui dentro? Um ser das sombras encarando imagens santas e esperando uma solução cair dos céus? — respondi irritado, mas minha irritação o fez rir.

— Isso se chama fé.

— Isso se chama desespero. — eu o corrigi. — Não sei o que fazer. Tampouco devia estar aqui falando disso pra você, criança.

— Eu tenho dezoito.

— Eu tenho mais de cem. — rebati com uma cara feia. — Volta pra casa.

— Ainda não terminei minhas orações.

— Devo te deixar em paz. — respondi, me levantando, mas o garoto apenas se levantou junto.

— Tudo bem. Eu desejo que encontre alguém.

— Desejo que suas condições melhorem.

E eu me retirei. Durante alguns dias, eu ainda voltei para a Catedral no mesmo horário, apenas para vê-lo novamente, sem que ele soubesse que eu estava ali; vi o garoto sentir fome e frio, chorar copiosamente nos momentos difíceis que se seguiram devido às baixas temperaturas, provavelmente sua família não tinha estocado comida.  Nesse momento, ao vê-lo tão fraco, eu tomei a decisão mais importante da minha vida; eu levei comida e água, o suficiente para um dia em uma mochila de couro, para ele e os familiares, esperei pacientemente que ele surgisse, como sempre, no mesmo horário.

— Jeon? — o chamei da parte de cima da Catedral.

— O-o que quer? — perguntou com voz de choro.

— Ajudar.

— N-não pode.

— Posso.

Ignorando sua teimosia — ele sempre foi extremamente teimoso e comigo ainda é — eu lhe dei comida e água, me entristeci por ele estar tão faminto, por suas olheiras escuras, seu corpo magro, sua falta de esperança nos olhos castanhos.

— Quero te propor algo. — comecei. — Posso ajudar sua família a não passar mais dificuldades, colocá-los com gente de confiança, me certificar que prosperem.

— Você faria isso? — perguntou com a boca cheia de pão.

— Se você pagar o preço, sim.

— O preço?

— Viver comigo, se tornar um vampiro, me ajudar em minha empreitada como eu irei ajudar-lhe com a sua.

— É mesmo um demônio, não é? Querendo comprar minha vida dessa forma. Minha alma não me pertence, pertence ao Pai.

— Eu não quero a sua alma, inferno! — exclamei e ele se assustou. — Não sei mesmo onde estava com a cabeça de achar que… que você…

Como não disse mais nada, ele apenas continuou me encarando, então fiz a segunda coisa que não devia: sair correndo de lá. Claro, depois de anos meu Kook diria que sair correndo foi covardia, mas foi o momento em que ele notou que havia algo de diferente entre nós. Nos dias que vieram, eu aparecia para conversar e ele se acostumou com isso. Eu o ajudava e ele era grato. Precisávamos um do outro, mas não queríamos admitir.

Jungkook apareceu com olheiras ainda mais profundas, no final de novembro, chegou molhado pela chuva e cansado demais para andar, então rastejou até próximo ao altar, onde se encolheu de frio e fome. Ele não tinha aparecido por dois dias e me contou aos sussurros que sua família tinha sofrido um ataque, estavam bem, mas estavam escondidos e sem comida. Ele andou por meio dia para estar ali e agora não aguentava suas pernas, e eu não podia tocá-lo.

— E-eu… aceito sua a-ajuda. E-eu preciso d-de você.

— Não posso tocá-lo se estiver usando isto. — apontei para o crucifixo em seu pescoço. — Terá que renunciar sua vida para aceitar a minha.

— Morrerei de toda forma, se não o fizer. — ele disse baixinho, seu corpo já não emanava tanto calor quanto antes, ele estava morrendo lentamente em minha frente e o pensamento me fez entrar em desespero.

— Jungkook…

— E-eu… renuncio.

Com essas palavras, ele puxou o cordão de seu pescoço e o arrebentou, eram suas últimas forças antes de quase desmaiar; rapidamente peguei seu corpo magro e o abracei, tremia e respirava de forma fraca, os últimos suspiros.

— P-por… favor…

Sem esperar nenhum segundo a mais, afastei suas roupas e cravei meus dentes em seu pescoço, puxando o sangue para minha boca e o tomando com rapidez; podia sentir a fragilidade até mesmo no líquido vermelho que escorria pela minha língua, me deixando ainda mais preocupado. No processo, ele desmaiou algumas vezes, mas eu tinha que mantê-lo acordado, ele tinha que beber meu sangue.

Rasguei meu braço com meus dentes e tentei fazê-lo beber, mas não conseguia, ele estava fraco demais até mesmo para isso, então peguei um copo que tinha trazido juntamente com a moringa de água e enchi uma dose do meu sangue, só assim foi possível obrigá-lo a beber. Aquela dose salvaria sua vida. Também salvaria a minha.

Foi a primeira vez que Jungkook tomou o meu sangue, e por mais estranho que pudesse parecer, ele iria se acostumar a fazer isso em uma taça depois de algum tempo.

 

Desmaiado por três dias, esse era o garoto depois de ter sido transformado por mim. Organizei para que sua família tivesse um bom local para morar e seguir a vida, cumprindo minha parte do acordo; agora, eu apenas o assistia se transformar. Lentamente seus músculos se desenvolveram e cresceram, ele ficou mais alto e mais forte, os cabelos agora mais volumosos e de um tom bonito de castanho, o maxilar mais definido e os lábios mais cheios, vermelhos e bem desenhados, a pele mais pálida, os caninos pontudos a lhe cortar a parte interna da boca. Se o garoto já era lindo, agora estava gostoso pra caralho.

Acompanhei toda a transformação, ele estava deitado em minha cama, no meu quarto, em minha casa; claro que algumas pessoas do Clã perguntaram sobre ele, então eu expliquei toda a história na última reunião que tivemos, inclusive, a parte que ele iria morrer se eu não o transformasse. Houve burburinho, mas não tanto ao notar que o garoto era muito novo e não tinha todos os preconceitos que um adulto teria. Fácil, porém, nunca foi.

Me lembro como se fosse ontem quando ele acordou assustado com o cheiro do meu sangue, seus olhos de um vermelho profundo, desses que só existem nos recém-criados, me encararam com medo e confusão, sem saber onde estava ou porque seu coração não batia mais. Sequer respirar ele precisava, não era mais um humano e só se deu conta disso quando suas lembranças retornaram aos poucos.

— Onde está minha família? — foi a primeira coisa que ele me perguntou.

— Segura. Está no leste, depois das colinas, com uma família de lavradores. Agora eles têm emprego e comida, um teto e estão protegidos de ataques.

— Quero vê-los. — ordenou e isso me fez rir.

— Ainda não pode, está fraco, precisa se alimentar.

— Eu não tenho fome.

— O tipo de fome que você sentia não existe mais. Agora sua fome vem da necessidade de sangue e é preferível que tome o meu.

A expressão de asco que tomou conta de seu rosto foi impagável, até hoje não me recordo dele ter feito algo parecido depois; é claro que ele não tomou o líquido naquele momento, ele se sentia mal, sujo, um pecador por estar daquela forma, na condição de um vampiro, mas logo se lembrou de que foi sua escolha. Nem de longe se sentiu melhor assim, então nos primeiros dias permaneceu trancado dentro do quarto, sem querer ver ninguém; sequer minha presença era bem quista por ele que sempre rosnava para mim quando me aproximava. O engraçado é que até hoje ele rosna quando faço algo que ele não gosta. Era para soar ameaçador? Pois para mim desde o começo parecia um filhote de gato assustado.

No final do quarto dia sem se alimentar, fui alertado por Namjoon que não era interessante entrar no quarto, afinal, o garoto estava faminto e se recusava a beber sangue, podendo adoecer por conta disso, mas algo em mim sabia que eu era o único que poderia fazê-lo beber, e talvez tivesse que ser diretamente da fonte. Abri a porta e encontrei o garoto agachado no canto, estava abraçado com seus joelhos e sua roupa amarrotada, puxava o ar de uma forma que não era necessária, pela boca, quase como que em uma crise pânico. Ao me ver, as pupilas dilataram e suas orbes tomaram um tom intenso de vermelho, revelando sua fome.

— Por que está se privando de beber? — perguntei a ele.

— Não é certo.

— Não é certo que eu tenha te livrado da morte uma vez e que você a procure novamente.

Tirei minha camiseta, sabia que meus pontos vitais ficariam expostos e que pulsava aos olhos dele, seria difícil demais resistir assim; me sentei na cama e esperei alguns segundos antes que ele viesse ao meu encontro e se sentasse ao lado.

— Não sei o que fazer. — respondeu o garoto num tom baixo.

— Quando morder, abrirá duas feridas, e então é só chupar o líquido até que se sinta saciado, ou então que eu o pare.

— Vai doer?

— Sua língua agora produz saliva que é capaz de anestesiar o local.

— Posso morder qualquer lugar?

— Os pontos mais pulsantes são melhores.

Então ele se virou para mim, foi o momento exato que o garoto abandonou de vez sua antiga vida e abraçou aquela comigo; os dedos frios passaram pela minha garganta e a lateral do pescoço, tombei-o para o lado para dar mais espaço a ele, sua língua circundou o local e a mordida veio fraca de início, mas quando sua boca se encheu com o líquido, ele passou a sugar com força. Um arrepio passou pelo meu corpo e eu suspirei, segurei seus cabelos e o deixei se alimentar até que eu mesmo chegasse na linha de risco, então o afastei de forma rápida, o fazendo cair sobre a cama.

— Desculpe. — pediu coma boca suja de sangue e logo passou a língua por ela.

Não pude me conter, me aproximei de forma que meu corpo ficasse parcialmente sobre o dele, limpei seu lábio inferior com o dedo e levei até os meus lábios, lambendo o sangue.

— Se sente bem?

— Tonto e mole. — respondeu baixinho.

— É assim mesmo, com o tempo você se acostuma.

Talvez eu tenha o encarado por muito tempo, e depois ele me confirmou isso, mas não podia evitar, era muito pra mim, sempre foi e sempre vai ser.

— Eu não sei seu nome.

— Kim Taehyung.

— Tae...hyung.

Eu sorri para ele, agora sem medo que visse minhas presas e ele sorriu minimamente de volta, somente o suficiente para que eu notasse. Se acostumar com aquela vida levaria tempo, mas agora o garoto tinha a eternidade, não precisava se preocupar com isso; aos poucos ele se sentiu confortável para sair do quarto, mesmo que tenha levado uma semana toda para isso. No final dela, recebi a pergunta que me deixou bem perplexo, mas ainda contente.

— Hyung, você não tem que se alimentar? — ele me perguntou, estava sentado na poltrona confortável, lendo um livro de capa escura. Ele sempre me seguia, mesmo que fosse para fazer nada e isso acontece até hoje.

— Tenho. — respondi despretensiosamente enquanto lia alguns papéis no escritório da casa que dividia com parte do meu Clã. — Por quê?

— Você não pode… se alimentar de mim?

— Posso, se você deixar.

— A-ah, eu…

Ele se encolheu atrás do livro, se ainda pudesse, com certeza estaria corado ao notar que somente precisava deixar que eu o fizesse.

— Você pode colocar numa taça, como pede que eu faça. Na verdade, eu não entendo porque você só bebeu uma vez diretamente de mim.

— Ainda é estranho estar sugando seu pescoço.

— Nunca vi nada de estranho nisso. Acho que é só falta de costume. — respondi num sorriso pequeno, mas o garoto nunca entendeu o que eu queria dizer com aquilo.

— Pode ser… — Kook ficou certo tempo sem dizer nada. — Você… prefere… o meu…

— Beber direto do seu pescoço implica uma intimidade maior, proximidade, confiança. Sim, eu prefiro, mas não posso obrigá-lo a isso, até porque eu posso facilmente fazer algo que você não queira.

— Algo que eu não queira? — perguntou um tantinho mais curioso, o que me fez sorrir por trás dos papéis.

— Sua boca é bonita, Jeon, e eu tenho vontade de prová-la desde o primeiro momento que eu a vi, então… eu posso não me segurar se você ficar muito perto.

Novamente ele se afundou na poltrona macia, balbuciando algo e se não fosse minha audição muito apurada pela minha espécie, eu não teria ouvido que o garoto reclamava por nunca ter beijado alguém.

— Você nunca beijou? — perguntei erguendo uma sobrancelha.

— Não, eu… não convivia muito com pessoas.

— E você tem vontade?

— Tenho… acho…

É claro que eu fiquei muito feliz de ouvir isso, pelo menos o garoto tinha vontades parecidas com a minha, apesar de eu duvidar que fosse na mesma intensidade.

— Kookie? — chamei. — Você permite que eu me alimente de você? 

O garoto se levantou e ficou me encarando, talvez pensando se aquilo era realmente uma boa ideia, mas depois de alguns segundos eles se aproximou, decidido no que iria fazer; dei espaço para que ele se apoiasse na mesa, onde eu estava, e ocupei sua frente. Os olhos não estavam temerosos como eu já havia me acostumado a ver, estavam serenos e o corpo menos tenso; toquei a lateral do pescoço e o outro estremeceu levemente, fechei nossa distância com calma, meus lábios roçaram naquela região tão sensível e por reflexo minhas mãos se apoiaram na cintura do castanho, deixei alguns beijos molhados naquela região para que ele não sentisse dor e quando já bem distraído, cravei os caninos na pele macia.

O sangue do garoto era tão doce quanto o cheiro suave que desprendia dele, o líquido descia lentamente pela minha garganta, não tinha pressa em fazê-lo, queria saborear; nossa altura não estava mais tão diferente quanto antes e Jungkook apoiou as mãos em meus braços, sem a intenção de se soltar. Seu corpo estava entregue e notar isso me causou um arrepio pelo corpo inteiro.

— Hyung… — o garoto gemeu baixinho e eu parei de sugar seu sangue, passei a língua pelo ferimento para estancar e me afastei para olhá-lo.

— Está tudo bem? Foi muito?

O Jeon não me respondeu, encarou meus lábios que eu sabia estarem mais vermelhos do que o comum e entreabriu os dele; soube naquele momento o que estava prestes a acontecer, se meu coração ainda batesse, estaria disparado, com total certeza. Foi o garoto que fechou nossa distância e juntou nossos lábios num selar gentil que eu aprofundei sem pressa alguma, o beijo tão doce quanto seu sangue, as mãos a afagar meus cabelos, o corpo agora musculoso a se juntar com o meu. A sensação era tão boa que eu me perguntei porque tinha demorado tanto para acontecer, mas não importava, os lábios se tornaram um vício que eu levaria pela eternidade; a língua do outro veio tímida num primeiro momento, sem saber ao certo como, apenas seguia o seu instinto sem saber que me enlouquecia.

— Tem certeza que foi sua primeira vez? — perguntei baixinho depois de me afastar minimamente.

— Uhum.

— Incrível… e o que acha de uma segunda, terceira, quarta?

Foi a primeira vez que ouvi o riso de Jungkook, que seu sorriso se tornou largo e os olhinhos se fecharam, eu posso dizer com toda a certeza que foi nesse momento que eu me apaixonei por ele. 

— Seu sorriso é lindo, por que não sorri mais?

— Eu nunca tive motivos, hyung.

E então eu prometi que faria meu melhor para ele sempre sorrir daquela forma.

 

Dois meses depois daquele beijo, Jungkook me ensinou mais uma coisa muito importante: a natureza é perfeita em todos os seus detalhes e não importa qual é a sua espécie, seu instinto o guia para as suas necessidades até que sejam saciadas.

Estava eu sentado no sofá do meu quarto, lendo alguns papéis e relatórios enquanto amanhecia, a casa já estava completamente fechada e pouca luz passava pelas cortinas grossas; estava de roupão, tinha acabado de tomar um banho e a vontade de sair do ambiente confortável era nula, então passei a tratar de negócios ali, mesmo que o local adequado fosse o escritório. Acho que meus instintos já me alertavam para a situação futura, sem que eu me desse conta disso. Jungkook abriu a porta timidamente e entrou sem fazer barulho, ficou ali esperando ser notado, talvez temendo me atrapalhar.

— Algum problema, Kook?

— Eu acho que sim, mas não sei o que é.

— Está incomodado?

— É. — ele concordou balançando os cabelos que agora estavam mais longos do que o habitual. O garoto tinha escolhido deixá-los assim, quem sou eu para discordar se ficou absurdamente lindo?

— Não é fome?

— Talvez seja. Posso me alimentar, hyung?

— Claro. — o sorriso que ele me lançou foi um tanto diferente do habitual, talvez mais sexy do que eu estava acostumado, eu não saberia dizer.

Deixei os papéis de lado e ele se aproximou, esperei para ver o que o garoto iria fazer e confesso que fiquei muito surpreso ao notar seus joelhos apoiados no sofá, um de cada lado do meu corpo e seu peso sobre minhas coxas. Devia saber o que ele estava aprontando naquele momento.

— Está confortável com isso? — perguntei no sorriso de lado e ele concordou.

— Estou sim, Tae. Estou muito confortável com isso.

A voz baixinha alertou meus sentidos, sua aproximação também; a língua passou de forma lenta pela lateral do meu pescoço e os dentes finos cravaram-se ali; subi as mãos pelas coxas grossas e as apertei, não precisou mais do que um gemido baixo contra minha pele para que eu subisse um pouco mais as mãos para apertar sua bunda contra mim, o colocando sobre meu membro.

— Kookie…

Senti novamente a língua macia sobre minha pele, sua boca vermelha e levemente suja de sangue estava tentadora demais, um pouco mais quando ele sorriu.

— Você sente o mesmo que eu, hyung? — perguntou antes de se mover em meu colo, para frente e para trás, sua bunda pressionando aquele ponto sensível. — A mesma vontade que eu sinto?

— Sim… — respondi baixinho. — Consegue ver? Aqui, bem abaixo de você… estamos da mesma forma, Kook?

— Estamos.

E para comprovar isso, ele gentilmente levou minha mão até o volume em sua calça e eu o apertei, ouvindo o arfar com o contato. Ah, Jeon... algo que até hoje me deixa completamente fora de mim são seus arfares. Puxei-o contra mim e no segundo depois já estávamos sobre a cama e meu corpo sobre o dele, aqueles lábios tão macios com o gosto metálico do sangue recém bebido foi rapidamente tomado pelos meus, afoito e apressado; meu garoto não sabia exatamente o que fazer, seus toques eram incertos enquanto os meus tão firmes subiam aquela camiseta escura que ficava tão bem em seu corpo quanto no chão do meu quarto. Talvez eu devesse ter me contido, o olhado de uma forma mais implícita, porém não era mais possível, eu literalmente babava sobre aquele corpo.

— H-hyung... — a voz foi quase um gemido que me despertou dos pensamentos cada vez mais sujos. — Algum problema?

Ri baixinho e neguei com a cabeça, como ele podia imaginar que algo estava errado? Levei os lábios até o queixo e deixei uma leve mordida ali, os desci pela pele pálida deixando vermelhos por toda parte. Quanto mais minha boca se aproximava da barra da calça escura, o garoto se movia, com um pouco de desconforto que depois notei ser vergonha.

— O que foi, Kook?

— Nunca... me..

Pela forma que seu corpo reagia, era claro que não tinha sido tocado daquela forma por outra pessoa e isso me deu uma ideia que nem deveria passar pela minha mente.

— Eu notei que nunca te tocaram assim. Quer que eu seja o seu primeiro, bae?

A forma como ele concordou lentamente com um leve sorriso, me fez derreter, eu estava disposto a fazer daquele dia algo inesquecível para o garoto, apropriado para aquele momento de entrega.

— Deixe fluir, ok? Deixe que as sensações tomem conta do seu corpo enquanto eu tomo conta de você.

Ao que Jungkook concordou, desci lentamente a calça, ele observava com olhos curiosos enquanto eu subia as mãos pela parte interna das coxas numa massagem lenta, aproveitando a textura da derme; abaixei meu rosto e desferi beijos ali, vi pelo canto dos olhos os dedos longos prenderem o lençol com certa força.

— Tae... pode... morder...

O ar lhe faltava, mas não o impediu de deixar clara a sua vontade, esta que mais do que rápido atendi, deixando marcas vermelhas por toda a região, até mesmo sugava um pouco do seu sangue por aqueles pontos, pois eu aprenderia mais tarde que dor nunca foi um problema para o Jeon. Puxei delicadamente sua mão e a levei até meus cabelos, deixei que os dedos se prendessem nos fios e que os puxassem da forma que quisesse; se Kook estava entregue, eu também pertencia completamente a ele.

Pressionei os lábios pela extensão do membro, o gemido mais alto veio instantaneamente, preenchendo meus ouvidos e colocando um sorriso travesso em meus lábios; a língua logo pressionou a ponta do pau que escorria e manchava a boxer clara, uma tortura para ele e, confesso, para mim também. 

— Hyung! — gemeu ele ao sentir meus dedos frios adentrarem pelo elástico da boxer.

— Eu vou cuidar bem de você, Kook, não se preocupe.

— É que… eu… não sei se…

Sua voz estava entrecortada pelo ar que puxava inutilmente, rouca pelo prazer que subia pela derme, era evidente em cada pêlo que se arrepiava ao menor toque, se tornando a obra de arte mais linda a ser apreciada.

— Se você não aguentar e o prazer falar mais alto, eu vou ficar feliz em lamber cada gota de porra, Jeon. — ouvi um gemido um pouco mais arrastado. — Não importa quantas vezes você goze, Kookie, eu só vou parar depois de te deixar exausto.

Eu cumpro essa promessa até hoje, mas nada se compara com aquela primeira vez. Minha língua contornou a cabeça e eu chupei o caralho com certa pressão, o garoto era tão sensível ao meu toque que não precisei me demorar muito para sentir o gosto amargo e levemente salgado em minha boca; a causa real da minha felicidade foi notar que ele continuava necessitado e que eu podia prosseguir.

Desci lentamente a boxer até que conseguisse retirá-la de seu corpo, afastei aquelas coxas grossas e coloquei o membro inteiro em minha boca, pelo menos tudo que eu conseguia deixar ali; a coluna de Jungkook se arqueou e a cabeça atingiu minha garganta, me fazendo engasgar levemente, o que pouco importou diante do gemido alto de prazer do garoto. Deixei a saliva lubrificar a entrada do mais novo que pulsava e, com toda a gentileza que eu dispunha no momento, passei a circundar o local até ele se acostumar com isso; confesso que esperava demorar um pouco mais.

— Hyung…

— Eu posso colocar, Kook?

— Por favor… — gemeu o garoto que logo teve o que tanto desejava, aos poucos coloquei meu dedo em seu interior e o movi, abrindo espaço para depois meu membro ocupar o local.

Para distraí-lo da dor e do incômodo de ser invadido daquela forma, voltei a colocar o caralho em minha boca e a chupá-lo com lentidão, Jungkook ainda estava sensível e isso era evidente nos gemidos baixos e manhosos que soavam daquela boca vermelha. Logo que já estava acostumado e rebolava lentamente em meu dedo, eu me atrevi a colocar mais um, o que deu espaço para que eu encontrasse aquele ponto específico que queria tanto tocar; ao pressioná-lo, um gemido mais alto soou, me concentrei naquela região até que minha boca fosse preenchida novamente pelo líquido leitoso.

— Já está cansado, amor? — o provoquei com aquela palavra pequena, de quatro letrinhas que o fez estremecer.

— U-uhum…

— Que pena… eu não estou nenhum pouco.

 

Aquela noite foi a mais incrível que já tive, tanto em vida quanto em morte. Ou quase morte, enfim. Entre beijos, mordidas e suspiros, os lençóis bagunçados, cabelos e suor, surgiram elogios sinceros, palavras de carinho, cuidado, amor. Um riso ou outro, um empurrão ou tapa fraco quando eu o deixava sem graça com algo, um beijo roubado; horas e horas apenas olhando para aquele rosto angelical dormindo ao meu lado, mesmo que a lua já estivesse alta no céu.

Notei pela primeira vez o que Namjoon quis dizer com “um amor o fará voltar para casa”; eu já não era capaz de estar longe daqueles olhos avermelhados que já foram castanhos, daquele sorriso de coelho que agora tinha presas branquinhas a escapar do canto de sua boca desenhada, do seu cheiro adocicado, do seu abraço confortável e sua voz suave. Ah, céus, eu tinha me apaixonado perdidamente e sequer conseguia me aborrecer, como antes. Meu Clã, que antes tinha receio do garoto, agora abria passagem para ele, pedia conselhos que Kook não sabia dar, mas sabia ouvir, e ouvindo ele aprendeu; meus homens o ajudaram em tudo, minhas mulheres agradeceram o cuidado que ele dispensou com os mais novos e mais velhos, as crianças o adoravam e eu me encantava cada dia mais.

Voltamos a ver seus pais que nos receberam com mais carinho do que eu esperava, devo confessar; aceitaram as novas condições do filho e, acima de tudo, lhe deram força e desejaram felicidades. Foram em nosso casamento, mesmo que já fosse noite e estivessem rodeados de vampiros; me lembro como se fosse hoje aqueles olhos cheios de lágrimas encarando os meus que estavam da mesma forma. Foi o segundo dia mais feliz da minha vida. Ou morte, enfim.

Este é o livro centenário do Clã Kim, eu quis registrar nessas páginas a parte mais importante da minha história. Hoje, mais de cem anos depois, não mudamos nada fisicamente em nós; semana passada a família cresceu, adotamos um garoto que teria o mesmo destino que meu Kook. Não poderia dizer o quanto estamos felizes. Assim sendo, declaro encerrado este diário, já que meu marido me espera com uma taça do seu sangue para comemorar seu aniversário.

E só para registros: eu te amo Jungkook.

 


Notas Finais


AAAAAAAAAA eu amo um taekook fofinho assim!
Okay, meio fofinho!

Gostaram? me deixem saber ♥♥

2beijo


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