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História Love Shot - Conversa


Escrita por: imakinox

Notas do Autor


oioioi gente!
como estão? espero que bem!
trouxe mais um capítulo, com MUITA coisa para pegarem nas entrelinhas, uma revelação bombástica e sentimentos se aflorando!
agora as coisas começarão a entrar em embulição, muita reviravolta vai acontecer. se preparem!
— a música do capítulo é 'war of hearts' https://open.spotify.com/playlist/70KPyisJD7Bn61fp2zojKW | https://youtube.com/playlist?list=PLv8GR2J2FVhrYQNEvCUJIdqMkR163Exv3
boa leituraaaaa

Capítulo 14 - Conversa


[ não posso deixar de amar você
mesmo que eu tente ]

 

 

— Farlan, isso é impossível! — Hange dizia enquanto bagunçava os fios. — Não temos nem um sobrenome! Quem não garante que Carly pode ser um nome de trabalho?

— É como encontrar agulha em um palheiro, praticamente impossível… Muito possivelmente ela saiu da prostituição também, mas como vamos achá-la? Precisaríamos de, no mínimo, um retrato falado. Ela nos deu características, mas não um retrato.

— Eu me pergunto se o nosso Levi sabe disso… — A morena falou após um suspiro. — Eu estou preocupada com ele, Farlan.

— Por quê? — O loiro ergueu as sobrancelhas. — É alguma crise nova?

— Não. — Ela negou com a cabeça. — Ele está envolvido demais com aquele alvo, filho de Grisha, Eren.

— O garoto que ele ficava falando enquanto dormia? — Farlan arqueou a sobrancelha e Hange apenas assentiu. — Levi… O que ele está pensando?

Hange suspirou fundo, apoiando a mão na mesa enquanto olhava na tela do seu notebook. Levi estava dando passos cegos, nem ela mesma podia dizer com exatidão o que estava se passando na cabeça do amigo e olha que ela era a única que sabia decifrá-lo bem – pelo menos era o que ela achava.

— Eu entendi a linha de raciocínio dele. Ele se envolveu com ele para ter mais informações, mas isso está passando dos limites de operação. Ele já havia se deitado com ele antes, se deitou com ele agora e não consegue parar. — Hange vomitou tudo de uma vez, quase como se desabasse com o loiro, que ficou surpreso com as informações. 

— Antes você quer dizer… Antes da operação?

— Sim, antes da operação eles dormiram juntos. Foi coisa de uma noite só, sabe? Se conheceram em uma balada, não viram os rostos um do outro, então não sabiam quem eram… Quais as chances disso acontecer? — Ela deu um riso seco. — Ele apareceu todo marcado, quase como se fosse propriedade do Eren. 

— Levi está achando o quê? Se o diretor da Survey Corps saber disso, ele irá para a rua! — Farlan pareceu ficar indignado. — Ele tem noção do perigo? E se esse menino souber quem é o Levi? E se matá-lo? Levi sabe bem que os Jaegers são perigosos!

— Ele ir para a rua é o de menos, Farlan. Ele está em perigo, mas parece cego quanto a isso! Ele parece que está… — Ela pausou um pouco, mordendo os próprios lábios. — Apaixonado.

A risada de Farlan foi alta e inevitável.

— Isso é loucura! Levi jamais amaria alguém, ele não é esse tipo de pessoa. — O loiro falou em descrença. 

— Ele é humano, Farlan! — Hange defendeu Levi. — Eu não o conheço há tanto tempo como você, mas eu venho notando o quanto ele anda agindo estranho quando se trata do Jaeger e se ele precisar matá-lo a mando de Erwin? Você sabe como ele anda sendo assediado por aquele nojento por simplesmente não se deitar com ele?

— Você só pode estar brincando…

— Queria estar, mas é sério. Levi teve que ameaçar denunciá-lo, ele enlouqueceu quando soube que ele dormiu com Eren! — A morena falou, visivelmente nervosa. — Não pensava que Erwin fosse tão baixo a esse ponto. Para ele fazer o que quiser e mandar Levi matar o Eren, não custa nada. A questão é: o Levi vai conseguir seguir o comando?

Farlan pareceu pensar por um momento, suspirando fundo. Iria falar com Levi, precisava colocar um juízo na cabeça dele mesmo que fosse odiado depois pelo melhor amigo.

— Eu vou voltar até aquela casa de prostituição e pedir um retrato falado, tentar alguma coisa para achar mais coisas dessa “Carly”. — O loiro falou, se levantando. — Vá me atualizando a respeito do Levi. Onde ele está?

— Está se arrumando, terá um evento de inauguração da nova joalheria do Grisha e ele estará lá. — Ela ajeitou os óculos no rosto e deu de ombros.

— Deixe-me adivinhar, ele irá com o Eren.

— Sim.

— Esse menino sabe sobre ele? Digo, nome, sobrenome, tatuagens?

— Sim, Levi deixou ele ver as tatuagens. Agora sobre os nomes, não faço ideia. Levi faz o que dá na telha, você sabe.

Farlan apenas concordou.

— Essa semana sem falta irei falar com ele. 

Hange apenas assentiu, acenando para o loiro que saiu logo em seguida. Sabia que Farlan estava preocupado com Levi, ela também estava e no mínimo assustada com tudo aquilo. Fazia um tempo que as missões não eram tão intensas assim, estava cansada mentalmente e tinha certeza que Levi também, visto que havia desencadeado crises que há muito tempo não havia visto o amigo ter. 

Descobrir as encomendas de Grisha, solucionar os assassinatos, desmascarar o cracker, procurar por Kuchel; muitas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo e um acréscimo de que Levi parecia ligar o foda-se para tudo e viver um romance proibido com a última pessoa que poderia se envolver.

Passou as mãos no próprio rosto, tentando achar alguma força para prosseguir; até que um barulho a fez despertar de tudo aquilo. Era a notificação de um novo e-mail, curiosa como era, apertou quase instantaneamente.

O e-mail estava criptografado, o endereço era indecifrável, mas o conteúdo era o que interessava. O coração bateu aceleradamente no peito ao começar a ler as palavras escritas.

“Xerife de Nottinghan,

Olá, acho que nunca conversamos assim, mais formalmente. Creio que já saiba quem eu sou e eu sei tudo sobre você, diferente de mim, você ainda deixa rastros deliciosos de serem seguidos.

Não se preocupe, não quero o seu mal e nem quero te atacar, caso contrário eu já teria feito isso no seu notebook e nos computadores dos detetives Mike e Nanaba.”

— Puta merda… — Hange sibilou, colocando as mãos na própria boca enquanto terminava de ler. Era Robin Hood, não tinha dúvidas disso.

“Eu não sou um qualquer, eu tenho conhecimento na nossa área e já deve saber muito bem disso. Estou concluindo a minha própria justiça, mas meu ato final será desmascarar e expor todos em rede nacional, inclusive o seu chefe, o comandante policial Erwin Smith. O pomposo, democrático e correto Smith tem mais merda no rabo do que parece.

Suspeito, não? Em menos de cinco anos de polícia ele estar no cargo que está.

Estou muito curioso para saber quem é a quarta cabecinha que pensa junto de vocês três. Infelizmente não consegui rastrear, já que parece que essa pessoa não tem um computador na delegacia. Bom, isso não importa tanto, já que é você a principal que está atrás de mim.

Creio que já achou o número 2025 no meio da minha assinatura, certo? Vocês não são burros, vi que nas buscas que estão procurando por crimes neste ano. Sinto informar que o que estão procurando, infelizmente não estarão nos registros policiais. O horror que a justiça fez a mando de uma pessoa que tem poder é assustador e ninguém merece passar impune disso, por isso um por um irá cair. 

Está curiosa, certo? Posso esclarecer algumas coisas, caso queira. 

Ou melhor, eu não, alguém. 

Caso queira saber mais informações, vá até o ponto de ônibus em frente à cafeteria próxima à delegacia do distrito de Karanese às 18h30 de hoje, esse horário não costuma ter tantas pessoas e deixarei um endereço lá, abaixo do terceiro acento. Você é inteligente, sei que logo descobrirá e juntará os pontos.

É uma corrida, xerife. Mas se for tão inteligente quanto eu penso que é, me ajudará nisso tudo e não irá acionar a polícia para fazer um estardalhaço no ponto de ônibus, certo?

Até o próximo contato,

Robin Hood.”

— Xerife, é? — Hange parecia em choque com o conteúdo. Claramente o nome a quem o cracker se referia era um dos inimigos da história de Robin Hood, mas… por que ele parecia querer que unissem forças? — Isso é muito errado, meu Deus! — Ela mesmo se cortou quando se pegou pensando em trabalhar com alguém procurado.

Onde estavam seus valores?

Ela parecia querer raciocinar melhor e antes mesmo de conseguir tirar um print, o e-mail havia desaparecido da tela. Tentou ver em itens excluídos, na lixeira, no spam e no lixo eletrônico, mas não havia nada. Parecia ter sido programado para se auto-destruir depois de determinado tempo após ser aberto. 

Lembrou-se do endereço do ponto de ônibus, sabendo exatamente qual ponto de ônibus era aquele. Olhou pelas grandes janelas da cafeteria onde estava, vendo um homem de boné com máscara cobrindo a boca e nariz, ambos pretos, assim como o resto de suas roupas. 

Tudo aconteceu muito rápido para Hange, que levantou-se em um susto da mesa e correu para fora, vendo a figura alta se afastar com passos longos e entrar em um táxi na próxima quadra.

Sendo observada pelos clientes que estavam ali dentro, encarando-a com olhares confusos e curiosos, Hange pagou o que havia consumido e pegou suas coisas, indo até a delegacia. Precisava falar sobre aquilo para Mike e Nanaba e principalmente para Levi, os questionamentos apontados pelo baixinho há semanas atrás sobre Erwin estar metido com Grisha ou com o rabo sujo com alguma merda muito grande realmente poderiam ser reais.

Com o celular em mãos e colocando a mochila nas costas, discou o número do amigo.

Precisava falar com Levi.

 

______

 

Levi estava em seu apartamento fumando um cigarro com a toalha enrolada na cintura após um banho. Estava se arrumando para o evento de inauguração da nova joalheria de Grisha e estava esperando horário certo. Bom, segundo o que havia planejado em sua cabeça, passaria no clube para ver se veria Reiner ou Zeke por lá e de lá iria diretamente com Eren para o tal evento.

Olhava a máscara com a minúscula câmera instalada, se lembrando exatamente de como começou aquela operação, soltando a fumaça pela boca. 

— Mas que merda. — Ele falou enquanto caminhava pelo pequeno escritório, vendo o painel de toda a investigação que estava fazendo e o mapa de onde seria o evento que Hange havia enviado dias atrás. Não havia tido nenhum progresso muito longo, alguns pontos ligados ali ou aqui, mas nada que pudesse, de fato, incriminar alguém.

O único progresso absurdo que tinha sido feito foi com Eren. Quase todos os dias estavam transando como dois animais que pareciam querer procriar, como se dependessem disso para viver. Se pegou pensando se aquilo ainda fazia parte da operação ou se era apenas para satisfazer os seus caprichos. 

Gostava de Eren. Não um gostar romanticamente falando, claro que não. Logo ele? Sem chance. Gostava do prazer que o mais novo o proporcionava. Sim, era exatamente isso.

Mas o motivo de ficar sempre mexido com os carinhos feitos de forma involuntária, com os cuidados que Eren tinha consigo sempre que terminavam qualquer foda e até mesmo com as palavras trocadas, ainda o intrigava. Apagou o cigarro no cinzeiro que havia ali, indo até o próprio quarto para se trocar. 

Havia comprado um terno próprio para o evento. Não que ligasse para a opinião dos outros, mas como seu belo rosto não aparecia devido à máscara que usaria, teria que dar o ar da graça com o seu corpo. Era inevitável o desejo de chamar a atenção e bem, ele o faria. 

Colocando a calça social slim que caiu perfeitamente em seu corpo e na parte de trás – a qual amava deixar bem marcada –, vestia a camisa preta social quando ouviu o seu celular tocar. Olhou, vendo que era Hange, e atendeu, colocando no viva-voz para terminar de se arrumar.

“Levi?”

— Fala.

“Aconteceu uma coisa.”

— Que seria?

“O cracker entrou em contato comigo por e-mail, foi uma mensagem bem… direta.” Houve uma pausa. “Ele disse que Erwin está envolvido em seja lá o que está acontecendo e disse que me daria um endereço.”

— Como assim? — Levi virou-se para o celular, como se a amiga estivesse ao seu lado. — Endereço de quê?

“Bom, aparentemente de alguém que pode me falar o que está acontecendo. Foi o que eu entendi e tem mais! Eu vi um homem parado na frente da cafeteria enquanto tudo isso acontecia, exatamente no mesmo local onde foi dito para eu pegar o endereço! Era alto, mas tinha boné e máscara cobrindo a boca e o nariz, mas olhava para a cafeteria como se me rondasse!”

— Os ataques pararam por um tempo… Ele está tramando algo grande.

“Ele… ele parecia querer que nos uníssemos a ele. Ele quer fazer algo em rede nacional… Levi, ele sabe que somos em quatro, mas não sabe quem você é. Ele sabe sobre Mike e Nanaba, sabe sobre o número 2025 e sabe que estamos procurando por crimes que ocorreram neste ano! Ele sabe tudo o que fazemos, ele invadiu o sistema da polícia!”

— Hange, você pegou o endereço?

“Não, ele disse para eu ir até o local 18h30 sem ninguém… O local é, minimamente, movimentado. Não estou com medo disso, além do mais… será um pouco antes do evento que você terá, poderei acompanhar tudo ao seu lado ainda.”

— As prioridades mudaram, Hange. — Levi falou enquanto abotoava a camisa perfeitamente passada. — Vá, pegue o endereço e descubra onde é. Tome cuidado, pode ser uma armadilha. Vá armada.

“Fazia tempo que não te via preocupado comigo, meu coração está até batendo mais rápido.”

— Vá se foder, sua filha da puta! Estou sério quanto a isso! — Levi rosnou, ouvindo um riso do outro lado da linha. — Vou com essa merda de qualquer jeito no rosto, depois você vê as gravações.

“Ah, eu não quero ver a pegação de você e do Eren, eu passo.” Ela falou, quase cantarolando e Levi revirou os olhos. “Na verdade, quero ver sim. Quero ver se é tão bom assim para você aparecer marcado que nem gado todo santo dia.”

— Vá a merda.

“Você ‘tá dando um risinho, não é?” E naquele momento Levi amaldiçoou aquela mulher por conhecê-lo tão bem, ele estava dando aquele risinho sem vergonha. “Escuta. Se acontecer algo muito surpreendente, quero que me ligue, da mesma forma que eu te ligarei. Tome cuidado, Levi. Não é estranho um evento assim terem feito com máscaras? Seria melhor, ao meu ver, Grisha mostrar o rosto dele e da “família perfeita”. Essa inauguração vai parar em revistas famosas e todas essas merdas.”

— Eu também acho isso. Também acho que podem ter capangas da Adaga de Prata lá, isso se ela própria não comparecer. Ao mesmo tempo que acho que isso está com cara de ser uma… distração.

“Tome cuidado, Levi. Os Jaegers são perigosos, você sabe.”

Levi suspirou fundo, se lembrando instantaneamente de Eren e pensando em como ele poderia ser alguém letal quando simplesmente era tão transparente que podia enxergar sua alma perfeitamente.

Mas que merda era essa que estava pensando?

Balançou a cabeça enquanto pegava um relógio.

— Você também. Tome cuidado, me mande a localização de onde você vai e deixe-a ligada. Vou ficar de olho na Dina e ver o que descubro, também. 

“Certo. Se cuida.”

— Você também.

Levi escutou o barulho de ligação encerrada e suspirou fundo, borrifando o perfume e penteando os cabelos da forma habitual de sempre. Após isso, pegou seu maço de cigarros, vestiu o paletó e segurou a máscara, se olhando no espelho. Estava com um conjunto social preto xadrez, o corte caía bem em si e com certeza chamaria a atenção. Sorriu seco quando viu que estava parecendo um desses pirralhos mimados que usavam roupas de marca e caras, sinal de que poderia se infiltrar no meio dessa gente sem problema alguma.

Com um riso malicioso, deu de ombros ainda se olhando no espelho admirando a obra de arte que era. Muitos diziam que era narcisista, mas não ligava muito. A verdade é que sabia do seu poder e sabia como usá-lo a seu favor; se outras pessoas não soubessem o que era isso ou não se valorizavam, não tinha nada a ver com isso.

— Gostoso. — Ele falou após dar uma última conferida e pegou as chaves do próprio apartamento, saindo dali para pegar um táxi e ir direto para o clube onde se encontraria com Eren.

 

______

 

Já no clube, Levi observou que não havia muitas pessoas. Talvez pelo horário ou talvez por não haver um show aquele dia – havia gravado os dias em que aconteciam as coisas por lá – e por isso, ao olhar por cima, foi diretamente para o mezanino, olhando de relance para o corredor que dava acesso ao elevador e viu os dois seguranças de sempre.

Deu de ombros, subindo as escadas. Não foi surpresa alguma quando não viu ninguém ali em cima, então arrastou seus pés até o bar, encontrando a bartender animada de sempre, Mina.

— Olá! O mesmo de sempre? — Ela perguntou e Levi apenas assentiu, observando-a pegar as bebidas certas para fazer o seu pedido. — Hoje será mais parado por aqui, não é?

— Ao que tudo indica, sim. — Ele deu de ombros, vendo as olheiras abaixo dos olhos e mesmo que ela estivesse animada como sempre, claramente seu semblante era de cansaço. — Você está bem?

— Hum? Estou sim! — Ela sorriu largo. — Ultimamente eu só… não ando dormindo bem. Sabe, fico a noite toda aqui e dormir durante o dia não é a mesma coisa que a noite. 

— Sei como é, não me dou bem com a cama também. — Levi falou, ainda observando-a. O uniforme preto, com uma saia preta até o meio das coxas, a camisa preta agarrada com o logo do clube estampada no bolso na altura dos seios e as meias longas na mesma cor, seguidas de um salto alto. Observando-a, notou algo que até então não havia visto. — Você tem uma tatuagem.

— Ah, sim! — Ela sorriu, mordendo o lábio inferior – notado por Levi –, mostrando o antebraço a tatuagem ainda recente, envolvida pelo plástico habitual. — É um bem-te-vi, só que todo preto.

— Bonito e bem feito. — Levi observou bem os traços, lembrando um pouco as suas tatuagens. — Você tem um bom gosto.

— Obrigada, eu acho… — Ela sorriu, esticando a bebida e colocando-a no balcão.

Levi deu um gole na bebida, ainda observando as expressões que a atendente fazia. Parecia nervosa, extremamente cansada e tensa de alguma forma; não era para menos. Trabalhar com aquelas roupas e com chefes – Grisha e Zeke – que assediavam frequentemente as funcionárias não deveria ser fácil, pensou ele.

— Você… você gosta? — Ela pareceu receosa em perguntar, chamando a atenção do Ackerman.

— Do quê? 

— Tatuagens.

— Ah, sim. Acho bonito, uma forma boa de expressar a arte. — Ele concluiu. — Você também, presumo.

— Não gosto muito, mas resolvi fazer mesmo assim. — Ela riu sem mostrar os dentes, fazendo Levi arquear as sobrancelhas com a expressão falsa no rosto animado.

— Se não gosta, por que fez? Queria provar algo para alguém? 

— Talvez sim, talvez não. Às vezes fazemos loucuras e não pensamos nas consequências. Se eu soubesse de algumas coisas, jamais tomaria certas escolhas… Isso pode custar caro, no fim. — Ela suspirou fundo, escorando as duas mãos no balcão e encarando Levi, que a olhava profundamente, captando cada movimento que fazia. Mina parecia extremamente cansada. — Você também se sente assim às vezes? Digo, te observo sempre… Você parece tão badass e seguro de si, quase que inabalável.

Levi riu seco, bebendo mais um gole da bebida. Mina era observadora, claro que era, e não bastava olhar muito para que vissem a personalidade impassível que o Ackerman tinha, a marra que tinha era notória até para quem fosse cego.

— Às vezes tomamos escolhas no calor do momento e elas podem ser fatais. — Levi falou, surpreendendo Mina e até a si própria. — Uma hora você pensa sobre tudo, outra hora você parece simplesmente não pensar em nada e fazer o que quer… Ultimamente a segunda coisa acontece com mais frequência. — Ele deu de ombros, encarando o copo com uma certa amargura. — Só precisamos pesar na balança antes de tomarmos qualquer decisão. Por mais benéfica que possa ser, às vezes podemos caminhar para um precipício e é aí que tudo dá errado.

Mina concordou, suspirando fundo mais uma vez ao ver Levi tomar todo o conteúdo do copo. 

— Eu queria muito ter escutado esse conselho antes. — Ela deu um riso seco e antes de Levi retrucar, a figura de eren apareceu no mezanino, procurando pelo baixinho.

— Oi! — Ele riu largo, indo até os dois.

— Olá, senhor. — Mina sorriu e se afastou dos dois, mas viu quando o Jaeger se inclinou e deixou um selinho nos lábios de Levi.

— Oi. — Levi murmurou entre os dentes, olhando para o terno de linho bege aparentemente o olho da cara de Eren. 

— Você está lindo. — Eren falou com um sorriso bonito no rosto enquanto pegava nas bochechas magras, fazendo o Ackerman ficar com um bico adorável e encará-lo. — Uma pena termos que ir de máscara, queria mostrar esse rostinho lindo para o mundo.

Levi soltou-se da mão de Eren, virando o rosto de força bruta. Odiava por achar aquele pirralho tão lindo e que merda era cair tão facilmente aos encantos que aquelas palavras tinham e aquele sorriso – por mais que no fundinho sempre pensou que ele falava aquilo para qualquer um que quisesse pegar, ou impressionar e isso ultimamente estava incomodando-o de uma forma que não sabia explicar, mais do que deveria, na verdade.

— Fala essa merda para todos e ainda quer me conquistar. Senta e espera. — Levi falou, mais rápido do que deveria, as palavras saíram afiadas. 

— Talvez seja só para você? — Eren riu convencido de que Levi, sim, tinha ciúmes de si. Estava, aos poucos, conseguindo ver além de toda aquela marra e temperamento. Aos poucos, degrau por degrau, e por mais que a maioria esmagadora das vezes estivesse com o pau enterrado no fundo dele, os momentos a sós que tinham mostravam um lado de Levi que ele jamais pensou que veria: um lado frágil, carente e até mesmo um humor ácido. 

Para Eren não se tratava mais de um capricho de gostar de conquistar e fazê-lo se apaixonar, ia além disso. Algumas portas até então desconhecidas estavam se abrindo em seu cérebro e jamais pensou que o precursor disso tudo seria um homem baixinho temperamental. 

Não negava que o que tinham era muito intenso, era real de uma forma nova. Não sentia falsidade ou interesse, era palpável e único. Não sabia o que estava fazendo, mas o fascínio por Levi crescia dia após dia.

Não se enganaria nem se quisesse, estava apaixonado por ele.

— Imbecil, não sou mais adolescente para acreditar nessas lorotas quando você simplesmente é o rei do cabaré e come todo buraco disponível. — Levi deu de ombros, expondo uma verdade, ouvindo uma gargalhada de Eren em resposta.

— Ciúmes, é? — Jaeger provocou, apenas para ver o outro revirar os olhos. — Eu prefiro que você revire eles quando estou de fodendo gostoso. — E com um um sorriso diabólico no rosto ele observou a expressão do baixinho se contorcer em vergonha, negação, incredulidade e arrependimento, pois no instante seguinte as bochechas magras estavam com um tom rosado maravilhoso. — Vamos? Preciso passar em um lugar primeiro.

Levi somente concordou, seguindo o mais novo sob os olhares curiosos da bartender.

 

_____

 

Dentro do carro que Levi reconheceu ser uma Mercedes de luxo, cheirava a carro novo e caro, eles iam para o local onde Eren disse em silêncio, somente com o som do carro com uma música qualquer.

O Ackerman não resistiu e acendeu um cigarro em meio a todo aquele silêncio, ouvindo um riso de Eren.

— Você fuma muito, não acha? — Ele perguntou, vendo os olhos felinos rolarem em tédio. — São quantos maços por dia? Deveria maneirar um pouco, não acha?

— São só dois por dia e acho que você deveria cuidar da sua vida. — Levi resmungou, tragando um pouco antes de descartar o cigarro pela janela. 

— Eu estou cuidando da minha vida, que é você. 

Levi mal pôde conter a risada sarcástica com a última frase do mais novo, sem acreditar ainda no que ouvia.

— Você é muito cafona e deve estar louco para achar que vou cair em algo ridículo como isso. Bateu a cabeça, só pode. — Ele deu de ombros, vendo o carro ser estacionado em um condomínio.

— Bom, um dia você vai cair nos meus encantos, tenho certeza. — Eren deu um riso. — Chegamos.

Levi deu de ombros enquanto cruzava os braços, ainda dentro do carro e viu Eren abrir a porta do veículo e encará-lo.

— Você não vem?

— Quer que eu vá?

— Se eu estou perguntando.

Levi revirou os olhos mais uma vez com o sorrisinho cínico que despontava dos lábios do Jaeger e abriu a porta, caminhando ao lado de Eren até irem para o elevador.

— Isso aqui é…

— Vou visitar uma pessoa importante. Tive notícias de melhora, estou animado com isso. Além de que acabaram de se mudar, também.

Levi arqueou as sobrancelhas enquanto olhava Eren de canto de olho mexendo no celular a todo momento de uma forma nova, quase como se estivesse fazendo algo que precisasse de toda a sua atenção. Não demorou muito para a porta de metal se abrir, dando acesso a uma porta e Levi teve a certeza que ali era apenas um apartamento por andar.

A campainha foi tocada e logo uma mulher de cabelos negros e olhos azuis atendeu, surpresa com a outra presença.

— Senhor Eren? Entre. Estava esperando a sua visita.

— Olá, Frieda. — Ele cumprimentou. — Esse é Rivaille.

— Prazer, meu nome é Frieda. — Ela cumprimentou, dando passagem para que os dois entrassem no apartamento. Levi permaneceu em silêncio.

— Como ela está? — O tom de voz de Eren era preocupado e Levi notou isso, observando tudo no mais absoluto silêncio.

— Ela reagiu pela primeira vez hoje falando alguma coisa. — Frieda começou, mordendo os lábios. — Ela chamou por você, parece que a consciência está retornando aos poucos.

Levi arqueou as sobrancelhas ao deduzir a quem se referiam. Ele estava mesmo prestes a conhecer a mãe de Eren? Não, sem chance… Estava surpreso, não podia negar. O quanto aquilo estava evoluindo para que as coisas chegassem a esse ponto?

Eren se levantou, indo até o quarto e viu sua mãe sentada na cama e pela primeira a viu virando a cabeça em sua direção e rir minimamente.

— Mãe? — Ele chamou, voz trêmula e temendo não receber uma resposta como pensou que receberia.

— Querido, eu senti a sua falta. — A voz falha e baixa foi dita, o suficiente para que lágrimas saíssem dos olhos de Eren, indo até a beirada da cama, se ajoelhando e pegando na mão de Carla.

— Eu também, eu também… — Ele sussurrou enquanto pegava na mão de Carla e enlaçava com a sua, beijando-a com zelo e amor.

A cena estava sendo observada com curiosidade por Levi na porta do quarto no mais absoluto silêncio e aquilo mexeu, mesmo que minimamente, com o Ackerman. Eren estava tão vulnerável ali, sendo um humano com fragilidades, medos e anseios, ao lado de sua mãe que não parecia estar muito bem. Não se lembrava de Eren ter dito o que havia acontecido, mas provavelmente era grave para que o mais novo estivesse tão aliviado em vê-la daquela forma.

Eles conversaram um pouco em um tom sussurrado apenas para eles e logo Eren limpou o rosto com a manga do paletó, olhando para a porta.

— Mãe, queria te apresentar a uma pessoa. — Ele falou e encarou Levi, chamando-o com um movimento com a cabeça para que se aproximasse.

“Era só o que faltava.” O Ackerman pensou enquanto engolia seco e revirava os olhos. Viu o olhar cansado da mãe de Eren e os olhos curiosos procurarem pela pessoa a qual o filho se referia e suspirou fundo. Aquilo estava indo longe demais.

Se aproximou minimamente e com calma, parando ao lado da cama, sendo avaliado por dois grandes olhos na cor mel. Observando melhor a mulher à sua frente, não tinha dúvida alguma que Eren realmente fosse seu filho, eram xerox um do outro, exceto pelos olhos verdes – provavelmente de Grisha.

— Esse é Levi, de quem falei há um tempo. Não sei se você se lembra, mas quis apresentá-lo. — Eren falou enquanto a encarava e Levi não pôde conter a surpresa em seu rosto com a frase. Eren já havia falado dele para a mãe, mas como assim? 

— Prazer, senhora…

— Carla. — Eren foi rápido.

— Prazer, senhora Carla. — Levi falou baixo, acenando com a cabeça e recebeu um olhar avaliativo e logo após um sorriso mínimo adornou o rosto da mulher.

— Cuide bem do meu filho. — Ela sussurrou, sentindo o cansaço vir após encarar o rosto de Levi por mais tempo do que o Ackerman achou saudável, era como se estivesse verificando algo, analisando. 

— Senhor Eren, quero alinhar uma coisa. Pode vir por um momento? — Frieda voltou para o quarto e apontou para a porta e Eren concordou se levantando.

— Eu já volto, me esperem aqui. — Ele disse, deixando-os a sós.

Levi pegou o celular, vendo se havia alguma mensagem de Hange e olhou as horas. Já havia se passado trinta minutos desde o horário combinado com o cracker para que ela pegasse o endereço no local combinado e nada da morena enviar algo. Aquilo estava deixando-o preocupado e por isso enviou uma mensagem rápida perguntando se estava tudo bem.

O que não esperava era uma mão pequena circular o seu punho, forçando-o a tirar sua atenção do celular e logo seus olhos acinzentados se encontraram com o mel opaco. Havia algo de diferente naquele olhar, Levi não sabia o que era, mas lhe causou arrepios.

— Ackerman? — Ela perguntou, fazendo os olhos de Levi se arregalarem e ele nem soube bem o motivo de assentir minimamente com a cabeça, engolindo seco. — Você ficou tão lindo quanto ela… 

— Mas o que é… — Levi foi interrompido, pois Eren rompeu pela porta novamente com o celular nas mãos.

— Mãe, eu preciso ir. Mas eu prometo que volto para conversarmos esse tempo todo que perdemos. — Ele sussurrou, deixando um beijo no topo da cabeça da genitora e fazendo carinhos, sussurrando coisas apenas para os dois, somente depois encarou Levi. — Vamos?

Levi apenas assentiu com a cabeça, olhando fixamente para Carla com um olhar de pura confusão, seguindo Eren até a sala, onde a mulher chamada Frieda estava.

— Se algo fugir dos padrões, me acione imediatamente. Largo tudo para vir até aqui. — Ele falou, seu tom parecia sério e mesmo que os olhos ainda estivessem levemente vermelhos pelo choro de minutos atrás, determinação saía deles como faíscas. 

— Claro, eu entendi o que é para fazer. — Frieda assentiu. — Se cuide.

— Você também e cuide dela, por favor. — Eren falou indo rumo a porta com Levi em seu encalço.

Levi não disse absolutamente nada. Não trocou uma palavra sequer, o seu sobrenome ecoava em sua cabeça sendo dito por aquela mulher que nunca havia visto na vida. Como ela poderia saber que era Levi Ackerman, ou melhor, como ela poderia saber quem era sua mãe? Será que Eren havia dito seu sobrenome quando o disse há semanas atrás?

Essas dúvidas martelavam em sua cabeça e Eren mexia tanto no celular que estava se tornando um incômodo. Suspirou fundo, sacando mais um cigarro quando viu a porta do elevador se abrir no térreo para irem rumo ao carro, ambos perdidos demais nos próprios pensamentos.

— Está pronto? — Eren quem quebrou o silêncio ao entrar no carro, obviamente se referindo ao evento que estavam indo. Levi nada disse, apenas assentiu com a cabeça, pegando a máscara no bolso interno do paletó, apertando-a com a mão enquanto soltava a fumaça. — Sabe, você é a primeira pessoa que levo para ver a minha mãe.

Levi o encarou no mesmo instante, confuso demais com tudo aquilo. O que havia acontecido com a mãe de Eren? Por que ele parecia tão mexido ao vê-la falar consigo? O que ele escondia? 

— O que significa isso? — Levi falou, de repente. — Eren, isso não está certo. — Ele desviou o olhar para a janela, olhar para Eren naquele momento estava sendo difícil e optou por ver as casas passarem rapidamente enquanto o carro avançava., abaixando vidro para se livrar do cigarro.

— Nem eu sei direito o que está acontecendo. — Eren foi sincero. — É só… natural demais. Eu não sei o que acontece quando se trata de você, de nós. Eu não consigo pensar direito, eu quero te ver por perto. 

Levi suspirou fundo, tentando – inutilmente – não se abalar com aquelas palavras, mas já havia sido tarde demais.

— Isso está evoluindo muito em pouco tempo, as coisas…

— Eu sei. Eu também penso muito nisso, mas… eu confio em você. — Eren falou e aquelas últimas palavras quebraram Levi, quase como se o fizessem lembrar do motivo de toda aquela aproximação. — É tudo tão intenso, está acontecendo tão rapidamente… eu só não consigo evitar, não mais. Você tem noção do quanto me deixa louco?

Levi queria dizer que não, não sabia, e aquilo era tudo coisa da cabeça de Eren, mas se amaldiçoou por estar se sentindo exatamente da mesma forma e ansiando ouvir palavras que nunca havia ouvido na vida vindas de alguém, mas elas não vieram e a pontada de tristeza que apareceu em seu peito o incomodou profundamente.

— Eu não sei o que dizer sobre isso tudo. — Levi suspirou fundo após um tempo em silêncio. 

— Não diga, só… sinta. — Eren falou enquanto parava o carro. — Olhe para mim. — E com certeza Levi estaria se xingando por obedecer aquele homem tão bem, pois no instante seguinte encarava aquelas orbes esmeraldas vivas e brilhantes. — Isso tudo é real para mim, está sendo a primeira coisa, depois da minha mãe, que me faz sentir vivo assim. Está longe de todo o luxo que me cerca, não é fútil… só é real demais para ignorar. Eu posso usar cantadas baratas, mas eu digo sério.

Uma parte de Levi queria abraçá-lo e confiar cegamente, se entregar de corpo e alma e jogar o foda-se para tudo. Outra parte imaginava Eren falando aquelas mesmas coisas para qualquer outro ficante apenas por puro capricho de conquistar e ele com certeza não seria esse alvo fácil.

Por mais que quisesse, bem lá no fundo.

— Só me dá uma chance.

Levi o encarou profundamente e respirou fundo, dando de ombros enquanto acendia outro cigarro, vendo o sorriso despontar nos lábios de Eren apenas a confirmação muda. Sinceramente? Que se foda, não conseguia pensar bem com aqueles olhos penetrantes o olhando tão fixamente, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Seu peito parecia que explodiria e aquilo, com certeza, era falta de dar uns tragos na nicotina, por mais que tivesse feito isso há momentos atrás.

— Vamos? — Eren perguntou, pegando uma máscara branca com detalhes trabalhados em dourado e Levi seguiu o exemplo, mas a sua era preta com detalhes prateados. — Quando estivermos sozinhos, eu explico melhor o que aconteceu com a minha mãe.

Levi apenas assentiu enquanto andava ao lado de Eren, observando algumas pessoas virarem os rostos para encará-los e seu estômago borbulhou quando sentiu a mão de Eren se enlaçar com a sua enquanto subiam as escadarias para adentrarem o evento.

Se para Eren tudo aquilo que tinham era real, para ele estava sendo bem mais do que isso.

Adentraram sem muitos problemas, Levi logo reconheceu os capangas da Adaga de Prata na porta e ao redor de todo o evento. Os trajes a rigor eram exibidos como um desfile e as câmeras de fotógrafos emitiam flashes a cada piscada que davam. 

Não demorou muito para Levi ver as caixas transparentes de exposição com peças bem trabalhadas e brilhantes, que somente de olhar dava para ver todo o seu valor. Brincos, colares, pulseiras, tudo do mais caro e do mais requintado gosto. Havia uma quantidade considerável de pessoas e Levi pensou que a nobreza da cidade estava em peso ali.

Não demorou muito e Eren pareceu achar Mikasa, sua irmã, um pouco distante ao lado de uma menina de cabelos castanhos, ambas com os rostos coberto. 

Trocaram algumas palavras e não demorou para que Grisha – Levi reconheceu – e Dina aparecessem, não demorando Zeke também. Levi não viu, mas tinha certeza que a loira os encarava com nojo, principalmente pelo bico torcido que tomava conta da face da mulher. Não ligou para isso, uma vez que sequer haviam perguntado seu nome. 

Quanto menos informação, melhor.

— Em uma hora vamos falar com a imprensa. — Grisha falou, encarando os três filhos e a esposa. — Vocês irão tirar as máscaras para as fotos dos jornais e revistas. Os acompanhantes não precisam.

Levi viu a menina morena suspirar fundo enquanto Mikasa cochichava algo, a irmã mais nova de Eren estava com um vestido longo com uma fenda na perna que ia até metade da coxa e o decote em V junto com a marca na cintura evidenciava suas curvas. Olhar para ela o fazia ter dúvidas, as únicas vezes que conversou ela claramente parecia abalada psicologicamente e sempre quis saber o motivo para aquilo, sem contar os cortes nos pulsos.

Zeke estava acompanhado de uma mulher de cabelos negros, Levi nunca havia visto ela – da mesma forma que a acompanhante de Mikasa – e supôs que era apenas uma companhia, assim como todos ali eram.

Teve a impressão de falsidade quando o silêncio se instaurou e agradeceu por estar de máscara e não ter que encarar diretamente nos olhos. A micro câmera estava ligada, então estava captando tudo. Aos poucos os integrantes da família Jaeger se espalharam pelo local e aproveitou essa deixa para pegar o celular e ver se Hange havia aparecido, mas não havia sinal algum de nada. 

Estava começando a ficar preocupado, ligeiramente preocupado.

— O que foi, neném? — Eren perguntou, fazendo com que despertasse do seu transe. — Está aéreo, tudo bem?

— Tudo, só preciso fumar. — Ele deu de ombros. 

— Tem uma sacada aqui perto, quer ir lá? 

— Pode ser.

Andaram um pouco e logo Levi viu a sacada grande que havia ali. Tinha uma visão boa e nem se lembrou que o local era tão alto a ponto de ter uma. Tateou o bolso, puxando a caixinha e o isqueiro, acendendo o cigarro e deu um trago, ainda pensando na amiga. Estava preocupado e se sentindo culpado, queria poder ir com ela, mas tudo estava acontecendo rápido demais.

Fumou mais rápido que o esperado, tudo isso sendo observado pelo brilho esverdeado que vinha de trás da máscara branca e se sentiu familiar ao encarar aqueles olhos daquela forma, lembrando-se de quando se “conheceram” pela primeira vez.

A vida tinha uma puta reviravolta, jamais pensou que fosse estar de novo na frente daquele homem, ainda mais naquelas circunstâncias.

— Sabe que eu queria te colocar em cima dessa sacada e te beijar com vontade, não é? — Eren falou, ouvindo um riso seco em resposta. 

— Não é como se fosse difícil, mas vejo que você tem um compromisso agora. — Levi virou-se enquanto se apoiava na sacada, olhando para dentro do grande salão, vendo a movimentação repentina. — Acho que está na hora de ser o menino bonzinho, Eren.

Eren riu malicioso e mordeu o próprio lábio, agarrando a cintura de Levi, deixando um beijo rápido no baixinho antes de se afastar sem olhar para trás. O Ackerman riu soprado com a atitude repentina do mais novo, virando-se de frente para a sacada novamente e vendo a paisagem que ela lhe proporcionava.

Ficou ali por alguns minutos, fumando um ou dois cigarros enquanto olhava no celular, se lembrando da conversa que teve com Mina, a bartender simpática do bar do mezanino. Não que isso tinha algo a ver consigo, mas talvez devesse dizer para Eren para dar folga para a garota que parecia trabalhar mais do que deveria.

Deu de ombros, pegando a caixa de cigarro e destacou mais um. Estava nervoso, era óbvio e somente aquele vício – e outra coisa que ele sabia bem o nome – o acalmava. Estava preocupado com Hange e perdido em pensamentos nem notou uma figura que conhecia bem se aproximar da sacada com um sorriso no rosto.

— Rivaille, está tão perdido por Eren assim, hum? — O tom era provocativo, trazendo-o de volta à realidade e apertou no botão para desligar a câmera da máscara antes de encará-la.

— Você não tem noção. — Era para parecer sarcástico, mas talvez fosse uma verdade que sua alma tentava esconder e enterrar bem fundo. — Elegante como sempre, Adaga. — Ele observou o vestido longo azul de alça única em um tecido aparentemente caro demais. Os cabelos negros estavam  ondulados e o batom vermelho estava lá, além de jóias adornando pescoço e orelhas.

— E você de tirar o fôlego. — Ela riu, tomando um pouco do champagne que estava na taça em suas mãos. — Como sempre, claro.

— É difícil eu não ficar, você sabe. — Levi deu de ombros, baforando mais uma vez o cigarro e virou-se para ela. — O que me traz?

— Más notícias para você, talvez. — Adaga começou. — As encomendas que Grisha está negociando com Darius serão divididas em dois lotes, meus homens terminaram as guias de voo.

— Para quando?

Levi viu os lábios pintados se curvarem em um riso seco, enquanto a mulher levava mais uma vez a taça até a boca.

— Agora a noite. — Ela falou e Levi a encarou imediatamente. — Grisha é astuto, não é? Marcar uma inauguração justamente no dia que suas encomendas estão para decolar por aí. A remessa não é grande, pelo que meus homens falaram. A maior será no último lote, daqui três semanas. A essa altura, seja lá o que for, está voando para bem longe daqui.

Levi parecia não querer acreditar, sentindo como se tivesse caído em uma armadilha bem feita e que jamais desconfiaria. Grisha agia nas sombras, disso não havia dúvidas. O primeiro lote ele havia deixado escapar, mas o segundo, com certeza, não. 

— Tome cuidado. — Ela continuou. — Zeke pode parecer sonso, mas ele observa tudo e todos. Aqueles olhos azuis são mais espertos do que parecem e enxergam tudo muito bem. Qualquer deslize ele pode desconfiar de você. 

— Nada do cracker? — Ele perguntou, recebendo uma risada em resposta.

— Sabe, Rivaille. A ingenuidade pode ser mascarada muito bem com um teatro bem orquestrado. Erwin está em uma saia justa e fará de tudo para que seu nome não saia nessa merda toda, mas eu jamais imaginaria que ele fosse tão podre. — Ela deu de ombros. — Abra mais um pouquinho os olhos e conseguirá enxergar coisas que estão bem debaixo do seu nariz, mas você não enxerga. Os bons meninos não duram para sempre, você sabe.

Levi observou a mulher beber todo o conteúdo da taça, depositando-a em cima da sacada trabalhada em mármore e o encarou por trás da máscara dourada.

— Eu ouvi uma conversa muito interessante nos corredores e vi uma pessoa que você não espera estar aqui. Bem, talvez você devesse ir até os banheiros do último corredor e escutar por si só, está dando o horário. — Ela se aproximou de Levi e pegou em seu pulso, beijando a parte de dentro, deixando seu batom perfeitamente marcado ali. — Mostre essa marca, meus homens te deixarão entrar. Sabe como é, é uma área apenas para os selecionados entrarem. Ah, a propósito, eu estava certa, não é? Você está caidinho de amores pelo Jaeger e ele por você, já que ele vive falando sobre um baixinho ranzinza que conheceu há pouco tempo.

Levi viu a mulher se afastar com um sorriso no rosto e deu um último trago no cigarro antes de caminhar novamente para dentro. Viu alguns fotógrafos circularem no grande salão e pensou que possivelmente as fotos haviam acabado. Eren não havia ido até ele, ou havia acontecido algo ou alguém o parou no meio do caminho. Não se importou muito, pois o que importava era o que a mulher de cabelos negros havia dito. 

Caminhou entre as pessoas rapidamente, ligando a micro câmera da máscara novamente, indo até onde ela havia dito. Sabia onde era já que havia decorado aquele local perfeitamente graças ao mapa que Hange havia lhe dado e não demorou muito para virar o corredor relativamente pequeno e dar de cara com um seguro com o dobro de sua altura. Mostrou a marca de batom no pulso e quase que imediatamente  o homem permitiu que passasse, não demorou a achar o banheiro com a porta encostada. 

Se lembrou que ali era um lavabo pelo mapa e antes de entrar, ouviu vozes vindas de dentro e parou no mesmo instante, encostando-se na parede ao lado da porta para ouvir. 

— Assim você irá me deixar louca, ah… — A voz era de uma mulher, Levi não a reconheceu a princípio, mas era óbvio o que estavam fazendo. 

Ouviu barulho de roupas caindo e barulhos de beijos serem dados. Fez uma cara de nojo, sentindo o coração se acelerar com o medo de ser pego ali. Por que Adaga havia dito para ir até lá? Para ouvir duas pessoas transarem?

— Essa é a intenção. — E Levi reconheceu a voz no mesmo momento, arregalando os olhos e sentindo os pêlos do corpo arrepiarem. — Vamos, só vou terminar o que começamos se você me falar o que quero ouvir, Dina.

— Eu mandei meus homens sondarem o local, mas… ah! — Ela gemeu. 

— Mas?

— Mas parece que eles notaram e se mudaram. — Ela respondeu e Levi notou o quão embargada de prazer a voz estava. — Não sei, ainda, para onde eles foram, mas a ordem foi única: eu mandei matar as duas e o último será por minha conta.

— Acha que seus homens darão conta? Você sabe bem que isso não pode vazar para lugar nenhum, não é? Se antes não conseguiram matá-la, hoje as coisas serão mais complicadas com ele na cola.

— Eles precisam dar conta. Se os homens que Grisha mandou não conseguiram matar Carla, os meus darão conta, nem que eu tenha que pagar o dobro do valor. Eu olho para aquele bastardo e sinto nojo porque ele é a cara daquela imunda, não sei como ele saiu ileso. O plano era para matar os dois juntos.

— Alguém descobriu o que aconteceu e está vazando aos poucos informações. Meu medo é juntarem os pontos e explanarem isso para todos, por mais que todos da polícia tenham acobertado todo o crime e o que se sucedeu após. Se ela despertar e se lembrar de tudo…

— Ela não irá acordar. Meus homens a matarão antes disso e logo depois Eren não ficará vivo por muito tempo. — Ela riu e Levi levou a mão até a boca enquanto ouvia sons nojentos de beijos serem dados. — Não aceito o nome da nossa família ser sujo por alguém assim, custei para fazer a cabeça de Grisha no começo, agora ele está ocupado demais para me ouvir. Que seja, ainda bem que você apareceu, Erwin, e não deixarei que ninguém descubra o que aconteceu. O que está no passado, fica no passado. Pessoas mudam e você mudou, eu tenho certeza.

O estômago de Levi revirou mais vezes do que ele jurou possível. A náusea bateu forte em seu estômago e o coração parecia querer pular pela boca. Estava tenso e as mãos tremiam levemente.

— Mudei por você, você sabe que nosso amor me fez mudar, não é? — Levi ouviu risadas e mais beijos. — Quando acabar tudo isso vamos comemorar muito esse pequeno acidente. 

Aquilo foi o bastante para Levi sair dali o mais depressa possível, sentindo o peito doer. Não era nem pela nojeira e sim por, possivelmente, Eren e sua mãe estarem correndo perigo. Os passos eram largos, sentindo toda aquela confusão dentro de si. 

Nunca foi de se importar com esse tipo de coisa, mas as imagens de Eren chorando ao lado de sua mãe esmurravam sua sanidade a cada lembrete que tentava fazer que aquilo estava indo longe demais. Estava se importando demais e somente a possibilidade de achar Eren morto o assustou, a sensação de perder alguém que gostava… não queria passar por aquilo de novo.

“Mas que porra eu estou pensando?” Ele se perguntou quando parou na mesma sacada que estava antes, mãos tremendo apenas com o fato de ouvir um planejamento de assassinato não somente de uma, mas de duas pessoas.

Era um fato que havia matado várias pessoas, mas ouvir aquilo de outras bocas soava péssimo, quase intragável. Mas temia que o fato de ouvir tenha o abalado por saber que a vítima se tratava de Eren.

O coração batia forte no peito enquanto estava escorado na sacada, fazendo de tudo para se acalmar; no entanto, quando pegou a caixa de cigarros e destacou mais um, ouviu seu celular tocar e olhou a tela, preocupado.

— Onde você está?

 

_________

 

Hange olhava o endereço em sua mão e logo após o prédio logo a frente. Estava temendo ser uma armadilha e por isso colocou sua arma no cinto e suspirou fundo. Olhou para o celular, vendo as várias mensagens de Levi, mas ignorou todas. 

Tinha medo de desestabilizar o amigo em meio a operação de infiltração e sabia que estava na frente do caso do cracker e faria de tudo para solucioná-lo. Se Levi era ambicioso, ela também era.

Esfregou as mãos no rosto e ajeitou os óculos, saindo do veículo. Ali havia um número e um andar anotado à mão mesmo. Entrou no condomínio, dizendo ser da polícia e não houve restrições, logo seguiu até o elevador. 

A porta se abriu e deu de cara com a porta do apartamento de imediato. Tocou a campainha e esperou. A mão descansou na arma em seu cinto, o coração batendo rápido. Era um fato que sempre ficava atrás das telas do computador, o trabalho em campo era feito por Levi na maioria esmagadora das vezes. Poderia dizer que estava com medo e até mesmo assustada.

Mas teria que fazer o que fosse necessário para o êxito da operação, Levi era assim e ela deveria seguir os passos do parceiro.

Não demorou muito e ela viu a porta ser aberta e diferente de tudo do que imaginou, encarou a figura à sua frente.

— Boa noite. Sou Hange Zoe, agente da polícia. — Ela mostrou seu distintivo, mesmo que estivesse tremendo, soava firme.

— Olá, Hange. Estava esperando por você. — A porta foi aberta, dando passagem para Zoe entrar. — Entre, me chamo Frieda e irei contar o que deseja saber.

 


Notas Finais


QUEM DIRIA QUE O ERWIN SERIA UM MANIPULADOR NAO É MESMO
no fim, ele não estava indo na sede ver o grisha e sim a dina aksaksjaskajshak HOMEM ESCROTO SE EU TE PEGO EU TE DEITO NA PORRADA
o momento dos ereri > qualquer coisa! o eren tão entregue me deixa boiola, e o levi gente?
PAUSA PRA FALARMOS DA MAE DO EREN ACORDANDO RAPIDINHO! CONVERSA IMPORTANTE SURGINDO E SEI QUE VCS SÃO INTELIGENTES!
deixei mais algumas outras coisas no ar, bem sutis, as coisas vão se encaixando, por isso atenção a todo tipo de detalhe.
me digam o que acharam e as teorias de vocês! estamos engatando pra reta final huhuhu
até o próximo, amo vocês! ♥


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