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História Love Thing - As Vantagens de Ser Invisível


Escrita por: itsgretha

Capítulo 3 - As Vantagens de Ser Invisível


Fanfic / Fanfiction Love Thing - As Vantagens de Ser Invisível

Antes de sair do vestiário, Nicole deu uma última olhada em Waverly e a viu respirar fundo antes de encontrar suas amigas; não conseguiu decifrar corretamente a expressão da garota, mas suspeitou que esta gostaria de ficar sozinha e não em meio a outras meninas que provavelmente não faziam a menor ideia de que sua líder poderia estar passando por problemas pessoais.

Sabendo que não poderia interferir, Nicole se retirou e poucos passos depois estava no amplo ginásio do colégio, que receberia as animadoras de torcida dali a alguns minutos, para que estas ensaiassem pela enésima vez suas coreografias e acrobacias e tudo mais que elas faziam com seus pompons, além do time masculino de Basquete, para os últimos treinos antes da decisão.

Ao chegar ao meio da quadra, a garota ruiva parou e sorriu com as lembranças boas que invadiram sua mente... Ela se viu numa quadra igual àquela, vestindo o uniforme amarelo com detalhes em azul do seu antigo colégio, lugar em que, quase quatro anos atrás, era ela quem era a garota mais conhecida e popular devido as suas habilidades no Basquete.

Como se fosse ontem, a voz do seu antigo treinador veio em seus pensamentos, enquanto este lhe dava instruções precisas a cada intervalo das partidas oficiais da antiga escola...

“Nós precisamos virar Haught! Ou você me faz duas cestas de dois pontos em menos de oito segundos ou você me manda logo uma de três! Com uma de três a gente consegue segurar até o cronometro zerar!!”

E foi o que Nicole fez quando recebeu a bola. Uma cesta de três pontos. Uma cesta que valeu para seu time o campeonato por três anos seguidos.

A garota sempre sentia seus olhos marejarem com as lembranças. Mas a emoção não era somente de felicidade. Eram também de tristeza, pelo fato de ter sido obrigada a parar de jogar.

E ali, no colégio Nora F. Henderson, ela era invisível.

Quando estava prestes a sair, deu de cara com o treinador Wilson, que trazia um carrinho cheio de equipamentos que ela sabia que eram usados pelos garotos nos treinos.

- O que está fazendo aqui, Haught? – O treinador calvo lhe perguntou, mas ele não foi severo, apenas curioso.

- Apenas lembrando, treinador – Nicole falou e com um sorriso de lado, perguntou ao professor – Posso fazer algumas cestas enquanto os meninos não chegam?

O treinador deu uma leve risada.

- Por mim tudo bem. Mas minha preocupação é o seu joelho... – ele apontou para o joelho de Nicole com uma das mãos.

- Desde que eu não corra e ele não sofra muitos impactos, não tem problema – Nicole garantiu, seus olhos brilhando de expectativa.

- Está certo... – o Sr. Wilson pegou de dentro do carrinho uma das bolas de basquete que utilizava nos treinos e jogou para a garota – Divirta-se enquanto eu arrumo aqui para os garotos. E hoje especificamente vai ser uma luta mantê-los concentrados, pois as meninas usarão metade da quadra para ensaiar também... – ele fez o desabafo.

Nicole riu e pegou a bola com destreza e imediatamente começou a batê-la no piso de madeira da quadra, passando de uma mão para a outra, seu tato se acostumando com a superfície áspera e outra vez batendo a esfera no chão... Foi se aproximando da cesta, ousando em algumas manobras, nos quais fez a bola passar por debaixo das suas pernas e por trás de seu corpo, além de ter girado vez ou outra pelo próprio eixo.

A garota fez uma, duas, três... Mais de sete cestas seguidas, e pelo menos três da linha de três pontos. Quando acertou mais uma, ouviu a risada do treinador atrás de si.

- Maldito foi o dia em que você machucou esse joelho, Nicole!

- Nem me lembre treinador. – Ela colocou a bola embaixo do braço e caminhou até onde ele estava parado.

- Se não fosse por isso, você estaria no time feminino desde que veio de transferência. E teria nos colocado na Liga Estudantil Feminina. – Ele suspirou.

- Pois é. Acho que Deus não queria que eu jogasse basquete. – Ela jogou a bola para o treinador, que a pegou e a devolveu para dentro do carinho de equipamentos.

- Tudo tem um motivo – disse o treinador.

- Espero que o senhor esteja certo – ela voltou a colocar as mãos dentro da calça jeans – Obrigada.

- Disponha. É o mínimo que eu posso fazer para quem eu sei que poderia ser a versão feminina do Travis.

Nicole deu um sorriso fraco e acenou em despedida para o treinador, saindo do ginásio e dando de cara com sua amiga Bridget, uma menina ligeiramente mais baixa que ela, cujos cabelos eram escuros e ondulados.

- Estava te procurando! – Ela disse para Nicole – Estava brincando de Troy Bolton ou o que?

- Estava te esperando para dançar Get’cha Head in the Game, mas você demorou demais – a ruiva brincou com a amiga.

- Deus me livre! – Bridget exclamou, fazendo Nicole rir – Mas sério, o que estava fazendo na quadra?

- O treinador Wilson me deixou fazer algumas cestas. – Disse e começaram a andar pelo corredor.

- Mas e seu joelho? – A outra a olhou preocupada.

- Não se preocupe, eu não fiz esforço – explicou.

- Bom mesmo! Não quero ver ninguém hospitalizada porque cagou o joelho mais ainda!

- Obrigada pela parte que me toca, Bri.

- Disponha, Kat – a garota morena bagunçou as mechas ruivas da amiga – Conseguiu encontrar a Abelha Rainha?

Nicole riu.

- Você assistiu demais Meninas Malvadas – ela disse – Mas sim, eu achei a Waverly. Ela estava no vestiário.

- Olha só, você entrou no território inimigo...

- Não é território inimigo.

- Se torna quando tem animadoras de torcida nele – Bridget fez uma careta.

- Eu não penso assim... – Nicole deu de ombros.

- Nic, você pensa dessa forma pois você já esteve do lado de lá – a amiga respondeu com seriedade – Mas se você fosse invisível como eu, desde tipo sempre, você pensaria da mesma forma.

- Você não é invisível para mim, Bri – a ruiva olhou para amiga com carinho.

- Claro que não. Foi eu quem te socorreu quando você chegou aqui nessa escola, toda perdida, parecendo o cãozinho que caiu do caminhão da mudança...

- Exagerada! – Nicole deu um leve empurrão na amiga.

- Só disse verdades. – e num sorriso malicioso, perguntou – O que estava escrito no papel da Waverly?

- Eu não li o papel, Bri! Eu só vi que tinha o nome dela e vim entregar!

- Aí Nicole Haught, as vezes você é certinha demais para o meu gosto – a menina revirou os olhos. – Você não deu nenhuma espiadinha?

- Não. Poderia ser algo pessoal...

- Isso tornaria tudo mais interessante...

- Você é curiosa demais.

- Eu sei que você também é curiosa. E eu aposto que você leu e não quer me contar – Bridget acusou a amiga.

Nicole deu de ombros. Realmente tinha lido o que foi escrito por Waverly e até poderia ter contado para sua melhor amiga o conteúdo do rascunho, mas decidiu manter a informação para si a partir do momento em que viu a líder de torcida chorado no vestiário. Qualquer que fosse o motivo das lágrimas, se Nicole estivesse no lugar da outra, não ia gostar de ter seus segredos revelados aos quatro ventos.

-Terra chamando Nicole!

- Que?

- Você às vezes tem uns apagões que vou te contar heim! – Bridget balançou a cabeça em negativa.

- Estava pensando...

- Notei.

- Mas o que você disse? – Nicole olhou a amiga.

- Se você tem reunião da Comissão hoje...

- Tenho – a menina respondeu com desanimo.

- Ainda tento entender o motivo de você ter se candidatado para ajudar nessas coisas – outra vez, Bridget balançou a cabeça.

- Todos do Clube de Audiovisual foram chamados para participar, e eu aceitei para ter créditos para a Universidade. – Nicole disse – Já disse isso para você umas mil vezes.

- Só com suas notas você conseguiria entrar para qualquer faculdade – a outra elogiou.

- Obrigada – as bochechas de Nicole coraram – Mas créditos extras são bem-vindos.

- Te entendo. Ou eu não estaria no Clube de Debates.

- Nerd.

- Olha quem fala – Bridget sorriu – Mas falta muita coisa para ser organizado?

- Não, está tudo no jeito – a ruiva respondeu – Só precisamos acertar as músicas do baile e a filmagem. Um outro pessoal está responsável pela decoração. E talvez eu seja escalada amanhã para fotografar a última leva de alunos para o Livro do Ano.

- O Sr. Ruby ainda está auxiliando vocês nas fotografias? Ou largou de mão?

- Talvez ele me deixe fotografar sozinha amanhã – Nicole falou com os olhos brilhando.

- Cuidado para não ter um orgasmo.

- Cala a boca, Bri!

- Eu diria vem fazer, mas já passamos dessa fase.

- Totalmente. – Nicole concordou. – Te vejo amanhã?

- Sim senhorita – Bridget se aproximou da amiga e lhe deu um abraço de despedida, seguindo seu caminho logo em seguida.

Nicole caminhou pelos corredores relativamente desertos, uma vez que os demais alunos estavam em suas atividades pós almoço. Ela foi até seu armário e pegou seus pertences, conferindo se tinha apanhado os livros corretos para estudar em sua casa e quando fechou a porta do seu armário, se assustou ao ver que um menino lhe esperava.

- Oi Nicole. – Se tratava de Victor, um dos seus colegas do Clube de Audiovisual.

- Oi Victor – ela sorriu – Está indo para a Reunião?

- Sim, estou, mas queria falar uma coisa com você...

Nicole percebeu que as bochechas de Victor estavam ficando em tons de rosa e a ruiva sentiu o coração disparar, já que fazia uma leve ideia do assunto que o garoto queria tratar com ela.

- Diga... – a garota o incentivou, mas não se sentiu segura se era isso mesmo que gostaria de ter feito.

- Queria saber se... Se você já tem companhia para o Baile... – ele imediatamente baixou os olhos, mas em seguida completou – Desculpe, eu sou péssimo nessas coisas.

- Tudo bem... É... – Nicole ficou sem saber o que responder. A cordialidade lhe dizia para aceitar, mas no fundo a ruiva não queria ir ao baile como um par.

- Como amigos – Victor disse rápido ao ver a indecisão nos olhos da colega – Provavelmente a gente nem fique próximos, pois teremos que ficar de olho nas coisas do baile...

- Somos responsáveis por parte da organização – ela completou.

- Exatamente – o rapaz concordou – Tipo, a gente nem precisa ir junto, podemos nos encontrar na entrada mesmo... Seria só pra, caso tenha alguma dança...

- E não ficarmos deslocados, certo?

- Isso! – Victor sorriu mais aliviado.

- Seus amigos estavam te pressionando, né? – Nicole olhou para o colega e este suspirou mais aliviado ainda.

- Que bom que você me entendeu – ele sorriu, parecendo agora mais a vontade, já que Nicole havia compreendido seus motivos. – Queria que eles me entendessem que eu não curto bailes!

- Pense nisso como uma experiência – Nicole tentou ajudá-lo – Pelo menos você terá uma história para contar no futuro.

- E vai ser engraçado ver o time de Basquete bêbado e fazendo merda – Victor fez uma cara de quem provavelmente estava imaginando a cena.

- Isso também – a ruiva sorriu – Então a gente se encontra aqui do dia e caso tenha dancinhas, fazemos uma cena para os seus amigos.

- Sim – ele confirmou.

- Mas sem beijos – ela o advertiu.

- Eu nunca passaria desse limite. Só se você quisesse – ele brincou.

- Não quero – ela riu – Mas eu ajudo no seu disfarce.

- Valeu mesmo, Nic. Vamos? – Ele apontou com a cabeça em direção a sala onde ocorriam as reuniões da Comissão e a garota o acompanhou.

Como sempre ocorre em reuniões, muito se fala e pouco se aproveita, e foi exatamente isso que ocorreu assim que Nicole e Victor se juntaram ao restante dos membros da Comissão. A garota tomava algumas notas do que poderia ser útil na escolha do setlist para o Baile, mas por diversos momentos sua mente divagou para todos os lugares possíveis e imagináveis, principalmente para a época em que jogava, e se estivesse em plena forma, ela estaria treinando e não ali, naquela sala fechada, ouvindo as pessoas discutirem entre música Pop ou Hip-hop para ser tocado na última festa do Colégio.

Não que Nicole não gostasse de música, muito pelo contrário, ela amava! Tanto que fez algumas aulas de violão e piano quando era mais jovem, e ainda sabia tocar um pouco de cada instrumento; sua impaciência era pelo fato de aquelas decisões serem simples, não havendo necessidade de confusão.

- Eu acho que tenho uma ideia... – ela disse baixo, mas foi o suficiente para que todos que estavam na reunião a olhassem.

- Compartilhe conosco, Srta. Haught – O Sr. Ruby pediu, deixando a garota ligeiramente constrangida.

O fato era que Nicole, depois que abandonou as quadras, fechou-se numa concha, e apesar de ter boas amizades e se dar bem com as pessoas, sempre se sentia intimidada quando um grande número de humanos a olhavam ao mesmo tempo, principalmente quando esta tinha algo a dizer. Ela respirou fundo, ignorando a quentura que queria subir por sua face, e falou:

- Porque a gente não pede a opinião dos outros alunos da escola referente às músicas? – Ela se ajeitou na cadeira – Digo, o baile não é somente nosso, só temos a opinião de quem está aqui, mas e o restante?

O Sr. Ruby e os demais analisaram suas palavras e começaram a fazer sinais de concordância com a cabeça.

- E o que propõe? –Um dos membros perguntou.

- Podemos sei lá, fazer uma urna e colocar em pontos estratégicos do colégio. E nela as pessoas podem dizer o que gostariam de ouvir... – ela respondeu e se sentiu feliz com mais sinais positivos.

- Temos poucos dias para fazer isso – disse outra garota.

- Mas se começarmos amanhã, teremos tempo – Victor ajudou. – E depois fazemos um levantamento e selecionamos o que foi pedido.

- Todos de acordo? –O Sr. Ruby perguntou a todos.

Nicole correu os olhos por todos os presentes e não pode deixar de sorrir ao ver que sua sugestão fora aprovada.

- Ótimo! – O Sr. Ruby sorriu – Acho que já finalizamos tudo por hoje, não? Amanhã podemos colocar a ideia da Srta. Haught em prática. E estão dispensados por hoje.

Todos se levantaram simultaneamente e antes de sair, Nicole foi chamada. Ela retornou e foi até o professor Ruby que estendeu para ela uma bolsa preta. Ela reconhecia aquele objeto e sorriu.

- Amanhã você quem vai fotografar o restante dos alunos – o homem disse.

- Mesmo? Sozinha? – Ela não acreditava no que estava ouvindo e ergueu a mão para receber a bolsa que continha o equipamento fotográfico utilizado nas últimas semanas.

- Mesmo. É claro que você não vai levar o equipamento para casa. Mas pode manuseá-lo um pouco, tire algumas fotos pela escola como treino e depois me devolva na minha sala, está bem? – A garota concordou com as palavras do professor – Até logo, Haught.

- Até logo, professor Ruby – ela respondeu.

O homem mais velho saiu, Nicole abriu a bolsa e retirou de dentro dele uma bela máquina fotográfica profissional e tratou o objeto como se fosse a peça mais rara que poderia portar.

Enquanto mexia nos comandos, a garota não pode deixar de pensar no quanto o saldo do dia estava sendo positivo:

 “Fiz algumas cestas, tive uma ideia aprovada, fui escolhida para fotografar amanhã e ainda por cima falei com ela... Waverly... É, o dia está proveitoso”. 



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