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História Love Thing - De Repente é Amor


Escrita por: itsgretha

Capítulo 31 - De Repente é Amor


Fanfic / Fanfiction Love Thing - De Repente é Amor

A ruiva permaneceu os minutos seguintes em silêncio, observando Waverly e Sarah conversarem a respeito do ocorrido. Nicole achou a interação delas interessante e não ousou interromper o relato, ficando a acariciar a mão livre da capitã com a sua. Detalhe que não passou despercebidos pelos olhos atentos de Sarah, é claro.

A menina nerd nunca pensou que presenciaria uma conversa daquela seriedade entre as duas garotas da torcida. Quem as via andando pelos corredores, imponentes, brincando e conversando futilidades, provavelmente não imaginava como realmente era a amizade delas. Sarah ouvia Waverly com extrema atenção e sua preocupação para com a outra exalava de seus poros e transbordava em forma de lágrimas que escapavam de seus olhos azuis.

Nicole não pôde deixar de ficar feliz por Waverly. Não pelo acidente, mas por saber que a menina teria alguém como Sarah por toda a vida. Automaticamente lembrou-se de Bridget e sorriu ao pensar na amiga, que lhe socorreu em seu primeiríssimo dia de aula no Nora F. Henderson e que desde então se tornou sua companheira durante todos aqueles anos de Ensino Médio.

Waverly terminou seu relato e a ruiva também ficou agradecida pelo fato da garota não ter contato para Sarah sobre o seu acidente passado. Era um assunto que um dia Nicole poderia contar para a loira, mas agora não era o momento de compartilhar com mais alguém as suas dores. Já o havia feito com Waverly, pois era relevante para a ocasião, mas tal fato já fora novamente guardado dentro de uma caixinha escondida dentro de seu ser.

- E agora Wave, o que você vai fazer? – Sarah, que a esta altura já estava com as pernas cruzadas em cima da cama, indagou – Você vai para o colégio amanhã?

- Vai depender da minha escala de dor – respondeu com um riso fraco.

- Eu acharia melhor você descansar, Waves – Nicole falou por fim – É muito recente e já que você tem como realizar as provas finais depois, deveria aproveitar...

- Concordo com a Nicole – Sarah disse – Quem me dera ter mais alguns dias para estudar... – suspirou.

- Você estuda? – Nicole brincou, arrancando uma risada de Waves.

- Ela já está abusada assim? – Sarah olhou para Waverly, apontando o indicador para a ruiva.

- Até eu me surpreendo a cada dia com ela – Waverly sorriu, olhando para Nicole.

- Pois é, já te conseguiu levar até para a cama! – Sarah pontuou, o que fez Nicole corar.

- Duas vezes, inclusive... – Waverly brincou.

- Duas?! – Sarah arregalou os olhos.

- Waves! – Nicole escondeu o rosto nas mãos.

- Sim, quando fizemos o trabalho de história... – a capitã recordou.

- Ah! Isso você me contou, Waves... – Sarah provocou a ruiva, que balançava a cabeça sorrindo – Acostume-se – continuou – Afinal, a melhor amiga vem de brinde no pacote do namoro.

As palavras de Sarah surtiram um efeito imediato em Waverly e Nicole, que riram nervosas e desviavam os olhos uma da outra, ambas extremamente sem graça com tal possibilidade, apesar de seus íntimos não terem achado a possibilidade nada ruim.

- Nós, hum, não... Não estamos... – Nicole gaguejava.

- Não... É, isso é algo que... – Waverly também tentava colocar em palavras seus pensamentos, mas falhava com sucesso.

Óbvio que Sarah riu na cara de ambas.

- Vocês estão ferradas. – A loira disse, fazendo as outras corarem mais ainda, se é que era possível.

Nesse instante, alguém bateu na porta do quarto de Waverly e por ele entrou a Sra. Gibson. A mais velha olhou para as três garotas na cama, mas não disse nada, uma vez que se sentiu aliviada por ver a filha sorrir.

- Preparei uma sopa de legumes para vocês – ela falou – Está esfriando um pouco. – E olhando para sua cria, continuou – Terei que sair por algumas horas... – era visível que a matriarca não estava nada feliz com aquilo.

- Por que? – Waverly perguntou.

- Me chamaram do escritório – ela informou – Não faço ideia do motivo, mas pediram para eu ir.

- É algo com os Miller? – A capitã indagou e Sarah e Nicole se entreolharam.

- Provavelmente. Descobrirei quando eu chegar. – A mais velha suspirou pesadamente e olhou para as outras garotas – Posso abusar e pedir para que fiquem de olho na Waverly até eu voltar?

- Não precisava nem pedir, Sra. Gibson – Sarah respondeu com um sorriso.

- Pode ir tranquila, mãe – Waves a olhou – Tenho duas boas enfermeiras aqui – brincou.

Sarah abaixou a cabeça e crispou os lábios, e Nicole soube que a loira havia pensando alguma besteira e que iria soltá-la assim que a mulher saísse do cômodo.

- Até mais tarde então. Qualquer coisa me ligue! – E assim, a Sra. Gibson deixou o recinto.

Assim que a porta foi novamente encostada, Nicole indagou:

- Diz logo o que essa sua mente imprevisível pensou, Sarah.

- O que? – Waverly olhou para a amiga sem entender.

- Nicole talvez goste de brincar de enfermeira com você, Wave... – Sarah piscou descaradamente para sua capitã.

- Sai daqui Sarah! – Waverly tentou empurrá-la com o pé, mas a menina já estava fora da cama, rindo.

A ruiva por sua vez, não sabia onde esconder a cara.

- Vou obedecer sua mãe e te alimentar, Waverly Grace – a loira foi em direção a porta – Se comportem na minha ausência...

Waverly e Nicole rolaram os olhos com as palavras de Sarah, e ao se verem novamente sozinhas, a animadora passou a mão livre nas costas da ruiva.

- Não precisa ficar tímida perto da Sarah – Waves falou com a voz suave – Ela é desbocada e sem filtro mesmo. Deve ser defeito de fabricação.

- Eu não duvido... – Nicole sorriu e olhou para a outra – Está tudo bem? Seu braço dói? Está confortável?

- Estou bem, Nic. E confesso que a fome está chegando.

- Mães tem um bom timming. – Ponderou a ruiva – Hum, eu não fazia ideia que sua mãe era advogada, e muito menos da Família Miller.

- Na verdade ela não é advogada dos Miller, mas devido a tudo o que aconteceu e as possibilidades que a polícia está levantando a respeito, ela precisou ser chamada para ajudar na cooperação...

- Acha que o pai do Travis poderia estar envolvido em alguma atividade ilegal? – Nicole fez uma pergunta de cunho mais retórico, contudo, foi respondida.

- Meu pai era um cara legal...

A voz masculina assustou as garotas, que olharam para a entrada do quarto e avistaram Travis parado ao portal. O rapaz utilizava jeans e camiseta, cabelos ainda desgrenhados e o rosto extremamente abatido, resultado das últimas horas conturbadas. Sua pele continha com alguns arranhões, como se o rapaz tivesse apenas se cortado fazendo a barba. Seus olhos cheios de dor pousaram nos de Waverly, e ali a animadora viu a culpa que o assolava.

- Apesar de ele ter sido um homem difícil em algumas situações, eu não acredito que ele esteja envolvido em algo ilícito... – o menino continuou, fazendo com que Nicole abaixasse os olhos.

- Me desculpe, Travis, não foi o que eu quis dizer... – Nicole o olhou ao se desculpar.

O rapaz deu de ombros e continuou a olhar para Waverly.

- Podemos conversar? – Ele pediu.

- Eu não quero conversar, Travis... – a capitã respondeu com a voz baixa, desviando seus olhos dos dele.

- Eu vou deixar vocês sozinhos... – a ruiva fez menção de se levantar, mas foi outra vez impedida por Waves – Eu volto logo, prometo...

A jovem animadora fez um sinal positivo com a cabeça e deixou Nicole sair de sua cama, sentindo o contraste de temperatura assim que a menina se afastou do seu corpo. A ruiva parou por alguns segundos ao lado de Travis e pousando seus olhos nele murmurou, mesmo sabendo que Waverly a escutaria.

- Não foi sua culpa. E no fundo a Waves sabe disso. Tenha paciência.

Travis nada disse, e quando Nicole se retirou, ele se aproximou da cama da garota, que afastou um pouco as pernas e deu espaço para ele se sentar. Os olhos dele pousaram no pulso engessado da garota e seus ombros caíram culpados.

- Eu sinto tanto, Waves... Mas tanto... – sua voz era de dor. Na verdade, Travis era sinônimo de dor naquele momento.

- Como Nicole disse, não foi sua culpa, Travis...

- Você não estava tão tranquila quanto a isso hoje pela manhã... – ele recordou – O que aconteceu?

- Eu tinha acabado de acordar depois de sabe-se lá há quanto tempo, Travis – Waverly não queria soar dura, mas foi inevitável – Cheia de coisas ligadas ao meu corpo, dolorida ao extremo e com um braço imobilizado. Me desculpe se eu estava um pouco histérica com minha situação.

O rapaz não respondeu, seus olhos baixando para algum ponto no assoalho do quarto. Waverly escondeu o rosto com a mão direita, segurando algumas lágrimas de nervoso.

- Você não deveria ter ido me buscar ontem – ele voltou a falar – Se não tivesse ido, nada disso teria acontecido – ele apontou para o braço imobilizado dela – E amanhã você poderia estar na apresentação, brilhando, como realmente deveria ser.

- E se eu não fosse te buscar, no estado em que você estava, quem iria garantir que algo pior não aconteceria? – Waves rebateu e o menino soltou um longo suspiro – E amanhã você poderá jogar se quiser, poderá brilhar...

- Não...

- Não?

- O treinador Wilson me ligou depois que cheguei do hospital – Travis contou desanimado – Ele não vai me deixar jogar amanhã.

- Mas porquê? – Waverly não esperava que o treinador fosse realmente cortar o melhor jogador do time as vésperas de uma partida, apesar dos pesares.

- Meu pai e o acidente... De acordo com ele, eu não estou psicologicamente bem para jogar uma final, e que o estresse que eu poderia sofrer amanhã em quadra poderia me causar mais mal do que bem... – sua voz foi irônica – Antes eu tivesse quebrado a perna...

- Travis, não fala isso... – Waverly se mexeu e pegou uma das mãos dele – Se realmente tivesse acontecido algo mais sério, o risco de isso afetar o seu futuro seria imenso. Você não vai jogar a final, mas ainda terá chances de conseguir fazer do Basquete o seu futuro.

O rapaz encarou Waverly, sabendo muito bem a quem ela se referia.

- Nicole...?

- Ela também sofreu um acidente... – Waverly segredou – E que isso fique entre nós. Ou você vai se ver comigo. – O ameaçou.

- Não se preocupe, não vou contar a ninguém... – Travis garantiu, desviando os olhos e sentindo um incomodo dentro do peito. A capitã da torcida não viria a saber naquele instante, mas o menino realmente se pôs no lugar de Nicole e tal ato o fez sentir uma empatia maior pela garota ruiva.

Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, não sabendo dizer se Nicole estava ou não ouvindo a conversa atrás da porta, entretanto, um conjunto de vozes advindas do andar de baixo se iniciou e conforme os segundos se passavam, estas iam ficando mais próximas e consequentemente mais altas.

A capitã da torcida e o jogador de basquete se olharam e suas expressões eram de riso, pois sabiam exatamente o que aconteceria no instante seguinte.

- Eu acho que você tem mais visitas, Waverly Grace...

O rapaz piscou para a garota no mesmo instante em que a porta do quarto se abriu e uma horda de animadoras de torcida entrou no ambiente, todas exclamando o nome de sua capitã e se aproximando, ávidas para saberem da boca de sua capitã como esta estava de saúde.

***

Ao deixar Waverly e Travis sozinhos para conversarem, Nicole esperou do fundo de seu coração que ambos não se estranhassem. Sabia por experiência própria o que era estar na pele de Waverly, machucada física e psicologicamente, e não se sentindo capaz de perdoar ninguém, querendo apenas poucas pessoas como companhia neste delicado momento.

A menina se sentou na ponta da escada, pegando sua bolsa que tinha deixado ali assim que correu ao encontro da animadora quando chegou e apanhou seu celular de dentro dela. Como imaginara, haviam ligações perdidas de sua mãe e mensagens de Bridget e Victor, e já que presava muito por sua vida, retornou primeiro à ligação de sua mãe, que atendeu poucos toques depois.

- Oi minha filha... – A ruiva escutou a voz conhecida.

- Oi mãe. Desculpa não ter ligado antes, estava longe do celular. – O que não era mentira, Nicole ponderou.

- Onde está? Está no colégio ainda?

- Não... É, eu estou na casa da Waverly – a garota sabia que não adiantaria mentir sobre a sua localização.

- Waverly? Aquela moça que estava aqui em casa esses dias? – A Sra. Haught indagou.

- Ela mesma mãe... Ela sofreu um acidente de carro na noite de ontem.

- Então foi ela quem esteve envolvida no acidente com o filho dos Miller? – A voz da mais velha era de surpresa – Eu ouvi notícias, inclusive conversei com Odette, mas não liguei o nome à pessoa. Ela está bem?

- Está bem na medida do possível – Nicole suspirou – Ela quebrou o pulso, e teve alguns arranhões... Travis acabou de chegar aqui para falar com ela...

- Eu posso imaginar como Waverly deve estar. Já passamos por isso... – a mais velha comentou com a voz pesada do outro lado – E você foi visitá-la...

- Sim. Do mesmo modo que já passamos por isso, achei que seria bom conversar com ela sobre...

- Só está vocês duas aí? Além do Travis?

- Uma amiga dela, a Sarah, também está aqui – Nicole informou – E a Sra. Gibson também estava, mas ela teve que sair para resolver algo do trabalho. Inclusive, – emendou o assunto – ela pediu para que eu e Sarah ficássemos até ela voltar, para ficarmos de olho na Waverly... Tem algum problema?

- Problema nenhum. – A mais velha falou e Nic sentiu-se aliviada por isso – Você vem para o jantar?

- Eu não sei dizer...

- Só não volte muito tarde. Você ainda tem aula amanhã! – Havia firmeza na voz da mãe – Nada de faltar no último dia.

- Pode deixar mãe. Assim que a Sra. Gibson retornar, eu vou para casa.

- Está bem. Deseje melhoras para Waverly... – a Sra. Haught parou de falar por um segundo, parecendo hesitante, antes de acrescentar – E, hum, para o Travis também...

- Vou mandar o recado. Até mais tarde, mãe.

- Até mais tarde.

Ambas desligaram a ligação e enquanto a ruiva observava alguns retratos da família Gibson-Earp na parede, sua mente analisou as palavras da mãe, sentindo alívio pelo fato desta não ter lhe impedido de ficar mais tempo na residência de Waverly. Não que sua mãe fosse do tipo que a impedisse de ficar com os amigos, mas a garota suspeitava que a matriarca desconfiasse do envolvimento de ambas. Tal fato também não seria um problema, uma vez que seus pais sabiam de sua preferência sexual, mas quando o assunto são mães e o instinto protetor, bem, tudo pode acontecer.

"E de novo ela falou o nome de Travis de um jeito esquisito...". Era impossível fechar os olhos para isso, mas antes que a menina pudesse pensar mais sobre o assunto, seu celular vibrou, avisando que uma mensagem chegara.

"Ta viva? " – Era Bridget quem perguntava.

"Estou sim. Desculpa não ter respondido" – Nic digitou e enviou.

"Como estão as coisas? "

"Caminhando..."

Nicole passou os minutos seguintes trocando mensagens de texto com sua melhor amiga e também com Victor, explicando para ambos o estado de saúde de Waverly e como tinha sido a conversa entre ambas. E nesse ponto em especifico, a ruiva acabou por compartilhar com os amigos sua experiência pós acidente, por assim dizer. Sentiu-se culpada por não ter contado para eles antes, mas no fundo sabia que ambos iriam entender o seu desejo de não ter exposto o assunto anteriormente.

Em dado ponto, a ruiva escutou vozes, e quando menos esperou, um bando de garotas da torcida subia escada acima, todas falando ao mesmo tempo. Algumas cumprimentaram Nicole, outras a olharam de modo sugestivo, e todas rumaram direto para o quarto de Waverly. A ruiva apenas riu, sabendo que não ia conseguir impedi-las de entrar no cômodo.

Com isso, ela desceu para a cozinha, encontrando Sarah sentada em frente a bancada e saboreando a sopa preparada pela Sra. Gibson.

- Pensei que você ia alimentar a Waverly. – Nic se aproximou e sentou-se em uma banqueta de frente para a loira.

- E eu realmente ia. Mas você viu a cavalaria que acabou de subir? – Ambas deram risadas – Não tem sopa para todas.

- Escondendo comida, dona Sarah? – Nicole a provocou.

- Racionando. É diferente – a loira se defendeu – Eu nem sabia que as loucas iam vir aqui hoje – se referiu as colegas da torcida – Eu disse para que se revezassem, que viessem duas ou três hoje, e o restante amanhã, mas quem sou eu para me obedecerem? – Sarah revirou os olhos, se servindo de mais sopa de seu prato.

- Deveriam, pois você é a segunda na hierarquia...

- Às vezes ser a segunda em algo não vale de muita coisa – ela deu de ombros – Se a Wave tivesse falado diretamente, teriam a ouvido. Mas do jeito que tudo rolou, está uma bagunça.

- Talvez a Waves fale com elas sobre isso lá em cima. E está meio obvio que ela não vai poder se apresentar amanhã...

- Pois é... – Sarah deixou os ombros caírem – Meses de ensaios para isso acontecer... A vida às vezes é uma vadia, né?

- Eu que o diga...

- Negando comida, Sarah? – A voz de Travis ressoou na cozinha e as duas observaram o garoto se aproximar.

- Racionando – a loira disse outra vez. – Mas para você eu abro exceções...

- Obrigada, mas eu não estou com fome. – O menino respondeu, olhando de Sarah para Nicole.

- Você dizendo não estar com fome? – Sarah o analisou com atenção – Isso é novidade.

- A vida é uma vadia e está me fazendo perder a fome com muita frequência... – o rapaz falou com os olhos baixos e a voz distante.

- Está tudo bem? Você e a Waves conseguiram conversar? – Nicole indagou o garoto.

- Conseguimos... – afirmou – Talvez demore para as coisas voltarem a ser como antes. Não digo na questão amorosa – ele se corrigiu com rapidez para a ruiva – Mas vocês entendem...

As duas garotas fizeram sinais positivos com a cabeça e escutaram um conjunto de gargalhadas do andar de cima, seguido de uma nova onda de altas vozes.

- Eu juro que falei para não virem todas de uma vez – Sarah garantiu para Travis.

- Eu acredito em você – ele respondeu – Bem, eu já vou. Eu disse a minha mãe que não demoraria.

- Tudo bem. – Falou Sarah.

- E se cuide, Travis. – Nicole pediu, com um olhar solidário para o menino – Minha mãe desejou melhoras, inclusive. – Ela se recordou do recado.

- Irei me cuidar sim... – Travis tentou esboçar um sorriso e antes de sair, se aproximou de Nicole e bagunçou carinhosamente as mechas ruivas dela – Diga para sua mãe que eu agradeço a preocupação... – e com um aceno de cabeça, se despediu das garotas e deixou a residência.

- Nunca na minha vida eu imaginei ver o Travis desse modo – Sarah outra vez comeu da sopa ao falar.

- A vida é uma vadia – Nicole repetiu o que fora dito.

- Sim... Nicole...

- Diga.

- Você e Waverly estão juntas?

A pergunta foi direta e fez Nicole sentir a conhecida vermelhidão da timidez em suas bochechas. Ela deu um riso de lado antes de responder.

- Não sei dizer se alguns beijos trocados significam que estamos juntas – respondeu com sinceridade.

- Entendo. Bem, ela gosta de você. – A loira falou com confiança.

- Eu também gosto dela. – Nicole admitiu olhando nos olhos azuis da outra.

- E ela nunca tinha ficado com uma garota antes – Sarah continuou.

- Estou ciente disso, Sarah. Pode falar a frase clássica.

- Frase clássica? – Sarah riu, captando a mensagem – Quais são as suas intenções com a minha melhor amiga?

- Essa mesmo. E eu digo que são as melhores possíveis. – Nicole também sorriu.

- Bom saber. E aqui eu digo que, se você ousar decepcionar a minha amiga, você vai se ver comigo.

O tom nada ameaçador de Sarah na verdade continha todas as ameaças possíveis.

- Vou me lembrar disso. Mas vai ser a Waverly quem vai quebrar meu coração primeiro, Sarah...

- Como é que é? – Os olhos da loira se arregalaram.

- Ela me contou sobre Laines. E eu sei que ela vai aceitar a vaga.

- Como você pode ter tanta certeza disso? – Sarah cruzou os braços, mas também tinha grandes suspeitas de que a amiga realmente iria se mudar muito em breve.

- Estava escrito nos olhos dela quando ela me contou. E hoje quando tocamos no assunto, antes de você chegar, a resposta permanecia a mesma, mesmo ela dizendo que não sabia o que fazer, por causa do pulso quebrado. – A ruiva explicou.

- Realmente, um pulso quebrado não a impediria de ir. Ainda mais que as aulas na Inglaterra começariam no mês de setembro, se não me engano... – Sarah coçou sua nunca, analisando as questões postas à mesa.

- Exatamente. Mesmo que ela não tenha pensando a respeito de todos os pontos, afinal, é tudo muito recente e está acontecendo tudo de uma vez, inconscientemente ela sabe que é possível se recuperar a tempo de as aulas se iniciarem...

As duas meninas se encararam por alguns instantes antes de Sarah indagar.

- E você ficaria bem se ela fosse?

- Claro que não. – Nicole novamente admitiu – Mas quem sou eu para impedi-la de seguir seus sonhos, Sarah?

- Uau... – Sarah sorriu e seus olhos estavam doces e impressionados – Waverly realmente tem sorte em ter te encontrado, Nicole.

- Sorte é uma coisa que não está muito ao nosso favor, convenhamos.

- É... – A loira concordou – Mas vocês podem aproveitar da melhor forma o que a vida tem apresentado.

- Essa é a minha ideia. E é aqui que mora o perigo.

- Pois no final, as duas irão se machucar...

Sarah compreendera a situação e mais uma vez sua mente lhe falou o quanto a vida era uma vadia.

***

Quase uma hora depois, a paz reinou na residência. As animadoras da torcida, com exceção de Sarah, se despediram de Waverly e partiram, deixando sua capitã repousar, e esta nunca gostou tanto do silêncio como agora. Claro que gostou de ver as colegas ali, preocupadas com ela, mas o falatório estava demais e pelo fato de Waves ainda estar em recuperação, a animadora achou que seu quarto ficara pequeno demais para tantas mulheres falando simultaneamente.

Poucos minutos depois Nicole entrou no quarto, em suas mãos estava uma bandeja de pezinhos e sobre esta, um prato fundo com a sopa que sua mãe havia preparado. Waverly não conseguiu não sorrir com a cena.

- Não precisava, Nic... – ela falou sem jeito.

- Precisava sim – a ruiva sorriu de volta e colocou a bandeja em cima cama – Ainda mais após o furacão Animadoras ter passado por aqui.

- Minha nossa, nem fala! – Waverly jogou um pouco do seu cabelo para trás – Nunca pensei que fosse falar isso, mas eu já não estava aguentando mais tanta conversa.

- Quem diria heim, Waverly Earp perdendo a paciência com várias das suas... – Nicole falou em tom de brincadeira.

- Isso já aconteceu outras vezes, Nicole – Sarah entrou no quarto – Mas a Wave sempre mantém a classe. Acho chique.

- Ao contrário de você, que sempre perde as estribeiras. – Waverly falou para a amiga e se ajeitou na cama.

- Não é minha culpa se tenho personalidade forte. Meu mapa astral explica. – A loira rebateu. – E trate de comer tudinho, está uma delícia, inclusive.

- Eu suspeitei que você já tinha atacado as panelas – Nicole riu após o comentário de Waves.

- Eu também já comi – a ruiva revelou, ajeitando a bandeja para mais perto de Waverly.

- Nicole é boa de boca, se quer saber – Sarah falou e reparando que as outras garotas tinham ficado de boca aberta, que ela percebeu o duplo sentido em sua frase – Desculpe? Ah, que se dane!

Nicole revirou os olhos e Waverly começou a comer, com seu estômago vazio vibrando de alegria. Após algumas colheradas, a capitã, que estava sendo observada atentamente pela loira e a ruiva, olhou para a Sarah.

- Eu falei com as meninas, Sarah...

- Sobre?

- A apresentação de amanhã. Elas viram de cara que eu não poderia dançar e eu as informei que você as liderará amanhã. Oficialmente.

- Oficialmente? – Sarah não acreditava no que ouvia.

- Sim. E vindo da minha boca, elas têm que concordar... – Waverly falou com um toque de altivez, digno de uma capitã.

- Nossa, Wave... Eu nem sei o que dizer... – a loira colocou as mãos na boca e Nicole viu que seus olhos ficaram marejados.

- Não diga nada. Faça um bom trabalho amanhã à noite e me deixe orgulhosa.

A resposta de Waverly foi o suficiente para fazer com que Sarah se aproximasse e a abraçasse, tomando cuidado com o pulso avariado da amiga. Waves retribuiu da melhor forma que pode, recebendo um beijo carinhoso no topo de sua cabeça.

- Não vai se arrepender! – A loira se afastou e limpou os olhos – Será que você consegue ir amanhã nos ver?

- Posso tentar.

- Por favorzinho! – Sarah fez um bico pidão – Claro que se você preferir descansar, todas entenderemos. Bem, pelo menos eu irei...

- Vou ver como ficarei. – Waverly respondeu e voltou a comer sua sopa.

Ouviram um barulho de telefone celular e segundos depois, Sarah foi até o corredor atender ao chamado. Nicole voltou a se sentar na cama da animadora, falando com tranquilidade.

- Você deveria ir amanhã. Pelo menos para a apresentação das meninas...

- Eu sei. É que... – o ar saiu triste de seus pulmões – Eu nunca perdi uma apresentação. Então eu... Eu nem estou lá e já me sinto deslocada, pois não estarei em quadra... Não sei bem como agir.

- Pode sentar comigo se quiser – a ruiva ofereceu.

- Mesmo?

- Claro. Eu já estaria presente para assistir ao jogo, tanto para ver nosso colégio, como para ver Nathan e os meninos jogarem também – explicou.

- Verdade, o jogo é contra os seus amigos... – Waverly desviou seus olhos – Isso significa que Anne estará lá também...

- Provavelmente... – Nic sorriu – Isso é ciúmes?

- Não... – Waves mentiu.

- Se você diz... – Nicole se aproximou, seu olhar cravado em Waverly– Mas meus olhos agora pertencem somente a uma capitã de torcida, se quer saber...

- Ah é? – Waves fingiu não compreender.

- É sim. Ela tem Grace no nome, e eu não entendo o motivo de ela não gostar de um nome tão bonito.

Waverly sentiu as bochechas esquentarem, não somente pelo elogio, mas devido à proximidade da ruiva. "Poderia ser efeito da sopa quente também", pensou debilmente. Mas antes que pudesse verbalizar qualquer coisa, Sarah retornou ao quarto e ao olhar as duas, não perdeu a oportunidade:

- Meu Deus, arrumem um quarto! Não, espera, vocês já estão em um!

As garotas rolaram os olhos e não responderam a provocação.

- Wave, eu vou precisar ir para casa – a loira anunciou – As meninas irão para lá, e vamos ensaiar uma última vez no meu quintal.

- Vocês poderiam ensaiar aqui – a capitã sugeriu – Aí eu assistiria vocês.

- Não estrague a surpresa, Waverly Grace! – Sarah retrucou e a ruiva riu.

- Vocês irão fazer uma surpresa para mim? – Os olhos da capitã brilharam.

- Não. Isso nunca saiu da minha boca. Tem certeza de que na sua Tomografia não acusou nada devido a pancada? – A loira foi cínica e piscou para Nicole – Nos falamos depois, tá? – Deu outro beijo em sua amiga e olhou para Nicole – Cuide dela, enfermeira Haught.

Após a saída de Sarah, ambas ficaram em silêncio por longos minutos. Não era uma quietude pesada ou constrangedora. Muito pelo contrário. Waverly estava grata por ter a ruiva ao seu lado, do mesmo modo que esta estava disposta a ajudar a animadora como pudesse.

Ao terminar a refeição, Nicole levou a bandeja utilizada por Waverly de volta a cozinha e querendo fazer uma para a Sra. Gibson ver, lavou algumas peças da louça que estavam na pia e ajeitou o ambiente, deixando-o apresentável. A garota retornou ao quarto da animadora e ao chegar, viu que ela não estava lá.

- Waves?

- Aqui...

A voz dela vinha do banheiro e Nicole caminhou até lá. Waverly olhava para o espelho rachado, que pelo reflexo dividiu o rosto das meninas em vários pedacinhos distorcidos.

- Sua mãe gosta de piadas? – Nicole indagou.

- Por que?

- Você pode dizer que Sarah olhou para o espelho e que ele quebrou espontaneamente.

As duas soltaram uma alta gargalhada e ao recobrarem o fôlego, Nicole se aproximou, levando sua mão até o rosto da outra e o acariciando.

- Fico feliz que esteja sorrindo...

- Culpa sua. Provavelmente eu não estaria assim se você não estivesse aqui... –  Waves fechou seus olhos, apreciando o carinho recebido.

- Eu sei.

- Sabe é? – Riu.

- Eu tenho esse efeito nas garotas... – Nicole provocou, recebendo um leve tapa no braço com a mão livre de Waves – Olha só, já está boa!

- Aí se eu tivesse com os dois braços bons...

- Estou morrendo de medo. – A ruiva rebateu com ironia.

- Falou aí, poço de bravura – Waves devolveu – É... Vou precisar de uma ajuda... – ela baixou os olhos, e Nic viu que a capitã ficou acanhada.

- Com o que?

- Eu gostaria de tomar um banho...

Sabe a bravura? Foi por água abaixo para Nicole. Definitivamente não esperava ouvir aquilo e por longos segundos ficou estática e sem palavras. Suas mãos tremeram, assim como sentiu o coração saltar descontroladamente. E seu rosto, bem, não é preciso dizer que era da tonalidade de um tomate.

Percebendo o estado da garota, e também caindo na real de que talvez tenha pedido algo muito íntimo, Waverly logo tratou de se corrigir:

- Não, é melhor eu esperar minha mãe chegar... Ela me ajuda...

- Não! – Nicole exclamou alto. Talvez até demais – Digo, hum, eu aju-ajudo você... E além do mais, sua mãe pode, hum, demorar... – ela limpou a garganta – E eu disse que cuidaria você.

Waverly sentiu seu coração derreter ao observar a confusão e cuidado que Nicole estava tendo para com ela. Os olhos da garota a sua frente estavam ansiosos, mas era uma agitação que muitas vezes sentimos quando queremos fazer algo certo, e não simplesmente para ver o corpo da animadora nu.

"Minha nossa, ela vai me ver nua! ".

Agora que Waverly sentiu o peso da sua proposta. Mas ela não queria voltar atrás.

- Eu nunca fiz isso antes – a capitã começou – Digo, isso... – ela apontou para o braço imobilizado e depois para a ruiva.

- Nem eu. Nenhuma amiga me ajudou na época...

- Eu sou uma amiga? – os olhos da capitã ficaram semicerrados e sua voz insinuativa.

Nicole perdeu a fala outra vez e percebendo o que fizera, Waverly se aproximou e passou seu braço direito pelo corpo da ruiva, a puxando para um abraço. Nicole retribuiu prontamente o afeto, passando seus braços ao redor da garota com cuidado e a encaixando junto ao seu corpo.

- Fala alguma coisa... – Waverly pediu. Seus olhos estavam fechados e o cheiro do perfume da ruiva inebriava seus sentidos.

- Alguma coisa. – Nicole sorriu e com a ponta dos dedos, levantou o queixo da outra e se aproximou, selando seus lábios demoradamente. – Independentemente do que somos, temos um certo benefício, podemos dizer.

- Se fosse outra pessoa, eu diria que estaria usando essa vantagem para se aproveitar da minha situação.

- Se eu fosse uma pessoa aproveitadora, eu teria feito algo há muito mais tempo, Waves...

- Isso é verdade. Você é lerda mesmo!

E antes que Nicole pudesse contestar, a animadora voltou a grudar seus lábios nos da ruiva, a puxando para um beijo mais urgente e cheio de significados, podendo estes serem do mais puro e singelo agradecimento por Nic estar presente naquele momento árduo, ou como uma maneira de expressar o quanto Waves reconhecia o desejo crescente para com a garota a sua frente.

Ao se afastarem, as duas se encararam sem fôlego, mas longe de reclamarem do que acabara de ocorrer. Waverly se afastou ligeiramente e falou com um tom vacilante:

- Se não me engano minha mãe comprou uma capa protetora para eu tomar banho, deve estar em cima da mesa da cozinha. Pode pegar para mim?

Nicole confirmou com a cabeça e rapidamente saiu do banheiro, descendo as escadas com rapidez e logo encontrando o que lhe fora pedido. Seu cérebro estava entrando em curto circuito com o que estava prestes a acontecer e reparou que suas mãos suavam e tremiam. Ela parou por alguns segundos no patamar e respirou fundo antes de retornar para junto de Waves.

Encontrou Waverly sem a calça que usava minutos antes e a garota tentava da melhor forma se livrar da blusa larga que vestia. Nicole se aproximou e com gentileza, a auxiliou a tirar a peça, deixando-a largada ao chão. A ruiva não conseguiu segurar seus olhos e estes seguiram caminho pelo corpo torneado da animadora, passando por seus ombros e braços, descendo por seu colo e rumando para os seios cobertos pelo sutiã...

- Eu estou horrível... – a voz de Waverly  foi tristonha e ao mesmo tempo chorosa, fazendo com que a ruiva voltasse a encará-la.

- Horrível? – Sua face ficou confusa.

- Sim... Esses arranhões e... – A voz da capitã falhou, e lágrimas fugitivas desciam por seu rosto – Os hematomas... Eles me... – Waves não conseguiu falar, e tentou esconder parte do seu busto com os braços.

Nicole esboçou um sorriso doce, compreendendo muito bem o que a outra estava sentindo. Era verdade que Waverly possuía vários hematomas e escoriações pelo corpo devido ao acidente, alguns deles bem mais acentuados do que outros. Contudo, a menina nerd não viu nada disso, muito pelo contrário, ela só conseguiu enxergar uma mulher extremamente linda.

- Os hematomas, depois de adquirirem várias cores diferentes, irão sumir. – Nicole começou – E os aranhões também. Os mais profundos podem formar uma pequena cicatriz, mas ela vai ficar tão fininha e clarinha, que vai chegar o dia que você vai simplesmente se esquecer que elas existem.

Com as costas das mãos, Nicole limpou os rastros das lágrimas de Waverly, depositando um cálido beijo em sua bochecha.

- Você é linda, Waves.

- Não sou... – Respondeu a contragosto.

- É sim... – e arriscando um passo a mais, Nicole desceu seus lábios pelo pescoço da capitã, deixando ali um outro beijo – A mais linda que eu já conheci.

O corpo de Waverly reagiu ao toque da outra e se arrepiou. Ela sentiu sua garganta arranhar antes de falar.

- Você precisa de óculos, Haught – ela brincou e teve um beijo roubado de seus lábios.

- Continuarei a enxergar a mesma menina linda, com ou sem as lentes.

A capitã baixou o rosto, sabendo que sua face estava rosada. Ela foi até a pia do banheiro e abriu uma pequena gaveta que fazia parte de um móvel para guardar itens de higiene, retirando de lá um pequeno elástico para prender o cabelo e o estendendo para Waverly, que entendeu o que deveria ser feito.

- Vire... – a ruiva falou com suavidade.

Waverly lhe obedeceu e sentiu os dedos de Nicole passarem por seus cabelos, os puxando com cuidado e prendendo suas mechas castanhas num coque firme. A ruiva pousou suas mãos nos ombros da animadora e os acariciou, passando em seguida as pontas dos dedos pelas costas da garota, tocando dois pequenos pontos arroxeados na extensão da pele. A capitã ficou arrepiada com o contato, da mesma forma que Nicole sentiu uma pontada em seu ventre.

- Agora, hum, isso aqui... – Waverly conseguiu falar, tirando-as daquela deliciosa bolha de sensações que experimentavam.

Em sua mão livre estava a proteção para seu gesso e Nicole lhe ajudou a colocar, prendendo no local indicado. No final da tarefa, as duas riram.

- Isso está parecendo uma parte de um traje espacial! – Waverly olhava desacreditada para seu braço esquerdo.

- Isso porque você não viu o que eu usava na perna. – Nicole contou, abrindo a cortina que deixava o chuveiro privativo para Waves.

- Você tomava banho sentada, né? – Waverly olhou para a garota ao perguntar.

- Uhum. Não é uma experiência agradável. Você ainda está no lucro, se quer saber.

A líder da torcida balançou a cabeça e virou-se, ficando de costas para a ruiva e projetou a mão direita para a parte detrás de seu corpo, com o intuito de abrir o fecho do sutiã. Nicole observou a ação por alguns segundos e crispando os lábios, ergueu as mãos e auxiliou Wavrely, que em seguida baixou as alças da peça pelo braço e o entregou para a ruiva.

- Obrigada... – Waves virou um pouco o rosto e sorriu de lado para Nicole.

- Onde está sua toalha? – Questionou, sem saber ao certo se olhava para a peça íntima em suas mãos ou para a garota seminua a sua frente.

- A porta de frente ao banheiro é um armário. Lá tem toalhas limpas... – orientou antes de abrir o chuveiro e aguardou a água esquentar.

- Já venho... – Nicole falou e fechou a cortina, se retirando em seguida.

Waverly se despiu de sua calcinha e jogou a peça junto com suas outras roupas, e se precavendo para não molhar o cabelo mesmo preso, assim como tendo dúvidas se a proteção para seu braço funcionaria ou não, a capitã começou a se banhar da melhor forma que conseguia.

Tinha ciência de que poderia ter esperado sua mãe chegar, e isso a pouparia de toda cena embaraçosa que estava vivenciando ao lado de Nicole, mas a ruiva tinha um ponto quando disse que não saberiam a hora que Michelle voltaria. E lá no fundo, Waverly ansiava por um banho para se livrar dos resquícios do hospital que ela ainda sentia estar em sua pele, suspeitando que somente assim conseguiria repousar de verdade.

Lembrou-se do rosto vermelho de Nicole e suas palavras falhando a cada movimento dado nos minutos anteriores. Compartilhava do mesmo sentimento de afobação que a outra, uma vez que nunca tivera um contato tão íntimo com uma garota. Não teria se sentido da mesma forma se fosse Sarah quem estivesse ali, já havia perdido as contas de quantas vezes viu sua amiga sem roupas no vestiário feminino, mas era nítido que com Nicole a situação não se aplicava. E assim sendo, Waverly admitiu para si o óbvio.

- Nicole definitivamente é mais que uma amiga. 

 



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