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História Love Thing - 4 Meses, 2 Semanas e 2 dias...


Escrita por: itsgretha

Notas do Autor


Olá amore e amoras, tudo bem com vocês? Eu espero que sim. Segue mais um pedacinho de LT e já aviso que minhas aulas retornam amanhã, ou seja, peço mais paciência para vocês, está bem? Besitos.

Capítulo 43 - 4 Meses, 2 Semanas e 2 dias...


Fanfic / Fanfiction Love Thing - 4 Meses, 2 Semanas e 2 dias...

Se passaram desde que Nicole e Waverly receberam aquele simples e-mail, cordialmente as convidando para um reencontro com os antigos colegas de escola.

Na época elas, e provavelmente toda a turma de alunos da velha Professora Garner, desconfiavam que aquilo não passava de um artificio da mestra para que os estudantes realizassem a tal tarefa da Capsula do Tempo, afinal de contas, eles também foram persuadidos a escreverem a tal redação pois acreditaram que a atividade valeria pontos para as notas finais.

Bem, pelo menos a grande maioria acreditou nessa parte, e no final das contas, nunca souberam de fato se suas notas melhoraram ou não depois de terem trancado seus envelopes naquela urna, assim como não faziam ideia de onde aquele objeto fora guardado por tantos anos.

E por qual motivo Nicole estava se recordando dessa redação? Porque, de acordo com as palavras da antiga professora, anos e anos atrás, o fatídico baú seria aberto exatamente no Homecommig. E por mais que Nic tentasse, ela não se lembrava de uma única palavra do que escrevera no papel que entregou, e para a ruiva isso a estava incomodando de um jeito diferente.

- Se não bastasse ter de encontrar todos de novo, ainda haverá a possibilidade de uma humilhação pública... – a ruiva disse para si após beber o restante do vinho de sua taça. – Se eu ao menos me lembrasse o que escrevi naquele...

- Falando sozinha, querida?

Ao se virar, viu Katie fechar a porta de entrada e retirar a guia de Oisin, que correu para o seu cantinho. Ambos foram dar um passeio, todavia, Nicole preferiu ficar para terminar de arrumar sua bolsa de equipamentos para a viagem para Toronto. A morena também retirou suas botas de cano baixo antes de se aproximar e dar um beijo carinhoso nos lábios de Nic.

- Estou batendo um papo com meus fantasmas – ela respondeu após o beijo.

- E como eles estão? – Katie sorriu de lado – Ainda tem vinho ou você bebeu tudo? – Acusou divertida.

- Deixei meia garrafa para você.

- Boa garota – piscou e foi até a cozinha – E o que discutia com seus fantasmas?

- Ah, o de sempre... – Nicole a seguiu – Minha mudança, o novo emprego...

- Um ótimo emprego, por sinal – Katie acrescentou.

- Sim! E isso já está salvando a minha vida – Nicole exibiu alivio no rosto e estendeu a taça que segurava ao ver que a morena lhe oferecia mais vinho – O que está me deixando incomodada é esse reencontro da escola...

- É por causa disso que você falou humilhação pública? – Katie sorriu com a taça nos lábios.

- Sim. E das cartas.

- Que cartas? – O semblante de Katie ficou confuso.

- Eu não te falei das cartas? – Ao ver a mulher negar, Nicole continuou – Uma das minhas antigas professoras fez um projeto de Capsula do Tempo. Escrevemos redações para nós mesmos, dizendo como imaginávamos estar em dez anos.

- E os dez anos chegaram – Katie deu uma risada.

- Daqui três dias, na verdade – a ruiva bufou e bebeu o vinho. Era quarta à noite, significava que o acontecimento seria no sábado – Não me lembro de uma palavra do que escrevi, mas deve ter sido algo idiota.

- E por que seria idiota?

- Ah, Katie... Sei lá! Meus sonhos de ser uma jogadora já tinham ido por água abaixo, eu não tinha perspectiva alguma de onde estudar, a garota que eu gostava estava indo embora...

- Mas apesar disso, as coisas deram certo para você, Nic – Katie claramente buscava ver o lado bom de tudo – Claro que houveram tropeços...

- Rasteiras que levei, você quer dizer – a voz de Nicole saiu amarga.

- Mas você conseguiu um novo trabalho agora, que inclusive virou sua vida de cabeça para baixo nas últimas semanas! Sua vida está entrando nos trilhos outra vez, não vejo nada que possa te fazer passar por humilhação pública, babe...

- Eu sei, eu sei, mas eu não queria ter conseguido através do Nathan sabe? Deus, estou soando muito mesquinha...

- Eles não te chamariam de volta se não tivessem gostado do seu modo de trabalhar, não importa se teve ou não indicação de alguém – a voz de Katie era firme e observando que Nic estava de cabeça baixa, indagou – Nicole, você está realmente com orgulho ferido devido a isso ou está escondendo alguma coisa?

- Impressão sua, Mcgrath... – Nicole bebeu um pouco do seu vinho, evitando encarar os olhos verdes vividos da outra.

- Você não me engana, Haught...

A ruiva deu um riso fraco e suspirou fundo, não conseguia esconder muitas coisas de Katie, entretanto, ela não sabia como explicar para outra o que estava sentindo.

- Tem a ver com Waverly? – Katie jogou.

- O que? – A outra riu. – Claro que não!

- Tem certeza?

- Absoluta – as duas se encararam por alguns segundos, e ali Mcgrath observou que o motivo de Nicole estar inquieta realmente era outro.

- Então me conte o que pode ser – a suavidade em sua voz fez os ombros da ruiva caírem.

- Você já teve pressentimentos?

- Muitos, tanto bons quanto ruins...

- O meu é ruim. – Confessou Nic. – É como se... Como se algo estivesse para acontecer nos próximos dias, e eu não estou falando da Waverly, eu nem sei se ela vai nesse encontro – emendou – Mas é como se minha vida fosse dar uma outra volta...

- Você sabe que tudo isso pode ser um pouco de ansiedade, não é? – A morena pousou a taça em cima da mesa da cozinha e se aproximou da outra – Esses meses foram corridos para você, muita coisa passando nessa sua cabecinha – nesse ponto, Katie afagou as mechas ruivas da outra – Mas está acabando, logo você estará no seu novo apartamento em Toronto, arrumando suas tralhas que a gente despachou para lá semana passada...

- Mais carinho ao falar das minhas tralhas! – Nicole se fingiu de ofendida.

- Claro, babe... – Katie encostou seus lábios aos delas outra vez, se afastando poucos segundos depois.

- Katie...

- Sim? – Ela tinha se virado para pegar a taça e beber mais um pouco do vinho.

- Como você está bem com tudo isso?

- Defina bem, Nic.

Nicolee umedeceu seus lábios com a língua distraidamente e como se estivessem sincronizadas por uma força invisível, as duas mulheres caminharam até a sala, sorrindo para um Oisin agora adormecido no tapete. Katie se sentou no sofá, esticando suas pernas na mesa de centro, aguardando a outra falar.

- Eu estou indo embora. – A ruiva foi direta – E eu não sei se você está bem com isso. Digo, nós vivemos esses quatro meses como um casal, praticamente...

- Eu sabia que hora ou outra iriamos chegar a esse ponto. – Katie fechou os olhos e suspirou – Eu soube que você iria embora no dia em que Nathan te ligou avisando sobre a proposta de trabalho, Nicole.

- Não sabia nada...

- Você não viu o que eu vi enquanto você analisava o contrato de trabalho – respondeu simples – A possibilidade de limpar o seu nome e de um recomeço estavam nos seus olhos, só um cego não perceberia.

- E por que não disse nada?

- E o que eu iria lhe dizer? Pedir que ficasse e perdesse essa chance?

Nicole se calou por alguns instantes, a sensação de deja vu lhe atingindo gradativamente, como em um abraço que começa suave e depois aperta de um modo que faz seu fôlego sumir. Ela já havia vivenciado uma situação igual a aquela antes, porém, fora ela quem deixou a outra pessoa ir.

- Eu gosto de você, Nic – A morena deixou sua taça de lado e chamou pela outra, que pousou sua taça numa mesa lateral e se sentou junto a Katie – Se nós tivéssemos firmado algum tipo de compromisso antes, eu poderia sim dizer que nós duas poderíamos manejar algo a distância.

- E porque nós não firmamos?

- Vamos convir que estamos muito bem assim, não é?

- Estamos sim – a ruiva concordou e sorriu em seguida, aconchegando-se no sofá.

- E você não está pronta para tentar de novo. – Katie afirmou.

- Eu não estou pronta para tentar de novo – confirmou Nicole, afinal, a mulher que lhe abraçava estava certa – Um dos meus receios é não conseguir...

- Amar?

- Amar e confiar em alguém outra vez. Eu jurava que você ia correr quando contei meus causos para você. – A ruiva riu sem emoção.

- Pelo que eu entendi, nada do que aconteceu com você em termos de relacionamento anteriores, foi culpa sua.

- Será mesmo?

- Tenho certeza.

- Então porque continuou comigo todo esse tempo, se sabia que nós não passaríamos disso?

- Sua companhia é agradável. – Katie ergueu seu dedo indicador e continuou a listar os motivos – Você é inteligente, linda por dentro e por fora – ela sorriu de lado, com toque de malícia – Beija muito bem e faz coisas na cama que...

- Okay! – Nicole a interrompeu, tampando o rosto corado – Eu não quero que me odeie por isso, por não querer saber dessa coisa chamada amor.

- É impossível te odiar. E você sabe que essa é uma música das Spice Girls, não é?

Ambas sorriram.

- E sei sim. Me surpreende você saber disso. – Nicole a empurrou de lado.

- São as melhores músicas para se limpar a casa. E para um karaokê, quem sabe.

- Contra fatos não há argumentos – ela se aproximou mais da morena e lhe deu um suave beijo, que foi retribuído de pronto.

- Suas coisas estão em ordem? – Katie perguntou baixinho, descendo os beijos pelo pescoço da outra.

- Uhum... – foi o que ela fez, uma vez que já estava sentindo o seu corpo amolecer com os toques precisos.

- Não vamos precisar correr para verificar se não esqueceu nada amanhã de manhã? – Agora era a mão de Katie que avançava por debaixo da blusa da ruiva, suas unhas arranhando levemente a pele da outra.

- Não... – Nicole engoliu em seco ao sentir um arrepio correr por seu corpo – E não ouse ficar me provocando. Não hoje.

- Seu desejo é uma ordem.

***

A sensação de já ter vivido aquela cena antes atingiu Nicole outra vez e ela estava começando a suspeitar que karma era algo real. Seus olhos pousaram no rosto de Katie, cujas mãos estavam no bolso de seu casaco e que exibia um sorriso suave nos lábios; sua postura era tranquila, mesmo com a situação que viviam naquele exato momento e sempre que olhava nos olhos verdes dela, parecia que Nic conseguia enxergar uma pontinha de orgulho, contudo, ela não saberia explicar muito mais.

- Caso eu encontre algo seu perdido em casa, eu lhe envio pelo correio – a morena piscou.

- Eu agradeço, mas acredito que peguei tudo. – Respondeu Nic, crispando os lábios em seguida – Obrigada, por tudo.

- Você já me agradeceu muito essa noite, querida.

- Eu sei – a ruiva riu timidamente e sentiu que suas faces coraram – Mas eu realmente agradeço por tudo que você fez por mim nesses últimos meses. Você fez mais do que eu poderia sequer imaginar, mesmo tendo o seu trabalho e tudo.

- Uma das vantagens de ficar horas em um set de filmagem esperando para gravar é essa: eu posso fazer muitas pesquisas e ajudar as pessoas que gosto – a voz de Katie era suave e cálida, como se também estivesse agradecendo – Foi um prazer te ajudar, Nicole. Assim como foi um prazer te conhecer.

- Você conheceu muitos lados meus.

- Minha memória agradece.

Ambas riram uma para a outra e trocaram um abraço longo, buscando expressar naqueles últimos segundos o restante de gratidão que ainda poderia existir naquela relação. Ao se afastarem, sorriram mais uma vez, e Katie apertou a mão de Nicole carinhosamente.

- Espero que seu voo seja tranquilo e me avise quando chegar, tá bem?

- Sim senhorita. Se cuide, Katie.

- Eu lhe peço o mesmo, Nicole.

Elas começaram a se afastar, mas antes de virarem as costas, a ruiva deu um riso brincalhão e falou para a outra:

- Algo me diz que as pessoas irão começar a shippar sua personagem com a Kara... SuperCorp Endgame!

Katie McGrath soltou uma risada gostosa e seguiu seu caminho, deixando Nicole com uma sensação de paz interior que ela nunca havia sentido antes.

Ao seguir para a área de embarque, foi impossível para Nic não se lembrar dos momentos que passara com a morena e o fato de não terem trocado um beijo de despedida no aeroporto pouco importou para ela. Sempre soube o quanto Katie mantinha descrição a respeito de sua vida privada e se não fosse Nathan lhe telefonando naquele fatídico dia, ninguém saberia sobre este breve relacionamento de ambas.

Após passar pela área de checagem de documentação e bagagens de mão, Nicole se dirigiu até um café, e enquanto aguardava o horário de seu voo com duração de quatro horas, a mulher checou seus e-mails, respondendo aqueles que eram referentes ao novo trabalho, por assim dizer, uma vez que a ruiva foi até a sede dos Raptors três vez antes de sua mudança definitiva, uma para assinar sua contratação e as outras para fazer as fotografias oficiais dos rapazes do time para o Marketing de início da temporada 2017-18 da NBA, que teria início no mês de outubro.

"Se você aceitar a proposta, as datas irão coincidir"

A voz de Nathan invadiu sua mente e ela estava realmente começando a acreditar que o universo, ou o que quer movesse o mundo fora o movimento de rotação da Terra, estava começando a agir.

E isso significava que ela realmente não ia conseguir escapar do encontro do colégio, que ela inclusive já tinha confirmado presença, mas lá no fundo não estava certa se ia querer comparecer ou não.

- Como se a Sarah não fosse me arrastar para esse evento... – ela riu sem emoção.

Quem diria que ela iria se aproximar justamente de Sarah, a loira da torcida perfeita que fazia uma dupla invejável ao lado de Waverly... Waverly... Por onde andava aquela inglesa? Nicole indagou para si distraidamente. Após o afastamento, as duas garotas começaram a perder o contato gradativamente, uma vez que suas atividades diárias consumiam os seus dias; a ruiva sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, contudo, já se fazia bons meses que ela não tinha notícias da Earp.

Se é que ver uma foto ou outra, com curtidas amigáveis, em redes sociais possa ser considerado ter notícias de alguém. E isso automaticamente a fez se recordar de seus dois amigos da época: Bridget e Victor.

- Deus, eu sou uma péssima amiga – ela se repreendeu, sabendo muito bem que não falava com ambos há um bom tempo.

Victor ela sabia que se encontrava em Montreal, obtendo seu reconhecimento como jornalista. Já Bridget era uma incógnita. Ela ficou muito dividida entre mandar ou não uma mensagem para ambos ou aguardar para ver se compareceriam ao Homecoming, quando percebeu que seu horário de embarque estava próximo e assim ela fez uma nota mental de entrar em contato com os amigos mais tarde.

"Será que ainda posso chamar eles assim? "

A questão ficou martelando em sua cabeça durante todo o trajeto aéreo, e após finalmente pousar na conhecida cidade e recuperar sua bagagem, a ruiva se dirigiu até a área em que os táxis aguardavam passageiros e embarcou em um, informando seu novo endereço para o motorista.

Enquanto não chegava em sua nova morada, a ruiva pegou seu celular e conferiu as notificações que apareceram em sua tela quando ela tirou o aparelho do modo avião, e após ignorar metade das mensagens recebidas, ela enviou uma mensagem para Victor.

"Hey! Espero que não queira esganar essa pobre idiota que está se achando a maior das desnaturadas" – ela enviou o texto, recebendo uma resposta mais rápido do que imaginava.

"Se eu matar a pobre idiota desnaturada, como é que eu vou conseguir ingressos para os jogos dos Raptors de graça? "

As palavras ditas por Victor fizeram Nicole sorrir, e ela suspeitava que aquilo fosse um bom sinal.

"Como você sabe que estou trabalhando para eles? "

"Esqueceu que eu trabalho em um jornal? "

"Então já está usando suas fontes para saber das coisas, é? " – ela provocou.

"Não é muito difícil descobrir as coisas hoje em dia, e eu nem estou falando em ser ou não ser um stalker. "

"Tem razão... Como você está, Victor? "

"Eu estou bem, e você, Nic? " – ser chamada por seu apelido deixou a garota mais aliviada, e antes que pudesse responder, recebeu outra mensagem – "Confesso que estou com saudades"

"Eu posso te ligar?!? "

"E desde quando você precisa pedir autorização para isso? "

"Um momento que eu já ligo..."

A pausa foi devido ao fato de Nicole ter chegado em sua nova casa. Ela pagou seu motorista, que lhe ajudou a colocar as duas malas de tamanho considerável na recepção do prédio, e após se apresentar na portaria, o sindico veio lhe receber, trazendo as chaves do seu apartamento.

- O Sr. Nathan veio receber seus pertences – o senhor grisalho falou, subindo com Nicole pelo elevador – Tirou uma foto comigo inclusive.

- Nathan é realmente um cara legal – Nicole sorriu.

- Sim, sim, talvez eu até comece a ver os jogos de basquete dele... Chegamos – ele falou ao chegarem ao andar de Nicole, a ajudando com as malas – Espero que goste daqui. Temos opções de lazer, caso não queira sair para outro lugar. E qualquer coisa que precisar, pode nos chamar.

- Eu agradeço muito.

- Você também vai encontrar na bancada um guia com as regras de convivência do prédio. A senhorita já morou em algum?

- Já sim – ela respondeu, pegando a chave que o senhor lhe entregava e destrancando a porta.

- Então não vai ser difícil se adaptar.

- Uma pergunta...

- Sim?

- Eu posso mesmo ter um cachorro? – Ela já sabia que sim, mas queria ouvir do próprio sindico.

- De pequeno porte. – Ele sorriu – Seja bem-vinda a Toronto, senhorita Haught.

Nicole sorriu em agradecimento e entrou em sua nova casa, e ao acender a luz encontrou nada mais, nada menos, que inúmeras caixas que foram colocadas de qualquer jeito num espaço que ela já sabia que seria sua sala. As caixas estavam abertas, mas ela havia autorizado Nathan a conferir o estado dos objetos assim que eles chegassem.

- Lar doce lar.

As malas foram deixadas de lado e a primeira coisa que fez foi verificar se todos seus itens da mudança estavam ali. Sorriu ao ver a letra de Katie em algumas etiquetas e após alguns minutos, encontrou um bilhete de Nathan, que dizia o seguinte:

Olá amor da minha vida!

Espero que tenha feito uma boa viagem. Como combinamos, recebi sua mudança e conferi com a lista que me enviou por mensagem. Aparentemente está tudo certo, mas é bom você conferir outra vez, pois caso tenha algum dano, podemos reclamar com a empresa de mudanças. Eu só não consegui desencaixotar nada direito para você pois os treinos para temporada estão bem puxados. Me avise assim que chegar.

Deixando o bilhete de lado, a ruiva puxou um banquinho que estava ali solitário, e ela suspeitou que fora esquecido pelo morador anterior. Sentando-se, sacou o celular do bolso e olhou a última mensagem de Victor, que dizia um simples ok. Ela discou o número do rapaz e segundos depois ouviu uma voz que lhe fez sorrir saudosa.

- Ora, ora, se não é a pobre idiota desnaturada!

- Eu perdi todo o respeito que tinha, né?

- Perdeu mesmo – Victor falou sério – Vai levar um bom tempo para recuperar minha amizade.

- Consigo ingressos para a beira da quadra.

- Você acha que eu sou comprado fácil assim, Haught?

- Sim?

- Acertou – os dois riram – Já está em Toronto?

- Como você sabe? – A ruiva arregalou os olhos. Definitivamente não tinha dito a ele que estava de mudança.

- Todos que trabalham nos Raptors moram nos arredores de Toronto, não precisa ser gênio para isso.

- Acabei de chegar de Vancouver. – Ela respondeu – Estou no meu apartamento novo.

- E quando vai me chamar para conhecer?

- Se você quiser vir agora e me ajudar a desempacotar minhas coisas, eu serei eternamente grata.

- Eu faltei nas aulas de aparatação, desculpe – Victor tinha um ar de riso. – Mas eu te encontraria, se estivesse aí.

- Está em Montreal? Não vai vir no encontro do colégio?

- Sim e não sei. Preciso ver se ficarei livre no final de semana, meus editores estão no pé.

- Tá vendo, foi brincar de ser adulto...

- Droga – o rapaz bufou na linha – Mas se eu conseguir ir, chegarei no sábado pela manhã. No máximo na sexta durante a noite, depois que eu sair do trabalho.

- Me avise.

- Mas é claro que eu aviso, você que vai me abrigar!

- Isso faz parte do pagamento por eu ser a idiota desnaturada?

- Pode ter certeza que sim.

- Vic, estava pensando na Bri. Tem notícias dela? – A ruiva abordou.

- Faz muito tempo que não vejo a Bri, Nic... Como comentei com a Waverly, a última vez que a vi foi há uns dois anos atrás, no supermercado.

- Waverly?

- É, ela está aqui em Montreal – ele contou – A gente se encontrou em um café e conversamos um pouco. Trocamos telefone e nos encontramos umas três vezes depois disso, mas ela deu uma sumida...

- Ah sim. Pensei que ela estava na Inglaterra.

- Todo mundo pensou que ela estava na Inglaterra – os dois riram juntos outra vez - Eu preciso ir agora.

- Sem problemas, Vic. Caso venha para cá, me avise.

- Aviso sim. Vou mandar uma mensagem pra Bri. – Ele falou.

- Farei o mesmo. Até mais.

Depois que Victor se despediu, Nicole pegou seu celular e viu o contato de Bridget, ficando em dúvida se aquele era mesmo o seu número, mas após verificar no aplicativo que a foto continuava a mesma e que ela visualizara pela última vez poucas horas atrás, ela deixou um recado:

"Hey... Ainda se lembra de mim? Se não lembrar, eu vou entender..."

Junto com a mensagem, Nic colocou um emogi do macaquinho tímido, para tentar quebrar o gelo, e no fundo ela estava arrependida por ter passado tanto tempo sem se comunicar com a menina que fora sua companhia durante todo o ensino médio.

- Como é que nós deixamos as coisas ficarem assim?

Nicole sabia que a pergunta ficaria martelando em sua mente, e a probabilidade de obter uma resposta era quase nula, afinal de conta, certas circunstâncias nunca possuem uma resposta perfeita, e talvez ficar anos sem trocar palavras com antigos amigos de escola fosse uma delas.

A mulher respirou fundo e voltou os olhos para a tela do celular, agora clicando no ícone de mensagens que tanto trocara com certa irlandesa morena de olhos incrivelmente verdes. Sentiria saudades de Katie, ela não ia negar, contudo, agora ela tinha a ciência de que precisaria se acostumar a não ter a outra mulher por perto. Não que tenha se tornado dependente, mas ela gostava de chegar em casa e ter alguém para papear a respeito de qualquer assunto.

"Hey! Cheguei bem em Toronto e já estou no meu novo apartamento. Todas as caixas que arrumamos chegaram aparentemente inteiras. Espero que esteja bem por aí e mais uma vez obrigada por tudo. "

Nicole enviou a mensagem simples, já imaginando a outra dando um sorriso de lado ao receber, não sabendo ao certo se obteria uma resposta. Mas não haveria problemas se não.

A ruiva se levantou do banquinho e foi conferir o restante da sua nova morada. Não era muito grande, mas com certeza era maior do que o local que ela morava antes de ser despejada por falta de pagamento de aluguel.

- Que fase...

Enquanto observava os espaços da cozinha, que era conjugada com sua sala, ela ficou bolando planos em sua mente de quais seriam os itens que melhor combinariam para decoração, se precisaria comprar objetos novos ou se os que já possuía daria conta de tornar o ambiente aconchegante. Havia três quartos, um deles suíte e que seria o seu dormitório, um para as visitas e o outro ela transformaria em seu local de trabalho. Seu colchão já estava em seu quarto, inclusive.

- Pelo menos não será necessário comprar armários... – Isso foi algo crucial na escolha daquele apartamento em especifico, pois se fosse necessário a compra de guarda roupas ela estaria perdida.

O quarto possuía uma sacada de tamanho razoável, cujo comprimento ia até a porta da sacada da sala e ficando por ali recebendo a brisa da noite, Nicole ligou para Nathan.

- Oi Nic! – A voz do rapaz estava aninada ao atender.

- Ué? O que aconteceu com o "amor da minha vida"? – Ela perguntou brincando.

- Ah, é, não fica legal eu falar isso saindo de um treino, ainda mais para a nossa nova fotógrafa, sabe?!

- Mas seus amigos do time iam pensar que eu seria a Sarah, não?

- Eu chamo ela por outro apelido...

- Posso saber qual?

- Baby.

Nicole riu de leve, imaginando que a face do amigo estava corada.

- É um apelido fofo, não precisa ficar com vergonha, Nathan.

- Quem disse que estou com vergonha? – Nesse instante, Nic pode ouvir o barulho de uma porta sendo fechada – Pronto, estou no carro, vou te colocar no viva voz...

- Como foi o treino?

- Horrível. – O menino respondeu e segundos depois, a ruiva ouviu barulhos do que parecia ser um carro em movimento.

- Colocou o cinto, Nathan?

- Sim, mãe! - Provocou ele – Como foi o voo?

- Tranquilo e sem turbulências. Já estou no apartamento, inclusive.

- Suspeitei que já estivesse por aí. Desculpe não ter conseguido desencaixotar nada para você.

- Não se preocupe, eu vou ajeitando aos poucos, mesmo que demore.

- Eu pedi para o sindico verificar se as lâmpadas e tomadas estavam funcionando bem, assim como os chuveiros dos dois banheiros. – Nathan informou.

- Um banho é tudo que eu preciso. – Ela sorriu levemente – Eu nem sei como agradecer toda essa ajuda.

- Eu vou pensar em algo, não se preocupe com isso – a risada do rapaz a fez rir também.

- Não sendo nada ilegal ou constrangedor....

- Você acha que eu ia fazer algo do tipo com você, Haught?

- Eu posso fazer uma lista das ciladas que você me meteu na faculdade, Nathan Shaw, não brinque comigo. – O tom era de quase ameaça.

- Tá, você venceu. Por hora... O que fará hoje à noite?

- Depois de um banho, eu pretendo pedir comida, colocar uma música e resgatar algumas coisas das caixas que irei precisar para os próximos dias.

- Tipo?

- Você esquece mesmo que eu sou uma mulher, né?

- Sinceramente? Sim.

- Homens – Nicole revirou os olhos e fez um sinal negativo com a cabeça.

- Vou passar aí e te levar para minha casa. – Ele falou.

- Não precisa se incomodar. Vá para casa descansar.

- Não é incomodo nenhum, okay? Não quero que jante sozinha no seu primeiro dia de volta a Toronto. – Ele falou com convicção.

- Sarah não vai se incomodar?

- De modo algum! Nós já estávamos comentando sobre isso mais cedo. Ela disse que ia cozinhar. 

- Então vou pedir comida.

Os dois soltaram uma gargalhada e antes de voltar a falar, Nicole ponderou rapidamente que não seria má ideia jantar com os amigos. Um dia a mais ou a menos de "atraso" na arrumação de sua nova morada não ia matar ninguém.

- Em quanto tempo você chega aqui? – Nicole perguntou.

- Vinte minutos, se o transito for legal comigo.

- Beleza. Vou pedir para o porteiro liberar sua entrada e vou deixar a porta destrancada.

- Eu já liberei minha própria entrada quando recebi sua mudança – Nathan tinha um ar maroto na voz.

- Com ordem de quem? – Ela brincou.

- Não tenho culpa se os porteiros de todos os prédios da cidade torcem para os Raptors, tá legal?! – Ele riu ao responder.

- Eu mereço você viu. Te vejo daqui a pouco, então.

- Só se enrole numa toalha, não quero chegar na sua casa e te ver circulando pelada de novo.

- A casa é de quem? – Nicole colocou a mão na cintura.

- Depois não reclama de eu ficar fazendo propaganda que você é gostosa. – O rapaz rebateu.

- Se você fizesse a propaganda pra mulheres que pudessem ser do meu interesse, seria uma boa.

- Só não fiz mais pois você estava com a McGrath. Você terminaram?

- Como terminar algo que nunca tivemos?

- Você me entendeu, amor. – A voz de Nathan foi carinhosa.

- Terminamos.

- Pronta para começar de novo?

- Não. – A ruiva disse simples.

- Até daqui a pouco, então.

Nicole não viu, mas sabia que seu amigo tinha um sorriso terno nos lábios ao desligar a ligação.

***

A jovem dançarina respirava fundo para que uma lágrima de frustração não rolasse de seus olhos, mas foi impossível. Ela passou a mão pelo rosto rapidamente, uma vez que não ia querer dar explicações caso alguém presenciasse aquela cena. Ela olhou mais uma vez para o celular em suas mãos, os ombros caindo tristonhos e desanimados.

Após ler os três e-mails com respostas negativas, Waverly fechou os olhos e ficou a se questionar, novamente, em qual ponto ela havia errado. Sabia que era inútil pensar naquilo, mas para uma pessoa ansiosa, era o mesmo que dizer "pense até seu cérebro explodir. "

A garota fechou o aplicativo do e-mail e apertou o ícone que fazia o trabalho de enviar mensagens, e foi até o contato de sua mãe, pois a mais velha pediu para ser avisada quando as respostas chegassem.

"Não consegui, mãe. De novo eu não consegui..."

Um emoji de carinha triste foi incluído na mensagem e a menina enviou, colocando o celular no bolso de sua calça, saindo da pequena cabine reservada e caminhando até o espelho do banheiro dos funcionários da BMV Books, local que lhe contratara havia poucas semanas.

Ela se olhou no espelho e procurou esboçar um sorriso, afinal, era um trabalho digno e estava se esforçando para realiza-lo de modo satisfatório, pelo tempo que fosse necessário até conseguir algo em sua área de atuação. Foi difícil admitir para si mesma que era hora de se abrir para novas possibilidades, mas ao ver sua conta bancária se aproximar do vermelho, a menina soube que era inevitável uma tomada de decisão.

A porta do banheiro se abriu, fazendo Waves se sobressaltar, e ao olhar para ver de quem se tratava, viu que era sua colega de trabalho, uma garota que havia acabado de sair do ensino médio de nome Tess.

- Minha vez de ficar fazendo vários nadas no banheiro durante o intervalo, Waverly – ela disse animada, não reparando no semblante chateado da outra.

- Eu já estava voltando, Tess. A gerente já foi?

- Acabou de sair, graças a Deus.

Waverly riu de leve com os modos da menina, se recordando rapidamente da sua época de colégio, mas foi interrompida outra vez.

- Está tudo bem, Waverly? – Tess a olhava de modo curioso, agora sentando em cima da pia.

- Está sim. Se você demorar, eu venho te buscar, entendeu? – Waves apontou o dedo para a menina antes de sair pela porta. – Você já está devendo horas na casa.

- Tá bom, mãe! – Tess bufou.

Waverly balançou a cabeça em negativa e retornou para o seu posto, agradecendo mentalmente o fato de faltar apenas três horas para o seu turno chegar ao fim. Queria sair dali e espairecer, principalmente após ter recebido más notícias.

"Pelo menos eu tenho um encontro mais tarde. "

A garota se acostumou facilmente com a rotina de trabalho da livraria, mas quando os dias eram pouco movimentados, era uma tristeza ver o ponteiro do relógio correr, ou melhor, não se mexer. Waves aprendeu a lidar com isso, mas sempre havia os dias em que nada parecia adiantar. Alguns clientes entraram e a garota os atendeu com um sorriso, contudo, para sua frustração, não compraram item algum. Ela chamou Tess de volta, e entre a organização de algumas prateleiras e outras, e leituras de algumas contracapas, seu horário de saída chegou, e após marcar o seu ponto e se despedir dos colegas, saiu em direção ao ponto de ônibus para ir para casa.

O transporte não demorou a chegar, mas estava começando a ficar cheio de outros trabalhadores retornando para suas residências. Sua sorte é que não morava muito longe, mas para ir a pé, era preciso uma disposição que ela não possuía àquela hora do dia.

Chegando à morada, percebeu de pronto que o local estava mais silencioso que o normal, mas ela não deu atenção a isso. Se dirigiu ao seu quarto, fechando a porta ao passar, e depois de deixar bolsa e celular em cima da cama, foi até o banheiro privado que dispunha, se despindo e deixando a roupa cair de qualquer jeito no chão.

A água morna caindo em seu corpo foi extremamente relaxante, e por alguns segundos a dançarina esqueceu que a vida era cheia de problemas e que ela tinha horário marcado com alguém. E foi isso que a fez sair do chuveiro, ou teria ficado por ali por um tempo.

Depois que se secou e se encolou com a toalha, seus cabelos úmidos e cheirando muito bem obrigado, Waverly ouviu uma voz conhecida na cozinha e sorriu para si, pegando seu celular em cima da cama. Seu encontro lhe mandara uma mensagem. Lá vem, ela disse para si.

"Hey Wave, tive um imprevisto no trabalho, não poderei ir hoje. Podemos remarcar? "

- Era só o que me faltava, outro não no mesmo dia! – A menina levou a mão livre até a têmpora e respirou fundo – Pelo menos essa teve a decência de avisar com antecedência...

Waverly respondeu a mensagem com um simples okay e deixou o aparelho novamente no colchão. Seus planos foram por água abaixo, então o que lhe restava era escolher seu melhor pijama e ficar assistindo séries no Netflix.

- O que mais uma garota pode querer? – Disse para as paredes no instante em que desfazia o pequeno nó em sua toalha.

Contudo, a vida tinha um senso de humor extremamente peculiar, e um pouco antes do pano ir ao chão a porta do quarto se abriu, e se não fosse por seu reflexo, a mulher de cabelos vermelhos teria visto bem mais do que apenas os braços e pernas nus de Waverly.

- Oops, aqui definitivamente não é o banheiro...

- Nicole!

- Waverly... olá! – Nicole sentiu a face corar violentamente e baixou o rosto – Quanto tempo...

A dançarina perdeu a fala e desejou que um buraco se abrisse sob seus pés. Não era possível, era? Sarah lhe avisou que isso poderia acontecer, mas ela nunca imaginou que seria desse modo.

- Nicole, eu disse a primeira porta à esquerda, e não a segunda! – A voz de Nathan ficava mais alta a medida em se aproximava – Esse é o quarto que a oh! – O garoto parou no portal e seus olhos correram de uma Nicole sem graça para uma Waverly procurando o melhor lugar para se esconder – Isso que eu chamo de reencontro!

- Eu nunca estive aqui – Nicole deu meia volta e foi possível ouvir uma porta se abrir e fechar.

- Eu acho que agora ela acertou o banheiro – Nathan ironizou.

- Nathan! – A voz de Waverly saiu esganiçada enquanto ela arrumava novamente a toalha – Por que não me avisou que a Nicole vinha aqui hoje?

- Eu pensei que a Sarah tinha te avisado... – ele coçou a cabeça em confusão. – Onde ela está inclusive?

- Aqui! – A voz de Sarah surgiu pelo apartamento, e quando viram, a loira se aproximava de ambos – Me atrasei porque estava terminando de comprar os ingredientes para o jantar – a mulher deu um beijo em Nathan e ao se afastar, encarou os dois – O que houve?

- Nicole viu a Wave pelada – Nathan disse com um riso.

- Mentira! – Waverly retrucou – Mas foi quase. – Ela escondeu o rosto com as mãos.

- Nada que ela já não tenha visto – Sarah deu de ombros – Onde ela está?

- Escondida no banheiro. Logo ela aparece – Nathan falou.

- Por que não me falou que ela vinha aqui hoje? – Waves quis saber.

- Ué, você vai sair, então não vi necessidade? – Agora Sarah estava com a voz em dúvida se havia agido ou não da forma correta.

- Não vou mais sair – a dançarina bufou – Você imaginou mesmo que os horários iriam dar certo e eu não encontraria a Nicole por aqui, Sarah Lucy?

- Talvez? – Sarah crispou os lábios – Desculpe, Wave. Eu realmente deveria ter te avisado, mas não foi por mal.

Waverly suspirou fundo e revirou os olhos, e expulsando os dois amigos do seu quarto com as mãos, a jovem fechou a porta e a trancou dessa vez. Agora, nada lhe restava a fazer a não ser vestir uma roupa apresentável e encarar Nicole durante o jantar, que naquele instante estava andando de um lado para o outro no banheiro social e xingando Nathan de todos os nomes possíveis e imagináveis.



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