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História Love Thing - A Escolha Perfeita


Escrita por: itsgretha

Notas do Autor


Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Espero que sim! Não sei se Lumena autorizou a postagem desse capítulo hoje, mas vou aproveitar que ela não tá vendo rs
Pode-se dizer que esse é um capítulo de transição, e mais pedacinhos do gênero acontecerão nos próximos capítulos. Espero que gostem. Besitos.

Capítulo 55 - A Escolha Perfeita


Fanfic / Fanfiction Love Thing - A Escolha Perfeita

Luzes matinais invadiam o quarto, e isso não era para estar acontecendo, mas a culpa não era da cortina blackout, pois a falha não foi sua se foi mal fechada durante a madrugada. Lá longe, como se a quilômetros de distância e não poucos metros abaixo, barulhos de automóveis faziam vez, assim como passos advindos do corredor, o que provava que a acústica daquele quarto em especifico não era 100% como diziam os sites da internet. Tudo isso e talvez mais um pouco foi pensado por Waverly antes de ela abrir os olhos, se perguntando quais horas eram, pois seu despertador não tinha tocado. Ou tinha?

Confusa, ela se mexeu na cama, mas não conseguiu fazer movimentos bruscos, uma vez que estava sendo abraçada pela cintura por uma mulher. Seu coração saltou por alguns segundos, mas as lembranças logo lhe atingiram e com isso suspirou aliviada, pois não havia feito nada do qual se arrependeria não só depois, como pelo resto de sua vida.

Ainda não acreditava no que acontecera. A cena quase cinematográfica rodou outra vez em suas memórias e novamente ela se perguntou se não se tratava de projeções causadas pela bebida somado a um sonho extremamente realístico.

“Talvez eu ainda esteja sonhando. Não quero acordar se for assim. ” Sorriu com o pensamento e virou o corpo para encarar a pessoa que lhe abraçava.

Nicole Haught dormia tranquilamente, semblante e respiração em compasso sereno, algo bonito de se observar de um jeito não esquisito. A dançarina suspirou, se dando conta dos inúmeros significados que a presença dela em sua cama poderia carregar. E começou a desvendar possíveis indícios ao espiar por baixo do leve cobertor que escondia seus corpos. Ambas estavam vestidas, ela com seu pijama de verão com estampas de estrelas e a ruiva com uma regata e calcinha.

- Humm... – a dançarina fez baixinho.

Não haviam transado, caso contrário, estariam nuas. Waverly nunca entendeu o motivo que levava alguns filmes e séries a retratarem uma cena pós sexo com seus personagens usando roupa de baixo após o ato. Tudo bem que o contexto deveria ser levado em conta, mas era tão bom permanecer desprovido de roupas após o gozo, sentindo a pele da outra pessoa próxima o suficiente para... Um arrepio percorreu sua espinha devido a tais pensamentos e a Waves sorriu internamente. Caso a noite tivesse prosseguido de modo mais sexual, Nicole teria deixado Waverly ditar o ritmo de tal ação, como aconteceu nas duas vezes em que haviam feito após ela contar sobre o ocorrido em Londres. A Earp refletiu sobre e se perguntou se já era hora de deixar com que Nicole tomasse a frente, por assim dizer, e mesmo ciente de que a ruiva poderia ser o ser mais paciente do universo, sabia que chegaria o momento em que Nic iria querer mais.

- Bom dia, Waverly Grace.

Tinha se esquecido como era ouvir a voz sonolenta de Nicole e isso não era algo bom. Viu que a ruiva abria os olhos e ao focá-los, Waves soube que não estava sonhando de modo algum, todavia, precisava de algumas explicações.

- Bom dia – retribuiu com um sorriso e emendou – Alguém já te falou que você é maluca?

- A Sarah falou exatamente isso antes de eu embarcar para cá. – E limpando os olhos, continuou – Dormiu bem?

- Não sei dizer, mas sei que minha mente está confusa, começando a ficar dolorida e precisando de esclarecimentos.

- Tem aspirina e água aí do seu lado – a ruiva apontou com a cabeça.

Waverly virou em direção à mesa de cabeceira a ali estava a parte um de qualquer ressaca. Sem demoras ela ingeriu o medicamento, pedindo aos céus que o efeito fosse rápido e sem que pudesse segurar, um ligeiro sentimento de culpa começou a dar olá.

- O que foi? – Nicole notou que o semblante da outra estava mudando.

- Nada, digo, obrigada pelo remédio e, hm, me desculpa.

- Por que eu deveria te desculpar? – A ruiva se endireitou um pouco na cama.

- Não sei. Mas você veio de Cleveland só para me ver e eu estava em uma casa noturna, bêbada e-

- Quem disse que eu vim de Cleveland só para ver você?

Os olhos esverdeados de Waverly se arregalaram e ela sentiu as bochechas esquentarem, mas o riso divertido de Nicole foi o suficiente para ela relaxar e ver que não se passava de brincadeira típica da outra.

- Sim, eu peguei um voo de uma hora e meia para vir te ver – falou Nicole.

- Você deveria ter me avisado que estava vindo! – Waves bufou e se sentou na cama, passando a mão por seus cabelos – Eu teria preparado algo para a gente fazer, te levado a algum restaurante, ou poderíamos ter andado pela Times, qualquer coisa!

- Mas aí deixaria de ser surpresa. – Disse simples.

- Mas...

- Mas nada, Waverly Grace. – Cortou – E é sério mesmo que você não vai me dar um beijo de bom dia?

Nicole fez com que seus olhos ficassem pidões propositalmente. Como resistir? Muito difícil, Waverly pensou ao se aproximar e colar sua boca na da outra. Sua mão passou pelo rosto da ruiva e escorregou para a região do pescoço, local que acariciou suavemente. Por sua vez, Nicole a trouxe para perto utilizando seu braço e suas pernas, no qual as enroscou por baixo dos cobertores.

Os beijos de Waves foram leves, matinais, com toques de desejo acumulado que eram sentidos por Nicole. Por estarem de lado, suas respectivas mãos subiam e desciam pelas costas e a Earp logo colocou a sua por debaixo da regata de Nic, lhe provocando um arrepio gostoso. Nicole sorriu enquanto deixava um beijo no queixo de Waverly e disse com uma voz um pouco rouca.

- Não podemos fazer muita coisa...

- Por que? – “Droga! ”, Waverly praguejou – Você vai ter que voltar né?

- Também. Mas nós não estamos sozinhas. – Ela se segurou para não rir.

- Que?

Nicole apontou para a cama de Alana e bem, lá estava Alana, dormindo com a boca aberta, totalmente alheia ao que acontecia ao seu redor. Waverly balançou a cabeça e riu, afundando o rosto no pescoço de Nic.

- Deus, eu tinha esquecido da Alana. – Falou com a voz abafada – Ela não poderia ter ido passar a noite com a menina de olhos puxados?

Nicole riu com o tom decepcionado de Waverly.

- Se o que Alana falou for verdade enquanto estávamos voltando da festa, essa garota estava conversando com algumas pessoas meio esquisitas. – Nicole contou.

- Hm, mesmo? – Waves ergueu o rosto.

Nicole confirmou.

- Então melhor assim. – Continuou Waverly – Nós falamos que íamos cuidar uma da outra, mas quem fez isso foi você.

- Alguém tinha que estar sóbria o suficiente para chamar um Uber. – Ironizou.

- Você não bebeu? Eu acho que vi você bebendo. – Procurou recordar de cenas da festa após a chegada surpreendente de Nicole, mas estas estavam demasiado bagunçadas.

- Eu bebi, só não exagerei e muito menos misturei, igual as mocinhas fizeram. – Nicole fingiu uma bronca e Waverly abaixou um pouco a cabeça, sabendo que poderia ter evitado o exagero.

- Desculpe.

- Já disse que não precisa pedir desculpas. Você estava se divertindo, e antes que pense que eu não fiz isso também, eu fiz. – Sorriu – Foi ótimo dançar com você de novo.

- A gente dançou???? – Waverly ergueu um pouco o corpo, agora mais desperta. – Eu não lembro disso!

- Mas vai lembrar – agora Nicole ria mais abertamente – Depois que você comprovou que era eu de verdade, nós dançamos por um tempinho.... Bem, você dançou, eu faço movimentos desajeitados no intuito que se passem por algum tipo de dança, mas não deixou de ser gostoso.

- Meu Deus Nicole, me diz que eu não fiz você passar vergonha! – Waverly escondeu o rosto novamente, mas ria da situação.

- Waves, a dançarina é você! – A ruiva sorriu – Mais fácil eu ter feito você passar vergonha!

- Estou falando sério! – A outra riu – Eu não estava em meu juízo normal.

- Você se comportou bem, mesmo tendo ficado mais alegre depois que me viu. Depois nós milagrosamente achamos uma mesa, e foi onde eu tomei umas doses e tentei alimentar e hidratar você e Alana.

- Eu me lembro de ter mastigado coisas... e de ter sentado. – Algumas imagens começavam a clarear na mente de Waverly – Foi nessa hora que eu perguntei como você tinha chegado ali.

- Exatamente – a ruiva sorriu em concordância – Foi também o momento em que você perguntou o porquê fui grossa com você ao telefone, mas eu tinha acabado de pousar e o avião estava taxiando, e como queria manter a surpresa, achei melhor dar a impressão que eu estava ocupada. Me desculpe se eu te fiz pensar coisas que não eram para serem pensadas.

- Eu ainda estava no teatro a essa hora e por um momento pensei que você poderia, sei lá, estar com outra pessoa – confessou Waverly.

- Hm, eu bem imagino que tipo de outra pessoa você imaginou.

- É...

- Mas estou aqui.

Waverly sorriu e por motivos inexplicáveis, ou nem tanto assim, seu coração disparou. Ter Nicole ali do seu lado, mesmo que por pouquíssimas horas, talvez fosse a resposta que de alguma forma ela tanto esperou durante aqueles meses, e ficou a imaginar se a ruiva que lhe encarava pensava em algo similar.

- E só para refrescar mais sua memória, eu te contei que cheguei a vir aqui no hotel, mas vocês já tinham saído e isso foi a recepcionista que me contou – Nicole relatava – Eu tentei te ligar, mas você não me atendia.

- Eu não vi as ligações. – E realmente não tinha visto.

- Aí eu fui nas suas redes sociais, para ver se encontrava algo, e foi quando vi a foto que o Ethan postou de vocês e por sorte estava com localização. Com muito custo eu consegui convencer a recepcionista de que estávamos juntas e que você deve ter esquecido de avisar que eu chegaria, mas por fim ela deixou eu guardar minha mochila aqui no quarto de vocês, mas antes de ir embora eu preciso acertar o valor de mais um hóspede, pois a acomodação se tornou tripla...

Obviamente que Waverly teve seus pensamentos tomados por duas palavrinhas que Nicole proferiu enquanto contava o ocorrido, e estas foram “estávamos juntas”. Contudo, a Earp preferiu guardar comentários para si, pelo menos por enquanto, afinal, não sabia se a ruiva havia dito aquilo pois realmente considerava que estavam juntas ou se foi aquele tipo de expressão que as vezes escapa quando se fala em velocidade acelerada.

- Até que finalmente você me achou – Foi o que Waves preferiu dizer, ao mesmo tempo em que encaixava as pecinhas dos acontecimentos – E como você entrou? Ethan conseguiu que entrássemos com o nome na lista, porque ele conheceu o DJ – contou para a ruiva.

- Ah, eu cheguei na promoter que estava na entrada, falei que era fotografa do Toronto Raptors e dei a entender que alguns garotos do time poderiam querer passar por ali quando a temporada acabasse. Aí eu dei o sorriso certo e pronto.

- O sorriso certo? Hm...

- Eu acabei de falar que usei o nome de um time da NBA para entrar numa boate e você preocupada com o sorriso que dei para a garota da entrada? – Elas riram – Isso está me cheirando ciúmes, Waverly Grace.

- Que convencida você, Nicole Rayleigh.

- Quem resiste a esses dentes certinhos? – Nicole sorriu abertamente, recebendo um leve tapa no braço da outra.

- Você está andando muito com o Nathan.

- Estou mesmo, credo. Não vejo a hora da liga acabar, eu não aguento mais tanto homem junto – bufou.

- Falou igual a Sarah também. – Waverly pontuou. – Ela sabe que você está aqui, então?

- Sim. Ela quem me ajudou a reservar o voo, e eu precisava de alguém para ficar de olho nas redes do time nessas horas em que eu estivesse fora.

- Você está ciente de que ela vai cobrar o favor, não é? – Waves conhecia sua amiga, e tal boa ação em algum momento deveria ser retribuída.

- Já estou me preparando psicologicamente para isso. – A ruiva virou os olhos.

- Eu só quero ver... – A dançarina suspirou de leve – Ainda não estou acreditando que você veio.

- Eu teria vindo antes, mas a logística não estava colaborando.

- Ah é? – A Earp voltou a acariciar o rosto da outra.

- Uhum... – Nicole trouxe Waverly para perto outra vez – Senti sua falta, Waves.

- Eu sei que sentiu.

- Quem está sendo convencida agora? – Devolveu Nicole, apertando suavemente a região próxima a uma das nádegas de Waves.

- Convivência com o Ethan – respondeu – Inclusive...

- Ethan voltou conosco, se é isso que quer saber.

- Eu jurava que ele ia passar a noite com o DJ.

- Acho que ele disse algo referente a pênis e seus tamanhos em relação a isso. – Nic deu de ombros – Não sou capaz de opinar.

Waverly achou graça na careta que Nicole fez em seguida.

- Não vai ser você quem vai ouvir ele fofocar freneticamente mais a noite, antes de subir ao palco. – Ela se aconchegou no peito da ruiva, recebendo carinhos no topo de sua cabeça.

- Você tem mais uma apresentação hoje, não é? – Indagou Nicole.

- Sim, e depois vamos ver se ficamos mais uns dias ou não. Mas tudo indica que não.

- Por que?

A dançarina passou os minutos seguintes relatando para Nicole as últimas novidades da companhia. Contou sobre as reuniões e a discussão interna entre os responsáveis, enfatizando que se não ficassem na cidade para mais apresentações, seria não porque não fizeram um ótimo trabalho, mas por questões puramente monetárias. A fotógrafa ouviu tudo com atenção, aguardando o momento exato para poder falar.

- Tudo gira em torno de dinheiro, não é mesmo? – Deixou um beijo na cabeça de Waves.

- Sim? O capitalismo é muito cruel as vezes. – Bufou – Podemos voltar a época do escambo?

Nicole riu.

- Infelizmente o mundo atual não funciona mais a base de trocas. Só se for em uma comunidade pequena, e olhe lá...– refletiu.

- POR DEUS CALEM A BOCA!

A frase em tom mal-humorado veio acompanhada de um travesseiro voando na direção de Waverly e Nicole, e só não as atingiu em cheio pois a arremessadora profissional de travesseiros na cama ao lado ainda estava sonolenta. Waverly cogitou retribuir o radiante bom dia da companheira de quarto, mas desistiu quando ouviu o despertador de seu celular tocar, pondo fim àquela bolha matinal no qual estavam envolvidas.

****

Entre risos e as fofocas de Ethan a respeito de seu encontro com o DJ, as garotas tomaram café da manhã no restaurante do hotel. Repassaram mais alguns pontos ocorridos na noite anterior, o que incluía a chegada repentina de Nicole, que outra vez explicou como foi parar ali. Ethan e Alana ouviam a ruiva com atenção, lançando olhares furtivos para Waverly, que inevitavelmente ficou com suas bochechas rosadas, contudo, ela não negaria a sensação de presunção que a presença de Nicole ali ao seu lado estava lhe causando.

Bem lá no fundo, Waverly de alguma forma sempre soube que se existia alguém que pudesse entrar em um avião e ir lhe encontrar em qualquer parte do globo, esse alguém era Nicole. Inevitavelmente lembranças do passado apareceram em sua mente, e outra vez ela imaginou como a vida de ambas estaria se tivessem permanecido juntas durante esses dez anos.

Teriam ido para a mesma Universidade? Estariam com as carreiras que tem hoje? Em qual momento teriam tomado a decisão de morar juntas? Seriam ou não o tipo de casal cuja casa estaria sempre cheia de amigos, ou levariam uma vida mais pacata, por assim dizer? Quais viagens estariam nos porta-retratos da sala? Será que Nicole teria conhecimento de seu parentesco com Travis? Brielle e Thomas estariam entre eles, correndo pela residência atrás de uma bola de basquete? Ou correndo atrás do cachorro? Esse era um ponto interessante, um cão sempre aparecia em todas as realidades que fantasiava.

Um sorriso tomou forma nos lábios da Earp e não passou despercebido por Haught.

- No que está pensando? – Perguntou curiosa.

- Eu penso em muitas coisas – Waverly respondeu fingindo fazer mistério.

- Não vai me contar?

- Você perderia o voo se eu começasse a contar tudo o que penso.

- Tentador.

Trocaram um sorriso, seguido de um pigarro elevado de Ethan.

- Respeitem os solteiros à mesa, por obséquio. – O rapaz falou em seu melhor tom formal.

- Calado, Ethan – Waves riu para o amigo.

- Eu tenho que concordar – Alana fez coro em provocação– Já não basta eu ter ficado de vela a noite toda no quarto com vocês, agora isso?

- Você estava dormindo, Alana – Nicole respondeu com cautela. Como não tinha intimidade com a garota, preferiu não ousar na resposta.

- Por isso mesmo! Sabe-se lá o que vocês fizeram durante a madrugada!

- Nós dormimos? – Nicole respondeu o óbvio, e viu que Ethan ria.

- Por mais confusa que eu pudesse estar quando acordei, definitivamente eu me lembraria se tivesse transado com a Nic. – Waverly respondeu, não dando atenção a careta de Alana.

- É tão boa no que faz, Really Hot? – Insinuou Ethan.

- Nunca recebi reclamações. – A ruiva piscou para ele.

Uma risada coletiva os tomou e nesse ponto, Nicole pegou seu celular para conferir o horário. Ela suspirou e pousou seus olhos em Waverly.

- Você precisa ir, não é? – Ela respondeu pela outra.

- Sim. Eu fiz o check-in enquanto comíamos e pelo horário, já preciso me organizar para sair.

- Tudo bem. – Não estava tudo bem, mas o que ela poderia fazer? – Eu queria muito conseguir te acompanhar até o aeroporto, mas...

- Eu sei, babe – a ruiva encostou sua boca no topo da cabeça de Waverly – Você tem ensaio e a Margot provavelmente vai conversar com vocês sobre os próximos passos.

- Nós já sabemos nosso destino – Alana comentou – Somente um bom milagre monetário para nos fazer ficar aqui por mais tempo.

- Pois é – bufou Waves – A possibilidade de Margot estar uma pilha de nervos é grande.  

- Não tenha dúvidas. – Ethan concluiu.

Poucos minutos depois, Waverly e Nicole estavam de volta ao quarto. Alana não as acompanhou, pois suspeitou que as duas precisavam de mais um tempo a sós. A fotógrafa pegou sua mochila e começou a conferir se todos os seus pertences estavam ali, sorrindo ao sentir Waves lhe abraçar por trás. Ela segurou as mãos da dançarina e as beijou.

- Queria que pudesse ficar. – Waverly encostou seu rosto nas costas da mulher.

- Eu também. Te assistir dançar pela coxia deve ser uma ótima experiência.

- Eu ainda quero que você esteja na coxia um dia, me vendo. Se você quiser, é claro.

- Waverly... – Nicole se virou e ficou de frente para a dançarina – Eu larguei meu trabalho em um momento de crise só para poder ficar algumas poucas horas com você. Eu poderia ter esperado até sairmos definitivamente da Liga? Sim, eu poderia. Mas o stress ontem naquele hotel estava tão alto que... – ela suspirou e após alguns segundos continuou – Talvez isso seja aquele sim, mesmo que tardio.

- Nunca vai ser tarde.

Nicole não respondeu, mas não era necessário. O modo como ela trouxe a dançarina para seu abraço fazia com que a necessidade de palavras fosse nula. Waverly retribuiu o afeto, seu coração ficando disparado por ouvir aquilo. Isso significava que... Mas não conseguiu terminar seu raciocínio, uma vez que Nicole a puxava para um beijo e este fez com que qualquer pensamento se dissipasse.

Continuaram próximas e ligeiramente ofegantes após se afastarem, aproveitando a escassez de tempo que parecia que sempre as acompanhava. Mas a questão era saber aproveitar as oportunidades que surgiam, e nos últimos meses as garotas procuraram fazer isso da melhor forma que suas atividades laborais permitiram.

- Quando você volta para Toronto?

- Entre amanhã ou depois – a ruiva respondeu, voltando a organizar sua mochila – Tudo vai depender dos horários dos voos que foram agendados. Apesar da Sarah ter me ajudado a vir para cá, eu que arquei com o custo, mas agora terei que retornar com eles e ir praticamente direto para a sede.

- Uma tonelada de trabalho de espera por lá, pelo visto. – Waves lhe lançou um olhar bondoso.

- Sim. Torça para eu não ser demitida.

- Você não vai ser demitida.

Nicole sorriu, fechando sua mochila. Ela olhou novamente para Waverly, querendo ficar um pouco mais, mas sabia que quanto mais tempo ficasse ali, mas difícil seria sair e em uma cidade como Nova York, não era permitido brincar com o trânsito quando se tinha um voo para pegar.

- Me acompanha até lá embaixo? – Pediu.

- Claro. – Waves selou seus lábios e ambas desceram até o saguão do hotel.

Nicole acertou sua estadia na recepção e se despediu de Ethan e Alana, que estavam por ali conversando. A ruiva desejou uma ótima apresentação para os dois e em seguida chamou um Uber. Nos minutos em que aguardou o carro chegar, trocou mais carinhos com Waverly, finalizando o contato com um beijo.

- Te vejo em Toronto, então? – Waves indagou ao vê-la abrir a porta do carro.

- Claro que sim – e abriu aquele sorriso perfeito – Quebre muito bem a perna esta noite.

Waverly Grace sorriu e acenou, observando silenciosa o carro se afastar, sentindo um leve frio na espinha ao refletir sobre como seria seu retorno ao Canadá dali a alguns dias.

*****

Horas mais tarde, Nicole não saberia distinguir o que sentia em seu peito, se era um sentimento de alivio ou pesar. Alivio talvez pelo fato de não precisa mais carregar o peso das responsabilidades que adquiriu naqueles meses como a Social Media do Toronto Raptors. E o pesar vinha do motivo de tal descanso em seus ombros: a equipe fora eliminada da Liga, tendo perdido as quatro partidas para o Cavaliers.

Todos os envolvidos sabiam que isso aconteceria, todavia, era melhor não expressar certos pensamentos em voz alta em um ambiente como aquele, cujo motivador publicitário e monetário era gritante.

Assim que a partida terminou, Nicole, Sarah e os demais membros do time retornaram para o hotel envoltos em um silêncio assustador. O clima pesado poderia ser sentido a distância e tudo que a ruiva queria era ir para o seu quarto, tomar um banho e beber.

Sim, estava com vontade de beber, afinal, poderia receber um aviso prévio na manhã seguinte, além de seu time ter perdido. Ao olhar para Sarah, a viu com os olhos vermelhos e não precisava ser um gênio para saber que ela havia chorado a pouco. Pensou em convidá-la para encherem a cara, mas não conseguiu formalizar o pedido, pois assim que chegaram ao hotel, o celular dela tocou e esta foi atender. Ao se virar, viu Nathan com o semblante arrasado. Sentiu o peito doer outra vez em ver o amigo daquele modo, e pediu internamente para que ele, assim como o restante dos garotos, ficasse bem e soubesse que nem tudo estava perdido, haveriam outras chances de vitória em breve e deveriam lutar com mais afinco do que nunca para os dias de glória.

“Estou ficando boa em textos motivacionais”, pensou sem alegria e seguiu para o seu quarto.

Talvez ela tenha ficado mais tempo do que deveria debaixo do chuveiro, algo que ela nunca faria se estivesse em sua casa, pois quem pagaria a conta seria ela. Após sua saída do box, a fotógrafa se vestiu e se pôs a trabalhar.

Postou, repostou, respondeu, curtiu, tudo conforme o cronograma que deveria seguir. Depois do que ela concluiu ser o suficiente de interações virtuais após uma eliminação de campeonato, Nicole desligou seu notebook e pegou o celular para verificar suas notificações. Duas mensagens lhe fizeram sorrir.

“Sinto muito pelo time ter saído do campeonato. Se quiser conversar, é só me chamar. ”

A ruiva sorriu para a tela do telefone e respondeu Waverly, mas suspeitava que ela não veria a mensagem por agora, pois pelo horário, ela ainda estava se apresentando. A segunda mensagem dizia o seguinte:

“Estou na piscina. Venha beber comigo. ”

A vontade de ingerir álcool ainda estava em Nicole, sendo assim, ela respondeu apenas um OK para Sarah e olhou para suas roupas, verificando se estas estavam apresentáveis para circular pela área comum do hotel.

Não demorou para ela chegar à área da piscina, que estava silenciosa. Até chegou a imaginar que alguns jogadores poderiam estar por ali, já que não precisariam mais ficar concentrados para as próximas partidas. Contudo, a única que estava presente era Sarah, que havia entrado na água trajando suas roupas debaixo e agora boiava tranquilamente.

- Pensei que os garotos estivessem por aqui.

- Eles estão na academia com o pessoal da comissão técnica - Sarah respondeu, saindo da posição anterior.

Nicole fez um sinal de compreensão com a cabeça, se aproximando de algumas espreguiçadeiras.

- Tem cerveja aí nesse cooler – a loira apontou, se aproximando da borda.

A ruiva tirou de dentro do objeto uma das várias garrafas de cerveja que ali estavam e a abriu enquanto se sentava. Apesar de cerveja não ser sua bebida favorita, o liquido gelado foi refrescante.

- Não vai entrar? – Sarah encostou os braços na borda da piscina, encarando a outra.

- Não desci com o biquíni.

- E daí? Está com a calcinha furada ou algo assim? – Elas riram – Ou é bege? Se for não tem problema, você usa o que quiser.

Não havia meios de contra argumentar, pois nada a impedia de entrar na água. Sendo assim, Nicole tirou o celular e a chave do quarto do bolso da calça de moletom que usava e os deixou na espreguiçadeira, a despindo em seguida junto com a camiseta. Trajava um shortinho e top estilo esportivo por baixo, e deixando sua cerveja perto da borda, tomou um leve impulso e mergulhou na piscina, voltando a superfície quando estava quase na outra ponta.

- Parabéns pelo salto ornamental, nota 2! – Zombou Sarah.

- Invejável, eu sei – Nicole sorriu de lado, retornando para perto da outra.

Permaneceram silenciosas por alguns minutos, e nestes Nicole ficou a pensar, de novo, o quão irônico, não num sentido ruim, o fato de ser ela a pessoa que estava ao lado de Sarah, e não Waverly. É claro que os laços de ambas se estreitaram nos últimos tempos, mas as vezes Nicole tinha a sensação de estar em uma posição que não lhe pertencia. Nathan era seu melhor amigo, poderia falar literalmente qualquer coisa com ele. Já com Sarah, apesar das inúmeras brincadeiras e até certos desabafos, não havia um grau de intimidade tão forte assim, mesmo com elas ali, dividindo sentimentos similares quanto aos seus futuros. Sem mencionar a postura profissional que precisavam manter no ambiente de trabalho.

- Obrigada de novo por ter me ajudado com o voo para Nova York – Nicole agradeceu outra vez.

- Não foi nada – ela sorriu – Foi bom?

- Foi sim.

- Mas vocês não fizeram nada demais, né. – apesar de parecer uma pergunta, se tratou de uma afirmação.

- Não. – Seus olhos foram em direção a Sarah – Ela tinha bebido um pouquinho além da conta, então nada além de dormir poderia ser feito.

- Você deveria ter avisado que estava indo. – Sarah esticou um pouco o corpo para fora da piscina e puxou o cooler para perto, pegando uma garrafa para si.

- Eu sei, mas o elemento surpresa foi impagável – Nicole bebeu um gole da cerveja.

- Posso imaginar. – Tomou um gole longo da bebida – Fico feliz por vocês, meu casal que teima em não ser casal.

Nicole sorriu abertamente.

- Talvez agora nós sejamos... – admitiu.

- Como é? Isso é novidade! – Os olhos azuis de Sarah se arregalaram.

- Eu não fiz nenhum pedido formal e nem nada – se apressou a dizer – Mas acredito que falei algo que deu a entender que estou disposta.

- Finalmente! – Sarah ergueu a garrafa de cerveja e Nicole brindou com ela – Já estava na hora.

- Hm... – Nicole fez enquanto engolia a cerveja – Eu jurava que a Waves tinha comentado algo com você.

- Waverly não tem falado muito comigo nos últimos dias. – A loira confessou.

- Mesmo? Vocês brigaram ou algo assim?

- Não. Acredito que deva ser por causa do teatro... – a resposta foi meio solta, e isso deixou Nicole desconfiada.

- Pelo que ela me conta, as rotinas das apresentações dela são puxadas, mas ao mesmo tempo que ela consegue falar um pouco comigo, ela poderia muito bem falar com você também. Sério mesmo que não aconteceu nada entre vocês?

Sarah suspirou antes de falar.

- Da minha parte não aconteceu nada, Nicole. Mas eu sinto que a Waverly está me evitando.

- Por qual motivo Waverly evitaria falar com você?

- Eu não faço a menor ideia! Ela sabe que pode falar qualquer coisa comigo, assim como você faz com o Nathan – Nicole confirmou com a cabeça – Uma ou outra vez eu já cheguei a perguntar a ela sobre isso, mas ela sempre diz que não é nada, e eu sempre acho melhor não insistir muito, sabe?

- Isso está muito estranho, mas eu entendo você não querer insistir no assunto, ainda mais que ela está indo bem com a terapia. Se ela está sentindo algo em relação a vocês, acredito que ela já tenha conversado com a psicóloga sobre isso e em breve virá conversar com você a respeito do que quer que seja.

- É o que eu espero. Eu sinto falta dela. – Bufou com certa raiva – Ela vai ser a madrinha do meu casamento, por Deus! A gente não pode ficar assim!

Os olhos de Sarah marejaram e isso foi algo que Nicole nunca tinha visto. Sarah sempre se postou como uma mulher forte e que nunca mostrava estar vulnerável, mas ali, com aquele assunto, ela estava chegando ao ponto de desmoronar. E certas questões começaram a fazer sentido para a ruiva.

- É por isso que você e Nathan também estão um pouco distantes? Somou com a sua preocupação com a Waverly...

- Os jogos, a pressão e as cobranças, o fato de eu e Nathan estarmos sob muitos holofotes para nosso gosto, o casamento, tudo se juntou e formou essa coisa... – Sarah fez um gesto com as mãos, como se quisesse que aquilo fosse algo palpável para ela poder socar – E o fato da Wave não falar comigo direito me deixou mais apreensiva. E eu sei que se ela estivesse aqui, ou pelo menos falando comigo não importa onde estivesse, todo esse peso que eu ainda estou sentindo seria bem mais fácil de carregar.

O sentimento de compaixão se apossou de Nicole, a fazendo chegar perto da outra e lhe oferecer um abraço, que foi aceito sem relutâncias. Nic não tinha recordações de ter trocado um abraço como aquele com Sarah, mas isso não importava, pois a noiva do seu melhor amigo precisava desabafar e era ela quem estava ali agora.

- Você quer que eu puxe a orelha de Waverly Grace? – Nicole brincou e isso fez a outra rir de levinho.

- Não... – Sarah se afastou, passando a mão no rosto para limpar as lágrimas que se misturavam com a água da piscina – Logo ela vai voltar lá para casa, e a gente vai ter uma conversa, mesmo que ela não queira.

- Estamos falando da Waverly, mesmo que ela esteja receosa com algo, ela vai ter essa conversa com você.

Sarah fez um gesto com a cabeça, sabendo que aquilo era um fato. As duas voltaram a pegar suas garrafas de cerveja e beberam o restante do liquido de uma vez, pegando outra garrafa em seguida.

- E você e Nathan precisam conversar também. – Nicole soltou.

- Precisamos. – Sarah foi firme – Hoje.

- Não, hoje vocês vão transar. Vocês precisam.

- Olha quem fala! – Sarah devolveu.

- Realmente – Nicole concordou rindo – Mas está tudo mais fácil para vocês agora, chega de empecilhos. Ai depois vocês conversam sobre o que quer que seja.

- Pode deixar, xerife – Sarah bateu uma continência e Nicole revirou os olhos.

Nesse instante, ambas ouviram a porta da área da piscina se abrir e por ela passou Nathan, que sorriu de um jeito cansado para elas. O garoto se aproximou das espreguiçadeiras e tirou o uniforme da equipe que estava vestindo, se jogando na piscina de cueca como se fosse um saco de batatas. Ao voltar para cima, se aproximou de Sarah, recebendo dela um beijo.

- Atrapalhei algo? – Ele perguntou, bebendo um pouco de cerveja da garrafa de Sarah.

- Não. – Sarah respondeu, piscando para Nicole.

Nathan percebeu.

- Vocês estavam falando de mim, né?

- Claro – Nicole respondeu – De quem mais a gente poderia falar?

O rapaz balançou a cabeça de um jeito negativo enquanto as duas mulheres riam em um tom confidente. Nicole pegou uma outra garrafa de cerveja, a abriu e entregou para o amigo.

- Como foi a reunião com o técnico? – Ela questionou.

- Ah, ele fez apontamentos de todos os nossos erros durante a partida, falou onde poderíamos melhorar, apontou os pontos fracos e por aí vai... – ele tomou um gole generoso – Nós teremos algumas semanas de folga antes de sermos convocados para a nova temporada. Ou sermos demitidos. Ou vendidos.

- Eu só te vendo por uma grana muito alta, meu amor. – Sarah falou séria e bebeu.

- Estamos falando de quanto? – Nicole atiçou.

- Mesmo com o time tendo saído da Liga, Nathan está valendo em torno de 60 milhões de dólares. Eu negociaria o passe dele por mais ou menos 90 milhões, para conseguir uma boa margem de negociação. – A loira falava agora como a mulher de negócios que Nicole conhecia – Mas o 60 é um valor que não inclui toda a publicidade que ele vai levar para qualquer time que o compre. Se incluir isso, o valor pode dobrar ou até triplicar.

- Esse idiota está valendo tanto assim? – Nicole estava realmente abismada com aqueles números.

- Está. Por que acha que irei me casar com ele? – Sarah respondeu em um tom divertido.

- Nossa, baby, achei que se casaria comigo por amor puro e verdadeiro! – Nathan entrou no jogo.

- Nathan, eu faço negócios, não amor.

Os três riram e Nathan fez uma cara de cachorrinho que caiu do caminhão da mudança. Sarah riu e deixou a garrafa na borda da piscina, se aproximando dele e o beijando carinhosamente.

- É, acho que tem um pouquinho de amor nessa relação. – Falou carinhosamente.

- Só um pouquinho?

- Uma pitadinha. – E o beijou de novo.

- Ei, vocês, me respeitem! – Nicole jogou água nos dois, que se separaram.

Sarah e Nathan assim o fizeram, mas continuaram próximos, e se olharam de um jeito como se estivessem lendo a mente um do outro.

- Agora? – O rapaz crispou os lábios.

- Pode não parecer, mas o momento é propício. Confia em mim – Eles sorriram e encararam Nicole.

- Lá vem... – a ruiva tomou mais cerveja, já se preparando para seja lá a pérola que o casal fosse proferir.

Nathan limpou a garganta e olhou para a amiga.

- Algumas semanas atrás Sarah e eu estávamos conversando sobre o casamento. – Ele falava e um sorriso começava a aparecer em seus lábios – Nós ainda não fechamos nada, isso vai ser algo que faremos quando voltarmos para Toronto, mas tem uma coisa nós concordamos e nem foi preciso pensar sobre...

Nathan parou alguns segundos e começou a rir, ao mesmo tempo em que parecia estar fazendo força para não se emocionar. Por sua vez, Nicole já estava com seu coração disparado e deu graças por suas mãos estarem dentro na água da piscina, caso contrário, seria visível que estaria trêmula. A ruiva tinha altas desconfianças das próximas palavras do melhor amigo.

- Você e eu temos um passado, Nicole. Por um tempo eu tinha certeza que você seria a minha cunhada, mas não foi que o destino quis para nós. Muita coisa aconteceu depois disso, e eu também poderia jurar que você não ia querer a minha amizade, mas não foi isso que aconteceu... – ele tomou outro fôlego – Você se mostrou presente e isso ficou mais evidente na Universidade, sendo minha companhia desde o primeiro dia de aula, aquela que me tirou de várias enrascadas, que me ajudou a estudar para as provas mais complicadas, me xingando quando eu bebia demais e passava vergonha – os três riram – Você é bem mais que a garota que joga basquete comigo, é a irmã que a vida me deu e é por essas e outras que eu gostaria que você aceitasse ser a minha “padrinha” de casamento.

Nicole não tinha palavras. Lá no fundo ela sempre suspeitou que Nathan poderia convidá-la para alguma honraria do tipo, pois quando eram estudantes sempre faziam brincadeiras a respeito de tal possibilidade. Mas estar ali, mesmo que numa piscina, sem toda a pompa de um convite formal, fazia com que a sensação fosse completamente diferente do que poderia sequer imaginar.

- Por favor diga sim. – Nathan aguardava em expectativa.

A fotógrafa sentia como se estivesse flutuando e a água ajudava muito nesse sentido. Ela sorriu, sendo inundada por um sentimento muito bonito que ela não saberia descrever no momento, e respondeu a única palavra que caberia naquele contexto.

- Sim.

*****

Waverly Grace limpava o canto dos olhos enquanto ouvia Margot discursar a respeito do futuro da Companhia. A mulher estava acompanhada de Henry e Eve, que exibiam expressões de seriedade e não era necessário ser um adivinho para saber o que aquilo significava.

A dançarina sentiu uma tristeza se apossar do seu peito, e mesmo que lá no fundo já tivesse a ciência de que as chances de o espetáculo não seguir em frente eram muito reais, receber a notícia concreta de tal fato não deixava de ser impactante. De acordo com os responsáveis, os custos para a realização de novas apresentações excederiam, e muito, os valores adquiridos em bilheteria, o que levaria a um déficit orçamentário que só poderia ser revertido se todos ali estivessem dispostos a não lucrarem com as novas datas e ainda seria preciso arcarem com algumas despesas do próprio bolso. E por mais que o aluguel do espaço não fosse ser cobrado em sua totalidade, não seria viável estenderem suas estadias.

Sendo assim, todos concordaram em unanimidade em encerrar as atividades da peça “Contempofell”. E como bons profissionais, encararam a decisão de cabeça erguida, contudo, o clima ficou pesado e silencioso depois que o martelo foi batido.

Waverly seguiu até os bastidores e pegou seu celular, encontrando uma mensagem de Nicole nas notificações. A ruiva agradecia o apoio que ela havia enviado anteriormente, referente a saída do Toronto Raptors da NBA. A dançarina sorriu de lado, mas sem animação, uma vez que agora informava a outra que o musical foi cancelado. Depois que enviou a mensagem, se pôs a ajudar na organização do teatro.

Como já vestia suas roupas usuais, guardou todo o figurino em suas devidas caixas e identificou seu conteúdo nas etiquetas. Fez o mesmo com os demais adereços que usavam. Seus olhos percorriam os colegas, que faziam a limpeza dos assentos e do chão, e de tudo que utilizaram. Será que os veria novamente? Pensou com pesar, afinal, não era sempre que se levava os companheiros de palco para toda a vida, e ela sabia disso pois já havia acontecido em seus trabalhos anteriores.

Com um suspiro, Waves foi em direção a Ethan, que limpava e organizava as maquiagens utilizadas, mas uma mão em seu ombro a deteve. Ao se virar, viu que era Margot. A mulher alta e de postura invejável estava com um sorriso no rosto, e apesar dos pesares, seus olhos brilhavam.

- Waverly Grace – ela falou suavemente – Vim te agradecer pessoalmente.

- Oh... – Waves sorriu de volta, mas não conseguiu dizer muito, pois a mulher lhe abraçou carinhosamente, coisa que nunca tinha acontecido em sete meses. – Não por isso, Margot, eu que tenho que agradecer a oportunidade.

Ao se afastarem, a coreógrafa continuou.

- Eu sei que demorei para escolher você, provavelmente te causei algumas aflições devido à espera, mas eu queria ter certeza. Você entende, não é?

- Eu entendo sim, inclusive, já estou acostumada. – E era verdade, Waves estava mais do que acostumada a longos períodos de espera por respostas que muitas vezes não vinham.

- Eu espero de coração que oportunidades incríveis cheguem até você – Margot lhe abraçou outra vez.

- E eu espero que logo você esteja à frente de novos espetáculos e se precisar, estou à disposição! – As duas riram verdadeiramente.

- Vou me lembrar disso. – E dando uma piscadela esperta para a dançarina, se afastou para falar com mais alguém.

Waves sorriu, feliz por ter tido a chance de conhecer alguém como Margot. Não poderia dizer que se tornaram amigas ou algo do tipo, mas o respeito e admiração era mútua e a jovem com toda certeza só teceria elogios se fosse questionada a respeito da coreógrafa e o quanto pôde aprender ao lado dela durante o período de convivência.

Sentindo-se leve e com o coração e mente sã, a garota se aproximou de Ethan, o agarrando por trás.

- Assim eu me apaixono, Gracinha – o menino falou insinuante.

- Mais?

- Você é apaixonante – ele se virou e a abraçou de volta – O que vai fazer agora?

- Hm, ficar no seu abraço? – Brincou.

- Eu sei que eu sou irresistível, mas eu digo no geral – eles se olharam.

- Não sei... Voltar para Toronto?

- Isso foi uma pergunta? – Ele ficou com o rosto curioso, voltando a guardar os pinceis de maquiagem.

- Talvez? Não sei bem o que fazer agora, essa é a verdade. – Admitiu – A gente já sabia que acabaria, mas... – ela se sentou na cadeira giratória em frente a bancada com o espelho – a sensação quando acaba sempre vai ser esquisita.

- Sim, não tem como fugir disso. Eu estou cogitando ficar mais alguns dias aqui na cidade. Se quiser ficar comigo, podemos dividir um quarto em algum hotel mais barato. Pensei em chamar a Alana também. Assim não fica pesado para ninguém.

- Mas você pretende ficar para fazer turismo ou vai procurar algum trabalho free lance? – Indagou para o colega.

- A princípio para conhecer um pouco a cidade, mas dependendo do que aparecer na parte de trabalhos, eu topo. Não temos nada a perder e pelo menos nossa passagem de retorno para nossas cidades já está paga.

Essa era uma verdade. Quando assinaram o contrato, ficaram cientes do valor para a passagem de retorno para quando as atividades fossem encerradas, e foram instruídos a não utilizarem esse valor. Waverly ponderou por segundos, realizando contas mentalmente, considerando se conseguiria ou não ficar mais uns dias por ali ou se era melhor voltar para casa.

“Mas... que casa? ”

Okay, Waverly tinha consciência de que poderia soar um pouco radical, mas foi impossível impedir tal pensamento.

A questão de sua moradia já estava lhe acompanhando há alguns dias, mas a manteve para si, nem em terapia compartilhara ainda. Desde o dia em que Sarah e Nathan ficaram noivos, ficou a refletir que mais cedo ou mais tarde precisaria sair do apartamento deles, afinal, ambos iriam querer mais privacidade e ela não iria se sentir confortável em ficar morando com os dois, quando estes já estivessem definitivamente casados, pois a dinâmica seria completamente diferente.

Nesse ínterim, ela foi contratada pela companhia de dança e embarcou em turnê, e tal assunto evaporou de sua mente por um tempo, reaparecendo quando o cronograma indicava que as apresentações finais se aproximavam. E agora lá estavam ela, basicamente arrumando as malas e seguindo sabe-se lá para onde.

É claro que poderia retornar para o apartamento de Sarah. Ainda possuía a chave e sabia que sua amiga diria que poderia ficar o tempo que fosse necessário, até conseguir encontrar um local definitivamente seu. Outra opção, seria retornar para Montreal e ficar um tempo com sua mãe, mas essa ideia seria em último caso. Ou poderia conversar com Nicole... A possibilidade de ficar sob o mesmo teto que a fotógrafa era deveras agradável, todavia, não era somente porque a ruiva dissera um sim para possíveis avanços na relação entre elas que iria apressar qualquer atitude sua em relação a isso.

A Earp ficou dividida. A proposta de Ethan para ficarem Nova York era tentadora. Ela queria muito conhecer a cidade, não iria negar, e pelas contas que fez, conseguiria se manter ali por mais alguns dias. Entretanto, estava com saudades de Toronto, precisava resolver sua situação e a primeira pessoa com quem deveria conversar era Sarah, não poderia mais evitá-la.  

- E aí, o que me diz? – Ethan a trouxe de volta de seus devaneios.

Waves riu de levinho, se recordando do dia, alguns meses atrás, em que fez exatamente a mesma pergunta para certo alguém. Ela encarou o rapaz e o respondeu com uma calmaria que surpreendeu até ela mesma.

- Eu adoraria, mas eu preciso ir para casa.  

 



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