História Lovely blindness; (Taekook). - Reliable call.

         Kim Taehyung

Eu não sabia o que fazer. Estava muito preocupado com aquele garoto. Seus pais pareciam ter ficado bravos com ele. Eu não deveria estar tão fissurado em saber o que estava acontecendo naquela casa, mas agora eu quero. Me sinto culpado por ter ido agora, sabia que isso iria dar em alguma coisa errada. Minha intuição nunca erra. Estou pensando se devo ligar para ele ou se devo deixar isto de lado. Talvez ele nem precise de alguém agora e só queira ficar sozinho ou talvez esteja desesperado para desabafar, mas não tem ninguém. Tenho medo de seus pais atenderem ao invés dele e me xingarem e me mandarem nunca mais ligar para ele, mas ao mesmo tempo estou pouco me importando para o que eles pensarão. Mas ele ainda estará lá, este é o problema. Eu posso não me importar, mas isso pode trazer resultâncias indesejadas para ele, que é a única coisa que me impede de o ligar neste momento. 

Estava comendo minhas unhas de forma nervosa, não queria fazer isto mas eu não tinha outra opção. Provavelmente eu morreria de ansiedade se ficasse aqui parado, sem fazer nada. 

— O que você está pensando, Taehyung? Está louco? Você não tem o número dele, você só passou o seu número para ele, e não o contrário. — Começo a conversar sozinho, vendo que não tinha como ligar para o mesmo. — Droga, droga, droga! O que eu faço? 

Sinto minhas mãos vibrarem e vejo que meu telefone estava tocando, finalmente. Era um número desconhecido, mas possuía o DDD de nossa cidade, o que me fez crer mais uma vez que ele poderia estar ligando para mim e, assim, meu coração pôde dar uma longa respirada. Mas ainda não tinha certeza, então engoli seco a minha própria saliva e coloquei o aparelho contra a minha orelha, esperando que a pessoa do outro lado falasse algo. Demorou uns segundos, pois ela parecia estar chorando, pelo barulho de respiração. Fiquei preocupado em ser um trote, daqueles em que dizem que um membro de sua família foi pego, mas acho que essa moda já passou, não? Espero que sim. 

— Taehyung... É você? — A voz delicada e inconfundível de Jeon atravessou por aquele celular, me trazendo uma paz e finalmente acalmando a minha ansiedade extrema. — Eu queria conversar, sobre muita coisa. Não tenho mais ninguém além de você. Tudo bem? Se não puder, eu te entendo. 

— Pode dizer, Jungkookie. — Lhe dou a passagem para a sua fala poder entrar. — Estou aqui para o que quiser contar. Vou deixar você falar, diga tudo e depois eu tentarei te ajudar. 

— Bem, você percebeu que meus pais estavam muito incomodados quando você chegou... Sei que você sabe, eu pude ver em seus olhos. Então, eles são muito superprotetores e eu odeio isto! Eu peço desculpas a você pela vergonha e o mico que eles te fizeram passar, caso você tenha se sentido incomodado ou intimidado com as caras que eles fizeram. Eu não sei mais o que fazer, eu só quero sumir agora, sei lá para onde. Para um lugar em que eu me sinta seguro, essa casa não é para mim. Meu pai mesmo me disse isso agora há pouco, ele disse que a casa era somente dele e nada mais. Estou indo muito longe e não deveria estar contando isso para alguém que acabei de conhecer, mas você sabe o que eu sinto. Eu sinto que posso confiar em você, muito. Então, eu estou aqui falando isso porque algo em mim me disse para que eu ligasse. Bem, é isto. Não precisa me responder, eu só quis desabafar sobre tudo isso que está acontecendo e está me consumindo de uma forma devastadora. Só de você estar aqui me ouvindo, sem desistir de mim, já significa muito. — Seu tom possuía uma parte triste, obviamente causada pelos seus problemas. 

— Eu não sabia que você estava passando por tantas coisas assim, Jeon. Se eu soubesse, nunca teria ido até a sua casa. Não quero atrair problemas para você. Fique tranquilo, eu não espalharei seus problemas para ninguém, até porque, eu também tenho os meus e sei como é horrível deitar a cabeça no travesseiro e não ter ninguém para conversar sobre o seu dia. Eu me sinto assim, sempre. Espero que tudo mude com a sua chegada. E eu quero fazer isso mudar, então, caso se sinta mal qualquer dia, você pode muito bem me ligar. Eu estou aqui, sempre estarei. Eu estava preocupado com você, mas não sabia o seu número. Eu percebi o quanto seus pais ficaram meio "na defensiva" somente de ver uma pessoa estranha na porta de suas casas. Eles não estão tão errados, afinal, nunca me viram. Mas também não estão certos, porque você só me ofereceu uma água e nem me levou para dentro de sua casa ou algo mais profundo. Não que eu esteja reclamando, eu não quero entrar em sua casa, não me entenda errado. Só estou usando isto como exemplo. — Tento me explicar, soltando um leve riso. 

— Bem, você é bem-vindo aqui, pelo menos por mim. Agora, por eles, eu não sei... Mas, brincadeiras a parte, eu não sei mais o que fazer, Tae. Está me fazendo muito mal, de verdade. — O clima de tristeza entra em cena novamente. — Eu não quero viver assim, mas também não quero mais falar com eles tão cedo. Eles têm as cabeças muito fechadas, foi somente você quem eu trouxe aqui, uma pessoa legal.

— Bem, Kook... Nem tudo é como queremos, infelizmente. Você terá que aguentar muita coisa que não gosta de ver nesta vida, de verdade. Mas eu sei que você é uma pessoa muito forte e consegue aguentar tudo isso de cabeça erguida. Apenas confie em si mesmo! — Com um discurso levemente clichê, tento o animar. — Ainda vamos conversar muito sobre isso, você vai melhorar. Eu prometo que vou te ouvir sempre que quiser falar. Não sei se isso te conforta, mas é o que tenho para oferecer. Não sou um bom conselheiro, eu sei. Mas eu tento ajudar as pessoas da maneira que eu posso. 

— Você já me ajudou muito. Você se importa se conversarmos mais um pouco sobre outras coisas? Preciso me distrair um pouquinho. — Pede de um jeito inegável. 

— Claro! Posso fazer isto o dia todo... Então, sobre o que vamos falar?