História Low Season - Jogos sujos

Jonathan Morgenstern
 

- Vem, entra. - Destranquei a porta e segurei sua mão, ela cessou os beijos no meu pescoço e cambaleou para dentro da casa.

- Não tem ninguém aqui? - Sussurrou em meu ouvido, ri.

- Ninguém. - A peguei no colo e coloquei-a no balcão da cozinha, me posicionei entre as suas pernas grossas e apertei sua bunda. A garota gemeu, afundando os dedos nos meus cabelos. Ela perdeu o fôlego e senti seus músculos se apertarem enquanto me envolviam. Tirei rapidamente a saia apertada e pude a sentir revirar os olhos.

- Jace, tá em casa? - Angel perguntou após bater a porta. Acendeu a luz e larguei a garota imediatamente.

- Mas o que? - Espremeu os olhos para conferir se ela estava mesmo vendo aquela cena.

- Angel, você chegou cedo. - Entreguei a saia para a garota

- Você não disse que a casa estava vazia? - A menina da qual eu não sabia o nome contestou confusa.

- Não querida, não está. E quem é você mesmo? - Ela andou até nós, furiosa.

- Sou Alexia, prazer. - Eu ri da cara que a Angel fez. A morena, que ainda estava no balcão arrumou os cabelos completamente desajeitados.

- Morgenstern, eu não acredito que você trouxe uma puta até minha casa. - Angel a olhou de cima a baixo.

- Essa casa também é minha. – A provoquei.

- Sua? Sua um caralho! Eu vou matar você. Vou matar vocês dois. - Angel apontou a garrafa que estava segurando para a garota, olhei entediado.

- Sua delicadeza me comove. – Eu respondi quando ela mirou o recipiente na minha direção e o atirou, desviei rápido, mas o vidro estraçalhou próximo à perna da Alexia, que grunhiu de dor.

- Cara! Você ficou louca? – Se levantou e enxugou a cerveja que espirrou em seu rosto, depois sacudiu a roupa para tirar os caos.

- O próximo eu vou acertar no seu rosto. - Ela gritou e eu gargalhei.

- Angel, calma, é só uma amiga.

- Então agora você pode trazer quem quiser até a minha casa? Primeiro o seu querido irmãozinho, agora essa puta. - A garota não demorou em tentar avançar em cima da Angel. Puxei ela pela cintura.

- Ei, calma ai! - Repreendi.

- Essa garota é louca, além de mimada. Quantos anos você tem, amorzinho? Quinze?

- Querida, vai ali ao banheiro lavar o rosto, você fede à cerveja barata. - A guiei até o banheiro mais próximo e sentei no sofá. Angel sentou do meu lado pensativa.

- Você podia ser menos chata. - Resmunguei sem olhá-la.

- E você, Jace, deveria ter um pouco mais de senso.

- Ah, qual é, sou um homem e tenho minhas necessidades, não é falta de senso.

- Existem inúmeros motéis na cidade, não precisa fazer da minha cozinha mais um.

- Você torna a vida muito mais séria.

- Eu nunca levo a vida a sério, mas parece que você só quer complicar tudo. - Era verdade.

- Deveria agradecer o fato de um cara gato e legal estar morando na sua casa, poucas ganham esse privilégio. - Ela riu.

- Tentador.

Ouvi a porta do banheiro se abrindo e a Alexia se arrastar até a sala. Olhei para Angel, pedindo pelo olhar que ela não causasse mais confusões. Ela pareceu entender o recado, mas como é teimosa, se recusou a ficar quieta e inesperadamente puxou minha nuca, colando nossas bocas. Mordeu meu lábio inferior e quando nossos lábios se encontraram, ela deixou escapar um gemido sufocado. Eu não ousaria negar o beijo, até porque nem conseguiria fazer isso. Tive tempo pra afastá-la ou simplesmente me levantar dali, mas havia sensações dentro de mim que eu precisava digerir antes de poder reagir. De qualquer forma, sabia que não passava de só mais um joguinho sujo para conseguir o que queria e então, entrei na sua. Beijei com mais força e a puxei pela cintura, tomando seus sons como meus, tomando seus lábios como meus. Minha boca explorou a sua feroz e obstinada. Angel arranhou minha nuca. Nosso beijo estava ainda mais quente e sintonizado, quando ela foi tirada de mim sem nenhuma delicadeza. Ergui o olhar e vi Alexia a puxando pelo cabelo, Angel pareceu não se importar, pois não conteve a risada. Ela se soltou a partir de uma cotovelada no rosto da garota que a prendia, ou pelo menos tentava. Alexia cobria o nariz com as duas mãos e Angel andou até a porta, abrindo-a.

- Você pode, por favor, sair da minha casa? Sua puta imunda, preciso dar continuidade à essa noite maravilhosa. - Lancei um olhar interessado, esperando curiosamente o que viria a seguir. A morena pisou fundo até chegar perto de Angel, lhe acertando um tapa no rosto. Cobri minha boca.

- Como ousa? - Toda a tranquilidade da Angel foi embora, dando espaço a uma aparência incrivelmente furiosa. Ela derrubou  Alexia no chão, acertando-lhe um soco forte, depois outro, mais um e depois disso parei de contar. Terminei de assistir e decidi que era hora de fazer alguma coisa.

- Alexia, é melhor você ir logo. - Puxei Angel de cima dela e a segurei por trás, impossibilitando de atacar novamente a garota.

- Mas Jace… - Alexia levantou com dificuldade.

- Vai. - falei firme.

- Você vai me ligar? - andou até a porta.

- Claro que não. – Falei. Ela respondeu com um olhar furioso antes de sair batendo a porta. Suspirei e soltei a Angel.

- Se me segurar assim mais uma vez, eu arranco sua cueca pelo olho. – Se soltou dos meus braços e subiu para seu quarto.
 

*
 

Girei para o outro lado da cama, simplesmente não conseguia dormir. Levantei silenciosamente e fui até o quarto à frente do meu. Bati na porta algumas vezes, ela não abriu. Dei um passo para trás, mas notei que a porta não estava trancada e entrei. Angel estava em pé na janela, olhando o luar. Gelei ao ver sua silhueta formada pela luz noturna, era perfeitamente igual à que vi no meu sonho. Balancei a cabeça nervoso e engoli seco quando vi seu corpo coberto apenas por uma lingerie preta de renda.

- O que você quer? - Perguntou sem olhar para mim.

- Você está bem? – Me aproximei.

- Por que não estaria? - Odeio o jeito que ela responde perguntas com outras.

- Você está com raiva? - Encostei-me a ela, acariciando seu ombro nu. Angel riu e se virou de frente pra mim.

- O que você acha? – Sussurrou chegando tão perto que pude sentir a respiração pesada. Ela estava provocando de novo.

- Acho que você está furiosa. - falei em seu ouvido.

- Por que está aqui?

- Você me beijou. - ouvi sua gargalhada e recuei, dando espaço para que ela virasse novamente.

- Ai, Jace, não consegui parar de pensar em você desde quando a gente se beijou. Você é maravilhosamente gostoso e eu estou tão apaixonada. - Disse sarcástica com a voz fina e revirou os olhos. – Por favor garoto, se toca e tenta ter um pouco de senso, não custa. - Ri do seu tom superior. - Aliás, já beijei mais pessoas que tem o dom dessa arte do que posso contar.  - Sorriu amarelo e revirei os olhos.

- Você usa o sarcasmo pra afastar as pessoas – Respondi.

- E você ainda assim está aqui. Volta pro seu quarto. – Eu parei um instante e um silêncio esquisito se formou no ar. Depois de uns segundos ela se virou e andou até mim encostando a boca no meu ouvido.

- Boa noite, Jace. – sussurrou.

Voltei para o meu quarto, mas mesmo assim ainda não conseguia dormir. Essa garota é definitivamente louca.