História Loyal, sweet, but also very dumb Colegial AU ANTIGA - Amar e dizer adeus

*** última semana de aulas***

Meu último ano letivo chegava ao fim e junto dele vinha o medo de falhar, de não conseguir entrar na faculdade, de repetir de tudo dar errado, por isso eu sabia que não andava nada bem, não fazia ideia de quando tinha sido minha última noite de bom sono. 

— Ei querida, não tem conseguido dormir muito não é? — Thiago tinha um pirulito na boca, eu dirigi um olhar cansado em sua direção, era incrivel como ele parecia estar perfeitamente bem mesmo sabendo que na próxima semana já não estaríamos mais na escola. 

Estávamos nos pátios da escola, apoiados sob uma enorme árvore, na sombra, era fim da tarde, tínhamos a vista completa para as quadras e o jardim, era fim de semana, o dia estava extremamente calmo. 

— O que você acha, Thiago? — eu deitei sobre a grama atrás de mim — Eu não aguento mais esse stress todo. 

— Você pensa demais, devia apenas relaxar — olhei em sua direção, zangada. 

— Pra você é fácil, não sobram dúvidas a ninguém, você vai conseguir entrar na primeira faculdade que pensar — eu sentei mais uma vez sentindo o cansaço me dominar — eu ainda preciso esperar o resultado da faculdade — atrás dos meus olhos doíam — sai amanhã. 

— vai dar tudo certo Liz — ele colocou a mão sobre meu ombro — eu não conheço ninguém mais inteligente que você — seu olhar sobre mim me transmitia diversas coisas, orgulho, lealdade, carinho, eu não sei o que faria sem ele. 

Sorri, Thiago podia não ser a pessoa mais brilhante do mundo, além de irritante e meio galinha, mas ele sabia ser leal, ele sabia o momento certo de me apoiar, o momento certo de estar lá por mim. 

— Obrigada — eu deitei minha cabeça sobre seu colo deixando meu corpo relaxar ao descansar os olhos. 

E assim parei de lutar contra a vontade de apagar totalmente, pensando no fim do ensino médio, na faculdade e em Thiago. 

Thiago tinha se tornado a pessoa mais especial de todas para mim. 

[...] 

Quando abri os olhos a primeira coisa que vi foi Thiago de olhos fechados e ele fazia carinho em meus cabelos, ainda estávamos sob a árvore no pátio, mas agora estava de noite. 

— Você acha que deveríamos acordar eles? — escutei Alex sussurrar provavelmente para Daniel já que eles sempre andavam juntos. 

— Thiago? Liz? Já tá de noite gente — Daniel disse alto e impaciente — Vocês dormiram aqui no chão, podiam pegar um resfriado, sabia? Pelo amor de deus, parecem duas cabeças que não pensam direito — ele ironizou como sempre fazia, ele tinha esse dom de ser delicado como um coice. 

— Ah Daniel, vê se não enche falou? — Thiago disse rouco enquanto esfregava os olhos — Já vamos — eu me sentei rapidamente ajeitando meu cabelo que deveria estar extremamente bagunçado. 

— Eu só cai no sono gente, já vamos — eu me levantei batendo o pó da minha calça — essa semana tá pesada. 

— Ah sim, nem me fala Liz, eu não aguento mais estudar — Alex disse desanimado. 

— Estudar… sei — Daniel comentou por entre dentes sorrindo irônico olhando de canto de olho para o menino, Alex corou. 

Ok, isso era suspeito, eu sabia que Alex gostava de Daniel, mas não sabia que estavam juntos, ele já não me contava mais os detalhes há um bom tempo. 

— Pera aí — Thiago já estava de pé e coçava o queixo, curioso — Vocês tem alguma coisa não é? — é, não precisava ser um grande gênio pra perceber que tinha algo acontecendo entre eles — Vocês tão juntos? — Daniel revirou os olhos não parecendo nem um pouco envergonhado. 

— Algo assim, eu acho — Alex coçou a nuca olhando pro chão. 

— Vocês sempre foram mais amigos, mas hoje eu percebi que pareciam… sei lá, mais próximos? — Thiago continuou. 

— Ah e você e a Liz? Vocês literalmente dormiram juntos a tarde toda — revirei os olhos nem um pouco constrangida, eu já não me incomodava quando pessoas assumiram coisas sobre a gente, nossa histórico era muito grande para me constranger tão facilmente. 

— Não muda de assunto, vocês estão namorando ou não? — Thiago também não parecia nem um pouco interessado na acusação de Coote que agora corava violentamente. 

— Não — Disse Daniel sério. 

—Sim? — eles disseram em uníssono, Daniel estava impassivo e Alex confuso — Como assim não? — a voz dele tremia. 

— Eu… — Era a primeira vez na vida que eu via Daniel sem graça, isso parecia ser uma conversa séria, deveríamos nos retirar dali ou…? Ele afundou o rosto nas mãos. 

— Achei que gostasse de mim — Alex olhou friamente para o chão — você disse que gostava de mim. 

— Você, não entende, não é isso, eu não menti — agora ele parecia estar vermelho. 

Eu e Thiago nos entreolhamos, nós sabíamos que uma hora ou outra isso ia acontecer, mas agora na nossa frente isso era mais do que bizarro, ao mesmo tempo que sentimos que devíamos sair dali, parecia que eles não ligavam muito de qualquer forma. 

— Você sempre faz isso! — Alexander estava realmente irritado, poucas vezes isso acontecia — age de uma forma quando estamos sozinhos e quando estamos perto de outras pessoas finge que eu não existo. 

— Gente, a gente já vai ind- 

— Não Thiago, fica! — Alex gritando com Thiago era a coisa mais bizarra do mundo — eu quero que vocês saibam exatamente o que aconteceu — ele fechou os punhos respirando fundo. 

— Alex não precisa disso — Daniel fechou a expressão mais uma vez, mas ele parecia não querer saber. 

— Não, não, vamos contar, eles são nossos amigos, precisam saber — me remexi desconfortável — ele me beijou primeiro naquela festa no segundo ano depois da vitória dos gols de Thiago, você lembra disso Liz? — ô se lembrava, meu primeiro beijo com Thiago também tinha sido naquela noite — Não fui eu, eu não fiz absolutamente nada, naquela noite ele me disse que gostava de mim e eu retribui porque… — ele riu irônico — Porque não, não é? Eu já gostava dele mesmo. 

— Alex… — Aquela parecia ser uma advertência de Daniel. 

— Mas foi apenas um beijo em uma festa, eu dei de ombros e viramos amigos, tínhamos nosso grupinho, mas um dia ele me beijou de novo e dessa vez ele se declarou — ele respirou fundo buscando paciência quando Daniel parecia querer interromper ele a cada palavra — faz pouco mais de 6 meses e desde então temos nos encontrado secretamente, porque assim que estamos em publico ele me trata como se eu fosse lixo, como se nem me conhecesse — seu olhar parecia magoado em direção ao ruivo. 

— Você não entende nada não é? — ele tentou. 

— Eu cansei Daniel, eu não sou seu capacho e não sou seu brinquedo, me erra! — ele tentou ir embora impedido pelo ruivo, se eu não tivesse descansado a tarde toda eu poderia jurar que estava tendo alucinações pelas noites mal dormidas, mas a cena a seguir era real. 

Daniel puxou Alex para um beijo, mas não um beijo qualquer, não, era um beijo de verdade, suas mãos rodeavam a cintura do Coote que parecia ter esquecido o quão irritado estava a segundo atrás ao soltar seus livros no chão e apoiar as mãos nos ombros do ruivo me deixando tão perplexa quanto Thiago, não teria palavras suficientes para descrever o quanto aquilo era mais do que bizarro. 

Quando finalmente se separaram, Daniel voltou a olhar em direção ao chão franzindo o cenho, mas agora totalmente vermelho. 

— Eu não sou o melhor demonstrando carinho em público — ele tinha as mãos nos bolsos do moletom, sem graça — desculpa — ele voltou a olhar em nossa direção, eu ainda tinha a boca aberta em surpresa — quando vocês perguntaram se estávamos namorando eu entrei em pânico, eu odeio isso, mas eu não sei expor o que eu sinto de forma tão fácil quanto vocês, mas Alex — o menino olhou para o ruivo — eu não te amo só no segredo cara — ele desviou o olhar parecendo levemente magoado. 

— V-você… — ele parecia não saber o que fazer — Você me ama? 

— O-oque?! — ele pareceu não se tocar no que tinha dito, Alex riu. 

— Você me ama — ele parecia vitorioso ao pegar seus livros novamente indo em direção ao refeitório — foi o que você disse — E ele sumiu feliz, nos deixando pra trás, Daniel parecia não saber onde enfiar a cara. 

— Daniel… — Thiago se apiou no ombro do amigo ao sorrir quebrando o gelo, o ruivo o fuzilou com o olhar fazendo o atleta recuar — Vamos liz, depois a gente se fala amigo — Thiago entendeu a mensagem de Daniel me puxando para o refeitório atrás o Coote. 

Isso tinha sido a coisa mais improvável que já havia me acontecido na vida toda, eu ainda estava chocada quando entrei no refeitório. 

[...] 

O relógio já quase batia às 21h, depois de jantarmos fomos para a sala de laser, Daniel e Alex não apareceram mais, seja lá onde estivessem estavam juntos, isso era um fato, mas isso não importava agora. 

Eu caminhava em direção ao meu dormitório apoiada em Thiago que apenas me acompanhava. 

Ultimamente andávamos tão íntimos, tão próximos, que apenas a ideia de perder ele me arrepiava, não queria me mudar, me afastar e esquecer de que gostava dele de verdade. 

E então o fato de que daqui uma semana já não estaríamos mais na escola me atormentou novamente e ele pareceu perceber no mesmo momento. 

— Ta tudo bem querida? — eu olhei de relance para ele parando no corredor agora vazio e suspirei fundo. 

— Eu to com medo de quando tudo isso acabar — ele olhou em minha direção e franzi o cenho. 

— A escola? — ele perguntou cauteloso, desviei o olhar. 

— Também — não conversavamos sobre a gente há tanto tempo. 

— do que mais? — ele arrumou meu cabelo atrás da minha orelha me arrepiando ao encostar em meu rosto. 

 — Eu não quero te perder seu bobo — ele sorriu — essa briga idiota do Alex e do Daniel mais cedo me fez pensar na gente. 

— E no que você pensou? — ele se aproximou sorrindo, ele claramente estava flertando. 

— Thiago, você sabe — eu desviei o olhar sorrindo de canto — todo mundo sabe…  a gente só não fala muito sobre…  sobre isso — meus olhos ardiam, eu precisava me abrir com ele uma última vez. 

— O que? Que você gosta de mim? — ele se aproximou mais, agora podia sentir sua respiração contra a minha, ah não dava mais para ignorar isso, tudo tinha limite. 

— Que eu te a-amo — senti meu rosto esquentar e desviei os olhos, ele pareceu surpreso, ele sabia que eu gostava dele, provavelmente há mais tempo do que eu, mas amor era algo diferente. 

Ele pareceu não saber o que dizer paralisado em minha frente à centímetros do meu rosto e meu coração nunca esteve tão acelerado antes. 

— É, é meio idiota — eu recuei insegura, mas ele acariciou meu rosto logo puxando meu queixo mais pra perto e seu olhar poderia significar tantas coisas. 

E então ele me beijou, um beijo lento e gostoso, como não fazíamos a meses, me pressionou contra a parede com uma mão em minha cintura e outra em meu rosto me acariciando, perdi todo o sentido que ainda me restava. 

Ah como eu sentia saudades daquela pegada. 

Mas logo ele se afastou buscando por ar dando selinhos e meu rosto, eu não podia inibir um sorriso genuíno, era tão bom dizer

— É eu te amo — repeti e ele se afastou me olhando nos olhos mais uma vez e dessa vez eu o beijei, girei ele empurrando-o contra a parede como ele sempre fazia quando me beijava. 

Thiago não esperava por isso, arfou ao bater na parede desprevenido, apoiei minhas mãos sobre seu peito aprofundando o beijo que agora durava mais tempo do que podíamos ficar sem respirar, mas simplesmente não queríamos nos separar, nos despedir, isso parecia errado. 

Até mesmo quando o sino tocou dando o toque de recolher decidimos ignorar, nada mais importava, só eu e ele. Todas as brigas, as histórias, as irritações, as disputas agora caiam por terra, nada do passado importava mais. 

Mas percebendo o fim do corredor se movimentar pelo sino, puxei ele em direção a meu quarto que ficava alguns metros pra frente, não poderíamos ser pegos ali, facilmente ganhariamos uma detenção e isso era algo que eu claramente não queria. 

— Liz, onde- — puxei ele entrando no quarto escuro e vazio, minha colega de quarto não estava ali, comemorei silenciosamente. 

Senti um formigamento no peito percebendo como eu nunca tive tanta certeza de algo, nunca fui tão franca quanto ao que eu estava sentindo, eu amava Thiago e ao saber que ele também gostava de mim eu sabia o que queria, queria ficar ao lado dele, eu não iria dar adeus. 

Mas quando eu tirei minha blusa, ficando de sutiã ele arregalou os olhos nervoso, ele travou, claramente não esperava por nada disso.

— que foi? nunca viu peitos? — eu tinha certeza de que ele já tinha se envolvido com outras meninas, mas isso não importava agora. 

— É diferente — ele estava vermelho, parecia incrédulo, eu tinha a expressão fechada — você eu amo. 

Eu prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, a sensação de ver ele todo sem jeito por mim era nova e me dava uma sensação boa, eu sorri beijando-o mais uma vez antes de empurrá-lo em direção à minha cama.