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História Lua Cheia - Único


Escrita por: efc0110

Capítulo 1 - Único


O som da água ouvia-se à distância e lentamente afogava os risos que se seguiam de pedidos de silêncio e mais risos.

Sorrisos cúmplices e beijos na escuridão da noite eram trocados como o mais valioso dos tesouros, pois elas sabiam que não tinham muito tempo. No máximo algumas horas até o amanhecer.

Com cuidado V aproximou-se de M colocando os seus braços ao redor da sua cintura e puxando-a para mais perto. Colou os seus lábios nos dela num beijo lento e apaixonado onde colocava todo o seu amor e necessidade de proximidade que não podia ser saciada a não se às altas horas da madrugada no meio das árvores altas à luz da lua cheia que parecia sorrir e prometer-lhes guardar o seu segredo.

As suas mãos passaram para dentro da camisola da outra desprendendo-a dos calções e começando a despi-la. Apreciou por momentos a imagem da sua amada apenas de calções e sutiã enquanto ela abria o botão dos seus calções e os atirava para o lado perdendo-se assim na relva húmida.

Entre muitos beijos e carícias elas livraram-se do resto da roupa e entraram na água fria. Não que se importassem com a temperatura da água ou com o facto de estarem no meio do nada e poder aparecer alguém a qualquer momento. Nada importa quando se está nos braços da pessoa amada.

Ao longe ouviram uma voz que parecia saída de um pesadelo apenas para acabar com a magia daquele momento. Chamava por M com um ódio na voz que as fez estremecer, saírem da água e vestirem-se mais rápido do que nunca, V hesitou e pegando nas mãos de M implorou-lhe com o olhar que saíssem dali. Que desaparecessem sem olhar para trás e nunca mais voltassem. Mas M negou. Abanando a cabeça com lágrimas nos olhos beijou-a e soltou-lhe as mãos.

            Após alguns minutos do desaparecimento de M por entre as árvores ouviram-se alguém a discutir e logo após gritos que fizeram o sangue de V gelar-se-lhe nas veias. Queria correr na direção dos pedidos de ajuda, mas estava congelada no lugar.

            Quando lá chegou já era tarde. Os gritos haviam parado e o homem havia desaparecido deixando M deitada no chão quase inconsciente. V queria gritar, mas nenhuma palavra lhe saia da garganta. As lágrimas corriam-lhe pela cara e ela deixou-se estar ali abraçada ao corpo sem vida do amor da sua.

            Voltou à clareira anos depois, entrou na água e deixou as lágrimas percorrerem-lhe a face mais uma vez. Não lavavam a dor como lavaram o sangue naquela noite.

            Deixou-se estar na água com os olhos fechados enquanto a luz ao seu redor desaparecia e o ambiente arrefecia. As memórias voltavam lentamente para a torturar, tudo o que andava a evitar até aquele dia. As palavras maldosas, os gritos, a eternidade até a ter nos seus braços, o seu último suspiro…

            Saiu da água, à muito que havia escurecido e esta havia arrefecido, e desta vez ela não se importava com isso por um motivo diferente. Arrastou a sua mochila até à margem e sentou-se com as pernas dentro de água. Tirou uma corda de dentro da mochila e amarou uma ponta à alça desta e a outra à sua cintura.

            Sussurrou baixinho para a lua cheia, apenas para ela, como devia ter sido sempre:

            - Se for verdade o que dizem e tivermos pecado vejo-te no inferno. Mas se, e só se, estivéssemos certas e não for errado amar, lamento. Lamento porque nunca nos vamos reencontrar meu amor. Lamento o que aconteceu e não ter feito nada. Lamento ter sido fraca. Mas eu amei-te, ainda amo e vou amar para sempre.

            Empurrou a mochila para dentro de água, sentiu o seu peso puxá-la para baixo e susteve a respiração.

            Foi puxada para o fundo sem um grito, sem medo e sem arrependimento.



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