História Luba X Orochi - Luba Gaiden: Futuro

Não precisamos de magia para mudar o mundo,

temos todo o poder de que precisamos dentro de nós.

 

J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter

[3 meses depois]

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O sol da Inglaterra queimava forte essa época do ano. O verão inglês não era tão quente como o brasileiro, mas ainda assim deixava o clima abafado para os turistas. O rio tâmisa refletia os raios solares bem como as nuvens do céu muito azul. Era um belo dia. Perfeito para passear com os amigos. E eu tinha trago todos eles desta vez. Eu tinha dificuldades em achar brechas na minha rotina de gravações. Só que depois de tantos acontecimentos e estresse. Eu precisava de um descanso. E finalmente as agendas bateram. Pude viajar finalmente para a terra britânica e melhor ainda, não estava sozinho.

—  Londres é muito maravilhosa. Eu não tenho palavras pra descrever o quanto estou encantado. Não acha, mor? - Jean estava de mãos dadas com seu novo e recém conquistado namorado, Guaxinim. Sim, turmos e turmas. Aquela livestream fez mais casais do que o esperado. Desde a CCXP que a amizade deles foi se intensificando ao ponto deles descobrirem que tinha algo mais acontecendo. E por fim, decidiram oficializar a união.

—  Eu tô muito fora de mim. A atmosfera, as construções, as pessoas. Só falta eu tomar um chá num pub e eu já posso morrer tranquilo. - Guaxinim parecia um menino que descobriu um novo parquinho na vizinhança. Ele pulava nas pontas dos pés a cada paralelepípedo da calçada.

— Acho que eu tô mais feliz do que vocês. Eu sempre sonhei em vir a Europa com meu grupo de amigos. E saber que eu tô dividindo tudo com vocês me faz ver tudo com outros olhos. Mesmo que essa já deva ser a quarta ou quinta vez que venho. Aiiiin, eu queria que tudo isso durasse pra sempre. - eu fiz minha vozinha de garota branca problemática e eles riram.

—  E onde seu boy foi parar Luba? Pensei que ele ia tá aqui com você. Já trocou ele por um loiro local, é? - Jean fez um cara de menina malvada para mim. Porém ele sabia que um padrãozinho europeu não estava na minha favelist de homens. Meu histórico amoroso era bem prova disso.

—  Ele foi convidado para visitar o Youtube Space UK. Mesmo de férias ele resolveu fechar um business já que veio pra cá. Unir o útil ao agradável. Ele vai nos encontrar no Big Ben na hora do almoço. - respondi a um Jean que fez uma careta olhando pra mim.

—  Hummm, que casal chique. Bobear os dois juntam as escovas de dente e vem morar aqui de vez. - ele riu e Guaxinim lhe deu um selinho rápido. Aqueles dois juntos eram mais fofos que um balde de algodão-doce.

—  Não é uma má ideia, Jean. Definitivamente é algo que eu gostaria que acontecesse....

Nossa caminhada continuava firme atravessando a Westminster Bridge, sorrindo para os quatro ventos.

...

O Big Ben na verdade era um sino que ficava dentro da Elizabeth Tower, no famoso palácio de Westminster. Os turistas achavam mais fácil chamar o monumento assim, porque era mais simples de se pronunciar e de localizar. O relógio de quatro faces tinha sete metros de diâmetro e podia ser visto de longe, marcando pontualmente a hora da capital. Já eram meio-dia e meia no prego. Horário que combinamos de almoçar num restaurante nos arredores. Eu costumava não ter problema com atrasos. Mas o povo britânico era conhecido pela pontualidade e metodismo com refeições e compromissos. E nossa reserva podia ser perdida.

—  Não era pra ele estar aqui, Luba? - Guaxinim perguntou olhando para os dois lados da rua. —  Se atrasar no país dos sistemáticos não é uma boa.

—  Eu sei, Guaxi. Eu tô ficando nervoso. Será que essa reunião demorou tanto assim? Temos um monte de lugar pra visitar ainda. Eu quero poder aproveitar o máximo o tempo que temos. - eu batia o pé no asfalto impacientemente.

—  Não é ele vindo dali? Ou eu tô cego? Minha lente não deve tá muito boa. Só que acho que é ele. - apontou Jean pra esquina da Parliament Square.

—  É ele sim, já não era sem tempo. - fui de encontro a meu amorzinho, sorrindo como quem havia acabado de ganhar na loteria.  Seus passos eram vagarosos na minha cabeça, pareciam estar em câmera lenta, assim como os astros de cinema que cruzavam a avenida num filme romântico.

—  Demorei muito? - Orochi veio até mim com seus cabelos pretos esvoaçando com a brisa de Londres. —  Reunião chata do caralho. Eu já não tenho um inglês dos melhores e os caras falando coisa que eu não entendia nada. De um quilo que eles falaram eu entendi um grama.

—  Eu falei pra me deixar ir com você. Mas é teimoso que nem uma mula. E aí, conseguiu fechar negócio com a empresa deles? Sabe que isso pode abrir um novo horizonte pro seu canal se der certo.  - beijei ele na bochecha como um namorado carinhoso que eu era.

— Fechei, óbvio que fechei. Sou burro, mas não sou lesado a ponto de não querer grana de gringo. Libra esterlina vale quase umas cinco vezes mais que o real. Nem fudendo que eu ia deixar passar. - ele falou contabilizando mentalmente a diferença das moedas e eu não podia deixar de ficar orgulhoso com meu bebê crescendo a ponto de fechar contratos internacionais. Eu apertei sua mão chamando-o para comer.

—  É hora de comemorar. Temos que abrir uma champagne. Não é todo dia que se tem algo dessa magnitude no nosso trabalho. Vem, gente. Temos muito a explorar até o anoitecer. - Guaxinim e Jean também apertaram o passo. Quatro bobalhões contentes nas ruas de Londres, procurando um lugar pra forrar o estômago.

...

Aquele dia passou num piscar de olhos. Pudemos conhecer o Palácio de Buckingham e ver a troca da guarda. O museu britânico e suas mil e uma exposições e obras de arte. A Tower Bridge no fim de tarde, juntamente com a London Eye e sua roda gigante que dava vista para a cidade inteira. Chegamos em nosso hotel, exaustos.

—  Nunca caminhei tanto na vida, acho que vou simplesmente desmaiar. - falou um Jean sonolento virando a chave do quarto em frente ao nosso. —  Boa noite, meninos. Amanhã tem mais.

—  Amanhã vamos ao Parque da Universal do Harry Potter. Não esqueçam. Quero comprar minha varinha e meus feijõezinhos de todos os sabores. - falou um animado Guaxinim. Seus olhinhos brilhando de excitação.

— É verdade que tem um com gosto de ovo podre e vômito? - perguntou um Orochi tendo calafrios só de imaginar o gosto.

—  Pode apostar que tem. E eu vou fazer você comer. - brinquei puxando a ponta do nariz dele com os dedos.

—  Tô fora. Se quiser me dar aqueles sapinhos de chocolate, eu aceito. Eu não gosto nem de feijão com sabor de feijão. Quem dirá um que tem gosto de cera de ouvido. - ele balançou sua cabeça em tom de reprovação.

—  Tchau, pessoal. Bota o despertador pra tocar que o dia tem que render bem cedo. - Avisei-os trancando minha porta.

Tiramos cada um os tênis e as roupas com um cheiro de suor excessivo. Tomei um banho primeiro para me certificar que a banheira quente traria um alívio pros meus pés que trabalharam bastante. Orochinho preferiu uma ducha morna. Após nos secarmos com a toalha. Deitamos na cama, relaxados e revigorados.

—  Estive pensando o que te fez escolher meu pedido de desculpas e não o do Teddy. Quero dizer, você perdoou os dois. Mas ao vivo disse que preferiu o meu. Por que? - perguntou Orochi divisando o teto do hotel cheio de afrescos feitos com gesso.

—  Pelo simples fato de você ter a humildade de dizer que não ia mudar seu jeito de ser. Que mesmo errando permaneceria tentando ser alguém melhor. Eu detesto coisas excessivamente perfeitas. A perfeição na verdade é um erro. O discurso do Teddy era perfeito demais. E tudo que é perfeito não pode melhorar. Pois a perfeição é um estado irrevogável. - pude ver Orochi olhar pra mim com um cara de quem tinha acabado de ouvir uma piada muito engraçada.

—  Eu te perguntei uma coisa tão idiota e você me responde um textão de militante no twitter. Quase um filósofo moderno. Por que você é tão dramático? - Ele riu subindo em cima de mim, me beijando. Um calor parecia invadir nossas virilhas. Nossos roupões se esfregavam um no outro, resvalando nossa pele contra o tecido felpudo nos excitando aos poucos. De repente o telefone do quarto tocou.

—  Você pediu algo na recepção? - perguntei ao Orochi me desvencilhando dele pra atender.

—  Não pedi nada não. Às vezes esquecemos algo lá embaixo. - disse ele se recompondo, sentando na cama.

Eu então falei com os funcionários.

—  What´s happenning? ( O que houve?)

—  Your other guest arrived. He is going up. (Seu outro hóspede chegou. Ele está subindo.)

—  Okay. Thank you for your advice. (Okay. Obrigado por avisar.)

Desliguei.

—  Achei que ele só viria amanhã. Que bom que ele conseguiu antecipar o vôo. - Orochi parecia muito alegre ao saber disso.

Eu mal tinha colocado o telefone no gancho e ouvi as batidas do lado de fora.

—  Ele deve ter pego o elevador. Vai lá abrir a porta, Pedro. Ainda não estou em condições. - meu pênis ainda estava rijo debaixo do roupão.

Orochi levantou num pulo e girou as chaves para recebê-lo.

—  Pode entrar, Teddy. Chegou na hora certa.