História Lucid Dreams - Boate exclusiva para sonhadores

O cabelo muito bem arrumado, a roupa elegante, a calça colada e os sapatos que pareciam brilhar de tão luxuosos ainda não queriam dizer nada sobre aquele que vestia tudo isso. Ele poderia bem estar muito vestido da maneira mais impecável e tudo aquilo não ser nada mais que emprestado, a mesma coisa se estivesse usando os trajes mais simples do mundo, nada disso importava, pelo menos não na grande boate conhecida como ‘Lucid Dreams’.

Aquele lugar que todos queriam estar, porém, só aquele tipo consegue entrar.

Ainda que roupa não signifique nada, era claro que Kim Taehyung era alguém importante. Alguém importante como o filho do chefe? O garoto mais popular do colégio? O filho do prefeito? Não, nada disso, não esse tipo de importância, não a importância sustentada pelo título ou dinheiro de outras pessoas. Ele era relevante, de fato, mas ali, apenas ali.

Quem era fora da boate não tinha relevância, a única coisa que interessava era o libertino amante de aventura e sangue correndo freneticamente nas veias que se mostrava em Lucid Dreams. É como uma peça de teatro, o papel que desempenhava na frente da multidão não era valorizado naquele lugar rosa, roxo e azul, e sim o verdadeiro papel que fazia diante dos sonhadores que frequentavam a boate.

Aquele era seu verdadeiro papel. Seu verdadeiro eu. Seu verdadeiro Kim Taehyung.

Assim como Park Jimin, o dançarino.

O grande salão acessível para todos dançarem era o palco daquele rapaz de cabeleira loira que se transformava em um lindo e chamativo rosa devido à iluminação do ambiente. Nem era necessário vê-lo arrasar na pista para saber que ele era não qualquer dançarino, ele não chegava lá e se movimentava, Park Jimin entrava e fazia arte. 

Todos paravam para assisti-lo, como não parar e apreciar tamanha obra-prima ao vivo? Existiam vezes em que ele parecia voar e outras que sua pessoa se assemelhava a uma pena: leve e delicada. Fora que Jimin era tão belo que mais parecia um ser angelical, aqueles seres perfeitamente desenhados por alguma divindade.

Ele nunca poderia dançar daquele jeito no mundo atual, então sua única opção era fazê-la naquela boate. Não que não gostasse, era o único lugar que sabia que podia ser ele mesmo sem medo de julgamentos, entretanto, não era o bastante. Não queria salões improvisados ou disfarçados por sua imaginação de palcos, desejava palcos de verdade, salões enormes de verdade e poder espalhar sua arte oficialmente e não escondido e sob luzes coloridas.

Talvez parecesse ambicioso pensando assim, contudo, quem em ‘Lucid Dreams’ não era? Todos tinham histórias diferentes, mas estavam ali pelo mesmo motivo: queriam ser quem verdadeiramente eram, já que fora dali não tinham permissão para isso. Por que todos eram ambiciosos? Porque todos ansiavam não precisarem se esconder mais ali para realizar seus sonhos.

Por isso o dançarino não se sentia mal por querer mais.

Ainda assim, naquela noite ele marcou presença na boate. Suas roupas como sempre eram impecáveis, um tanto apertadas para quem necessitava se movimentar tanto como fazia, porém, impecáveis. A iluminação estava uma bagunça e seu cabelo logo ganhou tons róseos, quase violetas. Ele pretendia dançar e depois sair por onde havia entrado se seus olhos não tivessem se conectado tão rapidamente com os olhos escuros do único Kim conhecido naquele lugar.

A pista de dança não parecia mais tão interessante. Nada mais além deles parecia valer a pena dar atenção. A música não tinha uma batida conhecida, entretanto parecia sincronizada com os passos que Park Jimin dava na direção de Taehyung.

De repente eles estavam frente-a-frente, admirando um ao outro e passando mensagens que nenhuma palavra conhecida seria capaz de passar.

O que aconteceu depois? O que eles fizeram? O que disseram? Não podia ser revelado, afinal, eles se conheceram e se encontraram em Lucid Dreams e tudo o que acontecia em Lucid Dreams ficava em Lucid Dreams.

Talvez, se for um daquele tipo, os sonhadores, consiga um dia saber que fim levou aquela história.