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História Lucky Strike - Dois


Escrita por: labamba

Notas do Autor


depois de 84 anos, voltei
se eu tiver algum leitor: minhas sinceras desculpas

Capítulo 2 - Dois


Nicolas gargalhava alto. Já estava completamente embriagado. 

Me limitei a olhar o homem misterioso sentado na banqueta. Parecia nervoso, parecia estar esperando alguém. De pouco em pouco tempo, ele checava o celular e sacudia a perna impaciente, enquanto olhava para a porta de vidro. Sem que eu esperasse, ele virou o rosto em minha direção e seu olhos foram de encontro aos meus. Olhei para minhas mãos entrelaçadas em cima da mesa, envergonhado com a troca de olhares. 

- Você tem um cigarro sobrando? - ele perguntou em um tom meio preocupado, quando chegou a minha mesa - Os meus acabaram.

- Anh... Claro - retirei o maço do bolso da calça, entregando um dos quatro cigarros restantes da embalagem para ele. 

- Obrigado - ele respondeu já com o cigarro em sua boca, enquanto o acendia. Sentou-se à minha frente, enquanto dava algumas tragadas lentas. 

Alguns instantes se passaram. Eu batucava na mesa e assobiava no ritmo da música enquanto tentava fingir desprentensão, evitando olhar diretamente em seus olhos. 

- Sabe, eu não sou daqui - ele puxou conversa, e eu assenti com a cabeça - Tô totalmente perdido nessa cidade - soltou um risinho anasalado.

- Eu sei - eu sorri.

- E como sabe? - ele arqueou uma das sobrancelhas, enquanto cruzou os braços sobre o peito.

- Um: eu conheço todo mundo nessa cidade. Dois: você se veste igual ao Eddie Vedder nos anos 90.

Ele riu com vontade, me fazendo rir também.

- Gosta de Pearl Jam? 

- Não muito... Mas um amigo meu é o maior fã deles. Inclusive, é aquele louco ali - apontei para Nicolas, enquanto ele dizia alguma gracinha para a mulher sentada ao seu lado. O moreno riu sem som, enquanto negava com a cabeça.

- Alguém vai ter uma puta ressaca amanhã... 

- Eu que o diga - uma pausa - Está... Esperando alguém?

- Na verdade sim... O cavalete do meu violão quebrou e coloquei para conserto. Marquei aqui para pegá-lo de volta.

- Sarah?

- Como sabe? - ele se espantou.

- De novo: essa cidade é menor que um núcleo celular. A Sarah é a única que conserta instrumentos - dei de ombros.

- Sim, sim... - ele respondeu, como se fosse óbvio. O celular dele tocou e ele fez um sinal com a mão para atender.

- Alô? Oi... Ah, tudo bem. Entendo - ele suspirou - Não, sem problemas. Amanhã então? Combinado. Até - fim da ligação. 

- Algum problema?

- Parece que a Sarah não vai poder mais vir.

- Ah... - olhei para Nicolas, que estava falando mais alto do que deveria - Acontece.

- É - ele estalou os dedos - Então, eu já vou. Foi muito bom conversar com você, é...

-  Gabriel - sorri.

- Me chamo Bruno - ele estendeu a mão retribuindo meu sorriso e nos cumprimentamos - Nós vemos por aí, Gabriel - ele se levantou e sorriu mais uma vez. E que sorriso. Apenas concordei com a cabeça, enquanto ele saía pela porta do bar.

Eu realmente espero que sim.



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