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História Lucy: O nome do Caos - Mami


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 1 - Mami


Fanfic / Fanfiction Lucy: O nome do Caos - Mami

“Os normais, eles me fazem sentir medo

Os malucos, eles me fazem sentir sã

Você acha que sou psicopata, você acha que vou embora

Diga ao psiquiatra que algo está errado

Sobre a banda, completamente biruta

Você gosta mais de mim quando enlouqueço

Te digo um segredo, não estou alarmada

E daí se sou louca? As melhores pessoas são”

 

 

Quieto.

Tudo estava quieto, assim como a calada da noite.

Quieto.

Eu tinha medo do escuro, sempre tive. Era algo natural, mamãe me dizia, ela também tinha, por isso, a noite, ela vinha ao meu quarto e deitava comigo, ao invés do contrário.

Tudo ficava mais quente quando mamãe vinha dormir comigo, era melhor assim, eu gostava e deixava. Nós duas tínhamos medo e nós duas podíamos deixar isso acontecer, desde que estivéssemos juntas.

X

- Mami, Mami! Olha! - chamei-a, saltitando, sentindo a areia entre os dedos dos pés, quente e úmido ao mesmo tempo.

Mamãe sempre pareceu uma coisa brilhante para mim, eu não sei o nome, mas quase todo mundo do mundo gosta, uma vez ela se vestiu de fada só para mim, acho que é essa a palavra. Se fada brilha e te faz rir, então mamãe é uma fada para mim.

Ela saiu de baixo do grande guarda-chuva de sol verde e laranja e olhou para mim.

Mamãe sempre teve um gosto engraçado para roupas. Quando ela se vestia assim, as pessoas corriam, eu não sabia porque, mas era divertido. Ela assobiava e as pessoas olhavam, quando viam que era ela, todos saíam às pressas.

Ela sorriu para mim um sorriso grande pintado de vinho, andando em minha direção com um biquíni metade vermelho e metade preto. O chapéu de palha era muito grande, tampava quase todo o seu cabelo preso num coque. Ela poderia ser uma das Bruxas Boas de Oz.

- Fala, peixinho!

Ela me chamava assim porque fez questão de me vestir de Ariel. Eu disse que a Ariel era ruiva, mas ela me explicou que é porque a Tia Hera pegou o cabelo dela e agora a Ariel era loiro, só que ninguém sabia.

Apontei para o castelo de areia que fiz e ela se ajoelhou diante dele, tinha uma concha quebrada bem em cima, como um símbolo. Ela sorriu para mim e beijou minha bochecha.

- Você é a melhor construtora de castelo que eu já vi!

Eu sabia que ela estava mentindo, a areia quase não ficava no lugar e metade do castelo havia se desmanchado antes de ela chegar, mas eu aceitei, porque mamãe era a pessoa mais especial e única que eu tinha na vida.

X

As cócegas faziam com que eu me contorcesse no sofá enquanto Bud e Lou riam abaixo de mim, tentando me lamber enquanto mamãe me fazia gargalhar. Eu perdia o fôlego e fechava os olhos, tentando parar de rir, mas sem efeito algum.

Ela ria comigo e tudo parecia mais feliz assim.

X

Ás vezes, só às vezes, ela mantinha a luz do meu quarto ligada, eu sabia que isso significava que nós não dormiríamos juntas nessa ou naquela noite, mas o ruim para mim não era isso, eu mesmo assim ficava com medo, e não era pelas sombras, era por ela.

Mamãe talvez não soubesse, mas mesmo com a porta fechada, mesmo eu tampando meus ouvidos com o travesseiro grosso que ela comprara para mim, eu ainda conseguia ouvir, do outro lado da parede, ela chorando.

Eu nunca vi mamãe chorando na minha frente, mas eu já chorei na frente dela e ela disse que tudo bem chorar, porque nada é bom quando se é guardado, principalmente se fosse alguma dor que a gente tivesse sentindo.

Então… Por que mamãe não me deixava ver?

X

- Eu tenho um truque! - disse eu um dia.

Mamãe parou de comer meus cereais por um minuto e me olhou, interessada, enfiando o queixo numa mão, apoiando o cotovelo na mesa enquanto ainda mastigava.

- Olha! Presta atenção! - sorri, ficando séria rapidamente.

Passei a mão pelo meu olho esquerdo e o fechei, fingi colocá-lo na boca e mastigá-lo, depois “cuspi” e o coloquei no lugar, abrindo os olhos como se eu o tivesse colocado no mesmo lugar.

Ela riu e bateu palmas, como se fosse a coisa mais incrível que ela já tivesse visto. Então ela me olhou, esperando que agora fosse a minha vez de prestar atenção. Ela fechou as mãos em punho e arrancou um dos polegares, colocando-o no mesmo lugar e tirando novamente.

- Meu Deus! - tampei a boca, me levantando da cadeira - Mamãe coloca de volta! - pedi - Mamãe por favor, coloca de volta! Você não sabe brincar!

- Calma, calma, calma! - disse ela, rindo - É de brincadeira, olha! - ela abriu as mãos em minha direção, mostrando todos os dedos no mesmo lugar.

Toquei os dois polegares, tentando encontrar algum corte, mas não havia nenhum e eu sorri, aliviada, porque eu nunca pensei como seria uma mãe sem um polegar.

X

- Aonde estamos indo? - perguntei, segurando com firmeza a marreta de papelão que ela havia me dado.

Hoje eu estava vestida de Ramona Flowers e eu nem pensei em ter namorados ainda, quem diria sete!?

Ela olhou ao redor e me levou para dentro de um supermercado, pondo-me dentro de um dos carrinhos.

- Vamos fazer compras!

Ficando de pé na ponta do carrinho, apontei para a frente com a marreta, pondo os óculos de natação nos meus olhos, como se fossem meu binóculos.

- Alvo a vista! - gritei, apontando para uma caixa de cereais com pedaços de chocolate.

- Sim, bom capitão! - fazendo uma mesura, mamãe andou até as caixas de cereais e colocou umas seis caixas dentro do carrinho, voltando a pilotar nossa nave espacial por todos os corredores do supermercado.

Mamãe e eu pegamos praticamente tudo o que tínhamos direito, menos jujubas, ela disse que eu ficava muito elétrica se eu comesse jujubas. Também reclamou de algumas coisas que estávamos levando, dizendo que comíamos muitas besteiras e que logo sairíamos rolando para fora da loja e eu ri, era esse o meu trabalho, eu acho.

Assim que chegamos no caixa, a mulher que nos atendeu empacotou nossa comida, voltando a colocá-la dentro do carrinho.

- Deu 219.

- O quê? - mamãe perguntou.

- Seu 219, Sra...

Mamãe riu, passando as mãos pelos meus cabelos.

Eu não entendi muito bem o que estava acontecendo.

- Acho que você não me reconheceu! - mamãe murmurou, levantando a barra da jaqueta que usava, mostrando uma arma presa na cintura.

A Operadora de Caixa arregalou os olhos.

- Mami…?

- Shhhh…. - chiou para mim - Está tudo bem, querida. - sorriu para mim - Sem alarmes, doçura. - piscou para a mulher a nossa frente.



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