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História Lugar Seguro - Taekook - Estrada Deserta


Escrita por: specialVante

Notas do Autor


Vou ter que postar um pouquinho mais cedo galera, pois estou com um novo projeto e vou focar um pouquinho nele hoje e já que os capítulos de Lugar Seguro já estão prontos, resolvi já postar. O capítulo não está betado, fiquei ansiosa e nem revisei, então entendam se tiver algum errinho, relevem.

Enfim, chega de falação, espero que gostem! Boa leitura *-*

Capítulo 14 - Estrada Deserta


Fanfic / Fanfiction Lugar Seguro - Taekook - Estrada Deserta

 

“Estou sentado com os olhos bem abertos

Por trás destas quatro paredes

Esperando que você ligue

É uma existência cruel

Como se não houvesse sentido algum em esperar”


Jungkook imaginava se o fato de sua perna não parar quieta e ele ficar sempre de olho no celular em cima de sua mesa, fosse despertar curiosidade das outras pessoas que estavam perto de si na sala de aula. Mal ele sabia que para Yoongi era quase impossível se concentrar no que o professor dizia percebendo como o Jeon se mexia sem parar.

Pela quinta vez desde que chegara ali – e ainda não faziam nem quinze minutos – Jungkook esticou a mão rapidamente até o aparelho e o desbloqueou, para que pudesse ficar de olho no horário, contando cada segundo que se passava para os números atualizarem, ficando cada vez mais próximo das 14:00, momento em que a missão do esquadrão se iniciaria naquela quarta-feira.

— Ei cara, tenho notícias para você. – ouviu Yoongi atrás de si, esticado na altura de sua orelha, sussurrando para que não atrapalhasse a aula.

O Jeon apenas movimentou a cabeça para o lado, incentivando o amigo a continuar a falar e para que ele pudesse escutar mais facilmente.

— Eu falei com a Heejin e ela planeja conversar com você. Acho que ela está mesmo mal pelo que aconteceu e um pouco arrependida talvez. – o Min começou. — Acho que é uma boa oportunidade de vocês esclarecerem as coisas.

Jungkook apenas arregalou um pouco os olhos diante da naturalidade que Yoongi lhe contou sobre aquilo. Julgando pela forma que Heejin olhava para si nos últimos dias e como ela ignorava completamente a sua existência, o Jeon jurava que a conversa dos dois estaria marcada para o natal, quem sabe.

— De nada. – Yoongi o cutucou com uma caneta, provocando uma careta de dor por parte do castanho.

Não adiantava. Nem mesmo aquela notícia animadora – porque obviamente estava morrendo de saudades da amizade de Heeji. Queria voltar a ficar bem com a garota, apesar das circunstâncias – conseguia fazer Jungkook parecer alegre ou ao menos esboçar alguma reação que não fosse o aparente nervosismo que estava estampado em seu rosto. Por sorte o Min sentara atrás, então não poderia encher o mais novo de perguntas que ele não podia responder.

Desistiu de tentar bancar o paciente e pegou o aparelho celular novamente, se pondo a digitar descontroladamente.

“Já estão indo? Porque eu não podia ir mesmo?”

Sim. Ele havia tentado a sorte e pedido à Taehyung para acompanhar o esquadrão de perto, mas fez aquilo já contando com a inutilidade de seu pedido. A pergunta “Posso ir?” resultou em uma gargalhada interminável por parte do Kim, que nem se deu o trabalho de contar os motivos pelos quais Jungkook não estava lá naquele momento.

“Estamos pegando os carros.”

“Você obviamente não pôde vir porque a intenção é resolver um problema, não criar outro.”

Jungkook bufou após ler a resposta debochada do outro. Não se aguentava de irritação quando Taehyung insinuava que o Jeon só traria problemas para si, mesmo que soubesse que aquilo poderia ser meia verdade. Não acreditava que estava se preocupando à toa quando o mais velho claramente estava tirando uma com a sua cara. Com o sangue queimando nas veias, o castanho se pôs a digitar, furioso.

“HAHA muito engraçado, tomara que seja preso”

O plano estava traçado há apenas três dias, quando Namjoon conseguira descobrir sobre a mercadoria que chegaria para a gangue do Bronx. O esquadrão do Brooklyn não lidava com aquele tipo de coisa diretamente, não se envolviam com gente no alto poder, nem mesmo confiavam neles para isso. Isso era diferente para outros, muitas gangues tinham interesse em ter nomes grandes em mãos – na maioria das vezes acabavam se dando mal por isso –, milícias, empresários, pessoas que eles tinham parceria.

Por isso o esquadrão não se importava nem um pouco de interromper os planos daquela gente, era coisa suja de qualquer forma. Com a mercadoria desviada, o lucro ia para o esquadrão e então eles poderiam negociar para conseguirem os equipamentos necessários para irem ao Canadá, no fim de semana.

Já tinham os compradores da mercadoria depois, tudo estava dentro dos planos. Sempre para fora, nada daquilo ficava no Brooklyn, nada de sujeira lá para dentro e quando acontecia, era o esquadrão quem dava um jeito de controlar a situação.

— Acha que dá conta? – Taehyung perguntou prestes a adentrar seu Toyota e vendo Soojin apoiada em sua moto. A garota seria a primeira a ir, ela ficaria infiltrada no galpão onde a gangue do Bronx faria a conexão com o caminhão que chegaria. Obviamente teria reforço, já que Bogum decidira junto de Namjoon acompanharem a garota.

Enquanto isso, Jimin, Aisha, Hoseok e Taehyung tinham como objetivo interditar a pista entre o galpão e o caminhão e só então conseguiriam abordá-lo e cumprir sua parte.

— Até parece que não me conhece, Taetae. – Soojin respondeu dando um sorriso bonito ao final e então colocou o capacete. Rapidamente o barulho que soava como música para os ouvidos do Kim foi ouvido e a amiga acelerou a moto, deixando um pouco de poeira se espalhar no rosto de Taehyung. Bogum e Namjoon seguiram a Seo em seus respectivos carros, deixando o restante do esquadrão ali, literalmente comendo poeira.

— Tá, vamos lá. – Aisha chamou a atenção dos garotos ao dar dois tapinhas no capô de seu próprio carro e logo se lançou para dentro, animada antes mesmo de caírem na estrada.

O sol estava radiante até demais, era fácil perceber a vista de Taehyung, irritada pelos raios luminosos, assim que o grupo pegou a via direta. Graças à falta de movimento na estrada, a velocidade com que os quatro carros corriam era notavelmente alta, quem estivesse do lado de fora e os visse passar provavelmente se assustaria com o barulho alto de pneus se arrastando no chão e consequentemente a ventania repentina pegaria tal pessoa de surpresa. Naquele momento, em que via o ponteiro da velocidade ficar cada vez mais acima, Taehyung se lembrou do pedido de Jungkook se acompanhá-los e automaticamente riu. O garoto com toda certeza desmaiaria ali mesmo, no banco carona, por causa de toda aquela velocidade.

Os carros tinham rádios instalados, em cada um, para que os membros pudessem manter contato durante todo o trajeto, assim como com os outros que estavam no galpão àquela altura. Portanto, eles eram obrigados a se contentar com Hoseok cantando – ou gritando – um rap qualquer que tocava no rádio do Sol. O Jung parecia animado assim como todo o resto, mas para ele parecia ser fácil como piscar colocar para fora sua sensação de adrenalina. Aisha era quem estava lado a lado com Hoseok e vez ou outra olhava para o lado, sorrindo ao perceber o alaranjado balançando a cabeça no ritmo da música, sem parar um segundo de movimentar os lábios, cantando alegremente.

— Qual é Hoseok, ninguém merece. – Jimin resmungou fazendo um biquinho manhoso e arrancando uma risada fraca de Taehyung, que eram quem estava mais longe de todo o grupo.

— Só está com inveja do meu flow impecável. – Hobi devolveu a provocação, fazendo Aisha sorrir ainda mais ao seu lado.

— Ele tem razão Jimin, admita que queria uma dicção dessas. – Aisha ajudou o Jung, fazendo Jimin bufar balançando a cabeça em negação.

— Taehyung? Uma ajuda pro seu soulmate? – o Park disse colocando o rádio comunicador ainda mais perto de seus lábios, sem tirar os olhos da estrada nem por um segundo.

— Calem a boca, temos só mais seis quilômetros. – Taehyung respondeu sério, mesmo que por dentro estivesse rindo do embate dos dois amigos. — Aisha, está pronta?

A garota apenas teve tempo de olhar para o painel do carro e arrancar o radinho dali. Dirigindo apenas com uma das mãos e mal prestando atenção na estrada, a garota prendeu o pequeno aparelhinho por dentro da jaqueta jeans que usava.

— Pronta. – confirmou e então viu Hoseok passar de si, assim como Jimin também começara a acelerar o próprio veículo. A garota observou os companheiros afastarem-se de si rapidamente e então diminuiu a velocidade. — Não demorem meninos.

— Não vamos. – foi Jimin quem respondeu. O loiro e Hoseok seguiam Taehyung a toda velocidade, já perdendo Aisha de vista mesmo pelo retrovisor.

A garota por outro lado já tirava seu automóvel da pista, o jogando para o lado, no acostamento, o chão de terra vermelha. Desligou o carro o posicionando de forma correta, como se estivesse ao contrário da direção que antes seguia. Tirou um elástico do bolso da calça de couro preta e fez um coque no cabelo.

— Pareça cansada. – Taehyung a aconselhou, a voz grave saindo pelo radinho que agora se posicionava um pouco abaixo do peito da garota.

— Tá tudo sob controle, relaxa. – Aisha disse saindo do carro e logo se pôs a levantar o capô, deixando-o aberto.

O tempo estava bom para a cena que a garota planejava montar. Já conseguia sentir um pinguinho de suor descendo pela sua têmpora e para melhorar, sujou um pouco as mãos com a poeira vermelha que se acumulara nos lados do carro, passando-as levemente na calça e na jaqueta.

Longe dali, Taehyung já avistara o grande caminhão, perfeitamente disfarçado por dois homens aparentemente simples. Tudo naquela enorme carga parecia perfeitamente maquiado para não parecer menos do que um simples caminhão de mercadorias legais, mas Taehyung, Jimin e Hoseok sabiam bem o que os aguardavam lá dentro.

Ao contrário do esperado, os três garotos passaram pelo caminhão em alta velocidade, um seguido do outro, diminuindo apenas ao conseguirem pegar uma boa distância e não serem vistos pelo retrovisor.

“E se eles não pararem?” esta havia sido a pergunta de Hoseok no dia anterior, enquanto o esquadrão repassava o plano sob a luz fraca do covil. Aisha sorria como se tudo estivesse exatamente como ela queria, e não seria surpresa se mais uma vez os planos da garota tivessem completo êxito. Ela nunca errava.

— Passamos por eles, devem aparecer para você em três ou dois minutos. – Hoseok avisou pelo rádio comunicador.

— Só esperamos seu sinal. – Taehyung complementou e então cada um dos carros dos garotos fez a curva pelo acostamento de terra, ficando em direção contrária e levantando uma grande quantidade de poeira.

O som estrondante de motor sendo afetado. Naquele momento parecia o início de um dos rachas que o grupo participava vez ou outra. Os motores rugindo, o barulho da aceleração e o cheiro de pneu queimado de tanto ser arrastado no chão, Taehyung, Jimin e Hoseok mantinham suas expressões sérias e focadas na estrada, ouvidos atentos aos seus rádios, prontos para saírem em disparada assim que Aisha desse o sinal.

— Consigo vê-los. – Aisha forçou a vista, fazendo sombra com uma das mãos em cima da testa e a outra na cintura. Parecia realmente alguém que ficara presa na estrada.

Vendo o caminhão se aproximar modestamente cada vez mais, a garota se pôs a caminhar lentamente para a beirada do acostamento, fazendo sinal com uma das mãos. Não foi difícil para os dois homens de aparência esquisita colocarem os olhos sobre si.

— Nojentos. – Aisha murmurou baixinho percebendo a maneira como era observada e notando também o sorrisinho malicioso no canto dos lábios do bigodudo que sentava no banco carona.

O caminhão parou, estacionado do outro lado. Satisfeita por perceber os dois saindo sem qualquer objeto aparente nas mãos a garota fingiu olhar para o próprio carro mais uma vez enquanto sussurrava no rádio.

— Estão aqui.

Foi somente o tempo de se virar de volta, os dois homens já estavam diante de si aos sorrisos.

— Precisa de ajuda? – o tal bigodudo perguntou. Aisha deu o máximo de si para fazer uma cara chateada. — Máquina boa.

Os dois nem lhe esperaram falar, logo chegaram perto do carro azul tiffany e se atentaram a observar o capô levantado.

— Que bom que vocês pararam, muito obrigada. – ela disse se encostando na porta do automóvel. — Não faço ideia do que houve, eu estava vindo em alta velocidade e de repente começou a sair fumaça tanto por dentro quanto por fora.

Enquanto Aisha desenvolvia suas desculpas por estar parada na estrada, carros na cor azul, amarelo e vermelho já se aproximavam aos poucos. Jimin estava na frente, conforme o plano. O garoto encontrou uma pequena brecha atrás do enorme caminhão, deixando o carro estacionado ali. O que não passou despercebido pelo motorista do caminhão, que antes analisava o motor do carro de Aisha cuidadosamente e acabou tendo sua atenção tomada pelo barulho do motor do Park.

— Oh, espere um minuto. Vou pegar umas ferramentas no caminhão. – foi o que ele disse, parecendo nervoso enquanto gesticulava com as mãos desesperadamente. O outro, bigodudo que encarava Aisha de forma nada sutil, apenas confirmou com a cabeça, distraído o suficiente para nem notar o que se desenrolava à sua volta.

— O que uma menininha bonita como você faz dirigindo nessas estradas sozinhas, hein? – foi o que ele perguntou, agora sem encarar Aisha e sim olhando para dentro do carro, como se verificasse que a garota estava realmente sozinha.

Aisha não conseguia acreditar na ousadia daquele cara e em como ele não se esforçava nem mesmo para disfarçar suas intenções. Mas ela não se surpreendeu tanto, afinal ele era homem e seu plano fora montado exatamente porque a garota tinha noção daquele tipo de pensamento por parte de homens nojentos como aquele à sua frente.

— Gosto de vir dirigir por aqui. Não tem muito movimento, não preciso me preocupar com a velocidade. – a garota disse falsamente inocente.

Não demorou muito para que escutassem barulhos vindos do outro lado da estrada larga. Tilintares de ferros caindo no chão e então alguns murmúrios raivosos. Logo Aisha percebeu o nervosismo tomar o rosto do outro à sua frente também, ele rapidamente levou uma das mãos ao objeto marcante em sua cintura, no cós da calça. Droga.

— Espere um instante. – o homem pediu sem nem encarar Aisha, apenas tentando notar alguma movimentação por perto do caminhão. Mas nada acontecia e até mesmo Aisha começava a ficar receosa. No mesmo momento foi como se a garota acordasse de um transe. Encarou o horizonte percebendo mais dois carros se aproximarem de longe.

— Espera… – a garota pegou nos ombros do homem que não era muito mais alto que ela. No momento em que fora virado, o mesmo sentiu rapidamente a dor acertando suas partes de baixo, com força que ele nem mesmo imaginaria que viria da menina à sua frente.

Aisha não perdeu tempo quando o mesmo se abaixou urrando de dor e pressionando o lugar, certificou-se de tirar logo a arma da mão do mesmo com um chute certeiro. O olhar raivoso do homem capturou os seus, felinos e brilhantes. Ela sabia que não ficaria muito tempo ali, reclamando da dor, logo ele reagiria e não daria tempo de Taehyung e Hoseok chegarem.

— Qual é, esse velho é duro na queda. – Jimin de repente soou cansado no aparelho. O som vindo de dentro das roupas da garota chamou a atenção do de bigodes, que não demorou para ter uma expressão de entendimento rapidamente.

— Uma emboscada, sua vadia? – o homem logo acertou um tapa estalado e doloroso no rosto da garota, que estava perto demais de si. A garota tentou se recompor, mas logo fora atingida rapidamente, dessa vez pelas costas da mão firme. Aisha repousou as duas mãos no rosto, o sentindo latejar, enquanto andava para trás. Sua arma estava dentro do carro, não tinha como pegá-la antes que o homem se esticasse para pegar a própria também. Visto isso, a garota apenas fechou os olhos comprimindo os lábios de raiva e avançou contra o mais velho, aproveitando os coturnos pesados e lhe chutando uma das coxas. No mesmo momento o ato fez com que seu oponente caísse, de joelhos no chão.

— Gente, não queria atrapalhar, mas estou precisando de uma ajudinha aqui. – ela murmurou antes de perceber o homem querendo se levantar, sem nem pensar deu outro chute, dessa vez no torso, fazendo com que ele caísse para trás.

Hoseok mal esperou que o carro parasse de derrapar sobre o chão de terra seca, apenas o desligou rápido e saiu de Sol com sua pistola em mãos, uma Glock 18C completamente carregada. Taehyung já ia em direção ao caminhão, onde Jimin tentava desesperadamente se desviar da arma que o motorista quase encostava em seu rosto.

— Aí, eu não posso arranhar esse rostinho. – Jimin disse antes de dar mais um soco no rosto do homem que cambaleou para trás. A franja loira do garoto caía sobre a testa molhada de suor. Jimin parecia não conseguir se controlar de raiva. Realmente esperava que fosse um pouco mais fácil, mas seu pensamento não conseguia o fazer ficar focado assim que ouviu os grunhidos de Aisha, provavelmente apanhando.

Taehyung se encarregou logo de ir para a parte de dentro do caminhão, o desligando e colocando as chaves dentro do bolso da calça, para que não houvesse o contratempo do motorista conseguir dar o pé dali com toda a mercadoria. Dali ele conseguia enxergar Hoseok com a arma apontada para o outro cara, que antes se mantinha em cima do corpo de Aisha, enforcando-a sem pudor algum. A garota agora tratava de pegar a arma do rival jogada próxima a algumas pedras e se juntava à Hoseok de frente para o de bigodes.

— Quer saber? Eu cansei. – Jimin resmungou dando um chute certeiro na parte de trás de um dos joelhos do motorista que agora mal sabia onde fora parar sua arma, que o Park jogara longe há segundos atrás. — Agora como vou encontrar Soojin imundo desse jeito, senhor?

O Park rapidamente firmou uma das mãos na nuca do outro.

— Foi mal, não é nada pessoal. – e então bateu a cabeça do mesmo na porta do caminhão. Sabia que aquilo não o mataria nem nada, não fora com tanta força, mas desmaiar seria o suficiente. — Taehyung, me ajude aqui.

O Kim havia se distraído com algo que vira. O pequeno pedaço de papel estava grudado no porta-luvas do caminhão. Parecia um cartão chique, as letras muito bem grafadas e um símbolo que não lhe era estranho. Parou de dar atenção àquilo assim que o loiro lhe chamara. Desceu do caminhão e ajudou Jimin a caminhar com o motorista até o outro lado da estrada, onde Hoseok e Aisha ainda mantinham o bigodudo como refém.

— Você matou o cara? – Aisha perguntou abismada pela imagem do homem desacordado, que estava com os braços apoiados em Jimin e Taehyung, que faziam uma careta desgostosa.

— Não, ele só tá dormindo. – Jimin disse despreocupado. — Porra! Você tá péssima.

Aisha inicialmente não compreendeu o que o loiro quis dizer, mas então correu para o retrovisor do próprio carro, se aproximando e vendo o enorme vergão em uma das maçãs de seu rosto e a bochecha inchada numa coloração vermelha. As marcas roxas em seu pescoço da tentativa de asfixia do outro. O conjunto todo lhe causou um ódio profundo, Aisha bufou e só então entendeu o motivo de Hoseok encarar aquele homem, tão puto.

— Ainda é pouco, essa filha da puta. Nos enganou, tem noção do que pode nos acontecer agora? – o homem gritou a encarando com raiva, o lábio inferior cortado por um dos socos que Aisha lhe deu.

— Se eu fosse você ficava calado. – Hoseok disse apertando ainda mais a arma na nuca do outro.

A morena enfurecida que era encarada por todos ali, certamente aguardando uma reação da mesma, apenas deu um sorrisinho de canto, se aproximando lentamente. Levou uma das mãos até a cabeleira que agora estava completamente bagunçada, por conta da luta.

— Jimin pegue a corda no meu porta malas, por favor? – a garota pediu forçando uma voz doce enquanto encarava o homem de bigodes com uma falsa inocência nos olhos.

O loiro apenas encarou Taehyung, que deu de ombros sem noção alguma do que a morena planejava naquele momento. Jimin também deu de ombros e largou o homem desmaiado para fazer o que a amiga pediu.

— Vish, ainda bem que ele tá desacordado. – Hoseok disse ao ver o motorista cair dos braços de Taehyung tão facilmente. O Kim parecia não dar uma foda para o que estava acontecendo ali, apenas se divertia ao ver a raiva de Aisha e o homem de bigodes tão tranquilo. Mal ele sabia o que estava por vir daquela mente malígna.

Jimin voltou rapidamente com um bom comprimento de corda em mãos e então Aisha gesticulou para que ele esperasse.

— Hobi, levanta ele. – pediu a menina vendo seu pedido ser atendido rapidamente. — Agora você vai me ver sendo a pior vadia de todas, seu nojento.

O resultado daquilo fora as calças do homem sendo retiradas junto da cueca e depois a blusa, enquanto ele se debatia. Jimin em momento algum conseguiu parar de rir, pedindo por favor para que Aisha o deixasse se afastar um pouco para não atrapalhar o momento sério com a gargalhada gostosa. A menina se pôs a rir junto com ele enquanto amarrava os dois homens pelas mãos, um de costas para o outro e um deles, completamente despido.

— Eu gravei bem o rosto de vocês, não vão se safar dessa tão fácil. – o homem murmurava enquanto Taehyung dava mais um nó na corda grossa. — Irei atrás de vocês.

— Ah, mas não seja por isso. – Aisha disse antes de pegar a arma da mão de Hoseok e bater com ela na cabeça do mesmo, fazendo com que ele desmaiasse assim como o companheiro. — Estaremos aguardando.

Soojin ficaria encarregada assim como Bogum e Namjoon de deixarem o recado para a gangue do Bronx, já que o esquadrão não conseguiria viver bem sem saber da reação dos mesmos ao descobrirem terem sido pegos de surpresa. Não após o que houve no último racha.

Jimin levaria o caminhão completamente vazio até o galpão após Taehyung, Aisha e Hoseok esvaziá-lo e encaminharem toda a mercadoria para o covil, no Brooklyn. Não tardou até que Soojin estivesse com suas botas longas postas em cima do que costumava ser a mesa de negociações do galpão e quando os membros da gangue do Bronx pousaram os olhos sobre a garota, ficaram confusos.

— Oh rapazes? Não se lembram de mim? – a garota perguntou com falsa chateação. — Espero que se lembrem depois do dia de hoje. E por favor, não sejam inocentes de tentarem algo contra mim… Seo Soojin é quem está na frente de vocês.

Ao ouvirem o nome da garota, que certamente era popular pelas habilidades na luta, os homens que antes pareciam furiosos, agora apenas a escutavam com atenção. Quando o caminhão chegou, a expressão de surpresa deles era impagável e Namjoon não perdeu a oportunidade de filmar aquilo, mesmo que de longe. Ele e Bogum estavam escondidos onde ninguém poderia os ver, em meio vários galões de álcool e gasolina, não foi difícil perceber o porquê das trocas de mercadorias acontecerem ali, o lugar era facilmente confundido com um depósito ou garagem de caminhões.

— Surpresinha…

Já tinha tempo demais desde que falara pela última vez com Taehyung. Eram 18:00 quando suas aulas foram finalizadas de vez e o garoto quase morria de curiosidade sobre o que acontecera com o esquadrão nos momentos de silêncio total do Kim. Jungkook não iria para o trabalho na quarta-feira graças às horas extras que havia feito nas outras semanas, tinha liberdade para isso já que não era um emprego fixo, então desde que seus afazeres estivessem em dia, ele podia decidir sobre sua carga horária semanal.

Não estava com cabeça, sabia que não se concentraria nem um pouco em seus serviços enquanto estivesse nervoso pelos sinais de vida do grupo do Brooklyn. Esperava que pudesse correr para casa, tomar um banho, relaxar e entrar em contato logo com Taehyung, mas seus planos foram interrompidos quando avistou uma figura pequena apoiada em uma árvore, a árvore próxima ao ponto de ônibus.

Ela sabia que poderia encontrá-lo ali e por isso quando notou o castanho se aproximando, ficou extremamente sem jeito, sem conseguir encará-lo. Parecia triste e se esforçava para esconder o rancor instalado em seu coração desde que Jungkook terminara consigo.

— Oi Heejin. – o garoto foi o primeiro a falar, com um desejo secreto de que a garota correspondesse ao seu alívio de finalmente poderem se falar com mais calma.

— Yoongi deve ter te falado… que eu queria conversar. – a garota disse finalmente olhando para si e se aproximando.

— Hum… ele avisou sim.

— Tudo bem… – a garota respirou fundo. — Eu realmente quero que a gente converse e tire esse clima pesado que ficou entre nós, mesmo que você já estivesse estranho há alguns dias.

— Porque todo mundo diz isso? Eu não estou estranho. – o Jeon murmurou contrariado.

— Pode dizer, Jungkook. Há outra pessoa e você não quer me contar pois ela já chegou em sua vida enquanto nós ainda… namorávamos.

— Heejin… enquanto nós namorávamos não aconteceu nada se é o que você está tentando dizer. – Jungkook falou calmo enquanto se aproximava mais da garota. A mesma deu alguns passos para trás, rejeitando a aproximação repentina. — Eu nunca faria isso com você.

— Porque não consigo acreditar em você? – o tom de voz de Heejin mexeu com o coração de Jungkook, que abaixou o olhar triste. Realmente não queria despertar aquilo na mais baixa, nem mesmo sabia como poderia se expressar para a outra. Nem mesmo se entendia ultimamente.

— Bom eu…

E então antes que completasse sua fala Jungkook ouviu o ronco familiar do motor. Foi impossível que sua atenção não fosse chamada para a rua. Lá estava o conversível vermelho estacionado perfeitamente. Dessa vez não havia apenas uma pessoa dentro dele, Aisha estava no banco carona, lhe encarando por trás dos óculos grandes e escuros. Jungkook franziu a testa e sentiu o ar escapar pela boca, mal percebendo que se tornara pesado por dentro durante todo o tempo que ficou sem notícias. Era bom ver Taehyung ali, inteiro. Era bom até mesmo ver Aisha...viva.

— Ah… – Heejin murmurou baixinho e então o Jeon percebeu que a ex namorada também encarava a dupla parada ali perto. — Acho que posso fazer uma ideia.

— O que? Não Heejin, pare com isso.

Duas buzinadas. Não fora Taehyung que apertou, pois nesse momento o Kim repreendia Aisha por ter apertado sem sua permissão. O olhar felino finalmente encarara Jungkook, a cabeça fez um movimento gesticulando para o castanho que se juntasse a eles.

— Vai fugir não é? Vai sumir mais uma vez e pela segunda vez com a mesma pessoa. – Heejin se atropelava nas palavras, com raiva. Jungkook franziu a testa, como ela sabia que já saíra com Taehyung antes?

— Me desculpa, é sério. Eu realmente quero conversar, mas é que agora não dá. – o garoto se desculpou já se preparando para sair dali. — Me perdoa, vamos conversar depois, eu prometo.

Mal esperou que Heejin o respondesse e foi correndo até o carro estacionado. Abriu a porta de trás rapidamente e adentrou o automóvel. Taehyung não esperou muito tempo para arrancar dali, sabendo que todos olhavam, como sempre.

— Estou sendo sequestrado? – Jungkook perguntou se sentando no meio e chegando a cabeça para frente, próximo aos dois gângsters que estavam em silêncio desde que entrara no carro. — Porque está usando esse óculos enorme? Está escurecendo.

Aisha bufou demonstrando insatisfação pela presença do mais novo e então arrancou o óculos do rosto brutalmente e encarou Jungkook, perto demais.

— Wow! – exclamou chegando para trás, assutado pela aproximação brusca da garota. — Isso tá feio.

— Cala a boca. – Aisha colocou os óculos de volta ouvindo a risadinha de Taehyung, enquanto o mesmo balançava a cabeça em negação diante das provocações dos outros dois.

Seria uma longa noite.

 


Notas Finais


Esse capítulo foi mais ação, mas no próximo é mais calmaria e com muito mais interações...até!

Link do wattpad: https://www.wattpad.com/story/230569833-lugar-seguro-taekook


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