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História L'ultimo Ballo - Sedici


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


2° Parte da Maratona
4/6 💕

>>Musica do capítulo: Smoke & Mirrors – Demi Lovato<<

Capítulo 17 - Sedici


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Sedici

“Senti uma lágrima descendo por meu rosto e enxuguei rapidamente, não entendia aquela vontade repentina de chorar, tampouco o aperto dentro do meu peito.”


7 MESES DEPOIS
Agosto de 2021
Londres, Inglaterra

Luna Valente

Arrumava minha mala enquanto esperava o Rafael para seguirmos até Londres, teria um evento de patinação em três dias na cidade e eu fui convidada, também teria uma apresentação com algumas patinadoras. Estava a full nos últimos meses com a competição, trabalhei duro para chegar até aqui e conseguir uma vaga para o tão esperado campeonato mundial de patinação artística feminino.

Já havia passado alguns meses desde que eu enviei a carta para o Matteo e até então não recebi nenhuma resposta, não que eu estivesse esperando por uma, mas uma parte pequena dentro de mim ficou decepcionada com esse fato. Talvez ele nem tivesse chegado a ler a carta, meu coração ficava triste com essa possibilidade e a minha mente vibrava com ela. Sim, nenhum pouco coerente.

Movia-me inquietamente na poltrona do avião sem ser capaz dormir. Todas as vezes que eu fechava os olhos, o oinc oinc alto vindo da poltrona ao meu lado não deixava com que eu dormisse, não acreditava como alguém conseguia roncar tão alto, era demasiado assustador, havia colocado meus abafadores de ruídos e nem isso fez com que o barulho sumisse. Suspirei frustrada e resolvi mexer no celular, pois sabia que não conseguiria dormir naquela situação.

Praguejei-me mentalmente por não ter aceitado a proposta do Felipe de viajar na primeira classe, com certeza estaria dormindo confortavelmente sem um senhor roncando para atrapalhar meu sono e para piorar, o assento do Rafael ficou bem distante do meu, e o Felipe e a Elizabeth foram antes para agilizar as coisas por lá.

Assim que chegasse teria poucas horas de descanso, pois a tortura começaria. Várias entrevistas e sessões de fotos onde eu deveria ostentar um sorriso no rosto para mostrar a minha felicidade. Não que eu não estivesse feliz, estava bastante por tudo que consegui alcançar durante esses anos, mas todo o resto era cansativo demais. Perguntas extremamente incômodas que não tinham relação alguma com a patinação, pessoas intrometidas que queriam a todo custo saber sobre minha vida pessoal.

Minha grande sorte era ter a Elizabeth como assessora de imprensa, quase sempre ela conseguia contornar essas situações e eu não precisava ficar expondo minha vida. Agradecia todos os dias por tanto ela quanto o Felipe não quererem usar minha vida pessoal para expandir ainda mais minha carreira, sempre diziam que o mais importante era falarem do meu desempenho dentro da pista, não sobre com quem eu estou saindo.

Nunca agradeci tanto como agora quando o avião pousou, o homem ao meu lado acordou com um sorriso enorme de quem fez uma viagem maravilhosa e eu não duvidava disso, já que ele não teve que suportar alguém roncando praticamente no seu ouvido, impedindo que você dormisse e tivesse uma viagem relaxada. Quase mandava ele ir para um médico tratar aquilo, com certeza era uma doença, só não falei nada por educação.

Esperei o Rafa chegar perto de mim para podermos descer juntos, seguimos rumo ao portão de desembarque para pegarmos nossas bagagens. Na frente do aeroporto, o motorista já esperava para nos levar ao hotel. A primeira coisa que eu faria quando chegasse seria dormir todos os minutos disponíveis que eu tinha para isso.

E foi exatamente o que eu fiz, meu primeiro destino aqui em Londres foi a cama do hotel. Por mim eu passaria todo o meu dia deitada ali, porém, fortes batidas na porta e alguém chamando o meu nome fizeram com que eu despertasse. Maldição. Sentia que não havia dormido o suficiente para liberar aquela tensão e cansaço do meu corpo.

Ignorei completamente aquele chamado e voltei a dormir, mas como era de se esperar, menos de um minuto depois voltaram a bater na porta e dessa vez com mais intensidade.

— Luna, eu acho bom você acordar agora, se na próxima vez eu vir aqui e você ainda estiver dormindo, acordará por bem ou por mal. — Bufei alto e enfiei minha cara no meio dos travesseiros para soltar um grito abafado.

Foi um sacrifício imenso levantar daquela cama e ir tomar um banho. Não demorei muito para fazer isso, pois sabia que estava mais que atrasada. Conseguia até ouvir a voz do Felipe me dando bronca e falando para eu ter responsabilidade. Não seria a primeira vez que isso acontecia e também sabia que não seria a última.

Coloquei uma roupa simples e penteei os cabelos para primeiro sair do quarto, do lado de fora o Felipe, a Paula e o Rafael já me esperavam.

— Bom dia — saudei com a voz rouca, carregada de sono.

— Bom dia e está atrasada, da próxima vez que isso acontecer será intolerância zero, fique avisada. — Ótimo, Felipe acordou hoje de mal humor e isso juntando com o fato de que eu também não estou nos meus melhores dias, aquele dia seria longo.

Dito e feito, não estava com cabeça para ficar recebendo ordens do que fazer e dizer, e a todo tempo o Felipe estava zunindo no meu ouvido, minha paciência esgotava-se rapidamente. Não bastava a viagem terrível que eu fiz, ainda tinha que aguentar os chiliques do meu treinador, não poderia ser mais perfeito.

— Felipe tá bom, eu já entendi. Se eu tivesse acordado cedo não estaríamos fazendo tudo às pressas, não precisa ficar repetindo isso todo o tempo — indaguei irritada. O maquiador colocou cada uma das mãos em meus ombros para que eu ficasse quieta e ele pudesse fazer o seu trabalho, sabia que minha inquietação atrapalhava o desenvolvimento.

— Claro que precisa ficar repetindo o tempo todo, para ver se assim você me escuta pelo menos uma vez e acorda no horário. — Bufei impaciente e preferi não falar nada, porque sabia que se o fizesse aquela discussão iria se prolongar e eu acabaria mais atrasada do que já estou. Então apenas deixei que ele falasse e eu fingia que ouvia tudo que ele dizia.

Rafael entrou no camarim e foi logo para a mesa de comidas e começou a fazer um prato para ele. Minha barriga roncou avisando que já fazia horas que eu havia comido alguma coisa.

— Então docinho, parece que você acordou a fera — Rafa falou e sentou-se no sofá de couro preto que tinha no canto da sala.

— Já estou de saco cheio desses chiliques dele, sem contar que eu não consegui dormir nada durante o vôo por causa do ronco anormal do cara sentado ao meu lado — tentei falar sem me mexer muito, o que não aconteceu, pois o maquiador voltou a reclamar e disse que se eu não parasse quieta iria me amarrar na cadeira.

Então depois disso eu me esforcei bastante para não fazer nenhum movimento, o que era extremamente difícil, já que eu não conseguia ficar muito tempo parada em uma cadeira, sem contar que eu estava quase dormindo ali mesmo.

O dia foi uma imensa correria, entre entrevistas e sessões de fotos consegui comer alguma coisa e enganar o meu estômago de que era o suficiente. Antes de cada entrevista, Elizabeth vinha ressaltar que eu não deveria falar nada sobre a minha vida privada, que o foco deveria ser sempre sobre a patinação e nada mais.

Quando Felipe anunciou o fim da última entrevista eu suspirei aliviada. Antes de sair do local, despedi-me da entrevistadora — que era uma youtuber de grande influência no país — e tiramos uma foto. Enquanto saía do local onde ocorreu essa entrevista, senti algo fofo sendo posto em cima dos meus ombros, olhei para trás e dei de cara com o Rafael que sorria acolhedoramente, sorri em retorno, agradecendo pelo casaco, pois já anoiteceu e o clima na Inglaterra estava bastante frio para aquela época do ano.

Chegamos ao hotel e eles começaram a discutir para saber em qual restaurante iriam comer aquela noite, permaneci calada durante todo o tempo, não estava com cabeça para sair, a única coisa que eu precisava era dormir.

— O que você acha Luna, esse restaurante está bom para você? — Ouvi alguém chamar o meu nome e acordei dos meus pensamentos rapidamente. Pedi para que repetissem a pergunta, pois não tinha ouvido.

— Eu vou ficar no hotel mesmo, não estou com cabeça para sair, preciso descansar. — Rafa veio para perto de mim e colocou o braço por cima dos meus ombros.

— Você quer que eu fique com você docinho?

— Não precisa, eu prefiro ficar sozinha, estou com um pouco de dor de cabeça e não quero atrapalhar sua noite. — retirei o braço do Rafael dos meus ombros e apenas acenei em despedida, antes de seguir para o elevador. Escorei meu corpo na parede fria e suspirei pesadamente, senti uma lágrima descendo por meu rosto e enxuguei rapidamente, não entendia aquela vontade repentina de chorar, tampouco o aperto dentro do meu peito.

Entrei no meu quarto e fui tirando as roupas que eu usava e não me importei em pegá-las, deixei-as pelo chão mesmo. Tomei um longo e relaxante banho antes de voltar para o quarto e pegar uma roupa confortável dentro da mala. Depois que deitei na cama não passou muito tempo para que eu conseguisse dormir e por certo, nenhum sonho estranho rondou minha mente naquela noite.

Escutei ruídos vindos do lado de fora do quarto e demorei para raciocinar e perceber que era alguém batendo na porta. Os minutos se passaram e nenhum barulho voltou a ser ouvido por mim, então constatei que quem quer que fosse desistiu de falar comigo, então, voltei a me aconchegar no colchão macio para dormir novamente. Equivoquei-me, já que logo em seguida retornarem a bater, agora com uma maior frequência.

Abri os olhos tentando acostumá-los com a pouca claridade no quarto que provinha de algumas brechas na cortina que cobria a janela. Gritei um já vai e não me preocupei em fazer a minha higiene diária, porque iria dispensar quem quer que fosse e passaria esse maravilhoso dia de folga inteiro dentro do quarto.

— Bom dia flor do dia. — Nem abri a porta direito e um Rafael radiante entrou no quarto. Não conseguia entender como alguém conseguia ficar feliz tendo que acordar logo cedo em um dia que poderia passar todo sem fazer nada.

Eu não conseguia nem raciocinar direito, voltei me arrastando para a cama com a intenção de retornar a dormir. Deixei o Rafa tagarelando sozinho na antessala.

— Docinho, o que você acha que está fazendo?

— Voltando a dormir, que se não fosse por você atrapalhando eu já estaria no vigésimo sono. — Não me preocupei em levantar o rosto ou abrir os olhos para respondê-lo.

Algo pesado foi depositado em cima de mim e juro como senti alguns ossos estalando por causa da pressão colocada.

— Rafael! Sai.De.Cima.De.Mim.Agora — falei pausadamente, pois com aquela baleia em cima de mim, minha respiração estava inconstante. Suspirei aliviada quando senti meu corpo livre e passei alguns segundos para conseguir regularizar a respiração. — O que você faz aqui tão cedo?

— Cedo? Docinho, é quase meio dia. E como um bom amigo que eu sou, não poderia sair para desfrutar as belezas dessa cidade sozinho. — Ele estava ficando louco se achava que eu iria sair desse hotel no meu dia de folga. — E nem adianta reclamar, você vai e pronto.

— Rafa amor da minha vida, entenda uma coisa: hoje é o meu único dia de folga e a única coisa que eu quero é ficar no meu quarto dormindo e comendo. — Peguei o lençol que caiu no chão quando fui atender a porta e joguei em cima de mim para que pudesse voltar a dormir.

Pensei que ele fosse fazer alguma coisa para que eu me levantasse, porém, ouvi seus passos afastarem-se e suspirei aliviada por ele ter desistido. Errado novamente. Antes que eu pudesse imaginar alguma coisa, um líquido gelado escorreu por minha nuca e molhou todo o meu rosto. Não acredito que o Rafael fez isso.

— Nada disso docinho, faz mal para a pele dormir tanto assim. Agora bora levantando e indo tomar banho, vou separar uma roupa maravilhosa para você usar hoje. — Bufei alto e segui para o banheiro contrariada.

Terminei o banho e voltei para o quarto, vestindo a roupa que o Rafa deixou estirada na cama. Era um vestido de alcinhas verde água que chegava até um pouco acima dos meus joelhos e nos pés uma bota de cano curto preta com um saltinho.

Segui para a antessala e encontrei o Rafael assistindo alguma coisa na televisão que tinha no quarto. Quando me viu, levantou-se e disse que eu havia ficado linda com aquela roupa. Não respondi, estava com o humor de ogro por ter sido acordada tão cedo, passaria algumas horas para que eu pudesse voltar ao meu estado normal.

Decidimos almoçar no hotel mesmo, para que depois seguirmos para o nosso destino. Não fazia a menor ideia de para onde íamos, já que ele não me contou, apenas disse que era um lugar que sempre quis conhecer. Não protestei, não conhecia quase, ou até mesmo nada daquela cidade, então deixei que ele escolhesse o nosso itinerário do dia.

Tudo era muito lindo, estava encantada com a beleza daquela cidade chuvosa, que por sorte naquele dia fazia um calor aconchegante, convidando todas as pessoas para saírem e aproveitarem. A irritação pelo acontecimento de mais cedo já passou, tudo me deixava fascinada, fazendo-me esquecer disso.

O metrô chegou no nosso destino e entrelacei meu braço no de Rafael e seguimos juntos para fora da estação. Andamos um pouco e logo chegamos em um lugar onde as casas eram todas coloridas e as pessoas que passavam pela rua pareciam mais felizes, sem aparentar estar preocupadas com coisas desnecessárias. Aquele lugar transmitia paz, conforto, alegria. Estava encantada.

— Bem vinda a Notting Hill.

— É tudo muito lindo aqui. — Não tinha nenhuma mansão ou hotel extravagante, a beleza se encontrava nas coisas mais simples.

— Sabia que você iria gostar, agora vamos andar um pouco. — Voltou a entrelaçar o meu braço no seu e começamos a caminhar por aquelas ruas, onde ele sempre parava para mostrar algo. Descobri que aquele bairro foi palco de um filme romântico nos anos 90.

Seguimos até uma parte onde ficava espalhada várias tendas que comercializavam diversos atrativos da cidade de Londres e do país. Fiquei ainda mais encantada e queria parar em cada uma para comprar alguma lembrancinha, foi exatamente o que eu fiz, Rafa estava cheios de sacolas nas mãos enquanto eu andava animada por cada barraca.

— Docinho, vou parar aqui nessa loja para usar o banheiro. — Peguei as sacolas de suas mãos para que ele pudesse fazer suas necessidades.

— Está certo, vou ficar aqui nessa barraquinha — falei apontando para a tenda que tinha atrás de mim.

Comecei a olhar as diversidades que haviam ali e acabei comprando algumas pulseiras. Muito daquilo que eu comprei seria para presentear meus familiares, já que em cada barraca que eu passava eu encontrava algo que me lembrava eles.

Com a compra realizada e devidamente paga, girei meu corpo na direção de onde o Rafael disse que ia, com a ação senti meu corpo chocando-se com o de outra pessoa e acabei dando alguns passos para trás, as sacolas que eu tinha em mãos foram parar no chão com o impacto. Mas antes que eu caísse de vez junto com elas, senti braços envolverem minha cintura e automaticamente levei as minhas mãos até o seu peito para me equilibrar.

Respirei fundo e senti um cheiro bastante familiar, mas não poderia ser. Criei coragem e levantei a cabeça, encontrando um par de olhos castanhos me olhando com toda a intensidade do mundo. Senti cada célula do meu corpo entrar em combustão apenas com aquele olhar. Engoli em seco, desesperada com os pensamentos de que nada havia mudado. Meu corpo reagia da mesma forma na sua presença e isso era patético e assustador. Precisava sair dos seus braços e ir embora dali agora mesmo. Porém, nenhum músculo do meu corpo parecia querer obedecer às ordens do meu cérebro, então continuei naquela posição. Perdida. Constrangida. Quente. O ambiente estava bastante quente.


Notas Finais




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