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História L'ultimo Ballo - Otto


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


>>Música do capítulo: Dream – Imagine Dragons<<
Boa leituraa!

Capítulo 9 - Otto


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Otto

“Longe das lembranças, eu tenha mais chances de conseguir esquecê-lo.”


Buenos Aires, Argentina
Fevereiro de 2018

Luna Valente

Gotas de suor escorriam por minha têmpora e eu não me importava com isso, continuava patinando, tentando manter os meus pensamentos focados apenas na música que tocava pela caixa de som por toda a pista. Sentia meus cabelos balançando em sincronia com os movimentos do meu corpo.

Parei ofegante no meio da pista no momento em que a música foi pausada e ecos de aplausos foram ouvidos por mim. Não estava entendendo o porquê daquilo e entendi menos ainda quando vi Gary parado ao lado do aparelho de som.

— Muito bom... Excelente — ele falou quando parou de bater palmas. — Você é exatamente o que estamos procurando. Já tinha conhecimento de que você era boa, mas devo admitir que me surpreendeu mais ainda depois do que eu vi aqui agora.

— Será que você poderia me dizer o que está acontecendo? — perguntei posicionando as mãos na cintura, uma em cada lado do corpo, mostrando a minha impaciência.

— Ah, claro! — disse tirando os óculos escuro que usava e pendurando na gola da camisa polo. — Estamos em busca de um patinador solo para representar a nova equipe do Jam&Roller nas competições.

— Continuo sem entender onde você quer chegar. — Minha confusão já deveria estar bem evidente em meu rosto. Não entendia o que ele queria me dizendo tudo aquilo.

— Não se faça de boba, o que eu quero dizer é que queremos você para fazer parte da equipe — ele disse entrando na pista e se aproximando de mim. — Esse treinador já estava de olho em você desde a final do roda fest, você se destacou bastante mesmo sua equipe perdendo a competição.

Eu estava sem palavras, tentava fazer uma ligação de tudo o que ele disse na minha cabeça para conseguir entender a proposta. Mas não tinha muito o que pensar, eu nunca abandonaria meus amigos e sei que posso conseguir me profissionalizar na carreira de patinadora junto a eles.

— Você está louco se acha que vou abandonar meus amigos para entrar na sua equipe. — Eu não teria coragem. Ou teria?

Minha cabeça estava uma explosão de confusões, tinha noção de que não receberia outra proposta tão boa quanto aquela e, que era a melhor oportunidade para eu decolar como patinadora profissional. Mas sair da equipe do roller não era meus planos. Sem contar que ainda tem o colégio, estou no último ano do Blake e não vem sendo fácil, complicaria mais se eu tentasse conciliar os estudos com a patinação profissional, sei que mesmo os meus pais me apoiando nesse sonho, não é o que querem para minha vida. Desejam que eu entre em uma boa faculdade e tenha um futuro garantido.

— Se fosse eu no seu lugar pensaria melhor na proposta. Se eles forem seus amigos de verdade, irão entender que essa é a sua melhor escolha. Eu te dou uma semana para pensar e me dar sua resposta definitiva — ele disse enquanto colocava os óculos novamente no rosto e caminhava para fora da pista. Antes de sair completamente ele virou-se para mim e completou: — Acho que esqueci de comentar, se você aceitar a proposta, seus amiguinhos poderão voltar a treinar, ou sei lá o que eles fazem, na pista. Até lá, as coisas continuarão da maneira que estão. Tudo depende exclusivamente de você, pense bem.

Ah claro, o Gary decidiu vetar a entrada de qualquer patinador na pista para ensaiar enquanto a equipe dos RedSharks estivesse treinando, o problema se encontra aí, eles sempre fazem de tudo para permanecerem todo o tempo na pista sem dar espaço para que possamos treinar.

Eu permaneci no meio da pista. Estática. Sem saber o que fazer agora ou qual decisão tomar. Por que as coisas tinham que ser tão complicadas? Já não bastava todo o inferno no qual eu me encontrava por causa do que descobri sobre o meu passado e das desilusões amorosas? Respirei fundo e segui o caminho para fora da pista. Tnha que esfriar a cabeça e pensar nisso melhor.

Passei alguns longos minutos sentada no banco perto dos armários tentando organizar meus pensamentos, eu não queria fazer uma escolha precipitada, precisaria pensar bastante antes de ter a resposta final. Por um lado eu sabia que tanto eu quanto os meus amigos sairíamos ganhando, mas por outro, eu não queria deixar de patinar e de competir com eles.

— Opa opa opa, acho que tem alguém aqui no mundo da lua. O que faz aqui Luna? — sobressaltei-me quando alguém falou, entrando no corredor dos armários. Respirei aliviada ao ver Juliana parada ali, acreditava que ela podia ser a pessoa a me ajudar tomar essa decisão. — Posso saber o motivo de toda essa distração?

— O Gary veio falar comigo — disse de uma vez.

— Ah claro — respondeu vindo sentar ao meu lado no banco.

— Você já sabia? — Mexia nas mãos freneticamente, tentando afastar o nervosismo.

— Sim, e creio que você queira minha opinião sobre isso, certo? — questionou e eu apenas acenei com a cabeça em um sinal positivo.

— Eu não sei o que fazer. — Respirei fundo tentando segurar as lágrimas que estavam presas dentro de mim.

— Eu na posição de sua treinadora, digo que isso seria ótimo para você que quer ingressar nesse ramo da patinação artística, que em um grupo você não terá o destaque e a oportunidade para isso. Luna, você tem um enorme potencial como patinadora e isso é notório — ela disse com o seu tom ríspido de treinadora. Ela segurou forte minhas mãos entre as suas e falou agora com a voz mais calma: — Mas como uma amiga, eu digo que tem que escolher a melhor opção para você, o que o seu coração mandar. Não é você quem sempre diz que patina com o coração? Então, use-o para escolher o melhor agora.

— Acho que é aí onde se encontra o problema, meu coração está completamente dividido. Por um lado eu quero permanecer com meus amigos para enfrentarmos isso juntos, mas, por outro eu sinto que o melhor que eu posso fazer nesse momento é aceitar essa proposta, agora eu sou um poço sem fim de confusões. Eu sou a Luna, porém também sou a Sol e isso anda mexendo com todos os sentimentos dentro de mim, não sei se seria o ideal para a equipe neste momento, não quero ser um fardo. — Compartilhava todas as minhas frustrações com ela, nunca cheguei cogitar a ideia de que estaria pedindo conselhos para a mulher a minha frente, com toda a sua pose de arrogância e indiferença. Para quem não a conhece ela é apenas isso, entretanto se você tiver a sorte de conquistar a sua confiança, de conhecê-la de verdade, vai descobrir uma pessoa maravilhosa em quem pode confiar de olhos fechados.

— Acho que você deveria tentar conversar com seus amigos, com certeza eles vão lhe apoiar não importa qual seja a decisão que você tomar. Peça a opinião dos seus pais também, obviamente antes de tudo você tem que ter a permissão deles. — Sorriu calorosamente, o que me fez sentir um conforto imediato. Ela tem razão, eu devia fazer isso e precisava escolher a melhor opção para mim. — Mas eu sinto que não é apenas essa a sua preocupação.

— É que sabe... Tudo aqui me lembra dele e de tudo que vivemos juntos. Um dos motivos para eu querer aceitar a proposta do Gary é que talvez longe daqui, longe das lembranças, eu tenha mais chances de conseguir esquecê-lo — falei evasivamente.

— Creio que quando você fala ele está se referindo ao Matteo, certo? — perguntou e eu apenas concordei sem falar nada. Pode parecer ridículo e infantil, mas eu não sei se consigo suportar, tudo dentro de mim clama por uma saída, um refúgio. E possa ser que essa proposta seja a resposta para o que eu tanto procuro.

 

Quando eu menos imaginei já estávamos na quinta feira e eu tinha que tomar a decisão definitiva para o meu futuro. Durante toda a semana fiquei pensando na proposta e no que fazer. Além da Juliana, eu ainda não tive coragem de conversar com ninguém e meus pais estão inclusos nisso. Não sei o que eles vão achar da ideia e se vão aceitar que eu comece a patinar profissionalmente. Mas dentro de mim algo diz que não é isso o meu maior medo, já que Mônica e Miguel sempre me apoiaram em minhas escolhas, o que realmente me aflige é não saber qual vai ser a reação dos meus amigos diante essa proposta e a minha decisão. Nesses dias minha cabeça era um turbilhão de pensamentos e sentimentos, perguntava-me se era a minha melhor opção. E concluí que sim, que eu precisava pensar em mim, ter um tempo só meu, conhecer-me melhor, aprender mais sobre o mundo.

Minhas mãos estavam trêmulas e suadas, no trajeto de volta para a mansão eu passei todo o tempo enxugando minhas mãos na saia de pregas do colégio e contando até mil para ver se meus nervos se acalmavam e voltavam ao seu estado normal. Respira. Inspira. Não precisa ter um ataque Luna, não é tão difícil. Só vai lá e contar aos seus pais sobre a proposta e a sua decisão. Isso mesmo, não é nada difícil. A quem estou querendo enganar, a mim ou aos outros? Nunca fiquei tão nervosa ao tomar uma decisão.

O carro parou em frente a mansão Benson e eu passei longos e tortuosos minutos dentro dele, criando coragem para o que me esperava lá fora. Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que não percebi que Tino falava comigo.

— Oi? Falou comigo? — perguntei constrangida por tê-lo deixado falando sozinho.

— Perguntei se você não ia sair? É que desde que chegamos aqui na mansão você tá aí parada mexendo nos seus anéis, toda concentrada — ele disse no seu jeito engraçado e divertido de sempre. — É que eu tô com fome e se você for ficar por aqui me avisa que eu já estou indo.

— Não, não precisa se preocupar, eu já estou saindo — falei pegando a minha bolsa que estava no banco ao meu lado e saí correndo para dentro da casa.

Fui direto para o meu quarto deixar as coisas para tomar um banho, estava inegavelmente evitando aquela conversa. Mas como minha amiga Nina sempre dizia: "Não fique adiando o inevitável, se você não fizer logo as coisas só irão piorar e você perderá o controle de tudo", concordava com aquilo, mas quando você se encontrava em uma situação dessas, não é nada fácil seguir esse conselho e evitar o assunto acaba se tornando a opção mais viável.

Estava sentada à mesa com meus pais e meu avô, esperando o momento mais adequado para fazer o anúncio. O silêncio era demasiadamente perturbador, só se ouvia o tintilar do garfo de metal indo de encontro com o prato de porcelana. Quando percebi que todos já estavam terminando o prato principal e esperavam a sobremesa, eu forcei uma tosse para que suas atenções fossem direcionadas à mim.

— Eu preciso contar algo a vocês. — Minha voz saiu baixa e quase inaudível.

— Está tudo bem Luna? — Minha mãe foi a primeira a se pronunciar, preocupada.

— Estou bem mamãe, não precisa se preocupar. — Acalmei-a para que não ficasse criando milhares de suposições sobre o que eu queria conversar. — É que... É que eu tomei uma decisão, mas antes eu preciso da permissão de vocês.

— Pode nos contar querida, você sabe que sempre iremos lhe apoiar em tudo — minha mãe disse, ela segurava minha mão que estava em cima da mesa e acariciava meu cabelo, esses seus gestos acabaram me acalmando e eu criei coragem para contar.

— Eu quero me dedicar a patinação profissional. — Soltei de uma vez, como se tirasse o band-aid de um machucado.

— Como? — Meu pai praticamente gritou e sua sua voz ecoou por toda a sala de jantar. Ao passar o choque iniciou ele retornou a falar, agora com a voz mais contida: — Luna, nós sempre te apoiamos em tudo, mas isso é loucura, você tem que se dedicar ao colégio. É seu último ano no Blake e você tem que decidir qual faculdade vai querer cursar, não pode simplesmente abandonar seus estudos.

— Eu sei papai, eu não pretendo largar o colégio, eu consigo estudar e treinar ao mesmo tempo  — falei com a voz já embargada pelo choro que estava prestes a vir. Eu odiava isso, sempre que ficava triste ou nervosa, a vontade de chorar aparecia e os soluços vinham juntos, era constrangedor.

— Querida, você tem que pensar no melhor para você, planejar direito o seu futuro — minha mãe disse e meu pai concordou com um balançar de cabeça.

— Nesse momento, o meu coração diz que o melhor para mim é arriscar. Vocês não pararam para pensar como eu estou me sentindo com tudo isso? Eu não aguento mais e sinto que isso vai se tornar o meu alicerce, é a única coisa que eu preciso agora. — Pronto, isso foi o estopim. As lágrimas já escorriam por meus olhos e a dificuldade de respirar era imensa por conta dos soluços que saíam de minha garganta. Pode parecer drama, até seja, mas era o que eu sentia, não aguentava mais guardar isso dentro de mim.

— Luna minha neta, você sabe que pode conversar com a gente sobre isso, certo? — o senhor Alfredo perguntou e eu apenas afirmei com a cabeça, não conseguia dizer nada por causa do choro. — E se acha que isso é o melhor para sua vida, eu vou apoiá-la.

Longos minutos se passaram e, quando perceberam que eu estava mais calma e pronta para conversar, fomos para a sala de visitas e eles começaram a fazer perguntas sobre o assunto.

— Luna, mas como você pretende fazer isso? — meu pai perguntou, ele estava sentado ao lado da minha mãe, com os braços por cima de seus ombros, abraçando-a. Com certeza ele era o mais duvidoso sobre toda a situação.

— Eu já falei do Gary para vocês, certo? —  Eles afirmaram. — Então, ele me procurou segunda e me fez a proposta de participar de competições solo em nome da sua equipe. Disse que tinha um treinador profissional de olho em mim e que queria muito que eu trabalhasse com ele.

— Segunda, Luna? Por que demorou tanto para nos contar? — dona Mônica questionou, demonstrando toda a sua indignação.

— Eu não sabia se iria aceitar, eu já estava uma bagunça antes e depois disso tudo só triplicou, eu precisava pensar, ter um tempo sozinha sem ninguém interferindo. — Suspirei pesadamente e abaixei a cabeça, estava envergonhada por ter excluído as pessoas importantes para mim de opinaram sobre. Mas sabe de uma coisa, percebi que foi o certo, eu tinha que aprender a pensar por mim mesma, sem precisar que as pessoas decidam tudo na minha vida.    

— Nós te entendemos filha. — Minha mãe disse, colocando a mão sobre o meu joelho direito e massageando o local.

— Mas antes de te darmos permissão e de assinarmos esse contrato, queremos conversar com esse tal treinador. — Dessa vez foi meu pai quem falou com um tom sério. Percebi que ele ainda não estava completamente de acordo com essa loucura, mas eu precisava disso e esperava que eles aceitassem, porque a opinião dessas pessoas são as mais importantes para mim.

Antes de cada um seguir para o seu quarto combinamos tudo direitinho para o encontro com o treinador amanhã. Tanto meus pais quanto meu avô iriam comigo.

Suspirei aliviada ao entrar no meu quarto e me jogar na cama. Na realidade eu pensava que essa conversa seria mil vezes mais difícil, porém, sou muito grata por ter pais tão compreensivos e que tentam entender o meu lado. Em poucos minutos eu já estava perdida em pensamentos e sendo guiada pelos sonhos.

 

Se eu achava que estava nervosa ontem, não sei descrever como me sentia agora. Não conseguia controlar os tremores em minhas mãos e minhas pernas balançavam constantemente para frente e para trás, mostrando o quão nervosa e impaciente eu me encontrava.

Passei todo o período da manhã pensando sobre isso e falei apenas o necessário com as meninas, não estava com cabeça para conversar e também não queria contar sobre a proposta do Gary e sobre a minha decisão.

Na hora combinada já nos encontrávamos em frente ao Jam&Roller, pois Gary disse que o treinador estaria ali para saber minha escolha e falar do contrato. Assim que entramos encontramos o Simón, que ficou surpreso ao ver os meus pais e meu avô junto comigo. Ele os cumprimentou e logo em seguida quis saber o motivo da ida deles ali. Se eu já estava nervosa antes, todo essa sensação apenas aumentou em um nível absurdo.

— Você não contou a ele, Luna? — Mônica perguntou confusa, já que eu sempre conto tudo ao Simón.

— Não... É que... — gaguejei e não consegui dizer nada além disso.

— O que que a Luna deveria me contar? — Simón perguntou e a cada segundo que passava eu ficava mais constrangida e nervosa. Qual seria a reação dele? Como seria a reação de todos?

— Ali está ela. — Virei ao ouvir a voz de Gary atrás de mim e o encontrei com a mão estendida apontando na minha direção. Quase caía para trás de empolgação quando reconheci a pessoa que estava ao seu lado, era ninguém mais ninguém menos que Felipe Mendevilla, um dos maiores patinadores da patinação artística sobre rodas dos últimos tempos, já tinha visto vários vídeos dele na adolescência, no auge da sua carreira, ele era espetacular.

— Luna Valente, é uma honra conhecê-la — ele disse aproximando-se. Não acreditava no que via, muito menos no que ouvia. Ele sabia quem eu era? Mas como? Eu estava confusa e extasiada.

— Calma... você me conhece? — perguntei com a voz alterada por causa da animação e ele apenas sorriu, achando graça da situação. Pela primeira vez nos últimos tempos eu estava verdadeiramente animada.

— Claro que sim, vi diversos vídeos seus e da equipe, devo lhe contar uma coisa: você é uma ótima patinadora. — Eu estava nas nuvens, nunca sonhei em conhecer alguém tão importante nesse ramo, muito menos receber um elogio desses. — Você só precisa melhorar um pouco mais na técnica e na precisão. É por isso que eu estou aqui, você tem futuro, só precisa de um empurrãozinho a mais e vai longe.

— Nossa, não sei nem o que dizer. Nunca pensei que algo assim fosse acontecer e que eu teria uma oportunidade de realizar meu maior sonho, eu estou nas nuvens e confesso que sempre quis te conhecer, você é um dos maiores patinadores da atualidade — falei rápido demais e tenho certeza que ele não entendeu muita coisa do que eu disse. — Falei demais, né? Desculpa, é que quando eu fico animada tenho o costume de falar bastante e bem rápido.

— Não tem problema. Podemos sentar para conversarmos melhor sobre o contrato? — Ele arrumou o colarinho da blusa polo que usava.

— Claro, claro. Esses aqui são meus pais, Mônica e Miguel Valente, e o meu avô, Alfredo Benson. — Apresentei-os e ele cumprimentou cada um com um aperto de mão.

— Luna, o que é tudo isso? — Simón segurou o meu braço impedindo-me de seguir junto com os outros para a mesa.

— Podemos conversar depois? Juro que te conto tudo direitinho — perguntei com a minha melhor cara de desculpas do mundo, ele apenas concordou e soltou meu braço.

Sentei a mesa em uma cadeira perto do meus pais e de frente ao treinador. Eles já adiantavam todos os principais pontos do contrato e as exigências que ambas as partes tinham. Ficou acordado que durante o período de um ano eu permaneceria aqui na Argentina, apenas treinando e sem participar de nenhuma competição, pois ainda tinha que concluir o ensino médio e não estava em cogitação eu largar o colégio, o treinador disse que era perfeito, porque durante esse tempo ele queria apenas me moldar e que depois desse ano eu começaria com as viagens para competir de fato.

Ao término da conversa, meus pais disseram que precisavam ler com calma todas as cláusulas e que na segunda já estariam com o contrato assinado. Todos foram saindo e eu continuei ali, tinha que criar coragem para contar isso ao pessoal, não sabia como eles iriam reagir.

— Luna, será que podemos conversar agora? — Assustei-me com a chegada repentina de Simón à mesa. Comecei a respirar com dificuldade, meus batimentos eram acelerados e sem constância. Taquicardia agora não Luna.

Passamos alguns minutos sentados em um completo silêncio. Eu não sabia o que falar e o Simón não entendia o que acontecia.

— Eu vou sair do roller. — Meu tom tom de voz baixo era baixo e minha cabeça estava inclinada, olhando em direção ao chão.

— Como assim? — perguntou. Não sabia se sua voz transmitia tristeza ou orgulho, talvez os dois.

Contei todos os detalhes a ele, da proposta do Gary até o momento que falamos com o treinador. Não conseguia decifrar sua reação enquanto falava, mas ao final quando terminei, ele revelou que apesar de estar muito triste por minha saída da equipe, também ficou feliz por eu estar conseguindo dar um passo a mais para a concretização do meu sonho.

Hoje iniciava-se uma nova fase na minha vida. Ao mesmo tempo que nascia uma nova Luna Valente.


Notas Finais




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