1. Spirit Fanfics >
  2. Luminescence - Sope (Abo) >
  3. Estilhaços da Verdade

História Luminescence - Sope (Abo) - Estilhaços da Verdade


Escrita por: Hobijinjoon

Notas do Autor


Olá, meus anjos. Como estão? Se atentem a esse capítulo, pois ele possui muitas informações.

Capítulo 16 - Estilhaços da Verdade


“Haviam tantas coisas a serem ditas, que os corroíam por dentro e os envenenavam, porém, nada foi dito.”




⭐️🌟



O simples ato de abrir os olhos soava perturbador para o jovem Jung, este que se encontrava descansando sobre a cama de uma suspeita e barata hospedaria.


A ausência de luz no interior do quarto o tornou ciente de que o dia já se tornara noite, fazendo-o despertar confuso por não ter certeza de quanto tempo esteve adormecido. 


Com a existência solitária do espaço vazio ao seu lado, confirmou as suas suspeitas sobre o alfa ter saído. Sem o corpo dele para protegê-lo, o ar gélido causado pela floresta próxima o atingia diretamente. 


Agarrando o cobertor fino limpo antes usado por Yoongi, puxou para cima daquele que já envolvia o seu corpo despido. 


Automaticamente, seu rosto se tornou quente e a vergonha estampou a sua face. Tateou o próprio corpo e se chocou ainda mais por não encontrar suas roupas debaixo.


Mesmo sem sua intenção, as lembranças do desentendimento com o Min permaneciam latentes em seus pensamentos, causando-lhe uma dor constante. Já o restante das lembranças não passavam de fragmentos de cenas.


Horas antes, após se sentar sobre a grama encharcada, sentiu seu corpo fraquejar e a sua visão ficar turva. Yoongi, embora amedrontado por conta dos trovões, lhe concedeu auxílio e pacientemente, o guiou para a hospedaria.


Ainda que as lembranças não surgissem com clareza suficiente para se lembrar de todos os detalhes, se recordava do braço forte do Min o sustentando em volta da sua cintura, os pedidos de desculpa por lhe despedir de suas vestes encharcadas, soprados com uma voz constrangida e gentil. E claro, da água morna sendo despejada calmamente sobre seus ombros e peitoral, o cheiro de sabonete.


Somente quando escutou a porta se abrir, Hoseok fechou os olhos, fingindo continuar dormindo. Porém, ao se lembrar que o mais velho precisaria do cobertor para se proteger do frio, voltou a abri-los, podendo o assistir colocar alguns recipientes sobre a mesa. 


Quando o alfa se agachou para retirar as botas e colocá-las sobre o tapete da entrada, Jung viu com clareza uma lamparina acesa, uma cesta com frutas, água limpa e as ervas que havia colhido e esquecido na floresta rochosa. 


Visto isso, se perguntou de que maneira Yoongi conseguiu adentrar, se apenas membros do clã poderiam? 


Percebendo os movimentos do alfa se tornarem cada vez mais lentos sob seu olhar atento, colocou o cobertor de seu uso sobre o espaço vago ao seu lado e voltou a se deitar. Em silêncio, o observou fechar a pequena janela, se afastar, sair do quarto e voltar com lenha para a pequena lareira. 


Como se não pudesse suportar olhar em sua face, o alfa se ocupou com acender o fogo, enquanto dizia: 


— Coma um pouco e volte a descansar. — Sua voz soou baixa e se não estivesse prestando atenção, não teria entendido. — Sairemos pela manhã bem cedo. — Completou, pegando a cesta com frutas e colocou sobre o colo do mais novo.


Fazendo o que lhe foi pedido, Hoseok certamente deveria estar ferido pela impessoalidade em que estava sendo tratado pelo alfa, mas no seu íntimo ele sentia-se aliviado. Yoongi não se encontrava pronto para uma conversa franca assim como seu coração não se via disposto para se desculpar mesmo ciente de que proferiu palavras grosseiras. 


No fundo, Jung não estava preparado para ouvir o que já era de sua ciência, feriu o Min, escondeu o que já estava escancarado e no fim, conseguiu despejar sua ira sobre ele, transformando-o em culpado.


Encerrando a sua alimentação apenas para estar disposto no dia seguinte, o ômega bebeu água que foi lhe estendida e por fim, voltou a se deitar completamente sobre a cama, notando que Yoongi não deitou ao seu lado, pelo menos não enquanto permanecia acordado.


⭐️🌟


No acampamento, enquanto Hoseok se mantinha ausente, Taehyung era o único possível para ocupar o seu lugar, velando pelo sono profundo de Namjoon e monitorando o seu estado. 


A oportunidade de conversar sobre o ocorrido na última noite no clã Park não havia surgido entre eles e embora Taehyung estivesse processando as diversas informações, não recusou o pedido do Jung. 


Então, naquela manhã tranquila de sol ameno, pacientemente, ele levou suco e água fresca para os aposentos de Namjoon, deixando-os sobre o móvel ao lado da cama. 


Diferente do dia anterior em que levou a sopa para o jantar, o alfa poupou sua voz, não repetindo as palavras sobre ele não precisar fazer aquilo.


Sua febre havia baixado, mas como Hoseok o avisou, voltava a aumentar durante a madrugada, tornando o início das manhãs bem preocupantes e movimentadas. 


Colocando-se ao lado da cama, após se certificar de lavar bem as suas mãos, Taehyung se aproximou, notando Namjoon virar seu rosto para o outro lado, mantendo silêncio. No entanto, mesmo que ele não pudesse ver sua face por completo, Taehyung sabia que ele não queria que o fizesse. 


Namjoon não queria sua presença em seu quarto, assim como também não desejava estar sobre o mesmo teto que Seokjin. Suas dores não pararam, assim como a febre tornava suas madrugadas infernais, mas ele não reclamava. 


Ele também detestava cenoura, mas comeu todas que foram acrescentadas à sopa da noite anterior. Não importava o que fosse, era sempre o mesmo processo, Namjoon aguardava seu curativo ser trocado, se alimentava e depois voltava a dormir.


Se tratava de quatro perfurações pequenas, mas assim como a inflamação se ampliou sobre a carne, tornando a ferida internamente maior, as consequências também eram dolorosas. 


Analisando a situação em um todo, Taehyung chegou a conclusão de que Namjoon pensou tanto que no final, ele simplesmente cansou-se. Seu semblante estava exausto. E mesmo que ele viesse estar chateado pelo ocorrido, não teria coragem para falar com o alfa, porque sabia que ele já estava se auto castigando. 


— Pronto. — Disse ao terminar de colocar um novo curativo e levantando, aproximou-se da porta dupla, a qual dava acesso à varanda e arrastou as cortinas. — Deixe que entre um ar fresco. Depois que o Hose chegar, vai se medicar adequadamente e melhorar com rapidez. 


— Obrigado. — Ao proferir uma mínima palavra, sua voz sai grossa como se não falasse há dias. — E me desculpe. 


— Bem, agora… — Deixando sua fala morrer no final, Taehyung se sente aliviado quando seus olhos encontram Hoseok diante da porta, os observando. — Hose, você retornou. — Ignorou o pedido de desculpas, pois não estava pronto para aquela conversa.


— Cheguei há alguns minutos. — Anunciou, atravessando a porta dos aposentos, segurando um pequeno pote em mãos. — Eu já preparei o remédio. 


— E o Yoongi? 


— Está aguardando. — Respondeu simplista, se aproximando do amigo. — Vai se alimentar, o Yoongi deve estar na cozinha. Soube que você não esteve na refeição matinal. Depois nós conversamos. 


— Tudo bem. — Concordou, olhando mais uma vez para Namjoon e então, se voltou ao Hoseok. — Eu espero você lá embaixo. — Disse por fim, se retirando do quarto. 


Encontrando com o Min na sala de jantar, imediatamente, percebeu seu semblante cansado e presumiu que havia acontecido algum contratempo durante a curta viagem ao clã Jung. 


A princípio, manteve silêncio, tentando deduzir o que poderia ter acontecido, lembrando-se que o semblante de Hoseok também não estava dos melhores. 


Ainda raciocinando, ele pegou um cacho de uvas e começou a comer uma por uma, satisfeito por elas não terem caroços. Mas para sua surpresa, o Min se levantou e sentou ao seu lado, trazendo consigo uma xícara contendo chá. 


— Obrigado por ter cuidado de Namjoon. — Agradeceu em tom baixo. — Eu imagino como deve tratar-se de uma difícil situação. 


— É mais difícil para ele do que para mim ou para Seokjin. — Confessou, sendo sincero. — Ainda estou me esforçando para processar como eu não percebi que ele estava com o ombro ferido durante todo esse tempo. 


— Não há como nós sabermos de tudo. — Garantiu, esforçando-se para amenizar sua preocupação. — E também não podemos nos responsabilizar pelas escolhas de quem nós nos importamos. Frequentemente, todos nós tomamos decisões e sendo assim, precisamos lidar com a consequência de cada uma delas. 


— Eu sei. — Assentiu em concordância. — Colocar em prática é mais difícil.


— Sim, você tem razão. Dizer é fácil demais. — Inesperadamente, estendeu o braço sobre a mesa e pousou a sua mão sobre a dele, apertando suavemente. — Jimin não está aqui, então se precisar conversar, me chame.. Hoseok também pode ajudar, se preferir.


Ouvindo suas palavras, Taehyung sorriu suavemente, sentindo-se tocado pela atitude de Yoongi.


— Agradeço, de verdade. 


— Não é nada. 


Se despedindo do Kim, Yoongi se ergueu da cadeira e saiu, rumando às escadas. Sem demora, ele estava diante da porta dos aposentos de Namjoon. 


Vendo que ao contrário do que pensava, Hoseok ainda mantinha-se ao lado dele, falando sobre no dia seguinte ele estar melhor, parou, aguardando.


Não se passou muitos instantes para que o Jung sentisse sua presença, compreendendo que também almejava falar com Namjoon. Rapidamente, se despediu, informando que o Min havia chegado. 


Após Hoseok se ausentar, comentando que trocou o curativo novo para poder passar a pasta de ervas medicinais, Yoongi entrou nos aposentos e encostou a porta para que ninguém os perturbasse.


— Hoje as cortinas estão abertas. — Ergueu a sua voz, tomando a atenção dele para si. — Gostei de ver. — Sem demora, se sentou na ponta da cama. — Morreu de saudades? 


— O que aconteceu durante a viagem? — Namjoon foi direto ao ponto, o surpreendendo. — Entre você e Hoseok. 


Yoongi lhe direcionou seu olhar, buscando uma alternativa para dar-lhe como desculpa, mas no final, apenas suspirou, baixando ligeiramente a cabeça. 


— Se fosse apenas entre eu e Hoseok. — Disse por fim, cabisbaixo. — Se fossemos apenas nós, não seria tão complicado. Mas meu tio apareceu, a mãe dele acabou se deparando com Hoseok e por fim, nós discutimos. Finalmente ele conseguiu confessar que é ômega, porém ocorreu da pior maneira possível. 


— Qual foi a sua reação? 


— Eu já sabia sobre isso. — Confessou. — Hoseok sempre agiu como se não fosse, assim como seu cio nunca aconteceu, então eu passei a acreditar que talvez ele estivesse dizendo a verdade. Não existia motivos para ele esconder de mim, certo? 


— Acredito que ele estava com medo das coisas mudarem e por ele tecnicamente não poder ser ômega. — Se esforçou para ajudar o Min. — Converse com ele. 


— Isso é o menor dos nossos problemas agora. — Proferiu as palavras com rispidez, fazendo-o saber que por baixo da sua serenidade, Yoongi estava magoado. — Nós precisamos contatar o que descobri para os nossos superiores. Precisamos alertar sobre o que ocorre aos arredores do clã Jung. Pensei em enviar uma carta, mas como estamos perto do nosso destino final, acredito ser prudente aguardar.


— Envie uma carta. — Namjoon aconselhou, encolhendo os ombros. — Eu não voltarei a viajar com vocês. 


— O que? — Piscou atônico. — Como assim, Namjoon? 


— Dessa maneira é mais seguro. Eu fico aqui e poupo problemas. 


— Namjoon, você não é assim, parceiro. — Se levantou, colocando-se ao lado dele, pousando a mão em seu ombro que não estava machucado. — Preciso da sua presença, da sua ajuda com os demais. 


Balançando a cabeça negativamente, o Kim repetidamente dizia que o melhor era ficar e não partir com os demais, alegando que não teria clima, caso fosse e não desejava incomodar. 


Conhecendo o amigo como ninguém, Yoongi suspeitava que pudessem existir outras razões que o impedia de estar ao seu lado.. 


— Só falta o clã do Taehyung e estaremos em seu lar. — Relembrou. — Você queria tanto ver seus pais. 


— Não, não. — Negou veementemente, como se a ideia fosse absurda. — Não posso vê-los agora, não nesse estado. 


— Mas até lá, você vai ter melhorado.


— Por favor, me entenda. — Implorou, só então, Yoongi percebeu que seus olhos estavam banhados com lágrimas desesperadas. — Eu não tenho face para encarar o meu pai. 


— Dou a minha palavra que estarei com você. — Prometeu, afagando suas costas. — Joon, você consegue.


Se qualquer pessoa fora presenciasse aquela cena, certamente não compreenderia a razão pela qual Yoongi insistia em levar Namjoon consigo, sendo que só faltava as repartições Kim para que se encerrasse a viagem em busca de treinamento. 


O que ninguém fora a organização poderia compreender é que eles, os dois amigos não se tratavam apenas de meros herdeiros dos seus respectivos clãs e para ambos suas hospedagens não eram apenas para treinamentos. Claro, todos estavam cientes das noites em que Yoongi e Namjoon se ausentaram e sobre as infinitas reuniões, das quais apenas ambos participavam. 


Yoongi precisava de Namjoon, pois sua missão não poderia ser feita por um só. 


— Eu não tenho mais honra e nem orgulho. — Suas palavras foram ditas amargamente. — Me despi de tudo por ele para que no fim, não me sobrasse nem a minha dignidade. — Apontou para o curativo em seu ombros. — Isso significa a pior humilhação que um alfa pode levar e você sabe. Essa marca nunca vai sair da minha pele, sempre estará lá me lembrando do quão baixo eu fui por alguém que não apreciava os meus esforços. 


— Seokjin não fez por mal. Não era intenção dele te humilhar. 


— Você não entende. — Voltou a negar, com as lágrimas deslizando sobre seu rosto.. — Antes dessa marca, eu já havia passado por cima de tudo. Yoon, eu permiti que ele me deitasse e estivesse entre minhas pernas. — Confessou dolorosamente ao Min, abaixando o seu rosto com uma vergonha cruel. — Mesmo sabendo que ele é neto daquele homem nojento, eu o amei. Mesmo sabendo que não teria perdão para as minhas ações, eu me doei. 


— Namjoon, eu não estou entendendo. 


— Seokjin é neto do homem que matou o meu avô e, por isso, eu não tenho face para encarar o meu pai. 


Ouvindo isso, Yoongi paralisou-se, compreendendo a profundidade da situação em que Namjoon se encontrava. Voltando em si, suspirou, afagando suas costas, enquanto o Kim chorava silenciosamente.


— Eu vou estar com você. — Prometeu com toda a sua sinceridade.  — Estarei lá por você, haja o que houver. Mas se mesmo assim não quiser, não terá problema. — Garantiu, pois compreendia o quanto o Kim estava ferido.


🌟⭐️


DIAS DEPOIS. 



A chegada dos herdeiros na menor repartição do antigo clã Kim, foi marcada pelas rachaduras no relacionamento e comunhão entre eles. 


Havia um clima quebradiço prestes a se romper em inúmeros cacos tão pequenos quanto a motivação deles. 


Saindo da carruagem que dividiu com Seokjin e Taehyung, Yoongi se aproximou daquela que levou Namjoon e Hoseok, este que estava encarregado dos cuidados com a ferida alheia. 


Imediatamente, se dispôs a auxiliar Namjoon, ajudando-o a descer os degraus, permitindo que ele apoiasse a mão em seu ombro. 


Estava grato pelo parceiro ter decidido seguir viagem ao seu lado, ao mesmo tempo que se sentia triste por ele não ter escolha. Ambos estavam cientes de que possuíam deveres, dos quais não poderiam escapar nem que pudessem.


Guiados pelo Min, as carruagens passaram por eles, os fazendo deduzir que o príncipe desejava conversar em segredo. Todos esperam por isso, mas naquele instante, tudo o que aconteceu foi Yoongi seguir em frente, com passos calmos. 


Aproximando-se do casarão, onde vivia a família de Taehyung, Jiangi surgiu na porta de entrada, trajando vestimentas similares às que usavam para passarem despercebidos. Seu semblante parecia carregar mais seriedade e preocupação do que o costume. Mas eles não puderam prestar tanta atenção, não quando Jimin surgiu, saindo dos fundos.


Curioso, o Park bisbilhotou ambas carruagens e quando não os encontrou no interior delas, olhou ao seu redor à procura dos demais. 


— Ei! Ei! — Bradou alegremente, erguendo o braço para balançar sua mão no ar. — Jungkook, eles chegaram. — Dito isso, ele correu, indo de encontro aos demais.


No entanto, tão rápido quanto surgiu sua animação, ela se dissipou no instante em que foi capaz de analisar o semblante dos demais. Rapidamente ele se lembrou do que aconteceu em seu clã antes de partir.


Desacelerando os seus passos, aguardou até que Jungkook o alcançasse e se colocasse ao seu lado.


— Ei, Jungkook. — Sussurrou para ele, colocando a mão para tampar seus lábios. — Se atente ao Yoongi e Hoseok, acho que eles se desentenderam. 


Totalmente alheio, Jeon franziu o cenho analisando os mais velhos a frente.


— Duvido muito que algo assim tenha acontecido. — Comentou em resposta. — Se isso tivesse ocorrido, Yoongi estaria com cara de velório. Ele só está sério. 


— Por precaução, vamos ser menos felizes. 


— Combinado. 


Ao se colocarem diante dos demais herdeiros, percebendo o clima intenso que os adornavam, decidiram apenas acenar, perguntando vagamente como a viagem ocorreu. 


Tomando a frente, Yoongi ergueu a sua voz e rompeu o silêncio. Sem delongas, ditou as precauções a serem seguidas, uma vez que a cidade onde estavam possuía fronteira com o clã Min, território do rei.


— Usufruam desses dias para descanso e recuperação. — Aconselhou, após ditar os cuidados. — Mas caso queiram treinar, não o façam sozinhos. Estejam sempre acompanhados por um ou mais. Isso vale para qualquer ocasião.


Apenas quantos todos concordaram, voltou a caminhar e se afastou dos demais, aproximando-se do segundo irmão, Jiangi. Eles trocaram breves cumprimentos, antes de se voltarem aos outros, observando-os se dividirem em si, mas ainda assim se manterem próximos. 


— E a viagem, como foi? 


— Tranquila, não enfrentamos complicações ou desvios. Mas acabamos nos atrasando ao pararmos para cuidar adequadamente do ombro de Namjoon. 


— Compreendo. — Respondeu-lhe por fim, dando a entender que sua fala se findaria, mas logo, voltou a erguer a sua voz. — Em algum momento, se me conceder sua atenção, há algo que desejaria discutir com o príncipe. 


— Eu estava certo de que não teríamos reuniões dessa vez. — O relembrou, mesmo sabendo que reuniões poderiam ser impostas a qualquer instante apesar do acordo de apenas descansarem. — Há algo que preciso contar. Encontrei-me com o meu tio. Ao que parece, nossas ações não estão passando despercebidas. 


— Decidiremos o que deve ser feito em nosso próximo destino. 


— Há outro assunto. — O sua voz se intensificou e o tom se abaixou, quase sendo nulo. — Eu sei sobre o passado, Jiangi. — Com poucas palavras, a choque no rosto alheio o fez saber que o mais velho compreendeu sobre o que estava falando. — Ele não é como a mãe dele. 


— Não será preciso perguntar-lhe o que sabes especificamente. 


— Rumores. — Afirmou, não querendo se aprofundar em um assunto que não envolvia. — Tudo o que não me diz respeito são rumores. — Reafirmou, buscando afirmar que não traria detalhes e não iria se intrometer — Diga a ele. 


— Eu direi. 


De onde estavam, os presentes foram capazes de escutar o galope dos cavalos, som que aumentava sucessivamente até que pudessem ser vistos. 


Liderando um pequeno grupo, a líder do clã avançou em direção a eles, seus braços fortes e mãos grandes a mantinha sobre as rédeas do cavalo e seus cabelos alaranjados estavam parcialmente presos em uma trança grossa, pois parte deles estavam soltos e desgrenhados. 


Descendo de seu cavalo, ela secou o suor com a manga de sua blusa e sorriu, curvando-se medianamente diante do príncipe.


— Perdoe-me pelo atraso, alteza. — Sua voz estava claramente ofegante, denunciando seus recentes esforços. — Precisei ir pessoalmente ao centro da cidade colocar alguns forasteiros em seus devidos lugares. 


— Não é preciso se desculpar. — Yoongi garantiu, desconfortável com as formalidades, pois ele a conhecia desde quando não passava de um menino levado.


Percebendo isso, ela riu em tom baixo. 


— Agradeço a gentileza. — Sorriu suavemente olhando ao seu redor. — Você sabe, é a primeira vez que o Tae traz amigos para casa, tenho que garantir a melhor segurança que puder. — Dito isso, ela se aproximou do filho, que se permanecendo entre Jimin e Jungkook, estava ligeiramente envergonhado. 


— Oi, mãe. — Ele inclinou a sua cabeça em respeito e os que estavam ao seu lado, repetiram o gesto. 


— Ande, querido. Apresente seus amigos. — Pediu, incentivando-o atenciosamente. 


Concordando com um breve aceno, Taehyung iniciou a apresentação com o Jimin, pois sua mãe o conhecia, já que sempre falava sobre ele em suas cartas. Jungkook foi o próximo, curvando-se ainda mais e com rosto rosado por estar inesperadamente envergonhado. 


— O Yoongi a senhora conhece. — Não o apresentou como os outros, deixando evidente que o príncipe os conheciam, apesar dele não se tornar amigo dele antes do acampamento. — E este é Jung Hoseok, meu bom amigo, junto de Jimin. 


Neste momento, as sobrancelhas dela se arquearam e sua expressão se tornou tão surpresa que sua boca se abriu ligeiramente. Mas rapidamente, ela se conteve. 


— Obrigado por nos receber. — Jung se curvou, não se afetando com a reação da líder, porque havia se acostumado com atitudes assim. 


— Kim Namjoon e Kim Seokjin. — Taehyung os apresentou, não mantendo um olhar firme sobre eles. — Pessoal, essa é a minha mãe. — Disse por fim, desejando que os cumprimentos se encerrasse o quanto antes. 


— Sejam bem-vindos ao nosso lar. — Sua mãe sorriu educadamente e lhe lançou um olhar firme antes de voltar a olhar os outros Kim’s. — Espero que se sintam à vontade.


Como se a situação não pudesse melhorar, o pai de Taehyung atravessou a porta da frente, com um olhar sério, segurando uma colher de madeira e com uma postura ameaçadora, porém, esses detalhes estravam em contraste com o pequeno e florido avental de cozinha envolto a sua cintura.


Todos pareciam nada mais que surpresos ao ver o alfa daquela maneira, mas havia um que secretamente teve seus olhos iluminados, como quem se reconhecesse. 


— Não me aguardaram para as apresentações? — Proferiu as palavras como um resmungo engraçado. — Pois bem, agora serão obrigados a partilharem dos biscoitos suspeitos, que acabei de tirar do forno. 


— Eu mal posso esperar para comer esses biscoitos suspeitos. — A líder do clã sorriu abertamente, com suas diminutas linhas de expressão ao redor dos olhos se dobrando. — Irei me limpar e logo irei, marido.


Instantaneamente, a feição forçadamente séria do alfa se desfez e um sorriso largo tomou os seus lábios. 


— Isso soa como música aos meus ouvidos. — Piscou descaradamente para a esposa, antes de se voltar para os demais. — Me sigam, crianças. 


Mais engraçado do que o semblante constrangido dos herdeiros, foi o fato inesperado deles adentrarem no casarão como crianças curiosas e serem colocados em fila para lavar as mãos, antes de seguirem para a sala de jantar. 


Sucessivamente, uma nova atmosfera surgia sobre eles, tranquilizando conflitos internos e segurando as rachaduras em seus devidos lugares. 


Sendo chamado por sua mãe, Taehyung se separou dos demais, deixando-os sob os cuidados de seu pai brincalhão e atencioso. A seguiu para o lado externo e ambos se sentaram sobre um tronco de árvore caído sobre a grama. 


— Eu não sabia que os filhos dos Kim’s haviam se tornado tão belos rapazes, filho. — Sua mãe comentou, animando-se. 


— Mãe! 


— O que? Com a sua idade eu já estava-


— Ensaiando para ter Taekhyo, eu sei. — Repetiu as suas palavras, rolando os olhos. — E como está o meu hyung? — Preferiu mudar de assunto. — Não o encontrei desde que retornei. 


— Faz uma semana que recebemos um convite do rei. — Não poupou palavras, mas apenas de presenciar a mudança em sua voz, Taehyung soube que estava preocupada. — Ele e os demais herdeiros foram convocados. O terceiro irmão Jeon, a prima de Jimin e os demais do acampamento anterior. Não compreendi a finalidade, mas não pude recusar.


— A verdade é que o rei sempre se descontrola quando Yoongi não está lá para intervir de alguma forma. — Proferiu as palavras com sinceridade. — Que ele venha se tornar um líder melhor que o pai. 


— Por enquanto, ele está sendo mais útil andando ao nosso lado. — Com a fala de sua mãe, Taehyung franziu as sobrancelhas, encarando-a em busca de sinais que trouxessem compreensão. — Mesmo que suas atitudes possam ser grosseiras ou indelicadas em meio a raiva, nunca se esqueça de Yoongi é um bom homem. — Sorriu suavemente, pegando a destra do filho e beijou com carinho. — Fique atento e aprenda com ele. 


— Yoongi é diferente de todos nós, mãe. — Confessou com palavras simplistas o que guardava em segredo. — Em determinados momentos, há chamas ardentes e assustadoras refletindo em seus olhos escuros e nesses momentos, é quase como se vivesse contendo o caos dentro de si. É nítido o quanto ele odeia o pai dele, mas às vezes é como se ele também odiasse todo o resto. 


— Mas ele é bom, tenha isso em mente. — Lhe aconselhou, não contradizendo ou desmentindo as palavras do filho. — A vida que flui nele é pura e a vida que o gerou é boa e resiliente. 


— Estás dizendo isso como disse antes. — Estreitou os olhos, desconfiado. — Quer que eu faça vista grossa caso haja uma má atitude? Eu não sou como Taekhyo, paciente. Ou estás dizendo isso por que Yoongi é filho de sua falecida amiga? 


— Nem um, nem outro. É apenas a verdade, filho. 


Para Taehyung, era deveras engraçado lembrar do passado, quando Yoongi era uma criança como ele. Diferente de agora, o príncipe era mais reservado e frequentemente se metia em encrencas ainda que tivesse seis anos. No entanto, seu irmão mais velho sempre cuidava do Min a pedido da mãe, antes que fosse para o acampamento. 


E pensar sobre quando seu irmão foi levado se tratava de algo ainda mais impensável, pois Namjoon e Seokjin estiveram com ele, uma vez que seus líderes de clã os alistaram quando ainda não possuíam idade para esta tarefa. Poucos anos depois, no acampamento seguinte, Taehyung substituiu o irmão, sendo levado em seu lugar após o seu casamento. 


A história completa soa tão surreal, que aos oito anos de idade, Seokjin foi oferecido como noivo para Taekhyo, pois os membros de seu clã juravam aos céus que ele seria ômega. Isso soava como um crime, mas infelizmente, as alianças de uniões surgiam até mesmo antes de os filhos nascerem. 


Os traumas que essas questões lhe trouxeram, pareciam incuráveis. 


— O que foi, querido? — Gentilmente, ela pegou a sua mão, levando-a para o seu colo. — Estás entristecido? 


— Não. — Negou rapidamente, despertando dos seus pensamentos. — Um pouco, para ser sincero. — Voltou atrás de sua palavra. — Mas estou bem. A senhora deve saber, eu estou bem. 


Com um sorriso carinhoso, ela pousou a mão sobre a sua nuca, e gentilmente, o trouxe para descansar a cabeça em seu colo. 


— O amor te decepcionou, meu filho? — Com carinho, as pontas dos seus dedos passaram a acariciar os fios de cabelo dele. — Ele tem sido cruel com você? 


Ao ouvir suas palavras, seus olhos lacrimejaram, enquanto sua cabeça negava veementemente, mesmo que soubesse ser inútil mentir para sua mãe. 


— O Namjoon… ele tem razão. — Com grande dificuldade, confessou. — Eu deveria ter o ajudado convencer Seokjin a permanecer conosco. Mas eu era tão covarde, minha mãe. Sempre me escondi, agindo como se nunca tivesse sentido amor por eles. — Algumas lágrimas incontidas deslizaram sobre a sua face. — Mas eu os amava, mãe. No entanto, eu assisti os dois se destruírem e não tive coragem de me mover. 


— Querido, você não pode se responsabilizar pelo que fizeram um no outro. — Lhe disse, com sua voz suave. — Ambos também fizeram escolhas. 


— Namjoon nunca se cansou. — Alegou, lembrando-se das inúmeras vezes que o assistiu entrar em conflito com Seokjin e quando todos se afastaram por suas atitudes errôneas, Namjoon ainda acredita nele. Mesmo quando estavam se desentendendo, ele lutava pelo outro alfa. — Toda vez que eu o via sendo machucado, dizia para ele desistir, ignorar. Mas agora… — Fungou e voltou a dizer com a voz embargada. — Sinto que está tudo quebrado, pois ele está tão machucado, que nem se reconhece.


— Então, o ajude a se lembrar de quem ele é, filho. — O aconselhou. — O auxilie, não fazendo tudo, mas o guiando, lhe dando apoio. Acima de tudo, o faça saber dos seus sentimentos. Seja sincero quanto ao que sente em relação ao Seokjin. E assim, ele também se abrirá. 


— A senhora acha que poderei consertar as coisas? 


— Eu acredito que você fará o seu melhor e através disso, a relação de vocês dois, antes da relação dos três, progredirá. — Sorriu com carinho, nunca deixando de acariciar seus cabelos. — Aliás, vocês sempre foram tão bons amigos antes do amor e paixão. 


— Tens razão. — Concluiu, percebendo que a conversa havia acalmado o seu coração. 


Aproveitando-se do momento raro com a mãe, se manteve deitado e fechou os olhos, descansando. Ela se sentia grato por sua mãe ser compreensiva.



🌟⭐️


Conforme o passar dos primeiros dias, a situação não havia evoluído, como Jimin ansiava. Distantes uns dos outros, só era possível contemplar todos reunidos durante as refeições. 


Por alguma razão que não fluía em seus pensamentos, a presença de Yoongi se tornou visivelmente constante, embora ele aparentava estar mais retraído do que costumava ser. 


Como havia deduzido anteriormente com Jungkook, se tornou perceptível a falta de contato entre ele e Hoseok. Enquanto Min se mantinha perto, observando ele e os demais, Jung parecia fugir de sua presença. Era algo inédito de se acontecer.


Percebendo estas coisas, Jimin insistiu para que Hoseok concordasse  em ir ao centro comercial, vender seus produtos, acreditando que se tratava de uma ótima oportunidade para ambos se juntarem com Taehyung e assim, se afastarem dos demais herdeiros e se distraírem.


Obtendo uma resposta desanimadora, insistiu frequentemente até que Jug concordou.


No dia seguinte ao de produção, o trio se reuniu, segurando suas respectivas cestas e partiram, rumo a uma feirinha no centro. 


— Vocês não vão acreditar no que eu escutei ontem. — Jimin contou, olhando para trás, temendo alguém escutar, mesmo se já não estivesse distante do casarão. — De madrugada eu estava saindo do quarto e acabei escutando Yoongi e Namjoon conversando secretamente.


— Isso é era pra ser uma novidade? Taehyung arqueou a sobrancelha, enquanto Hoseok permaneceu em silêncio.


— Óbvio que não. — Mostrou a língua parecendo uma criança  birrenta.— Acho que eles são ladrões.


— Como assim, Jimin?! — Os olhos de Hoseok se arregalaram.— De onde você tirou isso?


— Já lhe disse, eu ouvi. — Park deu de ombros. — Ouvir sobre uma carga extraviada.


— Extraviada não quer dizer roubado. — O Taehyung disse e Hoseok concordou, ainda alarmado com o que escutou.


Por sua vez, Taehyung calou-se, analisando a situação como um todo, pois era incomum haver reuniões em todo clã, das quais somente Yoongi, Namjoon e Jiangi participavam com os líderes. Contudo, não era prudente levantar outras suspeitas, levando em conta que extravio poderia ser usado para diversas situações. 


— Não se preocupe, Hose. — Lhe ofereceu um sorriso reconfortante. — Mesmo que Yoongi fosse imprudente ao ponto de fazê-lo, sabemos que Namjoon não permitiria algo desse feitio.


— Você está certo. 


Ouvindo suas palavras, virou-se de costas para o Jung, ficando de frente para Jimin, arregalando os olhos e movendo seus lábios silenciosamente para que Park compreendesse que não deveria dizer coisas daquela forma, pois já havia conturbado os pensamentos de Hoseok.


Apesar de não compreender o que Taehyung desejava lhe dizer, Jimin entendeu a sua expressão exagerada e assentiu, mostrando a língua novamente.


— É, não sei o que me deu para dizer essas coisas.

Park disse, tentando contornar a situação. — Além do mais, Yoongi  é o herdeiro da coroa, ele não precisa roubar. O pai dele já faz isso tudo.


— Jimin! — O Kim o repreendeu arregalando os seus olhos, a beira do desespero.


— Perdão, perdão. É brincadeira. —  Disse falsamente, segurando o riso.


Os três colegas se entreolharam e juntos, romperam em risadas pela graça de Jimin. Com sorriso em seus lábios, eles percorreram o restante do caminho para o centro comercial.


Trajando belas roupas e segurando as cestas decoradas com fita de cabelo do Hoseok, o trio começou a anunciar seus produtos. Como já haviam se acostumado com as vendas e o fato do povo conhecerem o rosto de Taehyung, facilmente venderam tudo o que levaram.


Ainda era cedo quando terminaram de vender as últimas barrinhas de sabonete, eles estavam transbordando alegria e satisfação de terem tido uma boa recompensa por seu esforço. Por isso o Kim os convidou para passear entre as lojas e barracas do centro comercial, mostrando seus lugares favoritos e indicando produtos bons e econômicos.


Talvez se não tivessem conhecido Hoseok, nunca teriam pensado em economia e nem de poupar gastos absurdos.


E percebendo quanto Jung permanecia silencioso durante os trajetos, apenas respondendo uma pergunta ou outra, Jimin se aproximou dele e perguntou:


— Não estás falando com o Yoon?


— Eu estou. — Direcionou a sua atenção para ele, antes de voltar a olhar para as barracas. — E também não estou, sendo sincero. 


A sua chateação se tornava cada vez mais visível sobre a superfície da sua face e seu humor se alterava com tamanha rapidez.


Secretamente, Hoseok se sentia um tolo por ter escondido sua real natureza de Yoongi, ao mesmo tempo que sentia a raiva crescer em seu peito. Ele se encontrava então estressado que sentia agitação de seu lobo inferior.


Não era como se ele sentisse raiva de Yoongi, mas também não conseguia direcionar o olhar, envergonhado.



— Percebi que ele tem te olhado de longe, como se aguardasse. — Jimin comentou. — Agora está tendo uma folga dos treinos, ele tem estado mais presente.


Sentindo um nó na garganta ao ouvir as palavras do Park, engolir a saliva, como se o ajudasse a dissipar a dor.


Naqueles primeiros dias no clã Kim, a presença de Yoongi não passou despercebida, Hoseok permanecia completamente atento a suas ações. O alfa se encontrava presente em todas as refeições, quando não estava auxiliando nos treinos de Namjoon, permanecia na varanda, próximo de Seokjin, observando pacientemente os demais.


— Namjoon também. — Disse Jimin, virando-se para o amigo. — Ele não me parece bem depois do ocorrido.


— Ninguém está propriamente bem. — Taehyung saiu do silêncio, fazendo com que ele o encarasse.


Com o surgimento de um pensamento ligeiramente egoísta, Jimin pensou que estava bem, pois  durante a viagem havia se aproximado de Jungkook, mesmo que não tivessem coragem de tocar no assunto referente a conversa que tiveram em seu clã. Suas mães também estavam mais próximas e até mesmo se desculparam pela ausência e insensibilidade.


Mas ouvindo atentamente os amigos, sentiu-se profundamente triste, abaixando a sua cabeça para encarar os próprios pés.


— Sim, mas nós iremos ficar bem. — Disse se esforçando para ser otimista. — Eu sei que vamos.


E assim, segurou a mão de cada um, e sorrindo, os puxou em direção a um estabelecimento para tomar chá e sucos.



⭐️🌟


Para os alfas que permaneceram sentados na área externa do casarão, o clima se encontrava massante ao ponto de trazer-lhes grande desconforto e desânimo. 


Como se fosse incapaz de mover-se, Yoongi permanecia sentado à frente de Seokjin, ocupando o lugar do outro lado da mesa. O mais velho, por sua vez, mantinha o livro erguido e seu olhar atento sobre ele. 


Inquieto, o Min balançava sua perna direita, permitindo que suspiros indesejáveis escapassem de seus lábios ressecados por conta do forte calor que enfrentaram no decorrer da viagem e desejava com veemência que o tempo viesse a passar com rapidez. 


— Por que não vais supervisionar o treinamento de Namjoon? — A voz de Seokjin o fez erguer a cabeça que descansava sobre a mesa para olhá-lo com descrença. Se tratava da primeira vez em dias que ele se referia ao outro. 


— Simplesmente porque ele não me quer lá. — Voltou a suspirar, quase se afundando na cadeira. — Ele me disse que quer ficar sozinho. 


— E não é perigoso? Você mesmo nos alertou. — Sua voz permanecia no mesmo tom para qualquer estranho que escutasse, mas para Yoongi que o conhecia há anos, era perceptível qualquer mínima alteração. Ele estava preocupado. — Não só estar sozinho como também com o ombro.


Sentindo uma sensação triste se intensificar em seu peito, sorriu ao olhar para o amigo, embora não pudesse enxergar a sua face. Em seu íntimo, a dor parecia se alastrar com maior facilidade com o passar dos dias. 


Yoongi se sentia perdido, sem uma verdadeira sina, e agora que Hoseok estava disfarçadamente o evitando, sentia que poderia se agarrar apenas nas coordenadas e ordens dadas por seu superior, o qual sequer conhecia. 


Havia tanto a se preocupar, mas permanecia com seus pensamentos no Jung. Ele se via um egoísta, certamente era. Namjoon precisou da sua ajuda, Seokjin ainda mais, e mesmo assim, tudo o que vinha em seus pensamentos era o medo assustador de sua relação com Hoseok retroceder. 


Em meio a sua mais pura e sincera verdade, ele queria se desculpar com Seokjin por simplesmente não erguer a mão todas as vezes que ele precisou. No entanto, não poderia tornar a situação sobre ele e suas desculpas, havia algo maior, mais desolador e doloroso. 


— Deveria falar com ele. — Foi sincero, mantendo seu olhar atento sobre o Kim. — Esqueça das minhas palavras de antes, pensar nestas de agora. Converse com ele e com Taehyung. 


— Yoongi, Namjoon deve estar me odiando neste momento. — Abaixou o livro para se atentar ao Min. — Como eu poderia falar com ele? 


— Sabes bem que Namjoon não odeia ninguém. — Rebateu, arqueando a sua sobrancelha. — Eu só acredito que mesmo se você não escolher estar com eles, os três deveriam conversar com franqueza e empatia. Para o bem comum do reino, das repartições dos clãs e melhor, para o bem de vocês. — O aconselhou com paciência. — Caso seja realmente o ponto final, não seria melhor partir sem carregar questões inacabadas? Seria bom se fizessem isso.


— De que maneira partir poderia ser bom? — Um sussurro receoso atingiu os ouvidos de Yoongi, o surpreendendo. 


Mas antes que pudesse ter certeza que Seokjin o segredou aquelas palavras, ele estava virando o seu rosto em direção ao Jungkook, que estava se aproximando com uma cesta de maçãs. No entanto, era perceptível o quanto ele estava lutando com as próprias emoções, como se fosse um pecado trazê-las à tona, como se ele estivesse transgredindo. 


Seus dedos longos apertavam o livro em mãos, fazendo com que as pontas se embranquecessem. 


— Jungkook, venha cá. 


— Já estou indo. — Lhe respondeu emburrado. — Desta vez vai permitir que eu vá ao centro da cidade? Os demais estão lá, isso é tão injusto. 


— Pare de reclamar. — Seokjin chamou sua atenção e sua carranca se aprofundou, enquanto pisava fundo em direção aos mais velhos. — Por que não leve água fresca e maçãs para o Namjoon? 


— Mas o hyung não quer a presença de ninguém lá. 


— Se você disser que colheu as maçãs especialmente para ele, não irá te rejeitar. — O encorajou. — Aliás, você é o nosso caçula, não é? 


Com os olhos brilhando e um sorriso largo, Jungkook assentiu em concordância, feliz por ouvir aquelas palavras ditas carinhosamente. Se tratava de um acontecimento raro vindo do mais velho. 


Vendo que ele partiu, Yoongi soprou as palavras na direção do Kim. 


— Tudo bem em sentir, Jin. — Mas o outro apenas voltou a ler o seu livro. 


No fundo, Yoongi compreendia o quanto era complicado para Seokjin. 


Horas mais tarde, naquele mesmo dia exaustivo, o Kim mais velho participou da refeição noturna mesmo não sentindo vontade de ingerir alimentos. 


As primeiras horas da noite o atordoaram, roubando o seu sono e dissipando a sua tranquilidade. Em momentos como aquele, poderia jurar que a dor em seu peito se tornava física ao ponto de conseguir ser apalpada. Entretanto, mesmo que penetrasse suas próprias garras em sua pele, não seria capaz de arrancar. 


No seu mais profundo íntimo e distorção de si mesmo, se via incapaz de visualizar sua própria imagem no espelho. 


Fugindo de seus demônios, ele se dirigiu aos aposentos de Hoseok, este que por sorte, permanecia acordado. Surpreendentemente, o Jung estava costurando. 


— Não acredito que estás trabalhando nesse horário. — Disse descrente. — Perdeu o sono?


— Sim, eu o perdi. — Respondeu, colocando a linha na agulha pacientemente. — Jimin se afeiçoa muito por essa camisa, então disse que poderia fazer reparos. 


Ouvindo isso, Seokjin o olhou intrigado. 


— Você não se sente inferior quando faz favores para nós? Pois assim, você faz muitos. Já me deparei com você servindo, cuidando, ouvindo todos os demais. 


— Não me sinto inferior. — Seus ombros se encolheram sutilmente. — Minha mãe costumava dizer que há maior honra em servir do que ser servido. 


Compreendendo suas palavras, Seokjin se aproximou, sentou-se ao lado de Hoseok e com gestos educados, pegou uma das inúmeras peças de roupas que precisavam de pequenos ajustes e reconheceu ser Jungkook. Pegou os utensílios precisos para a costura e calmamente, ajustou a peça sobre seu colo. 


Sobre o olhar de Hoseok, passou a costurar um pequeno rasgo e agradeceu pelo outro não lhe fazer perguntas. Não importava quão inesperado poderia soar suas atitudes, Jung nunca o enxergava com estranheza. 


Embora não fosse capaz de contar a verdade sobre seu passado, ele ressoou em sua mente, o assombrando através de lembranças. 


— Eu sei costurar, bordar e até mesmo usar tintura de rosto. — Contou como se esses pequenos atributos não tivessem espinhos venenosos fincados em seu interior. — Sei cozinhar e cuidar de plantas. 


— Oh, então foi com você que Namjoon aprendeu a cuidar de plantas? Ele me disse algo a respeito… mas não me recordo muito bem. — Sorriu para o mais velho, como se não houvesse qualquer problema com seus dotes. — Você poderia usar tinta em mim, eu só sei pentear cabelos e enfeitar com fita. — Disse animadamente, com os olhos brilhantes vidrados no Kim. — E você gosta de usar tintura? Bem aqui, no rosto. — Apontou para a sua face.


Sentindo-se iluminado pelo Hoseok, Seokjin conseguiu assentir, concordando. 


— Sim, eu gosto. — Admitiu com franqueza, antes de voltar a costurar. 


Secretamente, ele o agradeceu, assim como também se viu grato ao destino por existir alguém que apenas por existir, iluminava o mundo com a sua humilde e pequena luz, que se ampliava e se tornava maior com o passar dos dias.



🌟⭐️



No decorrer dos anos, o vento passou a ser algo reconfortante, que o adornava como uma camada protetora, em outros momentos, como uma brisa clareadora, afastando pensamentos confusos. Mas naquela madrugada, não. 


O céu estava no ponto que mais o se achava belo, com um passo para ser modificado por uma mínima claridade transmitida pelo sol. Se tratava do azul mais lindo de todos, o qual nunca viu ser representado em outros lugares. 


E o aroma exalado através das árvores próximas que sempre invadia os aposentos, levando um frescor aliviador, se tornara sufocante. 


Naquela madrugada, os pequenos detalhes que tornavam seu início de dia harmonioso, se transformou em ruína antes que pudesse levantar-se da cama. 


Despertando assustado, Hoseok sentia-se preso ao seu recém pesadelo, seu corpo quente e suado, se arrepiava com as rajadas de vento e não conseguindo enxergar nada além do vasto céu azul escuro, estremeceu. 


Como se a mão daquele que apertou seu pescoço através do sonho ainda o sufocasse, apalpou sua pele, piscando algumas vezes. Sentindo como se houvesse uma presença em seu quarto, ergueu-se da cama e com pés descalços, fugiu. 


Somente parou quando adentrou na sala, onde havia grande quantidade de luz. Ainda suando e sentindo imensa sede, não conseguiu se mover por conta do apavoro. 


Por mais que estivesse ciente de que não passara de um pesadelo, não conseguiu sair daquele cômodo e esperando pelo amanhecer, se sentou sobre o sofá, perto de uma lamparina. A sua intenção não era dormir, mas como se tivesse tomado um sonífero, caiu no sono novamente. 


Não soube quanto tempo se passou ali, preso em um sono que o prendia dentro de um sonho assustador e mesmo em meio ao desespero e vontade de despertar, não conseguia. 


Em um momento propício, sentiu uma brisa morna próximo ao seu corpo e em seguida, braços acolhedores envolveram seus ombros, puxando-o gentilmente para si. Houve força aplicada para o erguer e então, batimentos cardíacos. 


Seu próprio coração saltou do peito, reconhecendo quem lhe carregava, pois reconhecia até mesmo a forma como os batimentos de Yoongi soavam. Eram sempre tão acelerados como se estivesse ansioso. Às vezes, soava como se existissem dois. 


Despertando completamente, sentiu a cama abaixo do seu corpo e o Min ainda o mantinha preso consigo. Sentindo o seu aroma o inundar, juntamente com o calor corporal, percebeu seu próprio rosto umedecido por lágrimas que sequer sentiu que começou a deslizar sobre a sua face. Ele estava tão aliviado em meio a imensidão do medo. 


— Ei, está tudo bem. — A voz de Yoongi fez com que um soluço escapasse de sua garganta. — Foi só um pesadelo. 


Negando freneticamente, Hoseok pressionou seu rosto contra o peito do alfa e com seus dedos finos, agarrou o pano de sua camisa, o mantendo o mais próximo que conseguia. Havia medo e desespero jorrando de dentro do seu ser, transbordando em forma de lágrimas. 


Em seus pensamentos, existiam tanto a se falar para o Min, tanto a desabafar, no entanto, sempre que seus lábios se abriam, somente soluços eram abafados pelo peitoral do alfa. 


Mesmo em meio a grande culpa, um alívio por Yoongi estar ali o invadia, o fazendo agarrar-se ainda mais a ele. 


— Eu sinto muito. —  Chorou culpado, arrependendo-se por ter escondido a verdade. — Eu estou com medo. Yoon, eu tenho muito medo. Não quero me machuquem. 


— Ninguém vai te machucar, eu prometo. — Sentiu seu corpo ser apertado ainda mais pelo alfa. — Eu vou estar com você. Estarei ao seu lado. 


Hoseok mordeu o lábio inferior, reprimindo a sua vontade de negar, pois ele compreendia que não dependia apenas de Yoongi, e isso que lhe causava desespero. 


Confiou tanto no pensamento ilusório de que se estivesse ao lado do Min quando este se tornasse rei, que esqueceu-se de outros herdeiros, como o tio e primos. Seu pai poderia escolher qualquer um dentre eles, caso julgasse que o Yoongi não estivesse preparado para herdar a coroa. 


O trono também se tratava de algo que ele repudiava com todas as suas forças, Hoseok cansou de escutar suas palavras que condenava o clã e seu pai. 


Engolindo o seu choro, ele inalou um pouco mais do aroma do alfa e se afastou, agradecendo em tom baixo. Garantindo que estava melhor e que seria melhor se banhasse, pediu para que Yoongi fosse participar da refeição para que ninguém viesse se preocupar. 


Mesmo que receoso, o Min fez o que pediu, alegando que depois voltaria para ter certeza que estava melhor. 


Hoseok só não esperava receber a visita inesperada de Jiangi, o qual gentilmente bateu em sua porta e adentrou em seu quarto, com a face serena e olhar preocupado. 


Naquele momento, suas sobrancelhas se franziram e como anteriormente, não soube dizer por qual razão estar próximo a ele o trazia a sensação de conforto.


Sentando-se sobre o pequeno banco que havia no canto do quarto, Jiangi pousou o olhar em si. 


—  Como você está? — Perguntou brandamente. — Yoongi está bastante preocupado com você. Na sala, ele tentou acordar você de todas as formas possíveis. O que está acontecendo, Hose? 


— Acredito que nada. — Encolheu os ombros, receoso. — Só penso que não deveria voltar para o meu clã de origem. E agora que me surgiram chances de Yoongi não se tornar rei, terei que traçar planos para quando for convocado. — Disse tais palavras firmemente, sem alteração, mas sobre a sua face, uma lágrima solitária deslizou-se, umedecendo. 


— Quem lhe disse que Yoongi não se tornará rei? 


— É uma suposição. Algo que pode realmente acontecer e… 


— Hose, qual o problema? — Perguntou novamente, com a voz amena. — Seja sincero. 


Balançando a cabeça negativamente, Hoseok se calou, sentindo seus sentimentos o inundarem. Só então, Jiangi percebeu que se tratava de inúmeras questões que estavam fora de seu alcance para controlar. Questões que o atormentavam de tanta maneira, que se transformaram em um pesadelo agonizante.


Havia uma solidão secreta de quem guardava tantos segredos, que se via sozinho para carregá-los. Por toda parte, a culpa estava presente, o acusando de ser egoísta por almejar que Yoongi se tornasse rei, mesmo que ele fosse detestado pelos membros de seu próprio clã. Culpa também por ter escondido a sua real natureza e principalmente, culpa por sentir raiva. 


O assombrando, o medo o adornava, o fazendo acreditar que a qualquer momento, por um pequeno erro, seu clã estaria em grande perigo. Medo de não estar ao lado do Min, medo de não atender às expectativas da mãe. 


— A sua mãe, Yuna era uma boa pessoa. — Iniciou a sua fala, não tendo certeza se era o certo a se falar. — Tenho certeza de que tudo o que ela mais desejava no mundo, era que você pensasse em si mesmo.


— Mas como eu poderia? 


— Começando a acreditar que o seu querer também importa. — Respondeu com simplicidade. — Sua vontade também deve ser levada em conta, pois quem pagará o preço por suas escolhas, será primeiramente você. 


— Você diz isso, porque é fácil. — O acusou. — É fácil quando se vem de um clã renomado. 


— Em minha época, também não era fácil, Hose. — Foi sincero. — Como você, eu renunciei coisas importantes e que até hoje sofro com as consequências. No passado, o clã Jung também não foi compassivo para com sua mãe. 


— Meu tio que foi levado para o palácio, não? — Suas sobrancelhas se franziram. — Meu tio era beta. Minha mãe Yuna teve uma boa vida ao lado da minha mãe alfa. 


Com gestos suaves, Jiangi negou, abaixando o seu olhar para o chão, tomou um pouco de ar e antes de voltar a encarar Hoseok. 


— Antigamente, os primos, irmãos e filhos eram levados para os acampamentos distribuídos no território do reino. No início, eles se misturavam, mas após uma reforma, passaram a nos dividir de acordo com a nossa colocação na linhagem. — De repente, ele iniciou uma explicação. — Meu irmão mais velho, o pai de Yoongi, seu tio e outros que eram o primeiro na linha de sucessão, foram levados para o maior e nós, os segundos, fomos levados para um no território do clã do Jimin. Neste, eu, sua mãe, a líder do clã Park, da primeira repartição dos Kim’s e o irmão do rei, treinávamos juntos. 


Enriquecendo de detalhes, Jiangi explicou como funcionava a distribuição dos herdeiros nos acampamentos, que foram levados de suas famílias ainda novos e que treinavam arduamente. 


Assim como a senhora Park, ele contou sobre sua mãe, dizendo o quanto ela era generosa com as pessoas ao seu redor, porém, algo chamou atenção na sua descrição dela, pois parecia que eles possuíam intimidade o suficiente para que ele a conhecesse por completo, o que era incomum entre uma ômega e alfa. 


— Seus avós maternos eram gentis, sua mãe fazia questão de frisar o quanto eles sofriam por estarem longe de casa. — Um sorriso triste se formou em seus lábios. — Antes de a levarem, seus pais viajam por todo o país, mostrando-lhe os clãs e suas culturas. Ainda não sabiam qual a natureza dela e do irmão gêmeo, cinco minutos mais velho. Então, todas as aulas que ele frequentava, Yuna também participava e isso os uniu. — Continuou a sua história. — Com o passar do primeiro ano, nós nos aproximamos inocentemente, almejando uma relação amigável. Mas então… saiu fora do nosso controle. 


— Estás me dizendo que minha mãe e você…? — Em choque, Hoseok não conseguiu se mover, não acreditando no que estava escutando.


— Quanto mais tempo passávamos juntos, mais íntimos ficávamos um com o outro. Eu estava verdadeiramente apaixonado pela mulher que ela estava se tornando. — Proferiu as palavras com toda a sua sinceridade, como se estivesse rasgando o seu peito ao confessar. — Ainda éramos jovens e imaturos demais para prever o que estava prestes a acontecer. No aniversário de um ano de Min Yoongi, uma guerra estourou. 


Não se aprofundando completamente nesse aspecto, Jiangi explicou que após clãs se opuseram a dinastia do clã Min, uma guerra generalizada ocorreu e para o início de toda desgraça que viria acontecer, seu pai, já líder do clã Jeon, estava a favor do rei e contra os Jung’s e aliados. 


Dias antes, com o feriado nacional, os herdeiros foram dispensados, sendo permitido passar alguns dias com suas famílias. Quando ele tomou ciência do grande ataque que o clã Jung receberia, ele saiu na calada da noite e se encontrou com Yuna, alertando sobre o que aconteceria. Sua maior vontade era ficar ao seu lado, no entanto, ela pediu para que partisse e não se tornasse um renegado. 


Dias depois, as notícias da grande devastação e as mortes dos líderes do clã, Jiangi não pode partir, pois o clã Park havia fechado a fronteira, impedindo a entrada e saída. O que não era de se julgar, pois estavam de lados opostos.


Naquela guerra, ele não saiu a campo, apenas defendeu território, mas suas mãos, também estavam sujas de sangue. 


Quando a guerra passou e conseguiram passagem por outro caminho, notícias trágicas não paravam de surgir, espalhando terror por todos os cantos da cidade. 


— Uma delas, sua mãe havia se casado. — Disse soando ainda mais triste. — Eu fiquei tão desolado, tentando ignorar o fato de nós estarmos ligados para todo o sempre. 


Abrindo os primeiros botões de sua camisa, ele mostrou o ombro direito e para a surpresa de Hoseok, haviam marcas como as de Namjoon. 


— Fomos imprudentes o bastante para marcarmos um ao outro. — Confessou, arrependido. — Ignorante, eu sai em uma jornada longa fora do país, tentando achar algo ou alguém que pudesse remover essa marca. Não queria que ela viesse a perecer por não podermos estar juntos. Mas foi inútil. Quanto mais longe eu ia, quanto mais tempo se passava, minhas forças iam se esgotando. Eu estava morrendo, mas no fundo, aliviado por ela finalmente ser livre. 


Naquele momento, Hoseok se encontrava abertamente chorando, questionando o casamento das suas mães e até mesmo se Yuna fora infeliz todos os dias de sua vida com a esposa.


— Um casamento forçado… 


— Pronto para morrer em meu clã, retornei, confiando que realmente iria partir. — Apesar do choque sobre a face gentil de Hoseok, continuou sua fala, sentindo as lágrimas em seus olhos. — Mas devido a minha saúde debilitada, fiz uma parada em um vilarejo para descansar. Em meio a madrugada, deitado em frente à lareira por sentir calafrios, alguém bateu em minha porta. Não pude acreditar que era ela, com a barriga ainda em evidência e o cansaço de quem havia dado à luz ao filho naquela mesma semana. — Secou as lágrimas. — Ela disse que estava bem e que as curandeiras da floresta cuidavam para que não padecesse por conta da marca. 


Jiangi recordou da cena, lembrando-se das poucas palavras trocadas. Ele lhe disse: Ela lhe trata bem?


E então ela o respondeu em lágrimas: Sim, mas eu amo você.


Nem mesmo se morresse, poderia esquecer daquela noite, quando mesmo debilitada por conta do parto difícil, Yuna se ajoelhou, sorrindo em meio às lágrimas e pousou as mãos sobre onde localizava seu coração. Jiangi caiu no sono profundo, porém, ao despertar no dia seguinte, soube que ela restaurou sua força, lhe dando parte da sua própria vida.


 

— Sabe o que vocês ômegas nascidos com o sangue jung, podem fazer? — Hoseok assentiu — Ela me passou parte de sua força vital e é por isso que hoje eu possuo poder elementar. 


Por sua vez, Hoseok se encontrava submerso em seus pensamentos, esforçando-se para assimilar e encaixar os detalhes da extensa história que o Jeon acabara de lhe contar. 


E então, concluiu que apesar de ter estudado sobre a causa da guerra e seu verdadeiro motivo ser uma caçada ao seu clã, Hoseok teve certeza de que existia muito mais daquilo que não sabia. 









Notas Finais


O que acharam?
#Luminessencia no Twitter. Beijos e até a próxima. 💜🌻


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...