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História Luminescence - Sope (Abo) - Efêmero Final


Escrita por: Hobijinjoon

Notas do Autor


Esse capítulo está menor comparado aos outros, mas se trata de um capítulo de transição para a segunda fase da história.

Capítulo 7 - Efêmero Final


Como acontece em um ciclo vicioso, o fim é marcado pelo início, assim como o novo começo foi marcado  pelo final que o antecedeu. 


Não se passava das cinco da manhã, quando Namjoon abriu os seus olhos, incapacitado de continuar dormindo por um longo período. O aroma deixado por Hoseok se encontrava por toda parte do dormitório dos alfas e uma vez que Taehyung não se encontrava, não poderia permanecer em seus aposentos. 


Sentando-se sobre a cama e através da janela, notou o céu escuro como sempre ficava quando seria um dia chuvoso. E sentindo a umidade do ar, concluiu cedo ou mais tarde, as nuvens se desmanchariam em gotas.


Desde muito novo, Namjoon possuía uma certa afeição por dias chuvosos. O cheiro da grama e terra molhada o traziam uma espécie de fascínio genuíno. Lembrava-se das vezes em que corria descalço em seu antigo quintal descoberto. A água o limpava e trazia uma sensação de leveza. 


Sentindo o calor erradiar do seu corpo, levou a mão para a nuca, podendo sentir a pele quente e gotículas de suor sobre a mesma. Seu corpo estava reagindo ao aroma do Hoseok sem que realmente quisesse. E de fato, Namjoon odiava quando se comportava como um animal irracional. 


Ao decidir que não permaneceria em seus aposentos, se levantou, deixando que a coberta deixasse seu quadril completamente despido e jurando que escutou barulho de passos sobre a grama, olhou através da janela, mas não conseguiu enxergar corretamente por conta da escuridão. 


Do lado de fora, após envolver o seu corpo despido com o sobretudo, trilhou o caminho tão conhecido pelos seus pés. O céu se mantinha escuro e a luz ainda não parecia uma ameaça. 


Antes que estivesse diante do lago, escutou o som que só poderia indicar a movimentação de alguém dentro do mesmo, banhando-se. Seus olhos enxergaram uma diminuta concentração de luz e ao avançar poucos passos adiante, pode sentir o odor específico de alfa, tal cheiro que pertencia a Seokjin.  


Mesmo com a fraca iluminação da lamparina, era possível ver peças de roupas sobre a grama e bem a frente, Seokjin, banhando-se. 


 —   Não deverias estar aqui. — As primeiras palavras vieram do mais velho. 


— Para a sua infelicidade, nossas idéias são similares. — Virou de costas para o outro assim que Seokjin se redirecionou para olha-lo. Por mais que o mais velho ainda se mantinha distante, algo depois do ocorrido com Hoseok havia o amolecido. — E você sabe, eu quem o descobri primeiro. — Conhecendo o mais velho, poderia jurar que o outro repuxou o canto dos lábios. .


— Isso o faz pensar que possui direitos? 


— Você acha que não? — Enquanto dizia, seus dedos trabalhavam para abrirem os botões do seu sobretudo.


Sentindo o olhar do mais velho sobre em suas costas, tocou parte do seu próprio abdômen com as pontas dos seus dedos, notando o calor erradiando como se estivesse febril.  E então, levou suas mãos para a as bordas da vestimenta que antes o cobria completamente e o puxou para trás, deixando seus ombros despidos. 


— Vai entrar? — Seokjin perguntou incrédulo. Porém, permaneceu em silêncio e assim, deixou que o sobretudo caísse sobre o chão, só sobrando seu corpo completamente despido sob o olhar do outro. — Namjoon. 


 — Se não quer olhar, apenas não olhe. — Preferiu as palavras com certa indiferença. 


Primeiramente, o olhou por cima do ombro direito, para que em seguida, voltasse a estar de frente para o mais velho. Evitou encontrar os seus olhos no meio da escuridão, impedindo o constrangimento do outro, que até então observava seus movimentos com receio. 


Por um instante, Namjoon acreditou que iria rir, enquanto molhava seus pés na beira do lago. Seokjin poderia até ter nunca amado como tanto ansiava, mas a atração sexual era algo que nunca conseguiu disfarçar. Se tratava da maior fraqueza de alfas como Seokjin. As intenções maliciosas os dominavam completamente, deixando transparecer em seus olhos.  


Se atreveu a estar próximo do outro, parando quando a água batia um pouco abaixo do seu peitoral. Estava em uma temperatura ideal para quem se encontrava quente demais. Horror só de pensar em se tocar dentro daquela casa, sentindo o aroma de Hoseok. 


No instante em que sentiu uma gota de suor escorrer sobre a sua nuca, apertou as mãos em um punho. Respirou fundo, inalando o ar. Porém, quando sentiu o aroma forte vindo de Seokjin, foi como um golpe fatal. Droga, ele era um alfa totalmente desequilibrado pelo odor de outro alfa. 


Naquele momento, sua memória o traiu, trazendo lembranças do passado, quando um dia era alvo do afeto do mais velho. Como se tivesse ocorrido no dia anterior, recordava-se do seu toque firme em sua cintura, do seu corpo e… inferno. Certamente, Namjoon não possuía amor próprio. 


— Seu cio está próximo, Namjoon. — A voz de Seokjin o acordou de seu pensamentos. — O aroma ômega só está adiantando os efeitos. Você tem que fazer algo. Isso não vai parar. Acha que já precisa ir ao seu clã se dispor aos cuidados de ômega?



— Não quero um ômega. — As palavras sinceras quase foram cuspidas da sua boca. 


— Namjoon… — Sua voz tentou o alertar. 


— Nós dois sabemos que você é covarde o suficiente para não o fazer. — Cuspiu as palavras, sentindo a dor da rejeição latejando em seu peito. Entretanto, não tinha certeza se desde aquele dia ·

– o de muito tempo atrás – deixou de sentir em algum momento. — Então, trate de controlar a sua presença..


— Namjoon. 


— Já compreendi, Seokjin. Não precisa- — Antes que pudesse completar sua fala, sentiu as mãos do mais velho tocarem sua cintura e puxar o seu corpo facilmente. — Droga. — Sentiu seu peitoral se chocar contra o do outro. 


— Sabes bem que não podemos fazer tal coisa, Namjoon. E mesmo assim… Deuses. Mesmo assim… — Abaixou o olhar, pousando-o sobre já lábios carnudos do mais novo. 


Namjoon sentiu seu interior se afetar, desde seu coração acelerado até a contração do seu estômago. Não, não se tratava de borboletas. Ali percebeu que o encanto juvenil havia se perdido. Suas mãos não hesitavam, muito menos tremiam. Entretanto, se preparava para o que vinha acompanhado daquele olhar de Seokjin. 


Quando sentiu a suave mão de Seokjin repousar sobre a madeixa do seu rosto, fechou os olhos, lembrando de um tempo que não voltava. Embora fossem mais íntimos, conseguia perceber a diferença em que o mais velho tratava  ele e Taehyung. Muitas das vezes eram mínimas. 


Acontece que, Kim Seokjin nunca conseguiu ocultar o desejo explícito de querer o domar. Dedos firmes, toques brutos. Mas com Taehyung…. Céus, com Taehyung havia uma apreciação, uma leveza e podia soar quase como amor. 


Sua consciência voltou quando ambos estavam se retirando do lago, indo em direção a grama baixa. Namjoon se viu deitado sobre os trajes que o outro esticou para tal utilização. Levou as mãos para trás do corpo, pousando sobre o chão em busca de apoio e então, criou um espaço entre suas pernas compridas, abrindo-as. 


Mesmo ali, com a excitação instalada em seu íntimo, seu coração doeu, enquanto mais uma vez assistia Seokjin se aproximar, pronto para tomar o seu corpo. De fato, ele não aprendia nunca. 


Em seus pensamentos, mantinha a convicção de que o coito se tratava da única coisa que mantinha o mais velho interessado em si. Talvez porque como parte da elite, domar outros alfas inflava seu ego. 


E novamente, aceitando o que o outro lhe oferecia, cedeu, permitindo entre as suas pernas, enquanto se deitava completamente. Seokjin deitou sobre o seu corpo, apoiando as mãos sobre a grama, ao lado da cabeça de Namjoon. Houve uma longa pausa e algo pareceu errado. 


— Namjoon… — A voz preocupada de Seokjin chegou aos seus ouvidos. — Seu corpo, ele está tremendo. — Com estas palavras, o maior despertou, só então percebeu o seu tremor. — Estás com medo de mim? 


Estava? 


Em resposta, Namjoon desviou o seu olhar para o céu, que finalmente estava prestes a clarear e suspirou, engolindo o nó que se formou em sua garganta. Não, de forma alguma tinha medo do outro lhe agredir ou forçar, sabia que nunca o faria. Mas sim, havia o medo de sentir a dor que certamente viria depois.


Seus pensamentos permaneciam inquietos, criando uma bagunça que lhe parecia irreversível, quando em um certo momento, sentindo o peito de Seokjin contra o seu. Seus braços lutaram, criando espaço para abraçar o seu corpo na altura dos ombros e em seguida, para o seu choque maior, sentiu os lábios alheios tocarem sua pele, um pouco perto da clavícula.  


— Desculpe-me. — O maior pediu suavemente, atracado ao seu corpo, enquanto o beijava incansavelmente. — Desculpe-me. Não vou te machucar. 


Namjoon não conseguiu intervir ao sentir a lágrima solitária deslizar sobre o seu rosto e com isso, puxou Seokjin ainda mais para si, embora não fosse possível. Com os olhos fechados, sentiu a aproximação de seus rostos, assim como também sentiu a respiração alheia bater contra o seu rosto. 


O afago em sua bochecha o derreteu e seu coração pulsava tão forte em seu peito, que era capaz de ouvir os batimentos quase o ensurdecendo. Suas mãos deslizaram minimamente no perímetro das costas largas do outro. O corpo estava tão quente e macio quanto se lembrava. 


Seokjin pressionou a própria genitália contra a sua, causando um atrito excitante. E quando o mais novo desejou ser beijado, tocou os lábios carnudos com os seus. 


— Ainda está afim? — Deslizando a mão sobre a lateral do seu corpo, Seokjin o perguntou. — Eu não vou… — A fala morreu assim que Namjoon pressionou sua boca contra dele, o fazendo saber que não queria que terminasse de dizer. 


Mantendo aquela dor em segredo, o Kim mais novo não suportaria retornar naquele assunto específico. Não quando estava lutando com todas as suas forças para aceitar quem realmente era. 


Embora não conseguisse preferir, sua mente tratava de o fazer se lembrar das poucas vezes em que tentou aceitar o membro de Seokjin em sua entrada. A falta de preparo, a dor e a decepção. Seu corpo simplesmente não o aceitava como desejava que o fizesse. 


Como se fosse ontem, recordava-se das inúmeras vezes em que sentiu inveja de Taehyung. Assim como também amaldiçoou os céus por não ter nascido um ômega.


Apreciando a língua áspera de Seokjin deslizar sobre seu pescoço, fechou os olhos, dizendo: 


— Eu não sou um ômega, Jin. — Novamente, seu peito sentiu uma dor quase insuportável. Seus dedos ainda deslizavam sobre as costas nuas do outro, acarinhando enquanto ainda lhe era permitido. E apenas por estar tão próximo, sentiu os músculos enrijecerem suavemente. 


— Diz como se eu não soubesse. — Deslizou a língua até que estivesse tocando o queixo do outro e em seguida, voltou a olhar em seus olhos. — Jamais procurei um ômega em você. 


 — Quantos outros? — Bem ali, enquanto sentia a mão do mais velho acolher o seu membro, ousou perguntar. — Houveram quantos mais alfas?


— Namjoon… não faz assim. — Pediu, descansando seu rosto na curva do pescoço do mais novo. — Nós dois sabemos que não vai acontecer de novo. Taehyung vai estar de volta e… 


— Não se trata do Taehyung. — O cortou rapidamente. — Você quem não quer e nunca se permitiu imaginar ter um futuro ao nosso lado. — Falou seriamente, deslizando a mão no espaço entre os seus corpos e pegou o pênis alheio em sua mão, circulando-o com a mesma. — E eu vou me casar com ele. — Apertou a glande, fazendo o outro soltar um gemido, logo em seguida um rosnado. 


— Estás pedindo a minha permissão? — Desdenhou. 


— Não, eu estou dizendo que esse é o nosso fim. — Com a mão desocupada, pousou sobre o rosto alheio, enquanto observava as presas de Seokjin aparecerem. — Mas você já sabia desse fato. 


Fechando os olhos, se permitiu sentir os lábios de Seokjin descerem pelo seu tronco despido, beijando a pele que um dia desejou apenas o seu toque. Durante o trajeto lento, sentia as presas arranharem suavemente de uma maneira gostosa.  


Quando Seokjin voltou a ficar sobre o seu corpo, abraçou a cintura alheia com suas pernas, apertando-o contra si. Mesmo que tivesse dito as palavras com firmeza, a dor de abrir de quem nunca havia sido realmente seu, permanecia em seu peito, lembrando-o de que de fato não possuía controle de seus sentimentos. 


⭐🌟



O sol ainda não havia raiado quando Park se dirigiu aos aposentos onde Hoseok repousava, descansando após o término do período agoniante do cio. Segurando a bandeja com firmeza, abriu a porta com calma para que não o acordasse. 


Para muitos, aquele horário seria o pior momento para que houvesse uma refeição, porém, Jimin o conhecia o suficiente para saber o quão cedo o Jung costumava despertar pela manhã. Era quase como se seu ritmo estivesse coordenado com o do sol.


Diferente do outro, para Park se tratava de um sacrifício estar acordado naquele momento. Mesmo depois de tanto tempo, seu estado de espírito não se adaptou com o horário. Embora estivesse em sua casa, precisava estar ali, cumprindo o seu turno. 


— Estou desperto. — A voz de Hoseok soou através do escuro, quase o assustando. — Bom dia, Jimin.


— Bom dia, Hose. — O chamou pelo apelido que tanto Taehyung usava. — Com fome?


— Um pouco. — Confessou, acendendo a luz, que iluminava o quarto parcialmente. — Apenas deixe em cima da mesa e pode ir descansar. O cio passou, mas você e o Tae continuam a cuidar da minha segurança. 


— Ainda não é seguro sair sozinho. 


— E eu não irei. — Lhe ofereceu um pequeno sorriso para passar segurança. — Prometo que não sairei até que voltem. Posso ver que estás cansado. Tenho tomado muito tempo e atenção. 


— Está mesmo. — Encolheu os ombros, fazendo com que Hoseok começasse a rir da sua franqueza. — Mas ainda assim preciso fazer isto. O soco da minha mãe dói muito. 


Ainda sorrindo, Hoseok balançou a cabeça negativamente. 


— Park Jimin, você é o melhor. 


Ao escutar tais palavras, sentiu suas bochechas se aquecerem e sabendo que estava corado, virou o rosto, impedindo que o outro pudesse ver. .


Antes que pudesse dizer algo, um dos guardas surgiu diante da porra que ainda estava aberta. 


— Perdão, pequeno senhor Park. — Se curvou em educação. 


— Pode prosseguir. 


— Durante a madrugada um dia nossos homens apreenderam um alfa que insistia em falar com o caro senhor Jung. 


No instante em que escutaram, ambos trocaram olhares e Jimin poderia jurar que conseguiu enxergar expectativa nos olhos de Hoseok. Provavelmente esperava que fosse Yoongi. Mas ele seria tão imprudente a tal ponto?

 

— Irei checar. Não sai daqui. 



Para a sua imensa surpresa, ao que Park adentrou na sala para detentos, se deparou com um Jungkook emburrado, segurando as barras de ferro com as mãos. Certamente não esperava que ele fizesse algo parecido, embora o jovem alfa sempre apresentou um comportamento inconsequente. 


Após pedir para os guardas abrirem a cela e deixarem eles sozinhos, alegando que na verdade era um colega próximo de Hoseok, deixou um tapa leve sobre a nuca do mais novo. 


— Aí! — Jungkook levou a mão para a nuca, esfregando a pele. — Por que me bateste? 


— Porque você é um inconsequente, Jeon! — Ralhou, furioso. — Imagina se descobrem quem você é? Seu pai com certeza lhe mataria. 


— Eu estava muito preocupado com o Hoseok. — Justificou. — Quando soube do ocorrido, precisei ter certeza que ele estava seguro. — Secretamente, as palavras o amoleceram.


— Não se preocupe, minha mãe está fazendo tudo que está ao seu alcance. — Tentou assegurar.

 

— Claro, eu imagino que sim. Fico muito grato por estar ajudando meu hyung. — Com essas palavras, Jimin soltou um longo suspiro, como se estivesse cansado. Mas na verdade, estava sentindo que era impossível não de afeiçoar pela amizade dos dois. 


— Você o ama mesmo, não é Jeon? — Suspirou, tocando a própria testa. — Não é atoa que ele possui tanto apreço por você. 


— Sim, sim. — Concordou assentindo freneticamente. — O hyung sempre é muito bom e gentil comigo. Mas isso você deve saber. Você também o vê, Jimin. 


— Vem, vamos sair daqui. — O chamou para fora, impedindo que eu continuasse elogiando o outro. Não estavam no lugar mais apropriado para ter qualquer conversa. 


Saindo da prisão, trilhou um caminho menos movimentado, os distanciando de qualquer possível guarda. Por mais que confiasse em seus companheiros, não poderia arriscar. Então, guiou Jeon para um ponto alto e distante.


— Hoseok está bem? 


— Sim, ele está. Taehyung tem me ajudado com ele. E você sabe, Hoseok é uma pessoa fácil de agradar. 


— Sim, ele é incrível. — Concordou animadamente. 


— Você o elogia tanto, que acho que ele deve ser mesmo. — Revirou os olhos, levando o olhar atento sobre o céu. De fato, o raiar do sol nunca deixava de ser belo. — Sabe, Jungkook, você deve realmente ser um bom amigo. 


— Hã? — Olhou franzindo o cenho. — Nunca pensei que esse seria o primeiro elogio que ganharia de você. 


— Cansamos de saber o quão bom e hábil você é. Todos nós vemos o seu eu prodígio. — Confessou, mantendo o olhar focado no céu. — Ser um bom amigo exige bem mais que talento. Saber quando é a hora de suprir e ajudar a pessoa que amamos. Amigos falham, certamente. Mas são essenciais. 


— Obrigado, eu acho. — Se curvou um tanto envergonhado. 


— Jungkook, você é um alfa. — Falou o óbvio, chamando a atenção do outro. — Ninguém pode ter se atentato, mas eu sim. Hosek foi ao seu encontro mesmo sabendo que estava no cio. 


— V-você está querendo dizer o que, Jimin? — Seus olhos dobraram de tamanho, demonstrando um repentino apavoro que quase lhe fez rir. — Não, não. Eu e o hyung. Não, não. 


— Você é idiota? — Ralhou mais uma vez, quase gritando com o mais novo. E então, respirou fundo quando o olhou voltou a ouvir com atenção. — Hoseok confia em você, Jungkook. Possuímos dois ômegas no acampamento. Eu estava com Hoseok instantes antes, mesmo assim, ele foi pedir a sua ajuda. Embora você seja um alfa. Então… — Apertou o punho ao lado do seu corpo. — Não quebre essa confiança por nada. Está me ouvindo? 


— Por que está dizendo tudo isso? — Franziu o cenho. — Eu não vou quebrar o elo de confiança que possuímos. 


— Sendo sincero, me senti como um verdadeiro lixo quando me dei conta que Hoseok tem sofrido sozinho todo esse tempo. Eu não o dei espaço. — Continuou, sentindo um arrependimento amargo. — Mesmo depois, ele procurou por você, um alfa. Sabe, aqui em nosso clã, aprendemos a defender e cuidar de ômegas como nós e mesmo agora, eu sei que Hoseok não possui total confiança. Digo isso, porque ele vai precisar de você quando voltar. Ele vai precisar todos nós.  


Escutando com atenção, Jungkook assentiu em compreensão. 


— Vou estar ainda mais presente, dou a minha palavra. 


Sorrindo suavemente, orgulhoso da atitude do mais novo, Jimin levou a mão para o seus cabelos, deixando um carinho. De fato, Jungkook era um alfa precioso. Uma alma nobre.


— Isso é tudo. 



DOIS DIAS DEPOIS



Quando ainda era apenas um menino pequeno, Hoseok lia histórias por puro entretenimento. Em determinados momentos, quando a pressão dos estudos parecia uma mão forte em seu pescoço, impedindo a sua respiração, era a maneira que encontrava de aliviar. 


Um garoto cheio de energia, viu sua vida ser restringida aos poucos. Primeiro os treinos, depois o afastamentos dos poucos amigos que possuía. Nascer em um clã pequeno não o fizera mais próximo do seu povo. Mesmo que quando criança possuiu livre arbítrio para estar entre os demais, isso lhe fora tomado muito cedo, ainda com nove anos e logo depois, aos treze partiu.


No final, os livros sempre o acompanharam. E por muito tempo se perguntou como os autores decidiam quando era o momento propício para a transição de uma fase para a outra. Como fazer quando se tratava do fim de uma fase? 


Mas naquela manhã, quando estava prestes a se retirar dos aposentos que lhe foram cedido, olhou para trás, pensando em todos os acontecimentos segredados aquele lugar. Os momentos agonizantes, o choro e dor de não ser aliviado fizeram as palavras de Yoongi ressoarem constantemente em seus pensamentos. 


 "Um dia essa sua recusa pode se voltar contra você."


E voltou. Droga, como voltou. Não havia como fugir, ele de fato sempre foi um ômega. Anos atrás, ele e Yoongi descobriram juntos quem eles eram, algo que não acontecia antes dos cios. 


Justo naquela manhã, após tentar pensar no que faria no minuto em que chegasse no acampamento, se viu diferente do que era dias anteriores. Agora que todos os seus companheiros — Com exceção de Yoongi — sabiam do seu segredo, sentia como se o rumo da sua história estivesse trilhando para um caminho totalmente diferente do que imaginou. 


Durante anos se esforçou para ganhar a confiança deles, mas foram eles que se mostraram dignos da sua. Levou o seu corpo ao limite para que seu segredo não fosse descoberto por ninguém e no final, foi descoberto. E embora se esforçasse para aprender a suprir as necessidades dos outros herdeiros, as suas foram supridas. 


Algo lhe dizia que a partir daquele momento, seria um novo recomeço para eles. Talvez se tratasse do melhor começo para a convivência dos herdeiros. 


— Hose, tudo bem? — A voz de Taehyung soou preocupada do outro lado da mesa. 


— Sim. — Assentiu rapidamente, levando o guardanapo até a boca e a limpando mesmo sem necessidade. 


— Certamente vocês não sabem, mas eu, a mãe de Hoseok e a de Taehyung formamos um bom trio em nosso primeiro acampamento. —  Sohui sorriu suavemente. — Sua mãe, Yuna, era linda. Seus traços são completamente dela. Quando o vi adentrando com Jimin, soube de prontidão de quem era filho.


— A Mãe alfa me disse isso uma vez, antes da minha partida. Às vezes, a vejo em mim quando me olho no espelho. 


— Mesmo depois do casamento, ela viera nos visitar diversas vezes. Ela auxiliou durante o  parto do nosso querido Jimin. — Comentou, fazendo Hoseok sorrir. — Aliás, você teve contato com seu tio? 


— Não, não. — Negou rapidamente, quase não se lembrando do rosto que viu apenas através de pinturas. — Quando nasci, ele já havia partido. Há boatos de que ele nunca mais voltou para o nosso clã depois da sua partida para o acampamento. — Notando o olhar da ômega a sua frente, começou a ligar os pontos. — Estou naquele lugar há cinco anos. Há três anos e meio, não vou ao meu clã. Só me permitiram voltar uma única vez. 


— Hose? — Dessa vez, a voz de Jimin se fez presente. Estava claramente preocupado. De repente, todos entenderam a tensão sobre os ombros de Hoseok.


— Nunca mais vou voltar? — Seu rosto não demonstrava nada além do que choque. — Eu não possuo mais um lar… eu. — Sentiu um crescente descontrole, então decidiu se levantar. — Preciso ir ao banheiro, me permite? 


— Claro, querido. 


Assim que Hoseok se foi, seguindo em direção ao banheiro, Park lançou um olhar indignado para a sua mãe, enquanto se levantava do lugar onde estava sentado. 


— É isso que eles fazem com os herdeiros do clã, Jung? — Perguntou tão surpreso, desprezando cada palavra. — Hoseok saiu de casa quando criança e após, viu a mãe uma única vez. Isso não é correto. 


— Jimin, não podemos intervir em assuntos de outros clãs. — Sua mãe Areum, uma alfa um tanto silenciosa, se pronunciou. — Não é algo que possamos debater durante a refeição matinal. 


— Isso é correto, mãe? — Questionou, levando o seu olhar para a mesma. — A senhora sabe bem o que vai acontecer com ele no minuto em que pisar naquele castelo. Ele, o Hoseok, já está dando tudo de si por um clã que nunca mais vai ver com seus próprios olhos. 


— Não é o correto. — Disse para o filho, enfim permitindo que o mesmo enxergasse a emoção triste em seu olhar. — Mas você ficando nervoso não vai ajudar o seu amigo, Jimin. Faça os últimos dias dele os melhores possíveis. Isso é tudo o que pode fazer. 


Sentindo-se derrotado, Jimin voltou a ocupar o lugar em sua cadeira e todos voltaram a comer, enquanto aguardavam Hoseok em silêncio. O recém descoberto ômega surgiu na entrada cerca de dez minutos depois, quando estavam recolhendo as louças usadas de cima da mesa. 


Exalando timidez, parou na entrada e abaixou a cabeça no instante em que Jimin o olhou com preocupação. Porém, seu nariz avermelhado denunciava o choro recente. 


— Que falta de educação a minha. — Se levantou rapidamente, tomando a atenção de todos. — Trouxe um convidado e não apresentei o nosso amado lar. Temos alguns instantes antes da nossa partida. Gostaria de me acompanhar em um curto passeio, Hoseok? 


— Eu adoraria. — Mesmo cabisbaixo, sorriu. 


— Vamos, Tae. Vamos lá. — Começou a andar apressadamente, chamando pelo amigo.   


Juntos, seguiram em direção ao grande salão, onde ficava próximo a a saída dos fundos. Assim como os demais cômodos e lugares da mansão, se encontrava silencioso ao ponto de o barulho dos pés contra o piso ecoarem.


Em puro fascínio, os olhos de Hoseok brilharam ao ver os panos amarelos que iam do teto ao chão. Havia arcos e flechas em uma prateleira de ferro e alvos distantes no chão, nas paredes e no teto. Lhe parecia tão incrível e bela a forma que os Park treinavam. Por isso Jimin era tão habilidoso no que fazia. 


Quase não pode acreditar quando assistiu o ômega pegar seu arco e flechas e subir habilmente, segurando firmemente nos panos grossos e firmes. Do alto, conseguiu acertar os alvos corretamente e então desceu graciosamente.  


— Você é tão bom nisso, Jimin. — Taehyung comentou fascinado. 


— Mas não sou tão bom na luta de espadas e corporal. — Se afastou, indo guardar as armas e voltou a olhar para os amigos. — Nós híbridos possuímos um instinto superior aos dos betas, e o meu está dizendo que precisamos ficar ainda mais fortes. 


— Tens razão. — Hoseok concordou de prontidão. — Antes eu não contava que meu segredo pudesse ser descoberto, mas agora entendo que tudo é possível. Preciso estar forte caso precise me defender. — Ser curvou diante de Jimin. — Por favor, me ensine a lutar. 


De onde estava, Park olhou para a palma da sua mão, sentindo-a formigar. O medo que sentiu ao disparar a primeira flecha havia se dissipado, mesmo assim, estava preocupado com o que pudesse vir juntamente com o futuro. Seu clã era repleto de bons lutadores, porque possuam a habilidade de prever as batalhas e catástrofes e sempre se preveniam. 


Embora estivesse tudo meio vago, se seu instinto dizia que deveriam se preparar, era o que fariam. 


— Se quisermos ficar mais fortes, precisamos nos unir. Sendo assim, você sabe, Hoseok. Você precisa decidir a respeito do Yoongi. Mentiras apenas desestabilizam uma boa relação. 


— Eu irei contar. — Prometeu. — No momento certo, Yoongi saberá. Aliás, quando ele se tornar rei, servirei ele diretamente. 


Olhando como se houvesse algo de errado nas palavras do Jung, Jimin lhe disse: 


— Realmente espero que você não tenha o costume de dizer coisas desse feitio ao Yoon. — Balançou a cabeça negativamente, trocando um olhar com Taehyung.  


 — Não, Yoongi detesta a ideia de conversar sobre assuntos assim. Ele perde a paciência rapidamente. 


— Entendo completamente o lado dele. — O Kim sorriu ladino, mas Hoseok não compreendeu. — Eu também ficaria uma pilha de nervos no lugar dele. 


— Sim, mas sempre acabamos nos entendendo depois. Acho que o convívio nos fez mais compreensíveis. 


— Hose, você vê o Yoongi? — Jimin o perguntou com seriedade e mesmo que a pergunta lhe pareceu tão de repente e sem lógica, Jung pensou. — Digo, vê de verdade. 


A princípio, a resposta sairia a mais positiva possível, mas algo no olhar de Park o fez pensar com calma.


— Acho que sim. Quero dizer, espero que sim. 


Com isso, Jimin lhe ofereceu um sorriso gentil, enquanto pensava a respeito da curta conversa. Para si, parecia impossível que Hoseok não pudesse enxergar a maneira que o Min se portava quando o assunto era ele. 


Lembrando que se tratava do seu primeiro cio, a puberdade de Hoseok aconteceria a partir daquele momento e uma vez que aconteceu, sentimentos poderiam ser redescobertos com total intensidade. 


Secretamente, estava com pressentimento que após aquele curto período separados depois de uma briga, as coisas mudariam. Enfim, Hoseok teria a oportunidade de enxergar o que antes não conseguia. 


— Jimin. — O Kim o chamou em Tim baixo para que apenas ele o escutasse. — Você está com aquela expressão que sempre faz quando algo muito devastador está prestes a acontecer. 


— E vai. — Sorriu largo, demonstrado sua recente animação. — Teremos um bom divertimento. Preparados? — Olhou entre ambos. 


— Pra' ir para casa? — Hoseok perguntou animadamente. 


— Sim, Hose. Pra' ir para casa. 



🌟⭐




Notas Finais


Oi, bebês. O que acharam do capítulo? Digam, por favor. Beijos e até a próxima. 🌻💜


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