História Luminous Angel - Aquela coisa estranha com a boca do Nico

O exame consistia em Will Solace usar seu poder de curandeiro para fazer um “raio x” e descobrir tudo que havia de errado Nico, tanto com seu lado deus como com o mortal.

  —  Você já ouviu falar de vitamina C e ferro, ou quem sabe o termo “refeição completa”? Pelos deuses você está com anemia.

 — Sai daí Will, eu nem estou mais tão magro, criei massa muscular nesse tempo que estive longe ok? — defendeu-se como se estivesse sendo acusado de algo.

 O filho de Apolo resmungou, odiava ser contrariado enquanto vestia seu jaleco, ele era o médico ali.

 — Anemia não tem nada a ver com magreza, há vários tipos, sem falar que seus ossos estão preocupantemente frágeis — pegou uma prancheta e começou a rabiscar, depois entrou no depósito de medicamentos — aqui: vitaminas, esse frasco em especial tem mais vitamina D, um comprimido e será como se o próprio Apolo andasse ao seu lado todos os dias.

 Só a ideia de ter a presença do deus constantemente o fazia ter vontade de voltar para o mundo inferior.

 — Come se volessi*. — murmurou, mas não passou despercebido por Will.

 — Como?

 Nico apenas fez um aceno negativo com a cabeça.

 — Eu realmente preciso fazer aulas de italiano para te entender.

 Não precisava, o filho de Hades gostava do fato do outro não entender o que falava e principalmente gostava da curiosidade que Will tinha sobre si.

 Podia brincar um pouco com isso.

 — Mas então, irei ficar do seu lado Niquito para ter certeza de que vai tomar essas vitaminas certinho e você tem que se alimentar agora.

 — Já te falei para não me chamar assim. 

 Will parou o que estava fazendo e o encarou surpreso.

 — Já me disse?

 — E você nunca escuta, que apelido mais bobo. — Nico não parecia estar entendendo o que aquilo significava.

 — Nico eu sempre te chamava assim, você lembrou disso, significa que sua memória pode voltar. — o filho de Apolo estava particularmente animado.

 — Talvez você tenha me chamado assim mais cedo.

 Ele não queria dar falsas esperanças ao outro, não lembrar de alguém aparentemente era especial para você é ruim, mas devia ser pior ser a pessoa que não é lembrada.

 — Desde que você voltou não tinha te chamado — falou com certeza — Isso é ótimo, a minha presença irá te fazer lembrar de mim.

 Um névoa se formou a esquerda deles — o canto onde estavam era o mais vazio da enfermaria —, e então as imagens de Hazel e Reyna surgiram.

 — Oi Nico — Hazel o chamou com um sorriso grande — que saudades.

 — Que bom que me contataram, estou morrendo de saudades.

 — Que lugar é esse? — Reyna questionou até reconhecer — Pelos deuses, você está no Acampamento meio-sangue. Will!

 — Oi meninas. — o filho de Apolo acenou com um sorriso gentil, encantando as outras duas.

 — Mas irmão, o que te tirou do mundo inferior?

 Nico olhou para Will também na hora de explicar, não tinha o contado até então o porquê de ter aparecido depois de dois anos.

 — Apolo chamou a mim, Jason e Percy para uma missão, recuperar o cetro de Hermes que ele havia perdido, exagerado do jeito que é precisava dos filhos dos três grandes. Depois que o entregamos e saímos do Olimpo fomos atacados por Ethon, águia de Zeus, ela estava fora de controle e no ataque a ela eu literalmente cai no acampamento.

 Eles assentiram e Will imaginou como seria se o seu pai o chamasse para uma dessas missões, desde a guerra contra Gaia que não o via.

 — Isso é estranho, Zeus não costuma simplesmente perder o controle de uma de suas criaturas. — Reyna comentou desconfiada.

 — Ás vezes acontece — Hazel tentou finalizar o assunto — Você irá ficar por aí Nico?

 — Logo vai acabar as férias dos outros e vão voltar para Nova Roma onde estão cursando faculdade, pensei em ir também e quem sabe entrar na faculdade também ou quem sabe ir para Itália, voltar às origens. — contou enquanto brincava distraído com o frasco de vitaminas.

 E por este motivo não percebeu o sorriso se desfazendo os lábios de Will, nem percebeu os ombros do outro cedendo em desânimo.

 — Não pretende ficar? — perguntou sem reais esperanças de ouvir uma resposta diferente.

 Então Nico o olhou e usou seu tom de indiferença muito utilizado no mundo inferior, justamente com a única pessoa que não merecia o receber.

 — Não tenho razões para ficar.

 Reyna e Hazel olharam desacredita que Nico realmente estivesse falando assim com Will, até porque as últimas vezes que os viram juntos por mensagem de Íris ambos os garotos eram próximos e cuidadosos um com o outro.

 — Eu preciso ir atender outros pacientes — Will avisou com a voz baixa — Até mais meninas, venham ao acampamento me visitar um dia desses.

 E sem esperar por resposta o curandeiro chefe partiu para ver como estavam os feridos.

 — Não precisava ter falado aquilo Nico — Hazel repreendeu o irmão, que a encarou confuso.

 — O que eu disse dessa vez? Parece que tudo que eu faço ou digo magoa ele, eu não tenho culpa de não me lembrar dele.

 Contou as suas irmãs — pois considerava as duas como tal — o que havia acontecido desde que voltou, sobre não se lembrar de Solace e como havia sido o encontro deles depois que voltou dois anos depois de ter ido embora.

 — Will era sua razão para ficar — Reyna comentou após minutos de silêncio ouvindo o que o garoto dizia — vocês estavam muito próximos, mesmo que eu tenha te convidado para vir reassumir seu posto de embaixador de plutão você não aceitou, disse que Will precisava de você e que iria ficar e ajudar na enfermaria. Talvez não se lembre agora Nico, mas espero que volte a ser o que era antes de machucá-lo, Will só tem a mãe e ela mora no Texas, você é uma das pessoas que ele mais se considera próximo.

 Reyna não teve pena, como pretora tinha o instinto de falar a verdade de forma mais clara o possível, não iria fantasiar e maquiar nada, por mais que aqueles informações pudessem deixar Nico confuso.

 E ele com certeza estava, novamente se perguntando que tipo de relação ele e Solace possuíam.

 

***

 

  Nico comia as frutas que Solace havia separado para si em uma tigela, quase nenhuma possuía gosto à exceção das cítricas.

 Sentia saudades da comida do mundo inferior, lá todos os sabores eram acentuados de forma que se tornassem literalmente “comida dos deuses”, com certeza podiam deixar um mortal comum tonto, mas pelo filho de Hades ter perdido sua capacidade normal de sentir os sabores aquilo era como se voltasse a comer como se nada tivesse acontecido.

 Já no acampamento tudo parecia sem gosto algum. Comia apenas para não receber broncas.

 — Aqui estão. — Will colocou havia ido até a enfermaria pegar o frasco de vitaminas que Nico havia “esquecido” no dia seguinte.

 Estavam apenas ele e Solace na mesa de Hades, Nico preferia comer depois que todos já haviam saído, não gostava muito de ver outras pessoas comendo como se tivessem provando de um manjar, dá mesma forma que Will fazia naquele exato momento.

 — Não acredito que ainda não comeu tudo. Ah esse morango é divino.

 O loiro mordeu lentamente e fechou os olhos enquanto sua expressão se transformava pela satisfação de ter a mistura de doce com amargo na ponta de sua língua. 

 Mesmo que não gostasse que outras pessoas fizessem aquilo com Solace era suportável.

 — Oh muito bom mesmo, sabe o que mais tem o mesmo gosto desse morango? — Will prestou atenção para saber o que ele iria falar, gostava de descobrir novos sabores — uma caixa de papelão, pelo menos para mim.

 Solace revirou os olhos pelo mal-humor do outro, mas não podia evitar sentir-se penalizado, nem conseguia se imaginar não conseguindo provar o sabor das refeições simples. Na verdade não conseguia se imaginar passando por muitas situações que o filho de Hades fora submetido.

 — O que irá fazer mais tarde Niquito? — deitou a cabeça na palma da mão para encarar o outro mais de perto.

 — Irei treinar — comentou sentindo uma pitada de felicidade ao sentir o gosto fraco da laranja que comia.

 Quando Will foi pegar um cubinho da laranja, que parecia ser o que Nico mais procurava comer e fez uma careta de desagrado.

 — Eca, que amargo.

 Nico deu de ombros.

 — Consigo sentir um gostinho pelo menos, então para mim está ótimo.

 O curandeiro não insistiu mais na comida, apenas continuou a olhar Nico pelo canto de olho enquanto comia as frutas de sua tigela.

 Aquilo de certa forma era estranho, há tanto tempo que não ficavam juntos e agora estava sozinhos tomando café da manhã a mesa de Hades, Will voltara a cuidar da saúde do filho de Hades de perto e sentia-se mais tranquilo por isso.

 Nico sempre tivera que passar por muitas coisas sozinho, lembrava-se de quando tinha doze anos ficou sabendo do que Nico fizera no labirinto, com apenas dez anos o garoto derrotara o rei Minos tomando seu lugar como rei fantasma.

 Na época não havia um chalé de Hades que ele pudesse chamar de casa dentro do acampamento, não possuía nada e lembrava-se com clareza dos outros semideuses se afastando sempre que ele se aproximava.

 Não era para menos que o garoto fosse fechado, teve parte de sua infância apagada de sua mente porque Zeus tentara matá-lo, passou 70 anos de sua vida em um cassino, perdeu a irmã e teve que amadurecer muito cedo, antes mesmo de completar onze precisou aprender a lidar com uma raiva e amargura sem limites.

 Nunca estivera como prioridade de ninguém, mas era a de Will, sua segurança, felicidade e saúde eram tão importantes para o filho de Apolo que ele nem ao menos conseguia por em palavras.

 — Talvez eu passe depois no seu treino. — Will comentou como quem não queria nada, mas a verdade é que queria que Nico se sentisse especial.

 Ao menos conseguiu causar surpresa.

 — Ah... legal acho. — disse sem jeito.

 — Bom agora eu tenho que ir, até depois Nico.

 Will saiu e deixou que Nico ficasse sozinho com seus próprios pensamentos. Com certeza o treino viria em boa hora, poderia enfim esvaziar sua mente, tarefa praticamente impossível para quem tinha um Will Solace grudado em si.

 A arena de treinamento estava mais cheia do que Nico gostaria que estivesse e ainda era dividida em duas partes: as dos mais velhos e experientes que treinavam por conta própria e os que ensinavam para as crianças e iniciantes alguns truques. 

 Felizmente Annabeth, Piper e Percy estavam ali, o filho dos mares estava na segunda parte da arena ensinando aos pequenos.

 — Nico — Percy o chamou — o que acha de ensiná-los junto comigo? Desde que chegamos Jason e eu nos revezamos para dar as aulas, seria legal se você ajudasse já que sabe técnicas bem antigas e eficazes.

 Afinal foi treinado por grandes semideuses antigos e mortos, o filho de Poseidon quis dizer, mas ficou em silêncio.

 — Seria bom — disse olhando para as crianças que estavam presas em seu próprio mundinho conversando — Onde Jason está?

 — Foi resolver uns assuntos na casa grande, acho que daqui a poucos dias ele vai para o Acampamento Júpiter para dar uma olhada em como vão as coisas por lá. Tenho que admitir que ele está fazendo um ótimo trabalho aqui no acampamento, muitas coisas mudaram, mas mesmo assim ele sempre vai pertencer aos romanos.

 Não quis pensar muito, as sombras que o corpo de Percy fazia ficaram densas e a espada de ferro estígio pulou delas para a mão levantada do filho de Hades, causando surpresa nas crianças que os assistiam.

 — Seu exibido. — reclamou, Nico riu de seu bico emburrado.

 A verdade é que não era tão ruim assim dar aulas, as crianças eram impressionáveis e aprendiam rápido, Nico só não percebia os olhares sobre ele, o garoto realmente havia mudado bastante, estava quase irreconhecível.

 Mas algo não mudava, os olhos cor de ônix que tinham um brilho  quase maníaco, os olhos iguais aos do próprio Hades, ambos possuíam bastante características em comum fisicamente.

 As crianças o fizeram prometer que revezaria junto de Jason e Percy as aulas delas durante as férias de verão. O filho de Poseidon ficou um pouco enciumado porque tinha certeza que havia sido o único a conquistá-las rápido, mas não se permitiu pensar daquele modo.

 Nico sentia que aqueles novos semideuses não o viam de forma diferente por ser filho de quem era, o admiravam sem o temer e isso era ótimo.

  — Fez um bom trabalho Nico.

 Até mesmo Quíron havia o elogiado logo após a aula, o centauro tinha vindo junto com Jason.

  Nico tinha esquecido que Solace disse que iria o ver no treinamento, mas assim que o outro realmente veio ficou surpreso.

 —  O que está fazendo? 

 —  Acabei de dar aulas de luta de espada para algumas crianças. —  comentou sem dar detalhes.

 —  Então eles tiveram a sorte de ter um professor tão poderoso, sortudos. 

 Nico não esperava aquele elogio, Will não parecia estar brincando.

 —  Ei Annabeth —  Percy gritou para a namorada  — Nico está fazendo aquela coisa estranha com a boca dele de novo.

 —  Você está se referindo a sorrir? —  a loira questionou rindo.

 Nico riu com eles, aquela brincadeira era tão boba que chegava a ser engraçada. Justamente como tudo em Percy. Mas Will não gostou tanto, o sorrisinho de Nico não era estranho, muito pelo contrário era cativante.

 —  Bom eu disse que iria te ver, mas também vim para treinar —  Will comentou — Annabeth você consegue um oponente para mim?

 Will acabou atraindo a atenção de algum de seus irmãos que estavam perto de Annabeth, os filhos de Apolo tinham muitos talentos mas Solace sempre preferiu ficar só na enfermaria.

 —  C-claro. —  a filha de Atena não sabia a quem chamar, para todos Will não lutava, mas era muito admirado e amado, ela como campista a tantos anos não queria o ver machucado por um treino.

 —  Will você tem certeza disso, esse tipo de treino pode ser muito perigoso. —  Lou Ellen tentou o fazer mudar de ideia.

 E ela ganhou apoio de outros que estavam ao redor. Nico ficou impressionado em como todos ali se importavam com Solace, mesmo que não fosse uma batalha e ele não fosse morrer só a possibilidade de tê-lo machucado os incomodava.

 —  Eu sei o que estou fazendo, não precisam fazer esse alarde todo. —  pediu começando a se frustrar.

 Quíron não disse nada, apesar de realmente querer que o filho de Apolo mudasse de ideia.

 —  Nem todo guerreiro vai pegar leve com você Will. —  Percy começou, e iria continuar se Nico não tivesse colocado a mão em seu ombro.

 O filho de Hades embainhou sua espada e olhou Will.

 —  Deixei-o se ele quer lutar, não é um capricho bobo para se machucar, vocês conhecem Will ele não colocaria a saúde em risco — terminou sua fala com um sorrisinho irônico.

 Will se aproximou mais de Nico, não queria que os outros escutassem.

 —  Você realmente confia em mim? —  questionou com os olhos brilhando de emoção.

 —  Se você diz que consegue, eu sei que consegue Solace —  foi sincero — além disso sei que nenhum guerreiros sabe que você tem truques na manga.

 Os dedos gélidos de Nico foram até o antebraço de Will onde havia a marca de dois sóis, os dons de Apolo.

 —  V-você lembra?

 Nico estava feliz por finalmente contar.

 —  Estou lembrando das coisas aos poucos Solace, às vezes confundo se aconteceram desde que voltei ou antes, mas estou lembrando.

 Will não conseguiu se conter e o abraçou com vontade, quase tirando o corpo magro do chão, atitude que fez com que Nico se afastasse desconfortável. 

 —  Will, que arma deseja? —  Piper perguntou a mando de Annabeth.

 —  Uma adaga, por favor.

 Então os dois se afastaram e Nico foi para a arquibancada com Jason e Percy.

 —  Falei com Reyna e Hazel hoje. —  comentou por cima.

 —  Eu vou pra lá daqui a dez dias, quer ir comigo? Elas vão ficar felizes com sua visita. —  Jason ofereceu.

 Estava morrendo de saudades de sua casa, apesar de gostar muito do acampamento grego sentia falta da organização romana.

 —  Eu iria adorar, estou pensando em me mudar para lá ou para Itália. —  contou de seus planos pela primeira vez aos primos.

 —  Itália? Não é extremamente perigoso ir para as terras antigas? —  Percy se preocupou.

 —  Bem sim, mas eu sinto saudades de casa.

 Não puderam contestar, não quando Nico chamou o país de casa, se era tão importante para ele não podiam falar tão diretamente que era uma má ideia.

 O tal oponente de Will apareceu. Copper, um filho de Ares corpulento, no mínimo dois de Will.

 —  Pelos deuses, eu não queria fazer parte disso, mas ele foi o único que aceitou lutar com Will —  Annabeth veio se sentar ao lado deles junto de Piper.

 Nico sorriu para tranquilizá-los, sabia que o seu sorriso raro tinha esse efeito.

 —  Solace vai acabar com ele rapidinho.

 Passaram a prestar total atenção na luta.

 Will estava estático esperando um primeiro ataque, que não tardou a vir já que o filho de Ares não possuía muita paciência para joguinhos. A arma dele era um machado grande e extremamente pesado forjado a pouco pelos filhos de Hefesto.

 O filho de Apolo desviou dos três primeiros golpes com a lâmina afiada, e no quarto passou a lâmina de sua adaga nas costas de Copper, um ato claramente para irritá-lo já que nem chegou perto de feri-lo.

 Mas o contra ataque do filho de Ares pegou Will desprevenido, uma rasteira o fez cair no chão abrindo um ferimento em sua testa que começou a sangrar instantaneamente.

 Nico apertou com inconscientemente as mãos, Annabeth e Piper trocaram olhares significativos ao perceber que ele nem ao menos conseguia desviar os olhos da arena.

 O machado se cravou ao lado da cabeça do filho de Apolo, que foi ágil o suficiente girar para o lado e se levantar, mas continuou na defensiva sem demonstrar vontade de atacar. Sempre que Copper avançava ele recuava, era como uma dança e isso já começava a irritar o filho de Ares.

 — Pare de fugir, desista da luta se não quer lutar. — o grito irritado soou quase como um rugido.

 Will sorriu e Nico entendeu o que ele estava fazendo. Maldito curandeiro esperto, para ele era uma vantagem estar com um filho de Ares, tão apressado e explosivo, Cooper não se daria ao trabalho de pensar o que o filho de Apolo planejava.

 Filhos de Ares eram ótimos estrategistas de batalha, mas apenas quando estavam fora dela, dentro de campo eles perdiam consideravelmente essa habilidade.

 — Como queira. — Will disse.

 Os raios de sol da claraboia da arena onde ele estava estrategicamente embaixo se solidificaram, e Will as segurou como se fossem lanças.

 Com um movimento da mão esquerda, um dos raios prendeu o braço de Copper, que tentou cortá-lo com o machado, mas era inútil já que só o atravessava sem causar danos.

 Um segurando movimento: perna direita presa, o que desequilibrou o filho de Ares o fazendo cair de joelhos no chão. Enquanto Will ia até ele a arena ficava mais escura já que a luz se prendia nele, estava brilhando e parecia emanar poder.

 Will soltou os raios, mas eles continuaram a prender Cooper, um terceiro envolveu seu braço direito onde o machado era segurado e sua cabeça. Por mais que o guerreiro corpulento se debatesse não conseguia se soltar, a raiva não o abandonava nem no momento de vitória certa do oponente.

 Gentilmente Will se agachou e tomou da mão alheia o machado, jogando-o longe junto de outras armas.

 — Eu acho que eu ganhei — disse com um sorriso, bem diferente do que costumava dar, era arrogante.

 Um estalar de dedos, dos raios de sol recuaram soltando o corpo de Cooper, aos poucos retornando para a claraboia como se não fossem armas sólidas de luta, as luz voltou ao normal e Will deixou de brilhar.

 Mas então a arena se uniu em um berro de comemoração, era uma das melhores lutas de treinamento que já haviam visto, e Will havia surpreendido a todos inclusive aos seus irmãos.

 — Olha, eu não sabia que o Solace era capaz de fazer isso. — Percy assobiou surpreso, levantou espreguiçando-se — Bom tenho que voltar ao trabalho, nos vemos depois na fogueira.

 Aos poucos os outros foram se afastando também, mas Nico ficou parado na arquibancada esperando por Will, que assim que conseguiu se afastar dos campistas foi correndo até eles.

 — O que achou? — indagou ainda tomado pela adrenalina.

 Ainda preferia sua enfermaria, mas não podia negar que lutar também era interessante.

 — Cooper teve o azar de ter um oponente tão poderoso, azarado. — disse fazendo referência ao que Solace havia o dito mais cedo.

 Will gargalhou alto, mas então viu seu oponente passar.

 — Tenho que ir — deixou um carinho no cabelo de Nico, que ficou completamente vermelho — Ei Cooper, vamos para enfermaria, preciso cuidar das suas queimaduras, saúde em primeiro lugar.

 Nico balançou a cabeça desacreditado.

 — Você é impossível Solace.