Jimin nunca gostou de sua personalidade impulsiva e facilmente irritável. Houve uma época que ele pensou ter algum tipo de borderline ou transtorno explosivo intermitente, porém não levou esse pensamento adiante, em especial porque não queria trazer problemas para sua família adotiva.
Todos apenas o consideravam como pavio curto e o ômega passou a pensar o mesmo com o passar do tempo, no entanto, naquele momento, olhando para sua mão enfaixada, Jimin começou a se questionar outra vez.
Ela não sangrava mais depois dos cuidados que recebeu, mas isso não serviu para espantar as preocupações de sua família na manhã seguinte. Jimin contou tudo o que aconteceu, como as discussões e desentendimentos começaram até o momento em que ele pediu o término, deixando sua família, em especial sua mãe que adorava Yoongi, entristecida.
Jennie ficou revoltada com as acusações em cima de seu irmão caçula e jurou que se visse Yoongi na rua, não hesitaria em esfregar o rosto dele contra o asfalto, o que arrancou uma gargalhada de Jimin pela determinação de sua irmã alfa.
— Quer um biscoito?
Jimin tirou seus olhos da televisão e olhou para Jennie que segurava uma tigela com biscoitos com gotas de chocolate nas mãos. O ômega sorriu para ela e aceitou um biscoito, voltando a encarar a televisão logo em seguida.
Jennie soltou um suspiro baixinho e se sentou ao lado de seu irmão mais novo, acariciando os cabelos claros e prateados. Como estava na casa de sua família, Jimin não via necessidade de usar sua peruca, afinal estava entre as pessoas mais importantes de sua vida, embora houvesse uma grande falta no meio delas.
Sua irmã passou um braço ao redor dele, puxando-o para um abraço apertado como fazia quando ambos eram crianças. Jimin riu em voz baixa e respirou o aroma da mais velha, permitindo que a presença calmante dela o guardasse naquele momento difícil.
Faziam apenas dois dias que ele havia terminado com Yoongi, mas de alguma forma, o tempo parecia passar extremamente devagar.
Jimin perguntou, — Vai ficar aqui por quanto tempo?
Jennie, — Eu pretendia ficar apenas dois dias, mas como meu dongsaeng retornou, posso ficar mais um tempinho.
O mais novo riu e agradeceu em voz baixa pelo apoio de sua irmã mais velha.
Jennie não morava mais com os pais há quase dez anos. Assim como Jimin, ela morava com a esposa em outro bairro, mas de vez em quando aparecia para visitar seus pais com Lalisa e contar as novidades. Jimin visitava também, porém com muito menos frequência do que sua irmã.
Quando ia dormir, o ômega sentia um vazio enorme o assombrando. Embora estivesse brigado com Yoongi nos últimos dias, ele sabia que o alfa estava dormindo ao seu lado na cama e que eles ainda estavam juntos, mas agora, sozinho em seu quarto e sabendo que ele estava solteiro, a sensação de vazio era muito forte.
Ao mesmo tempo em que queria falar com Yoongi e reatar o namoro, Jimin também se recusava a pensar no alfa outra vez depois de ser acusado de traição, o que não funcionava muito bem.
Foi um choque para seus melhores amigos quando ele e Yoongi avisaram que não estavam mais juntos, mas nenhum deles se distanciou dos dois, embora fosse um pouco desconfortável estarem todos juntos depois do término inesperado.
Yoongi nem ao menos contou a razão pela qual eles terminaram, como se sentisse vergonha por ter sido traído, embora isso não tenha acontecido. Jimin nem ao menos tentou contrariá-lo, deixando-o acreditar no que quisesse depois de tudo, mas se Yoongi ir até ele e acusá-lo de traição novamente, Jimin não sabe o que poderia acontecer.
Mas ele não ficaria calado.
Quando decidiu ir para a casa de seus pais, Jimin esperava ter um momento apenas seu, sem pensar em mais nada relacionado ao seu namoro. No começo, foi difícil, porém aos poucos ele foi conseguindo parar de pensar, em especial por causa de uma certa pessoa que constantemente o fazia sorrir.
Nesses últimos dias, ele tem conversado bastante com Jungkook e sentia que eles já poderiam se considerar bons amigos mesmo que a distância os separasse.
O alfa era alguém com uma personalidade divertida e tranquila, embora fosse sarcástico e levemente cínico, Jimin quase conseguia imaginar um sorriso desdenhoso em alguém sem rosto, no entanto não era nada que o fizesse desgostar dele. De alguma forma, aquela personalidade parecia atraí-lo ainda mais.
Aparentemente a primeira impressão de Jungkook era apenas para atrair as pessoas com uma aparência gentil e atenciosa, apenas para, quando tivessem mais intimidade, mostrar sua real personalidade.
Por um tempo, o ômega se preocupou em acabar se atraindo demais pelo alfa. Por esse motivo, ele tentou manter uma certa distância, afinal Jungkook estava noivo e o ômega não queria passar uma impressão ruim ou que Jungkook acabasse discutindo com sua noiva por conta dele.
Era uma noite solitária de dezessete de dezembro quando ele falou com o alfa. Jimin estava quieto e sem vontade alguma de se levantar, mas havia algo em seu peito que estava deixando-o angustiado e esse sentimento apenas se foi quando ele ligou para Jungkook.
O alfa não parecia estar em seu melhor dia também. Sua voz estava desanimada e melancólica e Jimin só conseguiu pensar que uma coisa ruim aconteceu nos últimos dias com ele também.
Jungkook articulou, — Ele não tentou mais falar com você?
Jimin soltou um riso sem humor e concordou, — Não, não tentou, e bem, eu realmente prefiro assim. Traição está entre as cinco coisas que eu mais detesto em toda minha vida.
— Eu não consigo nem imaginar o que você está sentindo nesse momento, mas eu espero que fique bem, Jimin.
O ômega sorriu suavemente com suas palavras, — E você? Consigo sentir na sua voz que você não está bem.
Jungkook riu em voz baixa, mas Jimin sabia que não era um riso sincero. Ele disse, — Minha família e a família do meu ômega vamos nos reunir para... para fazer um funeral para ele em dois dias.
Jimin paralisou com suas palavras, ficando em silêncio por alguns instantes antes de perguntar, — Então… encontraram ele?
O alfa respondeu, — Não encontraram nada, nenhuma pista, nenhum corpo. Iremos enterrar um caixão vazio. O promotor veio falar comigo, meus pais e a família da Chae. Ele nos perguntou se desejávamos continuar com as buscas, como em todos os anos. A mãe do meu ômega sugeriu que eu decidisse isso.
Ele nem precisava mais continuar, Jimin já até mesmo imaginava qual foi a resposta. Jimin, — Você pediu para suspenderem, não foi?
Jungkook, — É que já fazem quase vinte anos. Era muito doloroso terminar o dia esperando receber alguma notícia, ter alguma esperança de que os policiais iriam encontrá-lo. Se ele tiver sido sequestrado, talvez ele nem esteja mais em Milão e muito menos, na Itália.
— Eu nasci em Roma e ele em Milão, mas depois do desaparecimento dele, eu me mudei para cá na esperança de encontrá-lo. O que, veja bem, nunca aconteceu. Depois do meu casamento, eu vou voltar a morar em Roma e assumir o lugar da minha mãe na nossa empresa principal.
— É a única coisa que me resta, sabe? Não adianta mais ficar esperando por alguém que não vai mais voltar.
Jimin apertou sua mão contra o edredom e disse, — Eu não sei a história completa, não sei sobre o que houve ou como, mas espero que você possa estar errado, Jungkook.
Jungkook riu em voz baixa, — Eu também espero.
Aquela noite foi apenas com ambos conversando sobre os últimos acontecimentos, abrindo-se um para o outro e revelando pensamentos que ninguém mais sabia.
Pela primeira vez, Jimin teve coragem de falar com alguém que não fosse sua família sobre o bullying que sofreu quando criança e Jungkook o entendeu, mesmo que não tenha sofrido o mesmo, tão bem que o ômega se sentiu mais leve.
Foi difícil falar sobre tudo aquilo, no entanto também foi extremamente necessário, parecia que eles estavam mesmo precisando desabafar com alguém. Jimin até mesmo foi dormir muito mais calmo e com a cabeça mais leve.
No dia seguinte, às seis horas da manhã, Jimin outra vez ligou para o alfa para conversar. Jungkook atendeu rapidamente, dizendo que era a segunda vez que eles conversavam no mesmo dia, o que deixou Jimin um pouco confuso, mas rapidamente entendeu sobre o que ele queria dizer.
O fuso horário dos dois países.
Naquele momento, eles estavam conversando sobre filmes quando Jimin de repente mencionou que tinha uma certa preocupação envolvendo a noiva do alfa.
— Ela não se importa realmente com isso.
Jimin estava cortando frutas enquanto ouvia a voz do alfa pelo celular no viva-voz, adiantando alguma coisa para o café da manhã enquanto sua família ainda estava dormindo. Ele disse, — Tem certeza? Sabe, eu não quero ser um problema entre você e ela. E se ela se sentir incomodada com você conversando com um ômega, agora solteiro, por tanto tempo?
Jungkook, — Tenho, e não se preocupe, a Chae só fica incomodada se eu não der atenção para ela enquanto converso com você ou com outros amigos. Ela também tem uma melhor amiga alfa com quem anda para cima e para baixo, quase vinte e quatro horas por dia.
— E você não se sente enciumado?
O alfa riu, — Só às vezes, mas elas são amigas desde que nasceram. Não tem como ficar com ciúmes por tanto tempo.
Jimin, — Taehyung a conhece?
Ele zombou, como se estivesse revirando os olhos, — Conhece, coloquei os dois para conversar no mesmo dia que contei sobre meu noivado para ele. A Chae gostou dele e combinou de roubar meu cartão para fazer compras em Corso Buenos Aires com o Taehyung quando ele viesse para cá.
Jimin gargalhou, — E você vai deixar??
Jungkook bufou, — Tenha dó, não consigo dizer “não” para aqueles olhinhos de cachorrinho sem dono. Ela consegue convencer quem ela quiser com eles. Aliás, você vem com o Taehyung?
O ômega ficou em silêncio por um instante antes de responder, — Bem, eu não sei ainda. Sei lá, como seria isso? Não teria que pagar passagem, planejar o dia, visto ou algo assim?
Jungkook, — Bom, o visto não é totalmente necessário, agora você pode passar até noventa dias na Itália sem visto. Mas se você for resolver tudo sozinho, vai depender de você, e se quiser, posso pagar sua passagem como fiz com a do Taehyung.
— Foi você quem…??? Aquele dissimulado nem teve a decência de pagar sozinho.
Jungkook riu, brincando, — E ele está certo! Taehyung tem uma coleção de amigos ricos e por que não usá-los para seu benefício próprio? Eu mesmo gosto de mimar meus amigos com meu dinheiro.
Agora foi Jimin quem riu, — Isso é verdade. Quando ele disse que era amigo de atores, jogadores e até mesmo cantores de K-Pop, eu nem soube como reagir. Queria saber como ele conseguiu, mas depois deixei para lá.
— Aliás, como foi que vocês se conheceram, hein? Acho que eu nunca perguntei isso.
Jungkook respondeu, — Ele só me seguiu no Instagram, me mandou uma mensagem e eu o achei interessante. Então eu o respondi e deu nisso, somos amigos agora.
Jimin revirou os olhos, — O achou interessante? Por que?
O alfa riu, — Eu não te falei que ele me mandou mensagem perguntando se eu nasci na Coreia ou na Itália por conta do meu nome? Pronto, foi exatamente isso.
— Eu tinha esquecido disso!! Talvez seja isso que chame a atenção, essa personalidade aleatória do Tae.
Naquele dia, eles conversaram por várias horas. Até mesmo sabiam a data de aniversário um do outro agora. Jimin descobriu que Jungkook era dois meses mais velho do que ele, então começou a chamá-lo de “hyung” vez ou outra.
Na verdade, Jimin não sabia sua data de nascimento real. Ele usava o dia quinze de novembro, o dia em que seus pais o adotaram, como sua data de aniversário. Nem mesmo o orfanato sabia disso, afinal o ômega apenas foi deixado na porta da instituição em um dia como qualquer outro, sem informação e sem nada.
Quando tinha quinze anos, Jimin se questionou muitas vezes sobre sua família biológica, de onde ele veio e por que ele foi deixado em um orfanato. Ele não se lembrava de nada de antes de ser deixado no lugar por alguém, nem ao menos seu nome real ou a pessoa que havia o deixado lá.
Apenas quando foi adotado foi que recebeu um nome e um sobrenome, uma família de verdade.
Seus amigos e seu ex-namorado também não sabiam que ele era adotado. Essa era uma coisa que seus antigos colegas de classe em Busan usavam para intimidá-lo, dizendo que sua família verdadeira deve tê-lo “jogado fora” por conta de seu cabelo estranho, vendo-o como uma aberração e outros adjetivos ruins.
Talvez seja hora deles saberem sobre seu passado. Sua conversa com Jungkook o deu mais coragem, como se fosse o empurrão que ele precisava para conseguir se abrir com os outros.
No dia dezenove de dezembro, Jungkook perguntou para Jimin o que ele gostaria de presente e foi nesse dia que o ômega percebeu que eles eram amigos próximos agora. Ele não tinha ideia do que pedir, Jungkook o deu várias opções e no final, o ômega escolheu um relógio de pulso que achou bonito depois de ver as fotos que o alfa mandou.
Jungkook avisou que o presente chegaria no dia seguinte e que seria enviado diretamente para a casa dos pais de Jimin, já que ele havia informado o endereço. E quando ele chegou, o ômega ficou encantado com o objeto.
— Uau, quem te deu isso?
Lalisa perguntou com os olhos brilhando enquanto observava o relógio na pequena caixa, o que fez Jennie se aproximar também para saber do que estavam falando. Jimin respondeu, — É o presente de natal que um amigo me deu.
Jennie sorriu maliciosamente, — Um amigo, é? Já superou o Yoongi e foi atrás de um milionário??
Jimin corou, — É claro que não! Ele está noivo, okay? Somos só amigos!
As duas riram e deixaram o ômega sozinho no quarto com o presente. Jimin nunca foi de usar relógios ou qualquer coisa no pulso, porém ele realmente gostou do presente e passou a usá-lo o tempo todo, quase cantando de alegria ao ver que ele era a prova d'água.
Ele teve que usar o tradutor para conseguir ler o que estava escrito na caixa em que o relógio veio, afinal ele não entendia italiano, e quase desmaiou ao imaginar quanto custou aquele presente.
A caixa do relógio era feita de prata com cristais embutidos ao redor do formato circular. O vidro de cristal de safira protegia os ponteiros e o mostrador de cor azul petróleo, as informações, como hora, data e fases da lua, eram escritas de cor branca.
Examinando mais o objeto, Jimin encontrou o nome Vernieri, provavelmente a marca, grifado no bisel do relógio de maneira elegante. Havia até mesmo uma pequena flor ao lado do nome. A mesma marca que estava nos presentes que o alfa enviou para Taehyung, então Jimin supôs que pertenciam a mesma empresa.
E diante do luxo do objeto, o ômega realmente se perguntou quanto Jungkook pagou por tudo.
Naquele mesmo dia, ele ligou para Jungkook, agradecendo pelo presente, mas infelizmente eles não conversaram muito, pois o alfa estava ocupado com o funeral que fizeram para o ômega desaparecido.
Ao se despedirem, e combinarem de conversar no dia seguinte, Jimin foi dormir com um sorriso no rosto, sem tirar o relógio de seu pulso.
– – –
Na véspera de natal, Jimin se agasalhou e chamou um táxi para encontrar com seus amigos. Ele estava de bom humor, afinal tinha conversado com Jungkook no começo da manhã, porém, assim que chegou em frente ao apartamento de Seokjin e Hoseok, uma nuvem negra surgiu em cima de sua cabeça.
Mais adiante estava Yoongi, conversando com um garoto, que aparentemente era um ômega, antes de se despedir com um beijo na bochecha e entrar no prédio. O garoto ainda ficou lá por alguns instantes com um largo sorriso em seu rosto e então foi embora.
Jimin respirou fundo, tentando não transparecer o incômodo que sentiu ao vê-lo novamente, antes de caminhar em direção a entrada do apartamento. Ele não estava com ciúmes, era o que dizia para si mesmo, mas a ideia de que seu ex-namorado o superou tão rápido o deixou se questionando se a verdadeira pessoa que foi traída nesse relacionamento não teria sido ele.
Mas Jimin conhecia o caráter de Yoongi, ou achava que conhecia, e sentia que isso era improvável, embora um pequeno verme em sua cabeça ainda estivesse tentando convencê-lo do contrário.
Hoseok abriu a porta do apartamento quando Jimin chegou e o alfa sorriu alegremente ao ver o mais novo. O ômega entrou e teve que segurar sua respiração quando encarou Yoongi.
O alfa estava conversando com Namjoon, mas assim que sentiu o aroma de lavanda que Jimin exala, ele olhou em direção a porta e seus olhos se estreitaram.
A sala até mesmo ficou em silêncio quando ambos se encararam com tanta fixação que os demais pensaram que iriam brigar ali mesmo, porém, felizmente, isso não aconteceu.
Jimin ignorou o alfa e se sentou ao lado de Seokjin que prontamente iniciou uma conversa de ômega para ômega, quase como se tentasse diminuir o clima tenso que caiu sobre o apartamento. Inconscientemente, Jimin até mesmo subiu a manga de seu suéter, fazendo questão de deixar o relógio à mostra para que os outros pudessem ver.
Em poucos minutos, com eles apenas conversando e comendo bolo e biscoitos com suco ou café, Hoseok, a pessoa mais longe dele, depois de Yoongi, falou, — Uau, que brilho!!
Jimin olhou para ele e seguiu o olhar do mais velho até o relógio em seu pulso. Hoseok, — Nunca vi você usar nada como braceletes ou relógios antes, comecei a pensar que você não gostava muito.
O ômega riu, — É verdade, eu não gosto muito, mas foi um presente de um amigo meu e eu adorei ele, não tinha como não usar.
Seokjin sorriu maliciosamente, — Hum, e deve ser um amigo e tanto para te fazer usá-lo, não é?
Jimin fez um beicinho e empurrou o mais velho de brincadeira, fazendo-o rir de sua expressão e reação, o que apenas o fez provocar Jimin ainda mais sobre esse suposto amigo. O mais novo devolveu as provocações colocando Namjoon no meio, que ficou envergonhado no sofá, mas completamente satisfeito com outra coisa.
Dando uma breve olhada em direção a ele, Jimin viu que Yoongi havia cruzado os braços sobre o peito e olhava para a janela com uma expressão neutra em seu rosto. O ômega esteve com ele por anos e sabia que aquela era a reação dele quando ficava com ciúmes.
— Hoseok-hyung está certo, ele brilha muito. Posso dar uma olhada?
Jimin olhou para Taehyung, vendo-o com os olhos iluminados enquanto olhava para o acessório no pulso dele. Era como se os cristais estivessem em seus olhos de tanto que eles brilhavam. O mais velho soltou uma baixa risada e entregou o relógio para o amigo, dizendo, — Mas tome cuidado com ele, viu? Ele virou meu tesouro mais precioso.
Taehyung examinou o acessório em suas mãos com tanta atenção que Jimin começou a pensar que ele era um especialista e estava tentando descobrir se ele era falso ou não. O que se mostrou apenas brincadeira, pois o mais novo disse, — É da Vernieri, eu sabia. Foi o Jungkook quem te deu, não é?
Ao ouvir o nome, Yoongi imediatamente olhou em direção a eles, o que não passou despercebido por nenhum deles. Alheio à reação do mais velho, Jimin respondeu com um sorriso, — Sim. Ele me pediu para escolher um presente de natal. Eu estava na dúvida, mas quando eu vi esse relógio, me encantei na mesma hora!
Namjoon gargalhou, — Eu deveria ter imaginado! Esse alfa também dá uns presentes bem caros para o Taehyung. Ainda me lembro daquela capinha de celular de diamantes que ele recebeu no aniversário do ano passado.
Taehyung fez beicinho, — Se o Kook gosta de me presentear, quem sou eu para recusar??
Seokjin expressou curiosidade, — Quem é esse alfa que vocês estão falando?
Taehyung respondeu, — Um amigo que fiz há uns três anos atrás. Apresentei ele para o Jimin esse ano.
— Da sua faculdade?
— Não, ele mora em Milão, na Itália. Só conversamos por celular mesmo, o que irá mudar em pouco tempo porque eu vou para lá!! — o mais novo respondeu com alegria, antes de se levantar para ir pegar mais um pedaço de bolo na cozinha.
Hoseok se envolveu na conversa, — Itália?? Uau, esse cara deve ser rico também, um relógio caríssimo e um capinha de diamantes?? Não é para qualquer um, não.
Taehyung riu, concordando, — Sim, ele é! Os pais dele são os donos da maior empresa de moda de luxo da Itália atualmente, Jungkook vai assumi-la no ano que vem.
Seokjin articulou, — A maior empresa de moda da Itália? O Palácio Vernieri, então? Já ouvi falar muito dessa empresa, principalmente das clientes ricas no restaurante que só usam jóias da marca Vernieri.
Hoseok brincou, — Taehyung, você tem umas amizades sensacionais, hein?
O ômega citado riu, — Isso é verdade, mas Jungkook é um amigo incrível, mesmo se ele não fosse rico. Eu mal posso esperar para conhecer ele e a Chaeyoung quando for para a Itália, falta muito pouco.
Jimin se pronunciou novamente, — O que pretende fazer na Itália? Algum plano?
Taehyung, — É impossível não ter planos! Estou louco para visitar a rua Corso Buenos Aires, lá tem dezenas de lojas de luxo e restaurantes! Quero passear nos parques, na Catedral e em muitos outros lugares. E, claro, fazer compras com a Chaeyoung depois de roubar o cartão do Jungkook.
Jimin riu de suas palavras, lembrando-se da conversa que teve com o alfa sobre o mesmo assunto. Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Yoongi se adiantou, perguntando, — Quem é essa Chaeyoung?
Curioso, Jimin olhou para ele enquanto erguia uma sobrancelha. Taehyung respondeu, — É a noiva do Jungkook.
O alfa entreabriu os lábios, — Ele… tem noiva?
Taehyung o olhou com suspeita, erguendo uma sobrancelha, — Claro que tem, parece que foi um acordo entre as duas famílias. Eles estão prometidos em casamento desde que nasceram.
Yoongi ficou em silêncio por alguns instantes antes de perguntar, — Quando você apresentou esse alfa para o Jimin?
O ômega citado novamente olhou para ele com confusão, mas o mais velho não retribuiu seu olhar. Taehyung, — Foi depois que o cio dele acabou. Jimin-hyung estava dizendo que eu deveria me preocupar em encontrar uma pessoa que conheci apenas pelo celular e eu passei o número dele para que eles se conhecessem, assim Jimin-hyung saberia que não precisava ficar desconfiado.
Yoongi sussurrou, — Foi… depois?
Mesmo sem querer, Jimin acabou sorrindo com satisfação, mais uma vez. Ele não deveria estar feliz ao ver Yoongi percebendo que estava errado quanto a sua amizade com o alfa, mas não conseguiu se conter.
O pensamento de que Yoongi não acreditava nele sobre Jungkook o perseguiu até aquele momento e, bem, agora veio a confirmação de que o alfa realmente não tinha acreditado nele.
Se Jungkook realmente mora na Itália e esteja comprometido, era quase impossível que Jimin tenha se envolvido com ele e traído Yoongi.
Jimin deu de ombros e se virou para Taehyung, — Você vai ter muito o que fazer em Milão, não é? Se divirta. Eu quero fotos e vê se você traz alguma lembrancinha para mim.
Taehyung fez beicinho para ele, perguntando — Por que você não me acompanha, hyung? Namjoon-hyung não quer ir, Hoseok-hyung, Yoongi-hyung e Jin-hyung tem trabalhar. Só falta você!
O ômega mais velho ficou quieto por um instante.
Não era a primeira vez que Taehyung o chamava para ir com ele para a Itália, conhecer tanto o país quanto Jungkook. Antes, a única coisa que o impedia era Yoongi e seu relacionamento, mas agora que ambos tinham terminado, não havia mais nada o segurando.
Talvez seja uma boa ideia viajar, ver novos lugares e conhecer pessoalmente aquele que se tornou um grande amigo seu em tão pouco tempo.
Ele sorriu para Taehyung e disse, — Você não desiste mesmo, não é?
Taehyung riu, mas antes que ele dissesse algo, Jimin o respondeu, — Okay, você venceu. Eu vou com você.
O ômega mais novo gritou de alegria e pulou em cima de Jimin, abraçando-o enquanto comemorava pela “vitória”. Os outros parabenizaram com alegria, completamente distraídos, sem reparar na maneira que o rosto de Yoongi ficava pálido.
Ansioso, Taehyung perguntou, — Você quer falar para o Jungkook ou eu falo?
Jimin riu, respondendo, — Calma, deixa que eu falo com ele mais tarde. Só se ele atender, na verdade, provavelmente ele deve estar com a família na festa de natal deles.
Seokjin bufou, — É uma pena que eu não possa viajar por enquanto, mas agora que falamos da Itália, vou começar a aprender algumas receitas. Todos conhecem a culinária divina da Itália, então talvez não seja uma má ideia trazer novos pratos para o restaurante.
Namjoon olhou para ele, — E avise quando fizer, vou ser o primeiro cliente!
Seokjin corou com o comentário, mas acenou em concordância enquanto Taehyung, Jimin e Hoseok cantavam uma música romântica para eles. O mais velho jogou almofadas em cada um deles em resposta, o que apenas desencadeou ainda mais gargalhadas no cômodo.
Aquela foi uma noite divertida que quase fez Jimin se esquecer o que ele pretendia para aquele momento onde estava todos os seus amigos juntos. Apenas quando Taehyung mencionou que desde criança sonhava em ir para outro país que o ômega de lembrou de sua infância.
Mesmo entre as risadas de seus amigos, Jimin parou, em silêncio, segurando a almofada que Seokjin jogou nele em suas mãos.
Os outros não pareceram perceber de imediato o momento em que Jimin ficou em silêncio, apenas depois de alguns minutos após terem iniciado um novo assunto sobre o restaurante de Seokjin que eles perceberam que o ômega mais baixo estava quieto.
Namjoon foi o primeiro a perguntar, — Tudo bem, Jimin? Você ficou calado de repente.
O mais novo olhou para ele com um falso sorriso. Ele respirou fundo e disse, — Sim, é que… eu me lembrei de uma coisa.
Seokjin, — Se lembrou de uma coisa?
Jimin, — Eu estava conversando com o Jungkook um dia. Eu e ele não estávamos muito bem, então nós desabafamos um com o outro, contando coisas que estavam pesando em nossos ombros. Foi graças a essa conversa que eu me livrei de um certo medo.
Taehyung perguntou com preocupação, — Que medo?
— Tem uma coisa que eu quero falar para vocês. Algo que ninguém, além da minha família e do Jungkook, sabe.
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