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História Destinos Entrelaçados - JIKOOK - Capitolo XIV


Escrita por: Yizhanic e DoVennie

Notas do Autor


Boa leitura ♥️🦢

Capítulo 14 - Capitolo XIV


Fanfic / Fanfiction Destinos Entrelaçados - JIKOOK - Capitolo XIV


Haviam diversas coisas que Jungkook poderia classificar como “conflitos internos” que estavam presentes em sua vida, no entanto aquela festa de natal sem dúvida alguma foi o pior conflito interno que ele já sentiu em seu peito durante todo o ano que se seguiu. 

Externamente tudo parecia brilhante e colorido, feliz. Foi maravilhoso para ele reencontrar seus avós, tios, tias e primos em sua casa, contar coisas divertidas que eles passaram naquele ano e trocar presentes à meia noite depois da oração e do jantar. 

Era uma pena que sua família coreana não tenha conseguido comparecer por conta da distância, mas isso não impediu que uma ligação por vídeo fosse feita de um país para o outro para desejar um feliz natal. Jungkook tinha que se lembrar de reencontrar seus familiares paternos quando tivesse férias. 

Entretanto, no meio disso tudo, havia sim uma emoção ruim se alastrando em seu peito, fazendo-o precisar controlar sua expressão para que ninguém suspeitasse que havia algo de errado, o que não adiantou muito porque Roseanne, a pessoa que o conhecia melhor do que ninguém, percebeu imediatamente que havia algo o incomodando. 

Acontece que ele reparou na maneira como a mãe de Chaemin parecia mal na hora do jantar, como ela relutava em olhar para o quadro de Jungkook e Roseanne no meio da sala da ceia, principalmente com tantos elogios direcionados a foto e ao casal de noivos que em breve diriam seus votos na igreja. 

Leah poderia tentar esconder, mas Jungkook percebia a falta de brilho em seus olhos e como eles não sorriam junto com sua boca. Ela não queria estragar a noite com seu luto, o alfa sabia disso, mas sabendo que ela sofria em silêncio, provavelmente pensando que ele estava se esquecendo de Chaemin, fazia seu coração doer. 

Alexandria também pareceu reparar na aura melancólica que contornava sua amiga, abraçando-a e levando-a para tomar um pouco de ar fresco no jardim da mansão de Jungkook. Ele queria ir também, porém sua noiva parecia tão feliz na festa que o alfa se viu em um dilema, mas acabou ficando ao lado da ômega mais nova.

Não importa o quanto Jungkook tentasse seguir em frente, ele nunca conseguiria viver sem sentir dor e saudades de sua alma gêmea amada. Chaemin nunca seria substituído, ninguém poderia ocupar o lugar do ômega em seu coração. 

Figlio mio*, está tão abatido. 

Jungkook sorriu para sua mãe antes de direcionar seus olhos para a foto novamente. O almoço de natal havia sido encerrado e ele já tinha se despedido de sua família, colocando-se novamente na sala de jantar para pensar um pouco.

Suspirando, Alexandria se sentou no lado direito de seu único filho, passando seus belos e finos dedos pelos cabelos negros para que não caíssem sobre os olhos escuros. Ela sussurrou, — Você não gosta da foto? 

O mais novo respondeu, — Não, mamma*, é claro que gosto. É só que… eu não estou me esquecendo dele, não é? Não estou deixando-o para trás, certo? 

Alexandria, — É claro que não. 

— Então por que eu me sinto assim? Zia Leah estava tão triste ontem, talvez ela tenha reparado em algo que eu não tenha visto. 

A ômega soltou um baixo suspiro, — Cucciolo*, algumas coisas não podem ser explicadas assim. Conversei com Leah enquanto trocavam os presentes e ela me disse que apenas se sentia mal por ver que talvez a pessoa que Chaemin tanto ama esteja tirando-o de sua vida.

— É claro que ela quer ver você feliz e se for com Rosé, seria melhor ainda, mas ainda é algo que ela não está completamente preparada. Não se preocupe, figlio mio, você não está deixando seu pequeno Chaemin para trás. 

Jungkook sorriu sem humor, mas assentiu com a cabeça antes de deitá-la no ombro de sua mãe. A mais velha fez um carinho singelo em seu cabelo, bagunçando-o um pouco no processo, mas acalmou a mente agitada do filho. 

Em alguns minutos, Junghwan se aproximou também, sentando-se do lado esquerdo, deixando Jungkook no meio, e segurou na mão do alfa mais novo. Ele nem ao menos sabia o que estava perturbando a mente de Jungkook, embora conseguisse imaginar, mas sabia que quando sua esposa e seu filho estavam assim, o mais novo precisava de apoio. 

Alexandria, — Está melhor, cucciolo?

Com um sorriso, Jungkook acenou com a cabeça, o que fez os mais velhos prenderem-no em um abraço forte, coisa que o fez rir de alegria. Jungkook, — Obrigado.

Instantes depois, Roseanne apareceu e sorriu para a cena de seus sogros e seu noivo juntos, no entanto, infelizmente, ela teria que interromper. Roseanne, — Estamos saindo agora.

Junghwan sorriu, — Tudo bem, estamos indo.

Jungkook avisou, — Apenas vou pegar meu casaco, só um minuto.

Ele achava incrível como a família de Roseanne era tão agitada e não se cansava fácil. Jungkook estava exausto por ter dormido pouco e tudo o que desejava era deitar em sua cama e dormir até o dia seguinte, mas não faria a desfeita de não se despedir de sua noiva quando esta estava indo viajar por alguns dias.

Jungkook entrou em seu quarto e caminhou até seu closet, pegando um casaco, um cachecol e um par de luvas limpas antes de vestir-se. Parando em frente ao espelho, Jungkook se deixou avaliar sua própria roupa antes de rir ao reparar que já havia passado da época de cortar o cabelo. Os fios estavam quase alcançando seus ombros, coisa que o fez amarrá-los usando um elástico preto. 

Em seguida ele desceu as escadas e voltou a encontrar com sua família. Roseanne foi a primeira a olhar para ele antes de avançar, colocando os braços ao redor de seu pescoço. Ela disse, — Eu gostei, você deveria deixar seu cabelo comprido mais vezes.

Jungkook revirou os olhos antes de sorrir e deixar um beijo carinhoso na testa da mais nova. Acompanhando os mais velhos, os dois deixaram a casa e entraram no carro, ficando lado a lado no banco de trás para falar sobre qualquer besteira que viesse à mente.

Roseanne, claro, estava ansiosa para reencontrar sua avó e seus primos, contar as novidades e passear pelos campos, embora ela adorasse fazer tudo isso com seu noivo também. 

— Você poderia vir comigo, seria bem mais divertido. — ela comentou com um beicinho nos lábios.

Jungkook negou, — Não, dolcezza, eu não posso sair de Milão tão cedo. Além de que tenho que receber duas visitas, não é? 

A ômega cruzou os braços e abaixou a cabeça, como se fosse fazer birra naquele exato momento, deixando Jungkook encantado com a fofura da mais nova. Ele ergueu a cabeça dela com sua mão e sussurrou, — Não se preocupe, eu vou compensá-la. O que acha de irmos para Bruges* na nossa lua de mel? 

Imediatamente o brilho nos olhos da ômega apareceu outra vez e ela envolveu o mais velho em um abraço apertado, escutando-o rir de sua animação. Deixando um beijo na bochecha do alfa, Roseanne disse, — Sim, é claro que sim! Isso vai ser incrível!! Mas ainda vou sentir sua falta.

Jungkook riu, — A Jisoo vai com você, não precisa ficar tão emotiva.

A ômega resmungou, — Você reclama quando eu sou insensível e reclama quando eu sou emotiva, se decide!!

Ouvindo suas palavras, o mais velho realmente começou a rir da ômega, recebendo alguns tapas fracos em protesto. Ao chegarem na estação de trem, Roseanne grudou em seu noivo como um pequeno coala, fazendo os mais velhos, principalmente Milena, sorrirem diante da cena. Mesmo que não se vissem todos os dias, Roseanne não era acostumada a ficar tanto tempo longe de seu futuro marido.

Entretanto, de um jeito ou de outro, a ômega largou o mais velho para embarcar no trem depois de uma longa despedida. 

Jungkook, — Cuide dela, okay? 

Jisoo olhou para ele e sorriu, acenando com a cabeça e dando um abraço em seu amigo como despedida. Não seria um longo tempo afastados, mas Roseanne conseguia ser bastante dramática quando queria, felizmente quem a conhecia já estava acostumado com sua personalidade.

Em pouco tempo, depois que o trem partiu, Jungkook retornou para sua casa com seus pais que resolveram passar um tempo com o filho, como nos velhos tempos, para aproveitar o resto do natal que já chegava ao fim. 

Foi bom para ele passar um tempo com os mais velhos, jogando alguns jogos, assistindo filmes e cozinhando como faziam no passado – na verdade, Jungkook e Junghwan cozinhavam, Alexandria não conseguia nem virar um ovo –, mas sempre havia algo incomodando Jungkook, algo dentro de seu peito. 

Mesmo após o jantar com seus pais, o alfa ainda se sentia com essa sensação. Poderia ser por conta da ausência de Roseanne, afinal Jungkook não tinha mais sua alma gêmea presente, então a presença de sua noiva era crucial para ele mesmo que fosse difícil admitir para si mesmo que Roseanne não passava de uma substituta, alguém que estava ocupando o lugar de Chaemin.

Quando a noite caiu e a hora de dormir chegou, seus pais seguiram para o quarto de hóspedes deles e Jungkook foi para o seu, tentando aplacar aquela sensação tão vaga e ao mesmo tempo profunda. 

Ele se deitou na cama coberta por lençóis vermelhos, virando de um lado para o outro sem encontrar uma posição para dormir, até que finalmente desistiu. Quando se deitou, eram nove e dezessete da noite e assim que levantou, viu que eram apenas nove e quarenta, mas para ele foi uma eternidade. 

Isso o fez deixar seu quarto e subir até o sótão da casa, procurando pelo quadro de Chaemin e ele quando eram crianças. Ele estava pensando em pendurá-lo na parede de seu quarto e colocaria em prática assim que se despedisse de seus pais na manhã seguinte. 

A foto estava ali, junto com várias outras coisas velhas e esquecidas. Brinquedos, desenhos, móveis antigos, vendo tudo aquilo, Jungkook pensou em ver quantas dessas coisas ainda serviam para doar, mas assim que seus olhos se encontraram com os olhos de Chaemin na foto, todo e qualquer pensamento sumiu de sua mente.

Sentindo suas pernas fracas, Jungkook se sentou no chão empoeirado de frente para o quadro. Lágrimas escorreram por suas bochechas enquanto ele tocava a foto com a ponta dos dedos, deixando que sua mente vagasse pelas memórias um tanto embaçadas de sua doce infância ao lado daquele que tanto amou. 

— Eu sinto muito, amore mio

Apenas o silêncio o respondeu, mas o alfa continuou, — Almas gêmeas não podem viver sem o outro, isso todos nós sabemos. Como eu ainda não definhei até a morte, eu gosto de pensar que você ainda está vivo, que você está em algum lugar, mas tão longe do meu alcance. 

Aquela era a única coisa no qual ele se mantinha, mas ao mesmo tempo, a hipótese desaparecia quando ele se lembrava de que Roseanne fazia parte de sua rotina e a presença da ômega interior dela acalmava seu alfa, mas ainda era algo que ele poderia usar para ter esperança. 

Um sorriso triste surgiu em seu rosto, enquanto ele continuava a sussurrar para o silêncio do sótão, — Talvez você tenha esquecido de tudo o que aconteceu, talvez você nem se lembre de mim e esteja com outra pessoa, mas eu apenas desejava que eu pudesse vê-lo de novo. Nem que fosse pela última vez. 

Ele olhou para o lado, encontrando uma pequena caixa de madeira com diversos papéis dentro. Pegando-a em suas mãos, Jungkook folheou os desenhos antigos um por um, mesmo que sua visão estivesse embaçada pelas lágrimas.

Assim como Jungkook, Chaemin também adorava desenhar e pintar quadros. Sua mãe até mesmo construiu uma espécie de ateliê na casa deles onde estavam a maioria dos desenhos que o ômega fez, mas após seu desaparecimento, o local foi fechado e ninguém, além de Leah, abria suas portas. 

Aqueles desenhos eram alguns que Chaemin fez quando visitava Jungkook em Roma para férias ou visitar seu futuro marido e o alfa sempre o guardou com o maior cuidado até que precisou levá-los para o sótão. 

Na maior parte dos desenhos estavam Jungkook e Chaemin juntos em diversos lugares, no quarto, no jardim, na praça, na praia, mas sem dúvidas, o lugar preferido deles era o ateliê de Chaemin na casa dele em Milão. Havia até mesmo um desenho onde eles estavam ouvindo a música que Leah tocava no piano. 

De repente, lhe veio uma memória curta e turva, de um de seus dias brilhantes em Roma com seu amado ômega ao seu lado. Eles estavam juntos no jardim enquanto seus pais conversavam na sala de estar da mansão, brincando de tirar fotos e colá-las em um álbum que eles mesmo fizeram. 

Era o aniversário de seis anos de Chaemin e Jungkook havia preparado um presente único para seu ômega. Uma caixinha de música em formato redondo de cor azul marinho com detalhes em ouro e prata entalhados ao redor. 

Ao dar corda e abrir a tampa, uma música relaxante embora animada se espalhava pelo ar, trazendo paz para o coração das duas crianças. Chaemin nomeou a melodia como “Serendipity”, pois ao ouvi-la, ele se lembrava de sua metade, sua felicidade. 

Seu futuro marido, Jeon Jungkook. 

Você sou eu e eu sou você, era o que diziam um para o outro. 

E embora eles estivessem aprendendo a ler ainda, ao abrir a tampa da caixinha, havia uma mensagem que dizia “Juntos até o fim do mundo, amore mio” junto de uma pequena estatueta de dois lobos, um de cor prata e outro de cor preta, entrelaçados juntos. 

Junto a caixa, havia um colar com um pingente em formato de uma lua cheia de cor azul onde era possível separar o pingente do cordão, revelando a chave utilizada para dar corda na caixinha. 

Chaemin adorou o presente, ficando até mesmo viciado pela linda música que tocava na caixa. E Jungkook sempre gostou de ouvi-lo cantarolando a melodia em diferentes momentos do dia. 

E embora tenha sido o presente mais significativo que Jungkook já deu para Chaemin, a caixinha de música foi a razão do desaparecimento do ômega. 

Eles estavam a caminho do camarote para observar o desfile e Chaemin nunca deixava sua caixinha de música para trás. Era apenas uma criança de seis anos que provavelmente ficaria entediada durante o evento, então os mais velhos não se importaram em ir até o camarim buscar a caixinha do ômega. 

Mas se soubessem o que iria acontecer depois, jamais teriam seguido até lá. 

Leah, Jungkook, Chaemin e dois seguranças haviam deixado Milena, Kangjoon, Alexandria e Junghwan no camarote enquanto iam até o camarim. Chamin havia corrido na frente, rindo e saltitando enquanto Jungkook e Leah seguiam logo atrás, no entanto, após ele virar o corredor, tudo o que escutaram foi o ômega gritando. 

Eles passaram um longo tempo procurando por Chaemin pelos arredores do prédio onde o desfile iria acontecer, porém não haviam encontrado nada. 

Apenas o colar do ômega foi achado na porta da saída de emergência nos fundos do prédio. 

No caminho para os camarotes, eles esbarraram em Milena que havia ido procurá-los depois de perceber que estavam demorando e diante do desespero tanto de Leah quanto de Jungkook, ela imediatamente convocou as autoridades e mandou avisar para que Alexandria cancelasse o desfile. 

Jungkook se sentia culpado sempre que se lembrava do desaparecimento do ômega, pensando que, talvez, se ele tivesse ficado com ele, caminhando ao lado dele, os dois teriam sido sequestrados ou os supostos sequestradores desistiriam. Foi tudo tão rápido que ninguém teve tempo de reagir rapidamente, de fazer alguma coisa, e agora, depois de dezessete anos, eles ainda estavam presos nessa tragédia, sem saber como prosseguir.

Jungkook desceu do sótão e voltou para seu quarto, caminhando até seu closet e pegou uma caixa que estava nas prateleiras mais altas. Dentro dela estavam o álbum de fotos que ele e Chaemin criaram, outras fotos que eles não conseguiram colar no livro, e, o mais importante, a caixinha de música de Chaemin. 

Sentando-se em sua cama, Jungkook segurou o objeto valiosamente sentimental e sentiu lágrimas molhando seu rosto, substituindo as antigas, antes de levar sua mão até o pingente em seu pescoço. 

Desde o desaparecimento de Chaemin, Jungkook nunca foi capaz de retirar aquele colar, levando-o consigo para onde quer que fosse, como se levasse Chaemin ao seu lado.

Soltando o encaixe, ele colocou a pequena chave na fechadura e girou, dando corda três vezes, e a música começou a tocar. Jungkook sorriu antes de deitar sua cabeça contra o peitoril da janela, observando a pequena estatueta dentro da caixa enquanto deixava que a melodia varresse seus pensamentos, levando-o de volta para uma época feliz e dourada.

Ele adormeceu dessa maneira, sem se importar se teria uma enorme dor nas costas no dia seguinte, sonhando com Chaemin e uma vida que poderiam ter tido juntos. 

Eu sou você


  





Notas Finais


🪷 Última modificação: [16/02/2024]

*Figlio mio; significa meu filho.
*Mamma; significa mamãe.
*Cucciolo; significa filhote.
*Bruges; considerada uma das cidades mais românticas da Bélgica.


Até o próximo capítulo ♥️☄️


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