⸸
St. Augustine é a parte histórica, charmosa e bucólica da Flórida e que muitas pessoas nem sabem da existência. Localizada há apenas 2 horas de Orlando, St. Augustine tem mais de 450 anos de história, logo é considerada a primeira cidade habitada dos EUA. E por ser uma cidade antiga ela tem suas histórias e lendas macabras que concerteza Leni sabe todas elas.
- A qual é gente fala sério! - fala a garota saindo do carro do meu velho junto comigo - ninguém sabe nada sobre aquela família e também o fato deles terem o sobrenome de um demônio é extremamente muito foda!
- Leni denovo isso? Já disse para deixar essa família em paz, os coitados devem viver com as orelhas fervendo de tanto que você fala deles.- rodeio o carro do meu pai indo de encontro a Leni que estava agachada arrumando a sua enorme bota demônio.
- Meninas já vou indo tenham um ótimo primeiro dia de aula! - meu pai se despede tão secamente que até estranho pois ele costuma ser mais caloroso, na verdade ele anda meio estranho ultimamente, antes de sair com o carro ele acena, observo meu pai ir embora e volto meu olhar para a escola a minha frente.
- As portas do inferno estão abertas novamente, ainda bem que esse é o nosso último ano. - falo segurando na alça da minha bolsa, não gosto de mochilas são tão encomodas e pesadas fora que, me deixa uma completa corcunda.
- Pois é né... mais um ano eba!- Leni finge animação levantando suas mãos e depois estende uma para que eu possa pegar - vamos enfrentar esse hospício mais um ano juntas?
Só foi o tempo de eu pegar na sua mão e ouvir um barulho de moto atrás de nós, Leni me puxou para o lado oposto de si me colocando atrás dela, eu estava com os mãos nos ouvidos tentando amenizar o ruído do barulho da moto, meus ouvidos são muito sensíveis a barulhos assim. Mesmo com os ouvidos tampados eu conseguia ouvir os gritos abafados de Leni.
- SEU FILHO DA PUTA TEM BUZINA NÃO? POR ACASO VOCÊ TA COM ELA ENFIADA NO CU?! - Leni gritava para o que aparentava ser um garoto na moto, ele é alto pois mesmo a moto sendo enorme seus pés seguravam ela no chão isso foi a única coisa que reparei nele pois eu ainda estava focada em massagear meus ouvidos para fazer o encomodo passar.
Mesmo que ele esteja de capacete consegui ver o garoto revirar os olhos e Leni, claro, continuava aos berros, o garoto retirou seu capacete jogando seu cabelo para trás arrumando-os com a suas enormes mãos tatuadas e cheia de anéis, ele solta um suspiro e olhando para Leni com tédio.
- Não sou eu que estou parado em meio a um estacionamento aos berros, a sorte sua que eu não a atropelei! - o garoto fala se apoiando em sua moto e pude o ver melhor, ele é asiático e possuía muitas tatuagens em seu pescoço e busto também, não consegui ver seus braços pois estavam tampados com a jaqueta de couro preto que o garoto usava.
- Aé? Você já sentiu um capacete enfiado no seu cu? - Leni avança para cima do garoto - que ta-
- Leni chega ele tá certo. - falo puxando a saia que a garota usava - me desculpe moço. - falo com um sorriso contido e o garoto me olha surpreso como se não tivesse me visto ali - vamos.logo. - falo entre dentes para a garota, fui puxando Leni pelo estacionamento mas ela continuou de costa para mim a frente do garoto,enquanto andávamos seu dedo do meio foi exposto até chegarmos dentro da escola e sumirmos da sua vista.
⸸
O sinal do intervalo havia tocado. Já havia se passado o primeiro período das aulas e eu não estava mais com aquele encomodo no ouvido mas agora estou com dor de cabeça, o lado bom dos comprimidos é que eles aliviam a dor em uma parte e o lado ruim é que a transfere para outra como se fosse uma balança onde que, você tira o peso de um lado e fica tudo desequilibrado.
Ao entrarmos no refeitório sentamos no nosso lugar de sempre, a mesa bem afastada e bem no canto e longe de todos. Gosto daqui por que tem uma pilastra onde posso me apoiar enquanto eu como, não gosto de comer na frente das pessoas e essa pilastra me esconde bem, e também esconde meu corpo. Não gosto de estar a vontade em lugares cheios pois expôs o meu corpo e eu acabo não percebendo as vezes, e fica estranho.
Na Internet é normal ser gorda é visto como algo bonito e aceitável mas na vida real somos tratados como preguiçosos e desleixados com o nosso corpo e a qual é? Não posso simplesmente ter nascido assim?
Meu corpo não é gordo eu acho. Mas a minha barriga ferra com tudo! Eu só queria me sentar e não sentir ela dobrando ou não ficar arrumando a minha postura para não parecer tão gorda, não me preocupar com a largura do meu ombro e a minha postura côncava ou a largura dos meus braços, não procurar sempre algum lugar de reflexo e me olhar para ver se está muito feio, edaí que ninguém está olhando? Eu olho, eu me vejo, e não gosto disso! não gosto mesmo!
- Tá me ouvindo Sarah? - Leni pergunta como sempre estressada me tirando dos meus devaneios - está se olhando demais espero que não seja o que eu estou pensando...
- An? Que? não! Eu só tô viajando não é nada disso! - falo a confortando com o olhar mas ela ainda me olha com desconfiança - está tudo bem. - Leni assente e suspira, olhando para o lado fazendo cara de nojo - o garoto da moto não para de olhar para cá.
Olho para onde a Leni olhava e realmente o garoto nos olhava sem disfarçar, me encosto novamente na pilastra e volto a minha atenção ao meu lanche, tiro da minha lancheira dois sanduíches e um suco de pêssego eu amo tanto pêssego!
- Claro ué você quase bateu no garoto hoje mais cedo.
- I ala já tem abutres em cima da carniça, Melissa e suas serviçais. - Leni debocha enquanto eu abocanho meu sanduíche e olho para a mesa do garoto novamente que agora sorria para as garotas mas voltou seu olhar para gente, se não for impressão minha eu acho que ele olhou para mim e ergueu as sombracelhas e curvou a cabeça como comprimento.
- Merda esse garoto vai ficar olhando para você mesmo? Vem cá Sarah vamos fingir ser um casal, se aproxima e me beija! - olho incrédula para Leni que me oferecia seus braços entendidos fechando seus olhos e formando um bico em seus lábios, jogo o presunto do meu sanduíche em seu rosto e nos desatamos a rir uma da outra e por um momento esquecemos daquele garoto.
Mas só por um momento. Terminei meu lanche e olhei novamente para aquela mesa por que eu sentia o seu olhar por cima de nós e quando e novamente ele continuava nos encarando, Melissa percebeu nosso olhares e colocou seu corpo em cima da mesa na frente do garoto chamando a sua atenção.
- Ai que nojo a Melissa não se dá o valor mesmo né?, ela deve está lá tipo "EI por favor olha para mim e me comaun". - a última palavra soou tão engraçado que eu até me engasguei com o meu suco, desde de que, eu conheçi Leni ela sempre fez e faz as coisas serem mais legais e divertidas e eu amo isso nela.
...
Quando nos conhecemos tínhamos oito anos de idade, eu não tinha amigos para brincar pois eles tinham medo de mim por algum motivo que eu até hoje não sei, bom eu estava na janela da minha casa vendo as crianças brincarem na rua e cara como eu queria estar lá também! e foi quando eu ouvi o barulho de uma buzina de carro eu pensei que era o meu pai mas a buzina era mais barulhenta, curiosa fui olhar o que ou quem era e vi uma grande combi amarela cheia de flores e algumas bandeiras nos retrovisores, a combi parou na casa em frente a minha.
De dentro da combi saiu uma mulher e depois uma menina bem pequena aparentava ter a minha idade, a garota usava meia calça preta com listras cinzas, uma saia que até o joelho preta, bota preta, e uma blusa de manga preta, seus cabelos eram bem escuros e curtos e bem lisos ela possuía uma franja também.
A garotinha saiu pulando de dentro da combi segurando um ursinho nas mãos, enquanto a mulher tirava algumas caixas de dentro do automóvel, a menina começou a pular em uma amarelinha imaginária, quando ela completou a primeira rodada e virou para frente pois ela estava pulando de costas para mim, ela parou e ficou me olhando, eu me assustei e abaixei a cabeça tentando me esconder mais na janela, ela ficou parada me olhando soltei um sorriso fraco mas ela me respondeu com o seu dedo do meio bem levantado. Corri para o meu quarto assustada esperando meu pai chegar.
Passou-se alguns dias depois daquele ocorrido quando aquela mulher bateu na porta de casa e o meu pai a recebeu com um grande sorriso no rosto, "a mulher usava a roupa igual a tia da vacina" eu pensei na época.
- Obrigada por cuidar dela essa noite e eu ainda não acredito que não vai cobrar nada... - falava a mulher para o meu pai que balançava a cabeça.
- Você vai salvar vidas essa noite e isso não tem preço.
A mulher saiu sorridente e beijou a testa da filha como despedida, eu tinha percebido que as duas tinha olhos puxados como se estivessem fechados, que legal.
- Sarah vem conhecer sua nova amiga! - eu estava escondida no sofá vendo eles e me escondendo da menina - vem Sarah não faça essa desfeita com a pequena Helena.
- Não é Helena é Leni caramba! - a garotinha resmungou batendo o pé no chão - desculpe Leni - meu pai falou soltando um sorriso sem graça.
Eu me aproximei aos poucos da garotinha que me olhava séria mas depois sorriu para mim e estendeu a mão e eu aceitei - isso aí - meu pai saiu de perto de nós e pensei que ela me trataria mal porque é isso que as crianças faziam comigo quando não tinham adultos por perto, mas ela puxou minha mão e me sentou no Sofá.
- Esse aqui é o senhor meléca - ela me mostra seu ursinho - e você é a sasha né?
- Não... meu nome é Sarah... - eu falava timidamente - oi senhor catarro.
- Não é catarro é meléca Sarah! -a garotinha disse revirando os olhos.
E assim não desgrudamos uma da outra por um bom tempo e cá estamos nós nove anos depois.
...
- E você e o Alex? Ainda estão juntos? - Leni pergunta fingindo naturalidade mas sei que ela tá se roendo por dentro - ele...
- Não, ele ainda não aceitou que eu quero terminar com ele.
Leni cruzou as sombracelhas mas não disse nada até por que da última vez que ela tentou falar sobre algo em relação a isso brigamos feio e nós paramos de se falar por quase um mês.
- Não vi ele na escola hoje... - pude perceber que ela talvez esteja tentando conversar sobre isso sem brigarmos - seu pai já sabe?
- Não. Ele nunca tentou ir na minha casa ou falar com o meu pai sobre nós e isso me cansa Leni... eu queria ter um namorado que cuidasse de mim e fizesse o mínimo... namoramos há dois anos e ele nunca me assumiu em público - falo olhando para as minhas mãos - eu tento terminar mas ele não aceita, acho que não nos vemos tem um tempão...
- Sarah... eu sei que brigamos da última vez por causa disso mas... você precisa falar com o seu pai! desde daquela vez eu sinto repulsa por aquele garoto, você precisa de ajuda! - Leni fala baixo e estende uma de suas mãos para acariciar a minha.
O sinal bateu não dando tempo de eu a responder, me levantei da mesa arrumando as minhas coisas me despedindo dela pois não somos da mesma sala esse ano, vou indo em direção ao corredor da minha sala porém sou puxada pelo braço por alguém que já até imagino quem era, olho para trás e vejo Alex fazendo sinal para eu o seguir.
Não queria ir mas ele nem esperou a minha resposta e foi indo em direção a quadra da escola, suspiro e vou atrás do garoto. Ao chegar na quadra, tinha alguns alunos mas sei aonde que Alex estaria, ao entrar na salinha onde guardam as coisas da escola, Alex me abordou me enchendo de beijos mas eu o parei o afastando um pouco de mim.
- O que você quer? - indago friamente.
- Ué não é normal sentir falta da sua própria namorada? - ele pergunta tentando se aproximar novamente mas me afasto e ele revira os olhos - o que foi dessa vez?
- Eu já disse que não temos mais nada!
- E eu já disse que quem decide isso sou eu! - o garoto fala com o maxilar trincado mas com um sorriso no rosto - você se acha muito né? por me namorar? quando eu te conheci você não sabia nem beijar... sabe o quão humilhante isso é? eu fui o único que te quis!
- É você tem razão... mas eu tenho nojo de tudo o que aconteceu entre a gente, eu preferiria continuar sem nunca beijar ninguém do que beijar você, eu.não.quero.mais.nada! - falo querendo compreensão mas o garoto começa a rir da minha cara e isso me deixa mal, uma sensação de vulnerabilidade.
- Se terminar comigo eu mostro aquelas fotos para o seu pai...
- Ótimo! Aí vocês finalmente vão se conhecer e meu pai vai amar saber tudo sobre você... - falo em sacarmos tentado esconder dele o medo que eu estava sentindo - me deixa em paz...
- Se acha esperta né? queridinha... - com um sorriso macabro no rosto, dando passos para frente me encurralando na parede colocou seus braços ao meu redor - se continuar me contrariando eu posto aquelas foto na Internet e... mostro elas para a escola toda também... - sorrindo ele começa dar leves selares no meu pescoço eu tento recuar colocando as minhas mãos no seu peito tentando o empurrar.
- A qual é sei que você gosta disso, pare de se rebelar minha princesa...
- Para... por favor... - falo com peso na voz o empurrando até que ouço um barulho e vejo um vulto passando por mim e Alex que foi jogado no chão.
Não tinha ninguém além de nós dois ali, bom, pelo menos ninguém físico, Alex começou a se afastar para trás ainda sentado no chão olhando assustado para o nada e começou a pedir socorro, eu saí da sala correndo assustada pois, não por causa do vulto misterioso e sim de Alex que concerteza estava sobre efeitos de drogas.
O Diabo não é tão assustador quanto a um homen tentando te agarrar a força ou um grupo deles te perseguindo na rua ou até um só.
Ao sair da salinha as pressas indo até a minha sala, no corredor me choquei contra um corpo, olhei para o seu rosto afim de saber quem era e pedir desculpas, mas era o garoto da moto do ocorrido mais cedo e estava acompanhado.
- Me desculpa. - peço mas o garoto não diz nada e desvia o olhar do meu rosto como se eu não existisse, típico disso acontecer comigo.
- Como sempre vive no mundo da lua né sarinha? - Melissa fala com um tom de deboche - tabom já pediu desculpas agora sai daqui! Anda.
Eu abaixei a minha cabeça e fui para a minha sala peguei as minhas coisas e saí sem dar explicações para o professor ali presente o deixando confuso.
Vou até o banheiro e me tranco lá até dar a hora de ir embora, eu chorei bem baixinho para ninguém escutar, mesmo que eu sei que ninguém vai se preocupar, não quero ser a garota que chora no banheiro da escola e ser mais zoada do que já sou! é, infelizmente ainda existe bullyng principalmente no ensino médio.
Muitas pessoas ficam tristes por estar completando o ensino médio e ser seu último ano na escola mas eu não vejo a hora disso tudo acabar, a pressão das aulas dos professores o bullyng. Os olhares negativos em cima de mim quando eu tento me arrumar com algo novo para ir para escola e me sinto bonita mas um grupo de meninos ou meninas passam por mim rindo, eu automaticamente fico destruida por dentro.
Faltando dez minutos para acabar saio de dentro da cabine que estava trancada e arrumo meu rosto, retoco a maquiagem e passo um creme de menta no nariz para desinchar e voltar a respirar melhor.
O sinal bate e saio da banheiro indo até o estacionamento da escola me encontrar com Leni que já me esperava, fui sorrindo até chegar perto da garota.
- Pensei que não vinha se despedir - caramba eu tinha me esquecido que hoje era o primeiro dia de trabalho dela,merda, a olho completamente sem graça - sabia que tinha esquecido sua vaca.
- Desculpas Leni é tanta coisa que eu acabei esquecendo mesmo...
- Tudo bem sei o que você ta cheia - ela fala me abraçando - eu não acredito que o capitalismo vai nos separar! - sendo militante sempre que pode essa é a minha Leni - primeira vez que não vamos para casa depois da escola juntas.
- É meio estranho mesmo... - ela desfaz o abraço, logo uma garota gritou e a acenou com a Leni que retribui o gesto - quem é? - indago pois não é de Leni fazer amizades.
- Uma colega da minha sala que também é asiática , ela que me arrumou o emprego na lojinha de convivências do posto de gasolina um pouco longe de casa, antes que pergunte como, nos conhecemos nas férias e descobrimos que iríamos ser da mesma sala então fizemos amizade - sorrio para Leni para ela não perceber meus ciúmes - já vou indo tchau - se despediu beijando a minha bochecha antes de sair correndo até a garota.
Observo as duas se abraçando e começarem a andar, espero elas sumirem de vista e vou andando até em casa ,que não é muito longe, coloco meus fones de ouvido e vou seguindo caminho, ao chegar vejo uma rosa negra na porta de casa e uma carta, a rosa estava perfumada com um perfume tão gostoso e fora seu cheiro natural que inspirei bem fundo aquele aroma doce misturado com aquele perfume e na carta estava escrito: [Pelo dia ruim de hoje.]
Isso é coisa da Leni concerteza mas como? Cheiro a rosa novamente entrando para dentro de casa, ao chegar na sala jogo a minha mochila de lado e vejo meu pai na cozinha de costas na pia fazendo algo que provavelmente seja a sua massa italiana que é uma maravilha.
- Pai cheguei!
- Oi querida pode vir me ajudar? - ele se vira para mim com um sorriso no rosto e eu assinto - mas lave as mãos antes! - sorrio e vou até ele, lavo as mãos e começo ajudá-lo meu pai sabe como a escola para é uma merda para mim então sempre que ele pode ele prepara meus pratos favoritos e meu dia sempre se encerra bem.
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