P.O.V OFF
Depois de um tempo ele descobriu como funcionava o sistema daquela casa de alimentação. Eles deixam o "depósito" no subsolo, os mais doentes vão ali pra cima e são cuidados e então colocados em quartos com várias outras pessoas no térreo, as bolsas de sangue VIP's ficam no segundo ou terceiro andar.
Ficou horrorizado ao ver que tinham crianças e bebês nos arredores, aos montes, e descobriu que vampiros também podem ficar excitados com a mordida e acabam estuprando algumas mulheres, e é daí que vem os bebês.
Tanto que um orfanato foi criado ali perto, as mães não podem criar seus filhos pois a casa não permite e os vampiros não querem assumir as crianças.
Foi cuidado junto de várias outras pessoas, e quanto mais rápido se recuperava mais receoso ficava. Já haviam começado pelo "básico", tiravam seu sangue com uma bolsa e colocavam numa geladeira, junto de várias outras, e quando um vampiro queria algo era só ir ali e pegar.
Eles cuidavam para que o sangue ficasse bom, com nenhuma doença e nem fraco. Tinham mais bolsas de sangue ali do que ele imaginava, eram tantos homens e mulheres que nem poderia contar, a casa era enorme e aparentemente muito famosa.
Ele ficava em um dos vários quartos que eram lotados de gente, não tinha cama para todos e o chão era de pedra, gelado e desconfortável. O quarto era grande e ficava em um corredor onde tinham mais alguns quartos e ali ficavam todos os que eram bolsas de sangue.
Já não sabia o que esperar dali para frente.
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Não tinha acompanhado a rapidez que tudo havia acontecido, num momento era só mais um em meio a todos os outros, no outro estava sendo tão requisitado a ponto de que os vampiros pudessem beber direto do seu pescoço.
Primeiro ingenuamente achou que sua vida ia melhorar por isso, pois foi colocado num quarto só seu e foi melhor tratado com direito a mais comida e até médico. Tomava banho com mais freqüência e até ficou mais bonito por causa das roupas e maquiagens que lhe obrigavam a usar.
Foi o que pensou até o primeiro Vampiro passar dos limites. Antes era só mostrar o pescoço e iam embora logo depois, mas num dia um se descontrolou e ele foi estuprado.
Queria chorar, queria morrer, simplesmente desaparecer.
Estava destruído, sua garganta doía, a respiração era fraca e falhada e o choro contido e baixinho lhe embaçava a visão. Sentia o corpo todo tremer, seu quadril e pernas dormentes e a cabeça latejando de dor.
Ficou horrorizado, se sentia sujo, sem chão e usado queria nunca mais ver aquele Vampiro na vida, mas foi quando percebeu que mesmo sendo um dos VIP's ainda era um escravo, um lixo descartável como os outros. E não importava quantas vezes implorasse o Vampiro sempre voltava e fazia a mesma coisa.
Outros passaram a tocá-lo também, a mordida deles apenas doía e é agonizante, o prazer inicial característico só lhe dá náusea e repulsa. Sentia-se injustiçado, com raiva e solitário, sem apoio, sem Norte.
Havia virado uma bolsa de sangue vulgo puta dos vampiros mimados. Sentia-se terrível cada vez pior, nem conseguia mais olhar para o próprio corpo, não se olhava no espelho e não tinha apetite.
Perdeu a fome, sono, vontade de viver, de respirar, mas não tinha escolha. Era obrigado a levantar cedo e se alimentar, tomava um Sol e comer de novo no almoço. A tarde alguns Vampiros apareciam e quando a madrugada chegava que o pesadelo começava.
Eles sugavam seu sangue a ponto de o deixar à beira da morte, largado e pálido em qualquer canto, mal sentindo seus batimentos. Sabia de casos que pessoas eram secadas até a morte por Vampiros, mas apenas pensava que nunca teve essa sorte pois sempre algum funcionário chegava e o enviava para a enfermaria.
Lá eles o tratavam e davam transfusão de sangue, se recuperava até estar com a quantidade normal de sangue no corpo e voltava a "trabalhar".
Já havia tentado fugir, e conseguiu de primeira, mas eles o acharam e trouxeram de volta. Apanhou e ficou uma semana sem comida decente e suficiente, como castigo.
Com o passar de alguns anos fez algumas amizades e as perdendo por motivos bestas.
Não tinham cabeça para brigar ou manter amizades fortes, e a única boa amizade que teve perdeu. Ela morreu no parto de seu segundo filho, perdeu sangue demais no parto e um Vampiro ainda tinha se alimentado dela.
A criança foi para o orfanato junto do irmão mais velho e deve estar lá até hoje.
Muitas coisas aconteceram, algumas já nem valem lembrar, foram coisas que o afetaram profundamente, muitas palavras e momentos que se cravaram fundo em si e afetariam a qualquer um. Viveu anos numa situação desumana, vendo pessoas irem e virem, muitas indo para nunca mais voltar, saindo do porão, indo para os quartos e depois enfermaria.
Estava definhando, desistindo.
Muitos rostos pálidos passaram por si, mas quando o "branquelo alto" chegou tudo mudou. Tudo mudou porque ele primeiramente o tratou como pessoa, tratou como semelhante e isso não acontecia a tanto tempo que fez questão de dar seu sangue a ele.
Uruha era diferente, todo tímido e educado, parecia sempre receoso ou ameaçado, era o total oposto de tudo o que Ruki já tinha visto até ali. Ainda assim a sua experiência com Vampiros e pessoas lhe diziam para não confiar numa cara de anjo e sorriso fácil.
Em pouco tempo, as mordidas finalmente começaram a ser mais amenas e sem toda aquela urgência por sangue, Uruha chegava e perguntava como ele estava, conversavam um pouco e o mordia, quando terminava conversavam mais um pouco e então ele ia embora, mas voltava frequentemente.
No início não falavam nada de relevante, mas com o passar do tempo Ruki foi contando tudo a ele, sobre seu passado que já lhe parecia outra vida, como fora parar ali, sua família, namorado e o quão mórbida era a vida que levava. Uruha pareceu incomodado, mas não parecia lhe julgar.
Uruha nunca o deixou sem sangue, ele nunca bebeu mais que o necessário e mais do que Ruki poderia dar sem ser prejudicado. O famoso prazer da mordida veio e Ruki gostou, gostava da mordida dele, achava bom sentir os lábios cheinhos, as sugadas leves e às presas até seus próprios gemidos.
Após isso foram ficando mais íntimos, Uruha era estupidamente bonito, encantador e com um sotaque charmoso, demonstrava certo zelo por Ruki que estava carente, e até grato não viu razão para não aproveitar todas aquelas sensações e carinhos, pensou que se pudesse escolher tinha que ser ele, mas não esperava nada além de satisfação e prazeres momentâneos.
Por isso ficou surpreso quando Uruha disse que iria tirá-lo dali, duvidou, mal acreditou, mas mesmo assim uma esperança enorme cresceu em si. Um Vampiro havia se tornado seu amigo maravilhoso e uma pessoa importante e mais ainda parecia preocupar-se consigo.
Mas tamanha foi sua surpresa, pois foi dito e feito, Uruha o tirou daquele inferno em pouco tempo depois, Ruki até pensou em ficar na rua e no pior dos casos procurar seus pais para não incomodar mais o Vampiro que mesmo seu amigo ainda era um Vampiro , mas depois de tanta insistência por parte de Uruha, cedeu.
Teve que se deixar ser ajudado pelo Vampiro, que agia de modo superior, mas sem humilhar ninguém, e era de fato superior pois era um Vampiro Rico afinal. Quando fora levado até o apartamento dele notará que era amplo, no mínimo de médio-alto padrão, todo novo com tudo do mais sofisticado, e havia um amigo que o servia e eles tinham alguns momentos amorosos. Amigo, servo ou algo mais, Ruki não entendia.
Kouyou se mostrou uma pessoa incrível, o ajudava, conversavam muito, ele o ouvia e não mudou nada de antes, cuidava de si sem pedir nada em troca, não exigia sangue, nunca, levando Ruki ao costume de oferecer até hoje.
Ambos eram novos na cidade e não sabiam o que fazer nem para onde ir, logo visitaram os pontos turísticos da cidade, os restaurantes e os bares, foram aos parques e até fizemos piquenique na floresta. Ele já era importante para si, mas Uruha se tornou simplesmente a pessoa mais importante da sua vida.
Quando disse que queria começar a trabalhar em algo básico e normal Kou não estava disposto ajudar no início, pois dizia poder sustentá-lo se quisesse. Mas Ruki queria, ter uma independência, queria fazer algo por si, sua vida estava boa, mas queria mais.
Depois de alguma insistência Uruha pediu ajuda para Teru, que arranjou um emprego facilmente e ele não sabe como até hoje. Teru saiu de tarde e voltou de noite dizendo que ele tinha uma entrevista de emprego num café.
De uma maneira bem constrangedora descobriu que eles tinham um relacionamento. . . Ficou assustado, nem negaria, mas curioso já que nunca viu um relacionamento homossexual dar certo, na verdade, não conhecia de perto nenhum outro gay além de si e seu antigo namorado.
Ficava olhando para os dois esperando que eles se beijassem ou fizessem alguma coisa, mas não eram assim, eles pareciam ser só amigos com benefícios.
Com Ruki haviam começado com carícias, selinhos, mãos bobas e beijos quentes, quando viu ele e Uruha já estavam quase passando para os finalmentes.
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_ Hummm Uruuuuu. . ._ Ele puxa seu cabelo para trás espalhando beijos em seu pescoço subindo até sua orelha e sugando a ponta, suspira sentindo as mãos magras passando por suas costas fazendo-as arrepiar. Direto num dos seus pontos fracos.
_ Oh, o que temos aqui?_ Ele brinca ao subir as mãos até seus ombros descendo e arranhando as costas, não aguenta e arqueia gemendo suavemente.
Segura nos braços pálidos de Uruha e o empurra para o lado ficando em cima dele, se abaixa e mordisca seu pescoço indo até o queixo e depois toma os lábios macios para si. Ruki tinha certeza que ele beijava bem.
O beija com vontade segurando a bochecha dele e virando um pouco o rosto. Quando se afasta se senta sobre seu quadril e tira a blusa pela cabeça, mal tem tempo de jogá-la para o lado porque ele já está o agarrando pela cintura e mordendo seu ombro, coloca seus braços em torno do seu pescoço e se beijando outra vez.
_ Hhmm, que pele quentinha._ Ele murmura rolando pela cama de novo ele ficando por cima, ele desce o corpo e o beija a garganta e desce para o seu mamilo o sugando, Ruki enlaça o tronco dele com as pernas e fecha os olhos ofegante.
Mas, para chegar a esse patamar foi demorado e muito dificultoso, Ruki sempre acabava se lembrando dos estupros e abusos, tinha pesadelos, pensou até que nunca se recuperaria dos traumas e lembranças.
Porém, graças a Uruha que foi lhe mostrando que era completamente diferente, que os toques não eram só por luxúria, tinha carinho alí, cuidado, ele se importava com Ruki e com o seu prazer além do dele.
Ruki não era um brinquedo para ele, era sexo com as duas partes aproveitando bem.
E a prova maior de que Kou se importava assim como ele, era essa cena. Ele tinha suas pernas apoiadas nos ombros dele que o olhava nos olhos fazendo charminho e facetas enquanto seu pênis afundava nos lábios cheinhos.
Não conseguia recuperar o ar para gemer então somente arqueava ofegante vendo-se ser chupado, a boca quente, a sucção, a língua serpenteando e o biquinho que ele fazia. Os olhos vermelhos fogosos que nunca desviavam dos seus, os lábios repuxados minimamente em um sorriso fácil.
Esse Vampiro é uma perdição.
Kou tocava ele como se soubesse todos os seus pontos fracos, cada toque o incendiava e o fazia ofegar. Cada beijo, cada mordida, tudo nele era surreal para Ruki.
E quando o penetrou foi tão cuidadoso que poderia jurar que não sentiu dor alguma já que ele tinha o lambuzado todo com a sua saliva anestesiante que o fazia relaxar e só sentir o prazer de ser preenchido.
Ele sentia a diferença dele para os outros que o tocaram, ele era mais delicado e rebolava, se preocupava em satisfazê-lo, beijava suas costas e ombros e gemia deliciosamente em seu ouvido.
Ele o fez sentir prazeres totalmente novos.
E no final, quando Ruki estava quase lá, se contorcendo embaixo dele pelo prazer, pediu o que imaginou que não pediria nunca ainda mais nessa situação. Pediu por uma mordida e ele o deu, e o prazer foi tão intenso que gozou no mesmo segundo.
E foi maravilhoso, surreal não sabia que poderia sentir-se tão bem. Depois disso sempre que queria, ou se sentia para baixo pedia por uma mordida, e ele o dava sempre.
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Mas, noites depois quando acordou de madrugada, percebeu que suas noites de sexo não eram do jeito que ele apreciava. Nessa noite o pegou com um cara na sua cama, ele se contorcia e rebolava, gemendo e ofegante, parecia perder a sanidade a cada gota de suor que escorria pelo seu corpo nu.
Foi ali que viu que ele realmente gostava de ser dominado, ele apreciava mesmo era estar por baixo. Foi mais ou menos a partir dali que decidiram mutuamente que não continuariam com suas noites divertidas, afinal não poderiam investir em algo se os dois não estivessem realmente aproveitando.
Eram dois passivos e teve que aguentar os resmungos de Uruha por uma semana sobre só ter amigos passivos, e contra si por não querer ser ativo. Sim, haviam tentado, já tinha trocado de posição com ele e achou sim muito bom se arremeter naquele interior apertado. Mas também não era o que mais gostava.
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Fizeram uma "despedida" desse modo de vida tanto porque após quatro anos juntos, Ruki ia se mudar para seu apartamento tanto quanto porque não eram mais compatíveis.
Foi no chão da sua sala nova que transaram pela última vez, foi maravilhoso e muito mais intenso do que todas as outras vezes.
Talvez tenha sido por isso que deu errado, porque foi tão intenso que o Uruha perdeu o controle sobre si. Foi tão rápido uma hora estava lá, ofegante e gemendo sob seu corpo, arranhava as costas pálidas sentindo o prazer do pênis dele batendo contra sua próstata. Estava quase no limite, não se aguentava mais de prazer, se contorcia e fechava os olhos com força, agarrava as roupas espalhadas no chão tentando buscar algum auxílio ou base, mas nada o ajudava.
Foi quando passou a arranhar mais as costas dele, descendo pelos braços. Não era aquela transa selvagem e que te leva do céu ao inferno em segundos. Era aquela coisa mais calma, intensa e mais fogosa, quando pediu para ele o morder se viu na expectativa ao ver os olhos vermelhos e as presas afiadas entrando na sua pele.
Foi tudo tão rápido que só acordou no dia seguinte, no hospital, tinha acabado de sair de um coma induzido por causa da cirurgia de reconstrução da sua garganta, Uruha tinha comprado bolsas de sangue para repor o seu.
Ficou com uma sonda por muito tempo porque eu não podia comer nada, sem falar também, Uruha cuidou dele todos os dia até se recuperar.
Mas único que não pareceu se recuperar do trauma foi o próprio Uruha. Foi quando ele começou a sair com várias pessoas, toda noite alguém diferente, rejeitava quando Ruki pedia uma mordida e quase nunca mais se alimentou dele, mas sempre voltava pra si. Teve que inventar o método da garrafinha para garantir que ele não passasse fome.
Sempre o fazia sorrir relembrar como tudo aconteceu no relacionamento deles parando para pensar sobre qual foi o ponto em que deixou de ser algo superficial para um elo tão profundo, sem sequer perceber apenas foi acontecendo.
Apesar de que hoje tenha quase certeza de que Kou não se importa mais com si pois conseguiu um Lobo como tanto queria e provavelmente não saia da cola dele, imaginava se já estavam namorando, e também adotou um Gato, tinha conseguido a bolsa de sangue perfeita, então não precisava mais da sua companhia tanto que deixou sua chave e foi embora sem dizer nada.
Sempre sentiu que precisava mais do Kou do que o Kou dele, foi assim com todos antes, eles seguiram sem ele. Mas mesmo assim Kouyou sempre será sua única família, seu amante, o melhor amigo e eterno salvador. Lhe era grato com a vida, que sem ele nela nem estaria mais vivo, sem ele não tinha motivo algum para continuar suportando.
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