1. Spirit Fanfics >
  2. Luz sobre Tormenta >
  3. A Muralha de Nuvens Cinzentas

História Luz sobre Tormenta - A Muralha de Nuvens Cinzentas


Escrita por: prudencia

Notas do Autor


duas explicações:

1. tinha colocado ''parte um'' no capítulo passado, mas ao escrever esse notei que não havia semelhança alguma para considerar esse uma parte dois, então alterei os nomes, mas o capítulo não mudou a escrita, apenas os títulos pois para mim não fazia sentido.
2. a demora nas postagens deve-se a uma única coisa: Enem, tá chegando e com essa loucura da pandemia não se sabe ao certo de terá ou não, então por isso aqui em casa está uma loucura, e na minha mente também

saibam que não abandonarei a fic nem por um instante, espero que ainda estejam querendo acompanhar a história
tendo dito (escrito no caso) boa leitura 💖💖💖

Capítulo 32 - A Muralha de Nuvens Cinzentas


Fanfic / Fanfiction Luz sobre Tormenta - A Muralha de Nuvens Cinzentas

Regressara Snape então, as funduras da caverna, ao hálito deletério do breu. Extirpou de si as luvas, o delírio de um emocional flagelado faziam parecer que o tecido estava entrelaçado em seus veias, ao alterar-se, cogitou lança-las na lareira, iludindo-se que junto com o presente queimado, iriam-se também as tormentas, a dor lancinante. Mas, o peçonhento imaginário lhe entregara a imagem de olhos tão apaixonados lhe costurando as duas peças em sua mão, que as dar aos laços de chamas que se enrolavam na lenha seria então, um findar indevidamente bárbaro. As conservou em uma caixa sobre seu armário, e que provavelmente não voltaria mais a abrir.

Escutar o gênesis da movimentação de alunos nas masmorras lhe fazia doer as têmporas, inflamável como estava, até o caminhar silente de um gato o incomodaria. O mais fervente dos chás não apaziguaria o frio que tomava seu peito, e mesmo que deitasse na posição mais confortável, o sufocante sentimento que o martirizava não diminuiria.

 

Aconselhada por Madalena, Amuleto retornou a sua sala, ao mais tardar não compreendeu como conseguiu andar todo o percurso, pois se quer dava atenção a ele, pois Snape construiu inconscientemente um império nos pensamentos de Cassandra, decorando e registrando suas gesticulações, expressões, silhuetas, e sobretudo, o movimento dos seus cabelos. Agora lhe havia restado, o semblante empedernido com o qual ele a havia recebido naquela mesma noite, e do qual ela não sabia o porquê, havia ele simplesmente se cansado da relação de certa maneira amigável com qual os dois tinham se estabelecido? Ou de algum modo ele estava consciente do que ela teria a lhe falar? Ficou imóvel ante a porta.

Como ele poderia saber?, após longos segundos caçando uma explicação, algo lhe veio. Talvez se, fosse um legilimente...

Arregalou-se seus olhos, não pensou que seu coração pudesse murchar mais, ele poupou a si próprio do vexame, das ‘’bobagens’’ que era iria lhe falar. Antes de entrar, e contemplar sua melancolia, passos pesados vieram ao seu encontro, lá estava Hagrid, o bom humor explícito no sorriso, e nas bochechas avermelhadas.

– Cassandra, o que faz aqui? – perguntou antes de olhar para a face triste da professora – Aconteceu alguma coisa?

– Eu... Eu... – suas pálpebras caíram, e ela atirou-se nos braços do amigo – Rúbeo, me responda, eu nunca necessitei tanto saber de alguma coisa.

Hagrid a confortou com seu abraço, e mesmo que confuso a disse que diria o que ela quisesse

– Snape é um legilimente? – ela sentiu a mão do amigo pesar sobre sua cabeça, na tentativa de um cafuné.

– Ah sim, ele é, um dos melhores – a resposta lhe foi como um último golpeio.

Cassandra silenciou-se, se entregando ao desalento, Hagrid chegou a pensar que a professora adormecera ali, mas se estivesse com algum cansaço físico, ele de nada seria comparado ao seu emocional cambaleante, a chamou três vezes e não obteve resposta, então a carregou sem qualquer dificuldade para seus aposentos, ao lado da cama dela, estava uma que deveria ser a de Montenegro, velou a amiga por alguns momentos antes de se retirar.

 

Uma muralha de nuvens cinzentas mascarou o sol naquela manhã, o astro do dia não teve vontade de resistir, a sua luminescência fora embargada por aquela massa abarrotada de acrimônia. Contrastando com os céus, e corações do mestre de poções e da professora de Trato das Criaturas Mágicas, os alunos prosseguiam com o mesmo ânimo, como se ainda estivessem a festejar. Para os de Castelo Bruxo, a celebração só acabaria quando fossem embora, na tarde do dia seguinte, faziam planos com seus anfitriões para jogarem uma partida de futebol após o café da manhã.

Hagrid que na noite anterior contara a Montenegro o ocorrido com Amuleto, olhava cheio de preocupação para a cadeira vaga da professora. A diretora oscilava entre o assento de sua afilhada, e Snape, que comia em silêncio, a áurea obscura que o circundava precavia que o mestre lançaria uma promessa eterna de ódio a quem o perturbasse.

– Ela não comeu nada? – perguntou Madalena a Alf quando o encontrou na sala de Amuleto, o elfo fazia a retirada de uma bandeja intocada.

– Não, senhora – respondeu.

Madalena respirou profundamente, antes de dispensar o elfo, ela despejou uma quantidade mínima de chocolate quente em uma caneca, e caminhou para dentro dos aposentos, onde Cassandra estava a prender os cabelos.

– Amanhã vou embora, Cassandra.

A professora a olhou através do espelho, aguardando o desenvolvimento.

– E não fará bem aos meus nervos saber que irei deixar minha afilhada aqui, sem comer uma mísera uva.

– Eu só não senti fome alguma – a voz de Amuleto estava baixa, e falhada, como se sua garganta estivesse ferida – Irei comer no almoço.

– E garantirei que isso aconteça – deixou sobre a penteadeira a xícara – Agora, tome.

Não era sensato desobedece-la, então após finalizar com seu cabelo, Cassandra deu fim a metade da bebida.

Apesar da sua desolação, Amuleto continuou a tratar seus alunos com a mesma devoção e delicadeza, todavia o observador mais sublime poderia notar que o espírito da professora não estava ali totalmente, havia algo apagado em sua face. Inversamente, os estudantes que deixavam a aula de poções tinham o rosto pálido de quem acabara de sair de uma casa mal-assombrada. Os olhos negros de Snape adquiriram uma sombra viperina, quando o pobre Nathan derrubou por acidente seu livro, recebeu uma reprimenda tão tamanha que quando mais tarde foi se retirar da sala teve que se apoiar em um dos amigos. Algo irreverente fazia definhar o candelabro outrora vívido, e nenhuma detenção que aplicasse apaziguaria tal coisa.

O horário do almoço estava a ser agonizante, pois descobriu que, pior do que ter Amuleto ao lado com a consciência de que seu amor pertencia a Lupin, era não a ter, a vaga cadeira parecia alguma espécie de castigo, durante a manhã ela estava inflamado com os acontecimentos anteriores, mas agora, perguntava-se o porquê de a professora não estar ali, dialogando com Hagrid, ou Montenegro, isso poderia ser solucionado se Lupin não estivesse a mesa, entretanto ele lá estava, ao lado de Longbottom. Nem mesmo a algazarra dos de Castelo Bruxo o distraiam da afetante ausência de Cassandra.

Mas, ele retornaria a vê-la, à noite, e evitava esse pensamento que lhe causava certa inquietude.

 

Os céus não receberam sobre si os olhos de jabuticaba – talvez se tivessem sido agraciados com as íris flamejantes a lua teria se dignado a aparecer. Os dois corpos seguiram silenciosos pelo caminho, enquanto Cassandra levava seus pensamentos para quaisquer outros assuntos que não denunciassem sua melancolia, apesar de uma voz retumbante lhe garantir que Snape não ousaria agir com tamanho desrespeito, não queria perturbá-lo com a miséria que estava ecoando dentro dela mesma, e tornar insuportável para ele estar ao seu lado.

E como o destino trabalha com afinco, cruzando um corredor á leste, veio Lupin, com Longbottom logo atrás. O professor que esperava encontrar uma Cassandra radiante surpreendeu-se ao deparar-se com um semblante tão nublado, tentou não se demonstrar intrigado quanto aquilo, mas quando dirigiu a palavra a professora a sua voz não saiu nada menos do que uma preocupação evidente.

Snape observou ambos com curiosidade, como poderiam estar daquele modo em vista que se declararam noite passada? Amuleto estava derrotada, e Lupin caçava o motivo, apenas um era explícito, Snape a havia rejeitado, uma revolta ergueu-se no professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, pois para Cassandra estar naquele estado, o mestre de poções teria repelido a delicadeza, e a possibilidade de ela ter sido de algum modo insultada o fez inflar o peito na tentativa de controle.

Sons de saltos começaram a ficar mais altos rapidamente, quando Madalena chegara ofegante ao quarteto.

– Boa noite – cumprimentou ela com pressa – Cassandra, preciso que venha.

– Para onde?

– Seu quarto, rápido! – não aguardou a resposta, segurou a mão da sua afilhada, e a carregou dali.

Os três homens seguiram confusos as luzes das varinhas, até que as mesmas sumissem de vez. Lupin, sentiu as palavras queimarem nos seus lábios quando tornou a olhar para Snape, mas de modo intrigante, a maneira que ele encarava o caminho por onde Cassandra passara não era atroz, uma tênue tristeza e paixão escorria por suas íris, não era comum tal expressão vinda dele, que se retirou dali sem se dirigir aos outros professores.

 

– Eu não apresentarei objeções quanto a isso – decretou Dumbledore, sua voz se sobressaindo ao som da chuva que lavava Hogwarts naquela madrugada.

– E eu o agradeço grandemente por isso, senhor – Cassandra tinha as mãos da madrinha confortando as suas.

O diretor olhou com compaixão para a mulher a sua frente, além do recente infortúnio, outra sombra escondia-se no sorriso que ela tentava dar.

‘’– Não permanecerá por tanto – disse Sibila – Em Hogwarts’’.

 

Snape não esperava que após dar fim a sua porção de alunos do período vespertino, teria que lidar com um intruso em sua sala, Lupin deu um tapa estrondoso na porta e a atravessou, o mestre de poções antes aliviado pela sua solidão, agora fora amaldiçoado por aquela presença tão indesejada.

A expressão vulcânica não entrava em coerência com seu habitual comportamento.

– É notável que sofrera com a negligência em todas as possíveis estações, e alguns de nós tenhamos nossa culpa já reconhecida – Snape nem se quer se movera da sua escrivaninha, com o rosto impassível ele observava o homem – Mas, ela...

Lupin maneou negativamente a cabeça, seus suspiros indicavam que estava sendo dificultoso falar com racionalidade, o esclarecimento que Amuleto dera a ele o revoltava. Pois Lupin não havia se conformado com o que vira a noite, e procurou a professora naquela manhã.

‘’– Ele não quis ouvir o que eu tinha a falar, talvez, tenha ouvido todas as frases que eu estava a pensar e quis me poupar da vergonha. Eu o entendo’’

– Por que não a ouviu simplesmente? – olhou para Snape – Mesmo que não a correspondesse?

A última palavra verberou sua alma, todavia nada daquilo fazia sentido, ele vira Amuleto abraça-lo logo após o mesmo dizer que a amava, estaria Lupin a zombar dele?  

– Saia – disse friamente – Não lhe devo explicação alguma.

– Devia a Cassandra – deu as costas, e antes de fechar a porta falou em um quase sussurro, mas Snape pode escutar – Devia tê-la deixado falar.

Ecos na caverna. Trepidações nas paredes de pedra úmida e escura. Naquele instante, ele saiu da sua sala, a capa movendo-se como ondas de um mar violento, o coração parecia ter reassumido seu lugar, pois o sentia bater furiosamente contra seu peito.

A deixaria falar.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...