1. Spirit Fanfics >
  2. MacGuffin >
  3. Ato 4

História MacGuffin - Ato 4


Escrita por: Yuu-Chan-Br

Capítulo 5 - Ato 4


A tênue luz azulada lhe batia contra a pele e, naquele instante, possuía certeza absoluta de ter ótima iluminação para uma selfie. Não conseguiu, contudo, reunir forças para procurar o celular no bolso ou ânimo o bastante para procurar o melhor ângulo. Em vez disso, suspirou. Debruçado sobre o balcão, buscou o copo de cerveja e tomou outro gole. “O que eu estou fazendo aqui?” lhe rondava a mente desde que pusera os pés fora de casa. Fora quase raptado, aliás, e o culpado de tudo se encontrava logo ao lado, apreciando sua taça de vinho com ares de rei. Estalou a língua.

— Precisava mesmo mandar um carro me buscar?

— Você viria se eu não tivesse mandado?

— Ele subiu e quase arrombou a porta! – exaltou-se.

— Isso não responde a minha pergunta. – Tomou um gole do vinho.

Houve um grunhido, mas não fora de Zen, apesar de não lhe faltar vontade para tal. Ao lado de Jumin havia um ruivo cuja expressão demonstrava o mais profundo desgosto. Seven pousou o copo de cerveja na mão, debruçou-se contra o balcão e fez sinal para o bartender distante.

— Licença, amigo? Você pode me ver um Phd. Pepper?

— Ah, Seven-hyung, não sei se eles vendem isso aqui – Yoosung tentou avisar, sem sucesso.

Zen observou o funcionário do bar rir e pegar uma lata do refrigerante, despejando seu interior dentro de um copo limpo. Seven assoprou um beijo em sua direção enquanto os outros três o observavam em incredulidade.

— Você precisava disso – Jumin retomou o assunto como se nada acontecesse ao seu redor.

— Então agora você decide o que eu preciso ou não? – Revoltou-se.

O moreno o observou da mesma forma feita na festa – com ares de cansaço, como quem lida com uma criança manhosa – e disse, calma emanando de sua voz:

— Deixe-me reformular… Nós precisávamos disso.

— Nós? – Ergueu um sobrolho.

— Nós – Seven complementou, a expressão contrastando com a anterior, sua felicidade ao ter uma bebida doce em mãos sendo quase palpável. – Intervenção! – disse alto, erguendo o copo.

— Intervenção de quê?! – Inconformou-se.

Com a exceção do ruivo – embora não soubesse dizer não se não se importava ou se estava satisfeito demais com a própria bebida –, os outros dois pareciam mentalmente cansados.

— Apreciaria muitíssimo se fosse uma pergunta retórica – comentou Jumin.

— De novo isso!? – Zen se exaltou.

— Zen-hyung… – chamou Yoosung. – Talvez você não perceba, mas seus elogios estão indo longe demais… – Sorria, tentando ser o mais gentil possível. – As nuna [*] não dizem nada por gostar de você e não quererem te magoar, mas – pausou. — Às vezes fica desconfortável pra todos nós.

— Mas eu estou só brincando – riu, nervoso. – Sei que elas são um casal, que estão juntas… — Mantinha o olhar fixo no líquido dourado em seu copo. – Ainda mais depois de ontem. É sério, né? – Suspirou. – É hora de eu desistir de vez…

— Era sério desde o início, você já devia ter desistido.

Todos se calaram com as palavras de Jumin, ele era sempre impiedoso. Talvez pudesse ser ouvida apenas a risada abafada do ruivo, levando o copo à boca na pressa de se ocupar de alguma forma ou acabaria por piorar a situação. Zen era todo raiva. Aliás, nem todo, pois uma boa parte de si reconhecia o ouvido como certo, embora isso o irritasse ainda mais. Cerrou os dentes e franziu a testa, apertando a mão em punho.

Sabia ser verdade, sabia. Deveria ter contido seus ímpetos desde o início, mas tratava Jiyeon daquela forma desde sempre, era difícil… Já fora dolorido o bastante deixar de a tratar por “Jagiya”[*] em respeito a Jaehee.

— Mas agora vai ser oficial – resmungou. A expressão de Jumin dizia “já era oficial antes”. – Ainda mais oficial! – grunhiu. Apoiou os cotovelos na bancada e segurou as laterais da cabeça. Riu de si mesmo. – Foi tão ruim assim?

— Foi péssimo – Yoosung disse.

— Lastimável – complementou Jumin.

— Eu sentia vergonha por você – divertiu-se Seven.

Zen se emburrou e terminou o resto da bebida de uma só vez, recebendo um “oooh” do loiro e pequenas palmas do ruivo, juntas à sua sonoplastia bucal.

— Por isso organizamos essa festa – o mais velho retomou a conversa –, é a despedida de solteira da Jiyeon.

— Uma despedida de solteira sem a pessoa? – Zen retorquiou.

— Ela não precisa se despedir de ser solteira, você sim – pontuou como se fosse a mais óbvia das conclusões.

— O que um riquinho metido a besta que nem você sabe?! Aposto que nunca se apaixonou!

Boquiaberto não era ao certo a palavra para descrever Han Jumin. Talvez petrificado, atônito, mas nada se encaixaria tão bem quanto ofendido. Ofendidíssimo. Por um momento julgou ver suas sobrancelhas franzirem – ato raríssimo – e então tomou de uma vez o conteúdo de sua taça, em vez o apreciar gole a gole.

Havia conseguido?

Fizera o homem robô demonstrar algum tipo de sentimento? Não conseguiu evitar  erguer vitorioso dos cantos dos lábios pela possibilidade, como se assim pudesse ser menos patético – não seria o único sofrendo.

— Rude! – exclamou Seven.

— Mancada… – retorquiu Yoosung.

— Ah, dêem um tempo – rezingou Zen, pedindo uma outra cerveja ao barman. – Vocês me torram a paciência e eu não posso responder de volta? Por que preciso ser o único trouxa que se conforma que a mulher amada vai casar? Por que vocês acham que tem o direito de sentar aí e me dar sermão? – desandara a falar como uma matraca, sequer notando o chamamento de seu nome pelo moreno. – Sei que não estou reagindo da melhor forma, mas é difícil… Merda! Isso não dá a vocês o direito… – Ouviu-se chamado, mas desta vez ignorou de propósito. – Não dá a vocês o direito de vir aqui e falar como se soubessem o que eu sinto!

— Zen!

O grito pegou a todos de surpresa. A voz tão calma e amável alcançada um nível de angústia tão alto até se transformar num urro aflito. Todos viraram em sua direção, os olhos arregalados, lábios entreabertos… a cena diante dos três era quase irreal. Ali havia um Yoosung de pé, as mãos espalmadas no balcão – elas o acertaram com força segundos antes. Ao tomar ciência de seus atos – tanto pelo encarar dos amigos quanto pelo pigarrear do garçom do bar –, constrangeu-se. Sentou-se moroso, a força esvaída de seu corpo junto à adrenalina anterior. O rosto se contorceu em sofrimento e não demorou para lágrimas se formarem nos cantos de seus olhos, embora ele se esforçasse para que não rolassem rosto abaixo.

Um pensamento varreu a mente do ator com a cena, focado demais para desviar os olhos, indelicado como fosse. Como não percebera antes? Estivera tão focado em ao ponto de ignorar por completo seus amigos, tão próximos… Cobriu a boca com uma mão, a epifania a lhe ocorrer:

“Eu não sou o único”.

— Deixe-me reformular uma frase – Jumin o tirou de seus devaneios. – Jiyeon não precisa de uma despedida de solteira, nós – frisou a palavra, visivelmente desgostoso pelo fato – precisamos.

— Ah… Ha… Ha… – O ator se apoiou no balcão segurando a cabeça e, aos grados, foi deixando o riso perdido se transformar em gargalhada, ao mesmo tempo em que escorregava até esconder o rosto entre os braços. – Eu sou mesmo patético – disse, a voz abafada pela posição. Ergueu o rosto o suficiente para deixar um olho à mostra, como se desejasse dizer algo, mas lhe faltasse a coragem para tal.

— Sim – assentiu Jumin. Ergueu uma das mãos e a manteve no ar por alguns instantes, incerto sobre o próprio ato e levantando dúvidas não só para si, mas para os outros também. Por fim, depositou-a nas costas do albino, batendo com suavidade num total de três vezes.

Seven riu.

— Hoje mostraremos como se comporta um CEO fora de seu habitat natural… Incrivelmente, quando afastado de seu trabalho e seus funcionários e exposto a fatores emocionais externos, o CEO ganha a capacidade de empatia.

Ao lado de Jumin havia um ruivo abaixado no chão, atrás do balcão, como se de fato espreitasse um animal selvagem para poder observar melhor seu cotidiano. Não era de todo inesperado que o fizesse, e, por já estar centrado em um problema, o mais velho decidiu o ignorar, voltando sua atenção a Zen.

— O CEO sonda todos os seus arredores, mas escolhe com cuidado o que é digno de sua atenção. No momento o encontramos no esforço de manter contato social com um outro raro espécime, o ATOR. O ATOR se encontra devastado pela falha de sua corte a uma fêmea do mesmo gênero[*], necessitando de acolhimento por parte de seus semelhantes. É uma cena rara e todo o cuidado é pouco quando a observamos… – Ergueu o celular o mais vagaroso possível e tirou uma foto, o disparo da câmera fazendo os outros dois virarem em sua direção num ato instintivo. – Mayday, mayday, temos um problema! – Ergueu o tom de voz e se afastou às pressas, escondendo-se atrás de Yoosung enquanto era observado como se fosse um alienígena.

Talvez de fato fosse tido como um pelo resto do grupo.

— Seven-hyung… não é melhor deixar eles conversarem?

— Oooh! Então Yoosung-i está disposto a trocar de lugar com Jumin-hyung? – Seu sorriso causava uma certa agonia no âmago do loiro. Seven sabia e se divertia com o fato. – Garçom? – chamou-o. – Me vê duas cervejas, por favor!

Yoosung observou-o em confusão:

— Pensei que não gostasse de cerveja…

— Não gosto – parecia brilhar ao dizer a frase, enchendo um copo ao receber a bebida e a pondo em frente ao mais novo. Apreciou sua confusão por mais alguns instantes antes de começar a repetir como um mantra. – Vira! Vira! Vira! Vira! Vira!

Perdido e pressionado pela insistência do ruivo, o menor acabou por sorver todo o líquido às goladas, suspirando profundamente ao terminar, aliviado. Seven comemorou e o parabenizou batendo palmas e dando tapinhas sobre seu ombro. Embriagado de soberba, demorou a aperceber-se do copo mais uma vez cheio diante de si.

— Vira! Vira! Vira! Vira! – voltou a dizer, desta vez olhando-o através do celular. Se tirava fotos ou gravava um vídeo… permanecia um mistério.

Yoosung choramingou, incapaz de recusar o “pedido”.

De certa forma a cena bizarra servira para melhorar o ânimo de Zen, fazendo-o rir. Apreciava quando as brincadeiras de mau gosto não eram focadas em si. Jumin não parecia de todo aprovar o ato, mas também não demonstrava interesse em intervir.

— Está melhor agora? – perguntou o moreno, apreciando aos poucos sua nova taça de vinho.

— Um pouco – admitiu, ainda prestando atenção na bagunça dos outros dois. – Riu-se. – Mas não pensei que fariam isso por causa de um coração partido.

Jumin pareceu se divertir com o fato enquanto movia a taça às voltas, apreciando o vinho circundar pelo vidro e secretamente desejando ser cristal – talvez conseguisse alterar o sabor se convencesse o cérebro da nova composição do material.

Zen o fitou pelo cantos dos olhos por longos instantes, como se a pergunta teimasse em não sair de suas cordas vocais, exigindo um certo esforço para se desentalar de onde estava:

— Até você precisava dessa despedida?

Conquanto Jumin se sentisse prestes a engasgar com o vinho na garganta ao ouvir a pergunta, sua expressão permaneceu imutável. Pousou a taça sobre o balcão e virou-se na direção do mais novo:

— Nem tanto. – Percebeu o desgosto na expressão do amigo. Suspirou. – Admito ter sentido algum interesse… Em específico por parecer compreender minha forma de expressão, além de achar graça das minhas piadas.

Zen riu pelo nariz. De fato, era a única integrante do RFA a genuinamente se divertir e aprovar do senso de humor do moreno – nem mesmo Seven gozava de tal excentricidade.

— Se até você ficou interessado – frisou a palavra, provocando-o –, prova que ela é  mesmo incrível.

— Tomarei isso como um elogio – ouviu-o rir em resposta. Sentiu-se bem com o fato. – Não esperamos que você a esqueça da noite para o dia, mas que leve em consideração os sentimentos de ambas ao ouvir suas declarações, diretas e indiretas. São membros preciosos do RFA e não desejamos nenhum tipo de mal-estar no grupo por sentimentos amorosos mal resolvidos.

— A gente devia ter feito a festa do macarrão dia quatorze de março! – Yoosung os interrompeu aos brados, parte bêbado, parte frustrado.

— Não me parece muito apropriado – Jumin comentou, embora considerasse a ideia com cuidado.

— Preferia uma festa do macarrão com garotas bonitas – Zen acrescentou.

— Você não precisaria de uma festa do macarrão se estivesse na companhia de garotas bonitas – apontou o moreno, desagradando-o.

— Gostaria da companhia de Mary Vanderwood? – Seven perguntou e riu ao retorcer do rosto do ator à proposta. – Mas você tinha achado ela tão bonita… Quem sabe queira uns beijinhos? – Fez bico, ilustrando a sugestão.

— Nem se atreva, nem chegue perto – respondeu, assertivo.

— Assim você quebra meu coração.

— Pensei que você já tivesse o Yoosung-i? – provocou de volta.

Todos os olhos caíram sobre o loiro que, diferente de Jumin, não conseguira evitar o engasgo com sua bebida, cobrindo a boca com a mão durante o intenso acesso de tosse.

— Oh, Yoosung-i, não sabia que possuía esse tipo de interesse em mim. – O ruivo se debruçou na direção do mais novo do grupo, cujo copo uma vez mais vazio fora recém posto sobre o balcão..

— Não possuo – disse com sinceridade, apesar da bebedeira. Talvez por causa da bebedeira.

O copo diante de si foi enchido novamente, fazendo-o resmungar e choramingar.

— De qualquer forma – Jumin retomou o assunto, ignorando por completo os demais, deixando-os num mundo à parte. – Compreendo – pausou e franziu as sobrancelhas, deixando o albino curioso quanto à interrupção. – Compreendemos – remendou, divertindo-o – sua necessidade de expôr os próprios sentimentos e sua frustração por não os ter correspondidos, mas não vejo como continuar a se declarar a uma mulher cujo interesse amoroso em você é nulo pode resultar em algo além de angústia para todos os envolvidos.

Zen sentiu um espasmo nos cantos dos lábios ao ouvir o “interesse amoroso nulo” e já se preparava para ripostar quando o mais velho retomou a fala:

— E é exatamente por isso que a melhor solução seria você redirecionar isso.

A expressão do ator deixava sua confusão tão clara a ponto de doer em todos os presentes.

— Fale com a gente em vez de ficar dando em cima de gente comprometida – Seven complementou enquanto espremia as bochechas do mais novo do grupo entre as palmas.

— Pensei que você fosse adepto de anular os próprios sentimentos – Zen comentou num arquear de sobrolho.

— Não parece funcionar para você – Jumin disse com toda a sinceridade de seu âmago. – Se continuar assim pode ter consequências irreversíveis para o RFA, fui obrigado a rever meus métodos.

A primeira reação de Zen foi de se emburrar com comentário, mesmo reconhecendo suas boas intenções. Alguns goles de cerveja e um pouco de reflexão depois, contudo, trouxeram ares de sorriso a seus lábios. Curvado sobre o balcão, a mão segurando o copo erguido, não tardou a soltar uma pequena gargalhada, culminando no susto dos outros três – decerto não esperavam uma mudança tão brusca de estado de espírito.

— Garçom! – chamou o ator. – Quatro doses de soju[*], por favor – divertiu-se ao olhar para os amigos logo ao lado. – Se é pra eu me despedir, vocês vão precisar me acompanhar.

Jumin soltou um suspiro conformado enquanto Yoosung chorava e Seven sentia pela primeira vez na noite o amargor de precisar fazer algo contra sua vontade para agradar outrém – logo sentiria também o da bebida. Zen parecia, contudo, leve como uma pluma.

 

***

 

O contraste na atmosfera do bar poucos minutos antes com o momento atual era tamanho ao ponto de chocar o bartender, fazendo-o encarar a cena curiosa enquanto enxugava um dos copos com atenção. O ator, antes cabisbaixo e revoltado – alternando entre um e outro –, passara a rir e bater palmas para a dupla de amigos que se perturbava. Seven havia feito Yoosung beber pelo menos metade da bebida direcionada a si e tirava fotos de sua progressão alcóolica, desde levemente embriagado até dormindo sobre o balcão. O fato de ele ainda permanecer não apenas sóbrio, como também tão elétrico quanto de costume – ou talvez um pouco mais era um mistério para todo o grupo.

— Yoosung-i ainda é muito criança pra aguentar a própria bebida – Zen comentou às gargalhadas. – E você, senhor CEO, não está há muito tempo no mesmo copo? – provocou e tomou a garrafa de soju em mãos, enchendo  vidro até a boca sem permissão. Alargou o sorriso, mostrando-lhe todos os dentes. Talvez o álcool também fizesse algum efeito em seu organismo àquela altura.

Jumin, mesmo contrariado e não apreciando nem a qualidade da bebida e tampouco o ambiente, olhou resignado para o líquido transparente servido a si e levou seu recipiente aos lábios, sorvendo o conteúdo lenta e continuamente. Por fim o depositou sobre a madeira do balcão e observou o amigo de esguelha.

— Oh, isso é um desafio? – Reciprocou o ato e empurrou o próprio copo para perto do moreno.

— Apenas não vejo graça em todos bebermos sem o convidado de honra. – Preencheu-lhe o copo com a bebida.

Zen soltou um “heh” baixo e tomou todo o líquido de uma só vez, batendo o fundo do recipiente sobre a mesa, num ato muito mais intenso – e exibido. Serviu-lhe mais soju, desafiador.

— Você sabe que a intenção real desta pequena reunião era te fazer desabafar sobre os próprios sentimentos e não criar uma competição de quem bebe mais, certo? – Ergueu um sobrolho.

— Sei, mas é mais divertido assim. – Apontou para sua bebida. – Além disso, ainda não engoli essa história de você mudar de estratégia e ser todo a favor de sentimentos agora, me dá calafrios.

— Isso se chama redução de danos. Se você possui tão intensa necessidade de dizer o que sente, ao menos o faça para quem não irá sofrer ou se culpar por isso.

— Quem está sofrendo sou eu.

Sem nenhum tipo de resposta e após breve contato visual, Jumin tomou a própria bebida sem uma palavra sequer, atordoando o outro.

— O quê?! – pressionou, impaciente.

— Sua fala foi tão estúpida que eu preferi ignorar.

— Você quer brigar? Pensei que essa festa fosse pra eu me sentir melhor!

— Essa festa é uma redução de danos – foi interrompido.

— Você quer parar com isso? Eu já entendi, você quer que eu me abra, né? – Sorriu, cínico. – Mas quando digo o que sinto você age como se eu fosse um babaca por falar! O que você quer, então? Eu sei que é escroto, mas eu sinto, não tem o que fazer! Ficar quieto não vai fazer isso ir embora, bosta!

As mãos fechadas sobre a madeira, em punhos, tremiam enquanto o albino rangia os dentes e franzia as sobrancelhas. Podia ser uma atenção seletiva, mas Jumin conseguia perceber tais nuances quando havia interesse.

— Possuo total certeza de você já ter montado um futuro com ela em pensamento – soltou de repente, deixando-o boquiaberto. Achou graça. – Acertei?

Zen, constrangido, ficou ainda mais na defensiva.

— O que tem de errado em imaginar essas coisas? – grunhiu.

— Não diria errado, mas deve ser dolorido ir tão longe quando não se tem certeza de ser correspondido. E foi o que aconteceu, certo? – Encheu-lhe o copo. – Agora você está sofrendo por algo sem ter se concretizado.

Ao fundo conseguiam ouvir Seven tentando perturbar o loiro, embora sua quase ausência de voz indicasse uma sonolência intensa. O burburinho do bar era regado ao silêncio da boca de Zen e do intenso ruído de sua mente, onde os mais variados pensamentos entravam em conflito durante a conversa com o mais velho. Lembranças de conversas com Jiyeon, suas expectativas, a convivência com Jaehee, a relação de ambas… Mordeu o lábio inferior em frustração, os punhos ainda cerrados.

— Não fale como se você soubesse de tudo – soltou rouco, gutural.

— Mas eu sei. – Tomou mais um gole de soju. – Eu sei muito bem.


Notas Finais


[Yuu-Chan-Br]: Bora pro 6~~ SINTAM OS HINTS DO CASAL, APRECIEM-OS. ♥ E, céus, como as pessoas bebem, não? Eu, como já é de praxe nessa história, ri bastante~ Dó do Zen? Dó do Jumin? Ambos? Haha~




[*] Nuna - é um honorífico usado de um rapaz mais novo para uma moça mais velha. Eu não sabia como traduzir isso, então deixei assim mesmo. >: Espero que seja compreensível.

[*] Jagiya - Expliquei em Dream Café, mas vamos lá~~ Esta é uma forma que casais se chamam, seria um similar de “docinho”. Toda vez que Zen diz “babe” no jogo, em coreano ele diz “jagiya” (e eu morro por dentro um pouquinho, não no bom sentido).

[*] Gênero - neste caso ele não fala da separação por macho e fêmea, mas sim da classificação biológica: Reino > Filo > Classe > Ordem > Família > Gênero > Espécie

[*] Soju - é uma bebida destilada de arroz.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...