História Mad World: O Encontro - Capítulo 16

Jughead POV

“Meu amor, me perdoa, eu fui um idiota. Não me dei conta do que essas palavras poderiam fazer você pensar! Você não é igual o seu pai, você é um anjo.” Dessa vez, eu fui chegando perto dela, que não recusou minha aproximação.

          “Você me acha louca e tem razão. Eu sou louca. Olha pra isso.” Ela me disse e lentamente foi esticando os braços em minha direção, até que abriu as mãos... elas sangravam e tinham marcas de meia lua nas duas palmas, ela tinha feito aquilo por minha causa e aquilo me quebrou. “Eu faço isso quando fico nervosa, com raiva, sentindo medo, triste... quando me disse que eu estava te encarando feito uma louca, eu imaginei que estivesse mesmo, então fui procurar meu antigo remédio, que trouxe comigo de Riverdale na minha bolsa, mas não achei, então comecei a sentir uma raiva enorme de mim mesma e acabei estourando, me desculpa.”

            Ela voltou a chorar e eu me sentei de frente para ela, peguei suas mãos – ainda sujas de sangue – , juntei com as minhas, as levei até minha boca e dei um beijo nas mãos machucadas da minha namorada. Fiquei acariciando-as até que o choro de Betty se tornasse mais calmo e fosse cessando.

           “Bee, porque você não me contou o que estava acontecendo? Desde quando você toma remédios?” Ronnie estava preocupada com aquilo e parecia nunca ter visto a amiga daquele jeito.

         “Eu nunca contei porque não queria que você me achasse louca, e não queria te preocupar. Tudo começou quando eu descobri que Chuck me traía sempre, além de não querer deixar eu me inscrever para UCLA naquela época. Ele me traía praticamente com todas as Vixens e garotas do clube de teatro.” Minha vontade era de encontrar esse moleque e encher a cara dele de porrada, ate que ele não conseguisse mais enxergar. Quem faria uma coisa daquelas com um anjo feito minha Bee? “Nessa época, quando eu descobri, fiquei arrasada e comecei a ter problemas psicológicos e um deles, foi que eu descobri ter um leve transtorno bipolar, como meu pai... eu comecei o tratamento, mas durante uma crise, eu surtei e fui atrás do Chuck, marquei com ele na minha casa, enchi a hidromassagem e quase o afoguei lá dentro.” Me surpreendi com aquela notícia, mas eu entendia que ela estava doente e que o cara era um babaca, ele mereceu. “Depois disso comecei a levar o tratamento a sério e meu transtorno desapareceu, até eu voltar pra aquela maldita cidade. Eu sou igual meu pai. Preciso me controlar. Eu sou louca, Vee! Eu me machuco, eu grito com as pessoas, eu me transformo.” Nessa hora ela olhou diretamente nos meus olhos. “Você não pode namorar uma louca, filha de um psicopata. Eu sou uma pessoa horrível!”

         “Betty, presta atenção.” Eu ainda segurava suas mãos e olhava em seus olhos. “Você não é essa pessoa, ok?! Voltar na sua cidade mexeu com você, nós vamos buscar ajuda e você vai ficar bem. Todos nos somos um pouco malucos e ruins por dentro, pelo menos em um lado obscuro, mas isso não significa que você seja igual a ele. Me perdoa, meu amor. Me desculpa por ter feito você passar por isso.” Eu sabia que no fundo a culpa era minha por ter usado aquelas palavras.

         “Bee, todos nós temos péssimos dias, me sinto culpada por não poder estar com você nesses comentos difíceis! Não sei como aguentou namorar um monstro por tanto tempo! Mas agora, você não tem que passar por isso sozinha! Eu e Jughead estamos aqui por você!” Ronnie tentou acalmar a amiga e eu concordei com cada palavra.

        “Me desculpem! Eu simplesmente não consigo controlar, desde que eu coloquei os pés naquela cidade. Eu só preciso tomar um comprimido do maldito remédio, mas eu não achei.” Ela parecia tão desesperada, que fazia meu coração doer de ver aquela situação.

          “Você não toma esse remédio há um ano, Bee. Não pode sair tomando isso sem saber de um médico! Eu vou mandar uma mensagem para minha doutora, e marcar com ela um horário pra você. Afinal, se você acha que eu faço tudo que faço aqui nessa cidade sem surtar psicologicamente... está enganada. Eu tomo remédios pra dormir e controlar a ansiedade. Então, vamos procurar ajuda e superar juntas.”

            A amizade delas é admirável, estão sempre lá uma pela outra... Vee saiu do quarto e disse que ia preparar algo pra nós comermos. Ela ajudou Betty a juntar as coisas do chão e colocar na bolsa. Ela achou o frasco do remédio, sem Betty perceber e levou-o embora. Quando saiu do quarto, me lançou um olhar de quem dizia “não faça merda, ou eu te mato” e eu já tinha feito muita por um dia, então eu iria me controlar e pensar em cada palavra que eu diria a ela agora. Peguei Bee pela mão e a conduzi de volta pra cama, me sentei ao seu lado, ela se aconchegou em mim e nos cobri com a coberta que estava em cima da cama. Eu passei o resto do filme bobo que ela estava assistindo fazendo carinho nela e tentando acalmá-la. A respiração dela pareceu estabilizar, foi nessa hora que Ronnie entrou com uma bandeja com os pacotes de comida mais lindos do universo. Ela sabia do que Betty precisava, ela precisava conhecer a felicidade de um hambúrguer com milk-shake do Pop’s.

          “Serviço de quarto! Alguém pediu o melhor lanche dos Estados Unidos?!” Ela anunciou a verdade.

          “Eu pedi!! Pelo amor de Deus me fala que é meu favorito?!” Eu disse completamente entusiasmado, como uma criança, o que fez Bee rir um pouco.

       “Eu nunca comi, mas se minha melhor amiga diz que sim... Vamos provar!” Colocamos a La Casa de Papel pra ver, afinal, trabalhando tanto nem consegui ver, mesmo com todo mundo falando bem, vi minha namorada dar a primeira mordida na 8º maravilha do mundo moderno. “MEU DEUS DO CÉU! Seria essa a melhor comida da minha vida?! E esse milk-shake é definitivamente o combustível que eu preciso pra sobreviver a partir de hoje!” Fiquei mais alegre ainda quando vi que minha namorada estava começando a recuperar da crise que tinha tido.

       “É comida do céu isso aqui, vale cada grama/kilo que eu ganho saindo da dieta por causa disso, de fato. Melhor coisa do universo.” Ronnie dizia com os olhos fechados, e todos nós rimos.

            Naquela noite, ficamos todos na cama da Betty maratonando a série, me senti um jovem normal. Eu estava com minha namorada e minha melhor amiga vendo séries e comendo hambúrguer, foi a coisa mais normal que eu fiz em anos, e eu percebi o quanto estava feliz. Quando chegamos na metade da temporada, o sono atingiu todos nós, Bee estava dormindo a quase um episódio, Ronnie levantou-se e foi embora pro quarto dela, eu arrumei minha namorada na cama, deitei envolvendo os brações nela e peguei no sono.

            Quando acordei, percebi que Bee ainda dormia feito um anjo nos meus braços. Estava com saudade dela, do cheiro doce misturado com café que ela tinha. Mas eram 08:30 e eu precisava estar no set de gravação às 13:30, precisava arrumar café para Betty e olhar com Vee onde a levaríamos  para procurar ajuda, então me levantei e desci as escadas. Ronnie já estava de pé, correndo na esteira da “academia” que ela tinha em sua casa. Parei em sua frente para discutirmos o assunto.

        “Vee, eu sei que você tem alguns problemas de insônia, por ser uma viciada em trabalho e essas coisas, sua médica pode cuidar da Bee?! Porque você acha que ela nunca contou? Porra, seu eu cruzar algum dia com esse maldito Chuck, eu arrebento a cara dele.” A raiva que eu sentia era palpável, mas estava preocupado com ela também.

       “Ela vai ajudar! Marquei uma consulta pra Bee 13:30, para ela sair com a gente, a deixamos lá e vamos para o  set. Ela vai estar sob os melhores cuidados possíveis, eu te garanto.”

       “Sobre o que vocês estão falando?!” Uma figura pequena e loira apareceu na porta coçando os olhos, ainda de pijama.

       “Ronnie estava dizendo que marcou sua consulta, princesa. Hoje 13:30, tem algum problema?” Perguntei-a, que pareceu não estar muito confortável com o assunto.

     “Primeiramente, me desculpe mais uma vez por ter surtado ontem.” Ela parecia envergonhada, mas eu não entendia porque. “Segundo lugar, eu quero sim. Prefiro começar esse tratamento antes que piore, ou que as aulas comecem.”

       “Então, você quer ir sozinha, ou quer que eu te acompanhe, posso pedir para o Pop me dar uma folga hoje.” Ronnie disse.

      “Não precisa, Vee. Vocês não podem parar suas atividades por minha causa. Eu vou, e depois quero passar na praia, espairecer.” O meu maior desejo, naquele momento, era ir com ela, ficar ao seu lado e falar que tudo ia fica bem.

      “Okay. Então assim que eu completar meus 12 KM aqui, eu vou fazer um café pra nós.” Ronnie disse voltando a correr.

      “Na na não, Jughead e eu vamos fazer o café!” Ela disse.

      “EU? Ah pronto! Eu vou só te observar mocinha.” Eu disse, enquanto ria pra ela, mas é claro que eu a ajudaria.

            Fomos pra cozinha e ela me deu instruções claras para fazermos panquecas. Eu precisava deixá-la mais leve, então eu “acidentalmente” joguei farinha nela.

     “EU NÃO ACREDITO NISSO!!!! VOCÊ VAI PAGAR, FORSHYTHE!” Ela me olhou com raiva, mas ao mesmo tempo estava rindo, e quando eu menos esperei, ela também jogou farinha em mim. Fiz menção de pegá-la, mas antes que pudesse, ela correu e fiquei tentando pegá-la envolta da ilha. Ficamos rindo como duas crianças idiotas, correndo uma da outra com farinha nos cabelos. Ronnie chegou na cozinha.

     “MAS O QUE VOCÊS FIZERAM NA MINHA COZINHA?!” Ronnie estava visivelmente irritada. Eu e Bee nos olhamos e percebi que ela pensou a mesma coisa então. Quando eu pisquei para ela, nós dois jogamos juntos farinha na nossa amiga, que começou a rir e nós todos caímos na gargalhada.

            Eu estava limpando o chão e as bancadas, Betty estava fazendo as panquecas e Ronnie tratou de fazer um suco de laranja natural pra nós, o dia estava lindo. Sentamos para comer e, alguns minutos depois a campainha tocou.

Betty POV

            Meu dia tinha começado ótimo! Estava me divertindo muito com as duas das pessoas que eu mais amava na minha vida. Minhas panquecas estavam deliciosas, nós estávamos tomando um café da manhã ótimo, jogando conversa fora e rindo. A campainha tocou e eu fui logo me levantando para abrir a porta, e quando abri, quase cai de costas.

            “Hey Betty Boo! Surpresa!”

            Cheryl Blossom e Archie Andrews estavam na porta da minha casa. Atrás deles estava Toni, com um sorrisinho maligno. Ronnie e Jughead apareceram na porta, minha amiga quase caiu de costas e Jug estava sem entender o que Toni fazia ali.

            “Archie?” Ela disse em acreditar.

            “Oi Ronnie!” Ele disse animado.

            “Vamos parar com isso aí, eu vim buscar o que é meu, prima Betty!”

            Considerando que Toni não havia gostado muito do meu relacionamento com Juhead, e que ela tinha conhecido Cheryl, eu tinha certeza que precisava o mais rápido possível me tratar, afinal eu não teria paz tão cedo.