História Máfia Potter - Recomeço

Pov Narrador:

Deus sabia o quanto estava sendo difícil e conflitante para o Potter tomar aquela decisão. Estava indo na contramão de tudo o que acreditava, foi ensinado e pregava. Ia em uma linha confusa aos seus pensamentos machistas e possessivos. Se considerava um idiota e ao mesmo tempo um corajoso, idiota por ter demorado tanto a perceber que Ginerva Molly Weasley Potter, era a mulher da sua vida. Idiota por ter esperado que outro homem a tocasse, para entender que a ruiva era o seu coração. Passou as mãos nos cabelos arrepiados nervosamente enquanto tentava de forma desesperada organizar seus pensamentos, fazer com que tivesse sentido um proposta descabida daquela. Ai entrava a parte da coragem, era preciso muita coragem para estar disposto a entregar a mulher que ele ama. Mas se ele tinha muitos e todos os defeitos, falta de palavra não era um deles, tentaria a todo custo conquistar a sua mulher, mas se não conseguisse a deixaria viver feliz da forma como merece. Depois de muito pensar enquanto suava frio, sentiu seu braço fisgar onde havia recebido os pontos. Repensou que talvez fosse uma boa ideia ter pedido a tal anestesia, mas estava tão em chamas e raivoso que na hora nem sentiu as dores. Abriu seu carro conversível e dirigiu o mais rápido que pôde até sua casa, abriu a porta de forma brusca e encontrou o silêncio. Nesse momento um medo se instalou nele, e se Gina tivesse ido embora? E se ela tivesse o deixado? A ideia estava matando o moreno por dentro, escutou a risada de James e pode jurar que ouviu seu coração voltar a bater. Entrou no quarto do filho de uma vez, vendo Gina com os olhos banhados por lágrimas brincando com o seu filho. 
— Gina? — Ele chamou incapaz de pronunciar outra palavra que não fosse essa.
— Presumo que já tenha tomado sua decisão. Quando eu saio? — Era imaginado pela ruiva a decisão de Harry.
— Você não saí — Ele falou firme e ela o olhou surpresa
— O que você pretende, qual é o truque? Qual é a grande surpresa desagradável que você está planejando para mim? — Ela perguntou exasperada, sabia que Harry era machista, não a amava e jamais iria aceitar o fato de que outro homem a tocou.
—Nenhum. É sem truques, Gina. Pela primeira vez estou fazendo algo pela gente sem amarras e sem imposição da Máfia. Não é agradável saber que Ralph te tocou, fez com você aquilo que não tive coragem e suas palavras me machucaram como facas. Eu sei que eu fui um fodido e mereço conviver com isso, mereci o seu castigo. É uma porra que tenha sido necessário o infeliz do Ralph para me mostrar que eu te amo, eu te amo pra caralho, Gina. Eu amo os nossos filhos, eu amo que você tenha me transformado em alguém capaz de ter esse sentimento. Eu não espero que você me perdoe por tudo o que fiz, eu não tenho essa pretensão. Por isso eu vou lutar por você, lutar pelo seu amor e dei ao Ralph o poder de fazer o mesmo, se você decidir que não me quer mais, então é livre para ir com o Ralph e ser feliz. Poderá visitar nossos filhos, e participará ativamente da vida deles. Mas eu não vou deixar nem por um minuto de tentar, e salvar nosso casamento será a minha última imposição. —Harry falou de uma única vez fazendo Gina o olhar surpresa e ao mesmo tempo confusa. 
—Eu sempre te amei, Harry. E você me quebrou de tantas formas que nem sei como foi possível me remendar e reparar. Não dá para esquecer.
— Eu não quero que você esqueça, quero que você recomece. Comece fazendo pelos nossos filhos.—Harry suplicou, Gina ponderou.
— Ralph o que fez com ele?
A pergunta fez o monstro no peito de Harry rugir de forma violenta, mas sabia que não tinha o direito de cobrar nada, não naquele momento.
— Tem minha palavra que não vou tocar nele, nem bani-lo, ele sabe minha decisão. —Harry respondeu tentando manter a calma.
— Pelos nossos filhos—Ela disse e ele suspirou aliviado.
— Para mim, já parece um começo.
—Peça que Maria coloque todas as suas coisas no meu quarto. De hoje em diante você dormirá comigo, todas as noites. —Harry disse dando um beijo na cabeça do filho e saindo. 
Foi doloroso, no fundo aquele Harry machista ainda gritava dentro do corpo do Potter e tudo o que ele imaginava era Gina pulando em seu pescoço e esquecendo todo o passado mórbido entre eles, todo o mal que ele causará, esquecendo como a ruiva dilacerou sua honra e o humilhou permitindo que outro homem a tocasse. Como gostaria de poder banir Gina, punir ela por tal ousadia. Mas como poderia? Ele já causará tanto mal irreversível a ela que não poderia se quer ousar pensar em tal ato de punição. Não percebeu que seus passos o levaram para o seu escritório e no fundo ele sabia o que procurava lá, abriu o cofre. A senha? Seu aniversário de casamento. É ele era um estúpido, já amava Gina antes mesmo de saber. Abriu com cuidado o cofre e retirou o diário que seu pai lhe dera um pouco antes do seu casamento. Esperava que aquele diário trouxesse a resposta que tanto queria, como reconquistar sua esposa. Seu pai foi claro, “só abra quando estiver pronto para conquistar sua mulher”.
— Definitivamente estou pronto para isso— Falou consigo mesmo.
Leu as páginas ávidos por respostas, ávidos por fazer acontecer. Teve momentos que se admirou, seu pai ao escrever o diário deveria estar tão desesperado a conquistar o amor de Lilian como ele agora estava. Realmente amar era se doar. Seu pai sofreu tanto ao tentar fazer isso. Sentiu pena em alguns momentos. Ligou para o seu pai com a voz embargada e pediu que esse fosse até sua casa, precisava conversar. Não demorou muito para Thiago chegar acompanhado de Lilian.
—  Como está Gina? E James??—Thiago e Lilian perguntaram juntos e preocupados.
— Estão bem, na verdade chamei vocês aqui pelo diário. — Falou e viu seus pais surpresos ao levantar o diário que Thiago deu a Harry.
— Pai, você fez tantas coisas para conquistar a mamãe. Eu sinto definitivamente que estou pronto, eu amo minha mulher e agora eu sei disso. Mas tudo que o senhor fez para conquistar minha mãe, foi tão doloroso. Que eu me pergunto como suportou, são dez difíceis passos.
— Valeu a pena fazer cada um deles.—Para a sua surpresa quem falou foi Lilian e ele a olhou sem entender.
— Eu escrevi o diário Harry, minha situação com o seu pai foi inverso ao que aconteceu a você e Gina. Ele era apaixonado por mim e eu incapaz de perceber até que eu notei eu criei o diário, me confortava enquanto sentia que não iria conseguir reverter a situação. Reaja, meu filho. Siga os dez passos, escreva sobre eles, ame a sua mulher como se fosse a última vez, não é uma tarefa fácil, é complicado e doloroso, mas vai valer a pena. Confia. — Dizendo isso seus pais foram embora deixando para trás um Harry bem pensativo. Olhou o relógio e já passavam de duas horas da madrugada, James já deveria estar dormindo e a essa altura Gina já deveria estar no quarto dos dois como pediu. Olhou o diário mais uma vez, na primeira página.
“1- Mude o jogo. Mostre que nada mais importa além de vocês dois e sua família”
Respirou fundo e subiu. Passou pelo quarto de James e deu um beijo na cabeça do pequeno que estava com seus quase dois anos. Uma cópia exata dele, exceto pelos olhos castanhos escuros como o de seu pai. Sorriu, tinha inúmeros motivos para tentar.
Entrou no quarto e viu Gina se remexer na cama, sem conseguir dormir. 
— A cama é fria — Ela constatou ao encarar Harry.
— Podemos esquentar — Harry falou mas não tinham segundas intenções na suas palavras. Ele se encaminhou até o banheiro tomou um banho rápido colocando um short largo e voltou para o quarto. Se aproximou de Gina acariciando seu ventre. 
—- Como pude não notar que estava grávida? Seu corpo muda. Seus seios ficam maiores, seu rosto mais redondo seus cabelos mais vividos. Seu rosto ganha algumas sardas a mais, que te deixam incrivelmente sexy, seus olhos brilham. Você fica ainda mais perfeita se é que isso é possível. —Ele disse e Gina o olhou surpresa. Gostou do que ouviu, mas por hora não admitiria a ele nem sob tortura.
—Tenho medo de ter uma filha, medo de não conseguir ser bom, de não a proteger. Meu pai sempre tratou Hermione como uma princesa e se eu for incapaz de fazer o mesmo? E se eu tratar minha filha como eu te tratei um dia? E se ela achar que o fato de ter um pai assim mereça um marido assim? Eu não me considero bom o suficiente para ser pai de uma menina. O problema não é você, nunca foi e eu sou um idiota por ter dito isso. O problema sou eu.
— Você é um ótimo pai, Harry e isso é algo imutável. Se tiver uma filha, será tão bom como é para James e será para esse que está vindo. 
— Será que um dia, você vai me perdoar?
— Tempo, Harry. Tempo.
Ele abraçou Gina, um abraço cheio de sentimentos e acariciou seu rosto até que terminaram com qualquer espaço entre eles e se beijaram. Diferente de qualquer outro beijo esse era cheio de sentimento com uma leve pitada de desejo, era doce, era calmo. Como se naquele momento só aquilo importasse. Harry passava calmamente as mãos pelo corpo da ruiva, brincou com o elástico da calcinha dela quando a sentiu ofegar.
— Eu quero tanto... Mas não assim, não sem antes te mostrar que vai ser diferent. Não para fazer melhor que o babaca do Ralph e te mostrar que eu posso te dar o maior prazer possível, até que suas pernas fiquem bambas. Não desse jeito. Eu quero quando você não tiver mais lembranças de outro. Porquê em mim, só reside você.— Harry disse e deu mais um beijo em Gina, reparou que a ruiva estava chorando.
— Eu disse algo? — Harry perguntou preocupado. Gina negou com a cabeça.
— Está começando bem, Potter.
— Não me chame de Potter, Potter.—Ele disse rindo e Gina o acompanhou.
— Vamos dormir, amanhã tenho um longo dia. 
— Vai tentar convencer seu pai a abrir mais uma vez o diário do seu avô?
— Sim. Algo me diz que a resposta está lá.
— Acho que uma guerra está vindo. Temo pelos nossos filhos.
— A única certeza que eu tenho, é que nada jamais irá acontecer com você e nossos filhos. Os Portes protegem suas ruivas.
— Seu filho está disposto a quebrar a tradição de Potter com ruivas. Helen é uma linda morena.
— Se continuar desse jeito, daqui a uns anos ele enfrenta Sirius Black. — Os dois riram enquanto conversavam sobre a vida até que dormiram, juntos abraçados.