Scorpius Malfoy
— E então, o que me diz? – Tornei a perguntar, apreensivo. Ela me encarou por mais alguns segundos, parecendo assustada e depois me deu um sorriso triste.
— Eu ouvi parte da sua conversa com o seu pai... Ouvi você dizer que me ama.
— E eu amo mesmo. – Eu completei, sentindo pelo seu tom de voz que iria levar um fora.
— Não é justo que eu aceite o seu pedido, Scor, porque eu não sinto o mesmo. – Ela franziu o rosto em uma careta. – Por mais que eu te ache um cara legal, lindo e que a nossa noite de ontem tenha sido melhor do que qualquer outra que eu já tive, um namoro é um passo muito grande e sério, que eu não estou pronta para dar… ainda.
— Ainda? – Estreitei meus olhos e ela sorriu.
— É claro… quem sabe o dia de amanhã? Além disso, nós só transamos uma vez… acho que precisamos de mais tempo juntos para que um namoro seja uma boa opção. Você entende, não é?
— Sim. – Desviei meus olhos dos dela, um pouco decepcionado e engoli a seco, me afastando. – Então eu vou voltar para o…
— Espera! – Ela se levantou da balaustrada e correu até mim, se enfiando em minha frente. – Eu tenho uma contraproposta. Não quer ouvir?
Eu suspirei, abrindo um sorriso para a expressão ansiosa que Rose tinha no rosto. Eu queria beijá-la, mas estávamos estabelecendo limites naquele momento, eu notei.
— Eu quero. Manda!
— Que tal se a gente continuar se encontrando?
— Você sabe que é isso o que eu quero… Mas eu quero você para mim, não sou bom em dividir coisas, Rose, por isso pedi você em namoro.
— Sim… – Ela me interrompeu. – Seremos exclusivos, é óbvio e nos veremos com bastante frequência fora das aulas, já que temos uma sala só nossa…
— Eu gosto disso, mas qual é a diferença disso para um namoro? – Perguntei, confuso e ela sorriu.
— O rótulo e todas as responsabilidades e cobranças que vem com ele. – Ela respondeu. – Pode ser que tudo isso se desenvolva para um namoro e que a gente seja um casal incrível. Mas por enquanto, vamos devagar.
— Manteremos segredo?
— Sim, por favor. Pelo menos por enquanto.
— Certo. E seremos exclusivos, então.
— Sim! – Ela confirmou e depois fez uma careta. – Eu me recuso a transar com um cara que transou com outra garota há poucas horas. Eu prefiro exclusividade também.
— E seremos amigos? – Perguntei e ela sorriu.
— Nada vai mudar na nossa convivência, a não ser os beijos e afins.
— Eu topo. Vem cá... – Respondi, puxando-a para perto e ela subiu na ponta dos pés para me beijar suavemente. Eu sorri durante o beijo e escorreguei minha mão até a sua bunda gostosa, o que a fez rir e me abraçar fortemente. – Eu tenho outra proposta…
— Diga. – Ela se afastou, sorridente, esperando para me ouvir.
— E se a gente fosse dormir, ou não dormir, lá na nossa sala?
— Scor, somos monitores. Temos que dar o exemplo de estarmos nos nossos dormitórios na hora de dormir. Eu divido o quarto com a Alice, ela pode me delatar para a McGonagall…
Fiz uma careta, concordando frustrado. Eu queria tanto ter o corpo de Rose em meus braços de novo…
— E eu estou morrendo de dor de cabeça…
— Hum… ta. Eu tenho uma ideia… Fala que vai para a enfermaria e me encontra na sala.
Ela gargalhou disso, mas negou com a cabeça.
— Tudo bem, escute só… a gente pode ir antes no banheiro dos monitores tomar um banho juntos naquela banheira que mais parece uma piscina.
— Tentador. – Ela sorriu. – Mas não…
— E eu posso te fazer uma massagem nas costas bem gostosa. – A provoquei. – A minha massagem é a melhor.
— Eu aceito a massagem em um outro dia. – Ela respondeu, brincalhona.
— Droga! E se eu te oferecer três orgasmos? – Ergui três dedos da minha mão e ela gargalhou. – Todos com a minha língua. Você gostou disso ontem, não foi?
— Foi, mas ainda assim eu vou negar, Scor. Não quero correr o risco de ser delatada para a McGonagall.
— Tudo bem… eu faço o sacrifício de dormir de conchinha, se você for… É a minha última oferta.
— Qual é o problema da conchinha? – Ela franziu o cenho. – Dormir de conchinha é uma delícia.
— Pra você, que fica dentro. Pra mim, dormir de conchinha significa cabelo na cara, braço dormente e pau duro.
— Que grosseria! – Ela gargalhou, me abraçando pela cintura. – Eu vou tentar pensar em um plano para que a gente consiga passar algumas noites juntos, ok? Mas hoje eu preciso voltar, estou com muita dor de cabeça.
— A boa e velha desculpa da dor de cabeça… – Suspirei e ela riu, me dando um breve beijo no rosto.
— Não é desculpa, seu bobo. Eu realmente estou com dor.
— Coitadinha da minha ruivinha. – Zombei, bagunçando o seu cabelo e fazendo-a sorrir. – Vamos lá, bonitona, vou acompanhar você até o seu salão.
— Certo! – Ela disse, abrindo um sorrisão e estendendo a mão para que eu segurasse, o que eu fiz de bom grado, a puxando gentilmente para fora da torre e descendo as escadas ao seu lado, até que perguntei algo que tinha rondado minha cabeça por todo o dia:
— Você ficou com ciúmes quando me viu beijando a Alice?
— Não. – Ela encolheu os ombros. – Mas fiquei com raiva de você e me senti completamente descartável.
— Descartável? – Eu a encarei, incomodado e ela assentiu, encarando o chão.
— Você mal tinha acabado de acordar ao meu lado e já estava beijando outra. Me senti usada e jogada fora. – Ela encolheu os ombros.
— Nossa! Não… – Eu soltei sua mão e a abracei, puxando-a para mais perto de mim. – Eu jamais faria isso com você.
— Você fez, Scor.
— Eu estava completamente louco. – Disse, desesperado. – Não sei onde é que eu estava com a cabeça, Rose. Eu gosto de você desde o primeiro ano e estava tão frustrado com a nossa discussão que quando a Alice sugeriu que iria me fazer te esquecer, aquela parecia ser a única saída para eu recuperar o meu orgulho.
— Isso é ridículo. – Ela contestou e eu assenti.
— Eu sei.
— E eu não acredito que a Alice possa ter sugerido uma coisa dessas! Que…
— Não vai mais acontecer. – Interrompi o seu futuro xingamento e ela me encarou. Ela não parecia brava… só estava séria demais. – É sério! Eu não quero mais ninguém… E eu também não queria te magoar, linda. Me desculpa, vai?
— Eu já te desculpei, Scor. – Ela deu um sorriso mínimo e eu franzi a testa.
— Então porque está com essa cara?
— Só estou exausta e com muita dor de cabeça. Vai passar.
— Não é melhor irmos na enfermaria? Eu posso ficar lá te fazendo companhia até você ser liberada.
Ela sorriu e beijou o meu rosto.
— Você é um fofo. Mas eu só preciso de um banho e uma boa noite de sono. Amanhã estarei melhor.
— Promete? – Perguntei e ela assentiu.
— Sim. Juro de dedinho.
— Então tá. – Eu sorri, beijando sua têmpora.
— Scor, como você me achou na torre? – Ela perguntou e eu notei que realmente estava curiosa, pois ela estava lá para não ser encontrada.
— O Albus tem o mapa do maroto, lembra?
— Ah… – Ela ergueu as sobrancelhas, brincalhona. – Muito inteligente, senhor Malfoy. Dez pontos para a Sonserina!
— Esses pontos podem ser convertidos em beijos? – Perguntei e ela gargalhou.
— Que clichê, senhor Malfoy! Eu vou pensar no seu caso.
Ela subiu em minha frente as escadas para a torre da Grifinória e eu aproveitei para dar uma boa olhada em sua bunda sem que ela percebesse.
Quando ela finalmente parou em frente ao quadro da entrada de seu salão, ela se virou para mim, enquanto eu me mantive um degrau abaixo para ficarmos do mesmo tamanho. Eu abracei seu quadril e a puxei para mim.
— Seu maluco, alguém pode nos ver! – Ela sorriu, mas abraçou o meu pescoço ainda assim.
— Ter certeza que não quer ir dormir comigo? – Insisti, fazendo drama e a beijando nos lábios.
— Eu adoraria, de verdade, mas eu já expliquei meus motivos, não expliquei?
— Que droga! Se mudar de ideia, me mande um bilhete…
— Certo… Agora me dê um beijo de boa noite. – Ela sorriu, e colou nossos lábios de uma forma quase desesperada, que eu acompanhei. O beijo de Rose era delicioso, e dentro de mim era como uma pequena chama que se alastrava, causando um incêndio. Minhas mãos escorregaram para a sua bunda e eu apertei a sua pele sobre o tecido de suas roupas. Estávamos tão envolvidos que nem percebemos que alguém havia se aproximado de nós.
— Olha essa mão, Malfoy! – O irmão de Rose cantarolou atrás de mim, me fazendo dar um pulo de susto.
— Hugo! – Rose ficou vermelha e eu o fuzilei com os olhos.
— Vá se ferrar, moleque! – Xinguei e Rose me encarou, chocada. – Porra! Que susto!
— Eu vi isso… – Hugo ergueu as sobrancelhas.
— Por favor, não conta pro papai! – Rose praticamente implorou e o pirralho cruzou os braços.
— O que eu ganho com isso? – Ele perguntou e eu bufei.
— Escuta, moleque, você não tem uma namorada pra cuidar, não? – Retruquei irritado e Hugo estreitou os olhos em minha direção. – Então vai, porra! Cuida da sua que eu sei como cuidar da minha. Mete o pé e deixe a sua irmã em paz.
— Dessa vez vai passar, Malfoy. – Ele murmurou, com uma expressão zombeteira. – Mas eu estou de olho. Eu sempre estou de olho…
— Dê o fora daqui antes que eu te dê algo nem um pouco ortodoxo para olhar.
Hugo gargalhou alto e entrou em seu salão comunal e, quando a minha atenção se voltou para Rose, ela estava embasbacada, com as mãos na cintura.
— O que foi isso?
— O que? – Perguntei, puxando-a de volta para mim.
— Você e o meu irmão…
— Só uma brincadeirinha de moleques, amor.
— Amor? – Ela franziu a testa e eu senti o meu rosto esquentar.
— Droga! É melhor eu ir… – Dei um sorriso constrangido e ela riu. – Se mudar de idéia sobre ir dormir comigo, já sabe…
— Uhum! – Ela sorriu e me deu um último beijo carinhoso. – Boa noite.
— Boa noite, ruivinha. Sonha comigo, tá?
Ela assentiu e soprou um beijo no ar antes de entrar em seu salão e me deixar encarando a mulher gorda do retrato com cara de idiota. Até que ela deu um agudo ensurdecedor e eu, com um pulo de susto desci as escadas pulando de dois em dos degraus.
Assim que cheguei na Sonserina, o salão estava praticamente deserto. Eu precisava encontrar o Albus e contar para ele todas as coisas bizarramente boas que aconteceram naquela noite. Meus pais enfim iriam se unir ao lado certo, o irmão de Rose resolveu ser legal comigo e Rose, por quem eu sempre fui apaixonado, iria ser minha fixa e exclusivamente. Não era um namoro sério, como eu queria, mas era bem melhor do que ficar sentado na biblioteca observando ela jogar, enquanto pensava que jamais conseguiria conquistá-la e que ela era boa demais para mim. Bem melhor.
Fui para o meu dormitório e abri a porta, notando que as luzes ainda estavam acesas, a cama de Rosier estava vazia e a cama de Albus estava com o dossel fechado. Ele estava dormindo, mas nós tínhamos o costume de acordar um ao outro quando precisávamos falar alguma coisa importante, então eu nem sequer hesitei antes de puxar a cortina de sua cama para o lado, mas quando eu o fiz, quase caí para trás.
Albus e Rosier estavam abraçados na cama, ambos sem camisa e, graças aos Deuses, a coberta estava sobre a parte inferior de seus corpos, assim eu não tive que ver nada que não me faria dormir a noite.
— Já ouviu falar de privacidade? – Albus perguntou, ao mesmo tempo em que eu, completamente chocado, gritei.
— Puta merda! O que é isso? – Apontei para os dois na cama. – Merlin! O que está acontecendo aqui?
— Scorpius, calma. – Albus ameaçou se levantar e eu arregalei os olhos. – Eu posso explicar.
— Não saia debaixo desse cobertor, Potter! Eu não quero ter pesadelos com você pelado!
— Eu estou de cueca, seu babaca! – Ele retrucou, dando um beijo na boca de Rosier e sussurrando algumas coisas em seu ouvido antes de se levantar e vestir a calça de seu pijama. – Vamos lá pra fora…
Eu o segui, aturdido, até o lado de fora do quarto e nós nos sentamos nos degraus da escada em frente à nossa porta.
— Merda! – Ele esfregou o rosto com as mãos e eu franzi o cenho.
— O que está acontecendo, Al?
— Eu acho que sou gay. – Ele sussurrou e eu soltei o ar dos meus pulmões, pensando no que falar para deixar aquela conversa mais leve e fazer com que o meu amigo se sentisse acolhido, porque a cabeça dele deveria estar um turbilhão.
— Bom, eu te flagrei na cama com o Rosier, então eu também acho que você seja gay. – Encolhi os ombros e ele fez uma careta. – Como tudo isso aconteceu?
— Cara, foi do nada! Um dia estávamos trabalhando em nossa poção e ele me beijou… Por mais estranho que possa parecer, o Alan colocou todas as meninas que eu já fiquei no chinelo, sabe? Eu nunca me senti assim com nenhuma garota, nem mesmo com a Alice…
— Alice? – Franzi o cenho e ele assentiu.
— A gente meio que teve um rolo no verão do quarto ano… foi a melhor garota com quem já fiquei, mas ela não chega nem perto do Alan.
— E você me escondeu essa história desde o quarto ano, seu porra? Eu achei que eu fosse o seu melhor amigo!
— E você é, mas prometemos não contar para ninguém…
— E você também não me falou nada do Rosier.
— É que eu estou inseguro ainda. A gente passou por uma fase em que a gente brigava muito e agora é que as coisas começaram a se acalmar entre nós. Eu tenho medo de contar para todo mundo e estragar tudo.
— Você gosta dele?
— Muito. – Ele deu um sorriso sem dentes. – Eu estou pensando em pedí-lo em namoro…
— Isso é bom! – Eu acotovelei suas costelas.
— É, eu acho que sim. – Ele suspirou. – Mas você queria falar comigo, não queria? O que aconteceu?
— Nada com que você deva se preocupar. Amanhã a gente conversa. – Eu sorri. – O Rosier deve estar te esperando na cama. Eu vou só pegar algumas coisas e depois vou passar a noite fora para dar privacidade para vocês dois.
— Vai dormir aonde?
— Na minha sala do projeto de poções.
— Certo. – Ele assentiu, incomodado. – Mas não precisa sair do quarto por nossa causa. A gente sabe se comportar.
Eu gargalhei disso e baguncei seu cabelo, como se ele fosse uma criança.
— Não é por causa de você, seu egocêntrico. – Zombei e Albus socou meu braço para que eu me afastasse. – Na minha sala eu tenho uma cama de casal inteira só pra mim. E fica bem perto da cozinha…
— Certo, certo… – Ele deu um sorrisinho nervoso. – Isso não muda nada entre a gente, certo?
— É claro que não. – Eu dei um empurrão em seu ombro. – Você é meu irmão, porra!
— Ufa! – Ele riu, parecendo aliviado. – Então eu vou voltar para o quarto.
— Vamos lá!
Albus, assim que entrou no quarto, já se enfiou nos braços de Rosier e eu arrumei uma mochila com algumas trocas de roupa e os meus materiais das aulas do dia seguinte antes de ir para a sala onde eu fazia a poção e, no banheiro ao lado do quarto, tomar um belo de um banho quente, que dissipou toda a tensão daquele dia tão agitado.
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