Rose Weasley
Assim que cheguei no salão principal e corri para a mesa da Grifinória, notei que o clima entre Alice e Dominique não estava nada agradável e que Lilian estava observando tudo com os olhos arregalados.
— Bom dia! – Eu sorri para todos, mas apenas meu irmão respondeu, com a boca cheia de torrada.
— E aí, sua trasga?
— Melhorou da dor de cabeça? – Lilian perguntou e eu assenti.
— Sim, melhorei muito!
— Que bom que você saiu do quarto ontem, Rose, se não você iria sofrer ainda mais. – Dominique disse, massageando as próprias têmporas.
— Por que?
— Porque a Dominique é uma grossa! – Alice respondeu e eu estreitei meus olhos para Domi, tentando descobrir o que tinha acontecido.
— Ela ficou falando, falando e falando sobre o Scorpius. – Domi reclamou, irritada e até o Hugo parou de comer para prestar atenção, vez ou outra me olhando para ver como eu reagia. – Scorpius isso, Scorpius aquilo! Eu estava querendo ler e ela não calava a merda da boca! Eu não quero saber do beijo que ela deu no Scorpius! Eu não me importo!
— Espera aí!!! – Hugo interrompeu, erguendo as mãos e encarando a Alice. – Você beijou o Malfoy?
— Beijei. – Alice respondeu, erguendo a cabeça.
— Quando?
— Ontem de manhã. – Ela respondeu e ele fez uma careta.
— Cara, por que?
— Porque eu sou a fim dele… e porque eu quis.
— Ai, caralho! – Ele deu um tapa na própria testa. – Alice, você sabe o que dizem por aí, não sabe? Ele é a fim de outra pessoa…
— E daí? – Ela encolheu os ombros. – A outra pessoa nem liga pra ele… Melhor pra mim.
— Isso é meio egoísta, não é? – Hugo estreitou seus olhos e me encarou. Eu fiz uma careta para que ele deixasse para lá, mas ele era teimoso feito uma porta. – Quero dizer, você dá em cima de um cara que gosta de outra pessoa e fica falando pra todo mundo que vocês se beijaram. Isso pode acabar com a credibilidade do cara.
— De novo: melhor pra mim. – Ela sacudiu os ombros e eu rolei os olhos, me sentando ao lado de Dominique.
— E ele foi te procurar depois do beijo? – Lily, não sabendo de nada, perguntou.
— Não, ele teve alguns inconvenientes, mas ele vai me procurar. Eu tenho certeza.
— Ou não. – Sussurrei comigo mesma enquanto passava geléia em uma torrada e mordia. Dominique, que ouviu, precisou segurar a risada.
— Ele está vindo pra cá. – Lilian sussurrou e Alice endireitou sua coluna e arrumou o cabelo. Era ridículo.
— Como eu estou? – Ela perguntou e Hugo a encarou com uma careta.
— Normal, só que com a coluna reta.
Eu amava aquele moleque. Iria comprar doces para ele só por ele ter dado aquela resposta.
— Bom dia, gente. – Scor se anunciou e nós o respondemos com um coral de “bom dia”. Alice foi a única diferente.
— Oi Scor! Quer se sentar?
— Ah… Tá… – Ele encolheu os ombros e se sentou ao lado de Alice e de frente para mim.
— Veio falar comigo? – Ela perguntou, se oferecendo e eu ergui as sobrancelhas. Scorpius no entanto a ignorou de uma forma polida.
— Na verdade, eu precisava tratar de um assunto com a Weasley…
— Qual das? – Brinquei, apontando para mim, para a Domi e para a Lily, que riram.
— Com você. Mas aposto que isso seria de pleno interesse da Lily! – Ele deu um sorriso ladino e eu gargalhei, entendendo exatamente sobre o que ele queria falar.
— Albus?
— Sim.
— Viu o que não devia e ficou chocado? – Perguntei erguendo as sobrancelhas e ele assentiu, com uma careta.
— Espera aí! Você sabia? Era disso que você… – Ele deu um tapa na própria testa. – Ai, caralho! Como você...
— Eu também tomei um susto quando vi… – Sorri, divertida e ele gargalhou.
— Eu acho que perdi alguma coisa… – Alice resmungou.
— Todos perdemos… – Hugo estreitou os olhos. – Malfoy, fala aí o que é que tá pegando?
— É melhor não. Logo vocês vão descobrir, eu acho.
— Mas se é sobre o meu irmão, eu quero saber.
— Logo ele vai contar. Fique sossegada! – Eu sorri, tranquilizando-a e depois voltando a encarar Scorpius, que parecia meio desconfortável. – Você veio aqui só pra isso?
— Bem… – Ele encolheu os ombros. – De certa forma, sim, eu precisava falar isso para alguém. Estava me corroendo!!! E a sua dor de cabeça?
— Melhorou depois que eu fui para a enfermaria ontem. Obrigada por perguntar.
— Por nada! – Ele sorriu em resposta, entrando no jogo de fingir que eu não havia passado a noite inteira em seus braços.
— Scor, o que você vai fazer hoje depois da aula? – Alice perguntou e ele franziu o cenho, sendo fuzilado por meus olhos.
— Eu tenho um compromisso… – Ele deu um sorriso tranquilo e ela se incomodou, fazendo um biquinho.
— Que horas?
— As sete, mas eu quero descansar antes…
— E até que horas vai o seu compromisso?
— Não tem hora para acabar. – Ele respondeu, me dando um chutinho por debaixo da mesa e eu sorri.
— Você não tem nem meia horinha pra mim? – Ela perguntou, ressentida e ele suspirou.
— Não. Hoje não…
— Certo. E amanhã?
— Amanhã… eu combinei de começarmos as misturas para as poções com a Rose. Não é?
— É. – Menti e Alice entortou os lábios.
— A Rose pode fazer sozinha… – Ela sugeriu e Hugo franziu o cenho.
— Não, ela não pode. Estamos mexendo com ingredientes muito perigosos. Se um de nós precisar de socorro, o outro precisará estar lá. Combinamos isso desde o início.
— Tudo bem… – Ela encarou o chão. – E na quarta?
— É o meu dia de ronda.
— Legal! Eu posso fazer a ronda com você!
— Na verdade… – Ele deu um sorriso sem jeito. – Eu já enviei o cronograma da semana para a diretora. Farei a ronda com outra pessoa.
— Com quem? – Ela perguntou, irritada e ele sorriu.
— Com o Weasley.
— Com o Hugo? – Eu intervi, levemente ofendida. – Pra que?
— Ei, eu sou um cara legal, sua trasga! – Meu irmão reclamou e scorpius concordou com um aceno de cabeça. – Viu?
— Tá, que gracinha, os dois fazendo ronda juntos. E com quem eu caí?
— Com o Al. – Scor sorriu. – Acho que ele está precisando conversar com alguém que vai saber o que falar. Eu sou um bosta quando se trata de conselhos.
— Certo. Vai ser legal! – Eu sorri, animada.
— E quinta? – Alice voltou a perguntar e dominique bufou ao meu lado, entediada.
— Quinta você tem ronda, com o McMillan.
— Sexta, então…
— Treino de quadribol até a hora do toque de recolher. – Ele encolheu os ombros. – Sinto muito. Essa semana eu estou lotado.
— Eu posso assistir o seu treino…
— Vai ser fechado! Descobrimos que existem alguns leões curiosos que invadem nossos treinos para roubar estratégias, não é, Potter?
— Foi só uma vez! – Lilian reclamou, indignada.
— Vou invadir o de vocês, então… Só uma vez. – Scorpius provocou e ela sacudiu os ombros.
— Invade, ué! Você só vai ver a Dominique gritando com todo mundo.
— Ei! – Nick a encarou, irritada. – Eu não grito tanto assim!
A mesa inteira a encarou como se ela tivesse três cabeças e depois disso todos caímos na gargalhada.
— Bom, meninas… – Hugo se levantou, jogando uma maçã para o alto. – O papo está ótimo, mas o dever me chama. Preciso ir para a aula de Herbologia. Rose?
— Eu vou com você. – Me levantei percebendo que ele queria falar comigo e batendo as mãos nas coxas para tirar as migalhas. – Até mais tarde, pessoal!
— Até! – Todos acenaram e Hugo, assim que saímos do salão principal, me puxou para um canto. – Ai, garoto! Pra que tanta pressa?
— Que merda foi aquela da Alice?
— Ela resolveu ser a fim do Scorpius… – Rolei os olhos.
— Que talarica! – Ele reclamou, me fazendo rir.
— Ela não sabe do meu rolo com ele.
— Ainda assim… Todo mundo sabe que ele gosta de você. Ela dar em cima dele na sua frente é meio… sei lá. É estranho. Até porque ele claramente estava se esquivando.
— É, ela anda muito estranha. Tentou até virar todos vocês contra mim, lembra? E eu soube que ela estava querendo que eu desistisse da monitoria para que ela entrasse em meu lugar.
— Ela passou uns dias sendo bem esquisita comigo. – Ele considerou, pensativo. – Me dando doces, querendo saber da minha vida, puxando assuntos pessoais… Ela me perguntou sobre a minha vida sexual!!! Por Merlin!!!
— Por que ela faria isso?
— Acho que ela estava tentando alguma interação de irmãos. Algo assim... – Ele fez uma careta. – Talvez Alice queira ser você! Mas eu já tenho você como irmã, não quero outra.
— Ah!!! – Eu o abracei de forma desajeitada e beijei o seu rosto. – Isso foi fofo!
— Fofo nada! Cruz credo! Imagina duas de você me enchendo o saco!
— Hugo, que horror! Você não tem jeito! – Rolei os olhos, dando um empurrãozinho em seu ombro. – E que história é essa de você fazer ronda com o Scorpius?
— Acho que ele quer alguém pra falar mal de você… – Ele deu um sorriso cretino. – Por que? Está com ciúmes?
— Ah, cala a boca. – Rolei os olhos. – Eu só estou achando tudo esquisito… desde ontem, na torre. Vocês conversaram como se… como se… sei lá, fossem amigos.
— O que tem de amigável em ameaçar o namorado da irmã? – Ele se fez de idiota e eu bufei. Ele não iria me contar.
— É só que vocês dois parecem estar meio que se entendendo. Você o viu comigo e nem falou nada… se fosse meses atrás, você teria me dado uma bronca e contado pro pai e pra mãe.
— Talvez eu tenha resolvido dar uma chance pro Malfoy, ué. Algum problema com isso?
— Não! De jeito nenhum… – Eu sorri, encolhendo os ombros. – Isso me deixa feliz. O Scor tem se mostrado um amigão. Ele é bem melhor do que a gente achou que ele fosse.
— Ele é bem mais que o seu amigão, Rose. – Hugo debochou e depois abriu um sorriso cretino. – E ele está vindo aí e não parece muito feliz.
Eu me virei para encarar Scorpius, que de fato estava com a cara fechada e então eu ergui as sobrancelhas, curiosa.
— O que foi? – Perguntei quando ele se aproximou e ele ergueu o queixo, em uma pose de garoto mimado.
— Você me deixou sozinho do lado daquela pirada! – Reclamou. – Ela apalpou a minha coxa!
Hugo caiu na gargalhada e eu tive a decência de segurar o riso, diante de sua expressão contrariada.
— E o que você fez?
— Disse que precisava ir ao banheiro e saí. – Ele encolheu os ombros e Hugo resolveu provocar mais.
— Estou surpreso que ela não tenha tentado ir ao banheiro com você!
— Ela tentou, disse que me esperaria do lado de fora. – Arregalou os olhos. – Foi a Dominique que me salvou... A Alice é doida!
— Você precisa colocar um fim nisso, se quiser que ela pare. – Sugeri, mordendo o lábio inferior e ele suspirou.
— Eu sei. Mas como?
— Manda ela a merda. – Hugo sugeriu e eu o fuzilei com o olhar. Ele abriu um sorriso inocente e encolheu os ombros. – Que foi?
— Esquece. – Suspirei, voltando a prestar atenção em Scorpius. – Seja sincero. Diga que não a vê desse jeito e que sente muito, mas está comprometido com outra pessoa.
— Eu não estou exatamente comprometido… – Ele deu um sorriso brincalhão.
— Ah, não? – Cruzei os braços, desafiadora.
— Não, minha garota não aceitou namorar comigo, sabe?
— Então vai lá ficar com a Alice, quem sabe ela aceita?
— Ih, cara, que mancada! – Hugo fez uma careta enquanto Scorpius gargalhava e beijava a minha bochecha repetidas vezes.
— É brincadeira, estressadinha.
— Sei. – Torci os lábios, fazendo-o rir ainda mais.
— Eu vou para a sala. História da Magia, né? – Ele perguntou com uma careta e eu assenti, sorridente. – Quer se sentar ao meu lado?
— Pode ser. – Abri um sorrisão e ele assentiu, pegando a mochila das minhas costas.
— Vou guardar o seu lugar. – Ele sorriu de volta e eu assenti, concordando. – Tchau, Hugo!
— Vai pela sombra, cara. Eu estou de olho! – Hugo acenou e eu rolei os olhos para o tratamento deles. Assim que Scorpius saiu, eu me voltei para o meu irmão.
— Ei… Você escreveu para a mamãe?
— Sim. – Assentiu. – Que bom que você lembrou. Ela disse que quer falar com você.
— Comigo? – Franzi a testa.
— É. E ela me pareceu bem séria! Acho que é esporro!
— É? – Arregalei os olhos e Hugo assentiu, me fazendo gemer de frustração. – Merda! O que será que eu fiz?
— Sei lá. – Ele encolheu os ombros. – Hoje é o seu dia de escrever para o pai e pra mãe. Aproveita e já fala com ela.
— Ok. Vou fazer isso agora antes da aula e envio na hora do almoço.
— E eu vou para a minha sala. Tenha um bom dia, sua trasga. – Ele deu um soco em meu ombro e saiu andando, me fazendo xingá-lo baixinho à caminho da sala de história da magia.
Scorpius já estava lá, em uma mesa dupla, com a minha mochila ao seu lado. Só ele havia chegado lá até então e eu dei uma corridinha para surpreendê-lo com um beijo estalado em seu rosto.
O coitadinho deu um pulo de susto, mas depois abriu um sorriso e liberou a cadeira para que eu me sentasse ao seu lado.
— Ei! – Ele cumprimentou, passando o braço por cima de meus ombros e eu dei mais um beijo em seu rosto e um rápido selinho em seus lábios.
— Preciso escrever para a minha mãe, você se incomoda?
— De jeito nenhum. Fique à vontade.
— Valeu. – Peguei um pergaminho e uma pena em minha mochila e comecei a escrever:
“Queridos mamãe e papai,
Como vocês estão? Eu estou morrendo de saudades, mas surpreendentemente as coisas em Hogwarts estão voltando a entrar no eixo, portanto eu estou bem.
Estou entregando todos os deveres em dia e fazendo todos os trabalhos com o máximo de dedicação possível e espero que isso me ajude a estudar para os N.I.E.M’s. Mas não se preocupem, eu não estou sendo a maníaca por estudos que costumava ser e estou seguindo o conselho da mamãe de conhecer pessoas novas. Tem sido bem… interessante.”
Olhei para Scorpius e sorri. De fato, aquilo estava sendo interessante. Ele estava lendo o seu livro e desviou os olhos por tempo suficiente para me dar uma piscadinha charmosa e voltar a ler. Com isso, continuei a escrever.
“Estou ansiosa para o natal e cheia de novidades para contar. O Albus também tem uma grande novidade, mas não sei quando é que ele vai falar para todos e, por causa disso, não posso adiantar nada para vocês.
Estamos todos bem, não se preocupem.
Ah… Mãe, o Hugo disse que você queria falar comigo. Sobre o que é? Quer me encontrar sábado em Hogsmeade?
Espero a resposta de vocês!
Com amor,
Rose”
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