De repente, aquela sala parecia pequena e abafada. Mas as janelas estavam parcialmente abertas, estávamos num andar alto. Não. O calor vinha de mim mesmo.
Jungkook parecia não acreditar. Fitava-me incrédulo ainda. Para ser honesto, estava difícil de acreditar até para mim.
Estávamos sentados a pouco menos de vinte centímetros de distância. Ele continuava fixo no mesmo lugar, já eu me sentia desconfortável e envergonhado, me mexendo como um tique nervoso. Encostei-me no sofá de cabeça baixa para não encara-lo.
-Hyung. -ele chamou.
Inclinei a cabeça para o lado. Relanceei um pouco do seu rosto e voltei a baixa-lo.
-Sim...?
-Você disse que é meu? -ele se aproximou. Nossos ombros se tocaram. Ele passou um braço para trás de mim e isso me deixava a desconcertante impressão de ser minúsculo perto dele. -Jimin-Ah.
Suspirei.
-É, eu disse.
Ele riu.
-Olhe para mim, por favor.
Ergui a cabeça envergonhado. Ele me olhava com um sorriso indecifrável.
-É meu?
-Vai me atormentar com isso?
Jungkook me roubou mais um beijo e balançou a cabeça dizendo que não.
-Vou respeitar sua decisão.
-Então... é, acho que sou seu.
Ele me fitou por uns instantes. Talvez decidindo se aquilo era verdade ou não. Então sorriu e suspirou.
-Ah, Jiminie. Você me perturba tanto, não sei como consigo conviver com você.
-Não te perturbo.
Ele arregalou os olhos.
-Não?! Ata.
Eu não perturbava ele. Mal o irritava, mas não era desse tipo de perturbação que ele se referia. Me ajoelhei no sofá e passei uma perna para o outro lado dele. Jungkook pareceu surpreso. Agarrou minha cintura e me acomodou nas suas pernas.
-Estou te perturbando agora? -perguntei.
Ele riu.
-É. Muito. Eu quero te levar para o meu quarto, -ele apontou para o corredor. -Te trancar ali, e você só vai conseguir sair dois dias depois.
Franzi a testa.
-Por qu... Jungkook! -o estapeei. -Não se diz isso! Ah que vergonha.
Escondi meu rosto no ombro dele. Me sentia pegando fogo, tudo pareceu aliviar quando me apoiei nele. O cheiro dele, era familiar, me dava a sensação de segurança. Aproximei meu nariz do pescoço dele, e encostei meus lábios. O senti arrepiar. Eu sentia fisgadas no pé da barriga. Jungkook suspirou e apertou as mãos na minha cintura.
-Hyung, oque esta fazendo?
Abri a boca e a fechei, deixando meus lábios se arrastarem pela pele dele. Não o respondi. Estava muito entretido no momento.
-Hyung... -ele gemeu, então percebi que eu estava o provocando demais estando tão perto. -Você não está deixando fácil para mim. -seus dedos deslisaram pelas minhas curvas, até a minha bunda. Ele fazia pressão com os dedos, mas não apertava.
-Hum, você também tenta se controlar com as suas "visitas sem compromisso"?
-Ah, você tem ciúme de mim. -ele riu. -Não, Hyung, não me controlo com as visitas. Só com quem estou tentando ter compromisso.
Apoiei minhas mãos nos seus ombros e levei minha boca até a mandíbula. Jungkook arrepiava e gemia baixinho.
-Jungkookie, você está muito animado para o meu gosto.
Realmente, eu sentia a animação dele bem debaixo das minhas pernas.
-Sua culpa.
Eu não consegui aguentar e ri, propositalmente, me mexendo em cima dele. Não me julgue, eu estava com raiva por conta das gavetas, tinha que me vingar. Talvez ele não percebesse o nível de perigo que eu estava me arriscando com ele. Ele era famoso, de um jeito que pessoas conspiravam contra ele, ele não era o figurante, era o personagem principal. Isso tornava tudo mais difícil.
Parei de me mexer e apoiei com firmeza as mãos nos ombros dele. Ele estranhou o ato e me encarou.
-Não vou ser um caso seu, Jeon Jungkook. -eu falei isso em tom neutro, e ele entendeu o momento, certo que não era o mais apropriado, mas se eu não falasse aquelas palavras sumiriam para sempre. -Não mesmo. -me inclinei para perto do seu rosto, ele parecia nervoso. -Não sou qualquer pessoa. Não sou foda de uma noite. Não vou aparecer em capa de revista para ser adicionado à lista de romances de atorzinho nenhum. -pressionei o dedo no peito dele. Jungkook engoliu em seco. Seus olhos brilhavam, não estava assustado, nem entretido, parecia estar admirado. -Se isso aqui acabar, não quero meu nome em lugar nenhum além dos créditos da série por ter sido seu staff. Estamos conversados?
Ele se lembrou de respirar e soltou a respiração bem devagar. Eu não tinha percebido quanto tinha falado, ou quão impactante tinha sido, mas agora já tinha acontecido, não tinha volta. Jungkook aliviou a pressão na minha cintura e pousou as mãos nas minha pernas.
-Claro que estamos conversados. Vou prezar pelo seu estado quase anônimo. -ele fez carinho nas minhas pernas com os dedos. -Mas você tem que saber que não depende só e exclusivamente de mim. Vou cuidar de você como se fosse meu namorado, mas não posso te dar certeza que não vão dizer nada sobre nós.
-Eu sei. -suspirei, em parte por alívio de não vê-lo explodir comigo.
Passei as mãos pelo seu rosto, puxando a franja para trás, para que eu pudesse ver seu rosto inteiro. O beijei de leve, e ele pareceu sedento, procurando meus lábios.
-Me deixe te beijar.
-Você me deixou triste, não quero te beijar. -me sentei e cruzei os braços.
Ele franziu a testa e passou os braços ao meu redor.
-O que eu fiz?
-Eu não devia te dizer isso. -passei as mãos no rosto e suspirei. -Você vai me deixar rápido, ou logo que acabar as gravações. Por que eu estou aqui mesmo?
-Hyung... -ele piscou e lentamente me derrubou de lado no sofá, ficando em cima de mim.
-Não quero me apegar a você. Entendeu?
Ele continuou me analisando de cima.
-E se realmente nos gostarmos? E se acontecer de virar alguma coisa real? -ele beijou meu pescoço e descansou o rosto ali. Eu arrepiava. -Tente. Você já disse que é meu, não tem mais volta, amor.
Era verdade. Eu descobriria mais tarde que, quando se entrega a uma pessoa, sua vida é vinculada para sempre com ela. Jungkook, apenas por aquele momento ali no sofá, já estava na minha história de vida, ele era um capítulo sobre mim. E droga, eu devia ter pensado antes de deixar isso acontecer.
O encarei por bons instantes, até decidir que não tinha mais um caminho de volta. Uma passagem de ida e só. Lancei meus braços ao redor do seu pescoço e o puxei, na intenção de fazê-lo cair sobre mim. Ele tomou cuidado, pousou com delicadeza sobre mim, mesmo assim senti seu peso cheio de músculos sobre meu corpo.
Jungkook estava hesitante.
-Posso te perguntar uma coisa? -ele falou.
-Claro.
-Você... -ele limpou a garganta, desviando os olhos dos meus. -Que frustrante. Você vai passar a noite aqui hoje, mas e amanhã?
Ele se negava me olhar, suas bochechas coravam. Peguei seu rosto entre as minhas mãos. Jungkook pareceu surpreso.
-Amanhã, vou conversar com o Tae. -respondi. -E então... vou pensar se vou vir para cá.
-Vou te comprar uma peruca. -ele passou as mãos nos meus cabelos e riu. -Já se imaginou com o cabelo comprido?
-É, eu teria que ter um disfarce. -fechei os olhos, pensativo. -Que tal, meu nome vai ser, Jungwoo.
-Como? Seja criativo, Hyung.
-Paul.
-É, não é tão ruim. -ele fechou os olhos e relaxou o corpo, deitou a cabeça com o rosto no meu pescoço e me respirou. Senti arrepios que me faziam querer me mexer contra ele, mas Jungkook estava me prendendo sob ele o suficiente para que eu não conseguisse fazer isso. -Como você pode fazer isso comigo e ignorar? Me deixou cheio de vontade.
-Eu tinha que resolver meus problemas antes. -estiquei o braço e fiz carinho na sua nuca. -Não acha que o meu assunto era mais importante?
-Sim, você irritado é muito bonito.
Eu ri. Jungkook pressionou um pouco mais nossos corpos, me fazendo sentir a "vontade" dele.
-É melhor você se acalmar, não vai ser hoje que isso vai acontecer.
O ouvi suspirar e resmungar alguma coisa. Ele se sentou sobre mim, suas pernas eram mais compridas que as minhas, em geral, ele tinha músculos que o deixavam maior que eu, mas esse não era o problema, Jungkook ficava perigosamente atraente daquele ângulo. Sem camisa, de calça de moletom, com o corpo úmido de calor por minha culpa, e cabelos desgrenhados. Ele me olhou de cima, com a mandíbula travada, por um instante pensei que ele estivesse com raiva, mas então ele passou as mãos pelo meu peitoral ainda coberto pela camiseta dele.
-Vou respeitar a sua decisão. -ele disse, me olhando como um cachorro-quente, do mesmo jeito que fizera quando nos encontramos. -Mas Quando quiser, não importa onde for, pode me pedir.
Senti meu rosto esquentando, mas ri e passei as mãos pelas suas pernas.
-Certo, irei pedir, em algum momento.
-Não demore muito para pedir. Ficar só me tentando é horrível. -ele piscou e se levantou. -Afinal, vou ter que resolver meus problemas sozinho.
O vi se virar para o corredor e sumir após a porta do quarto, em seguida, ouvi lá de dentro a porta do banheiro fechar.
***
10 minutos. Foi o tempo que ele passou no banheiro, mas pareceu uma eternidade. Entre os minutos, fui para a cozinha tomar água, não demorou muito e ele voltou com um sorriso de canto a canto enquanto eu ainda estava na cozinha.
-Feliz? -perguntei, quando me dei conta do que eu tinha perguntado me arrependi.
Ele abriu um sorriso malicioso e assentiu.
-Absolutamente. Você é uma pessoa ótima para ativar minha imaginação. -ele riu e veio até mim.
Meu rosto queimava, e eu me sentia bem e envergonhado. Quando ele parou de frente para mim, automaticamente ergui os braços e o enlacei pelo pescoço. Jungkook olhou o meu rosto detalhadamente e sorriu.
-Você... você vai fazer valer a pena, tudo isso. Pelo menos, é oque espero.
Franzi o rosto para ele.
-Do que está falando?
-Que se foi para você aparecer na minha vida tão ocasionalmente, deve ter um motivo. E se foi para eu fazer todas as burradas que já fiz, teve um motivo.
Era um pensamento bonito, devo admitir, mas isso não me impedia de pensar em como a minha chegada ocasional poderia ser só mais um passo para a próxima pessoa a qual ele realmente deveria se apaixonar.
Fiz que sim com a cabeça e aproximei meu rosto.
-É, devemos ter um motivo. -eu ri. -Eu acabei descobrindo que eu gosto muito de você, mesmo com todas suas implicâncias. E não se gabe disso.
Jungkook suspirou e fez carinho nas minhas costas, passando as mãos sob a camisa.
-Eu nunca faria isso, mas quando voltarmos a gravar, vou te aperrear muito, não vai fugir assim tão fácil.
-Eu sei, não quero fugir.
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