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História Mais de você. - Injusto!


Escrita por: Takkano

Notas do Autor


Quando você deixa alguém se alimentar da dúvida , qualquer passo em falso, é um sinal de perigo.

Capítulo 7 - Injusto!


Ainda chovia muito quando Dante finalmente havia se cansado de caminhar em círculos pela sala da Devil May Cry. Saiu sentando-se sob a fachada mal iluminada da agência.

Fechou os olhos, mas logo se amaldiçoou pelo ato.

A imagem de My Lady abraçando seu irmão fazia um nó se formar em suas entranhas. Respirou fundo. Porque diabos aquilo o atormentava tanto? Talvez fosse somente coisa de momento, um gesto de amizade apenas.

“Se eles realmente fossem amigos.”

Aquela maldita vozinha sempre aparecia nas horas erradas. Mas era verdade. Lady e Vergil jamais foram amigos. A morena sempre implicava com o mais velho, fazendo questão de esfregar na cara de Dante, o quanto o irmão era indigno de compaixão e confiança.

“Pois é, hipótese do gesto de amizade descartada.”

Bem, então não tinha outro argumento, tudo o que restava agora, era ter que admitir que My Lady era uma mulher muito atraente, e que a maldita acabou seduzindo seu pobre e inocente irmão. Ele mesmo já havia dado em cima da garota um milhão de vezes.

“É mas, isso foi antes de vocês se entregarem um ao outro naquela vez.”

Novamente a voz soou em sua mente. Sempre tão direta. Sempre tão cruel. Porque a verdade era cruel. E realmente, depois daquela noite em que teve o irmão pela primeira vez, todos os seus outros possíveis objetos de desejo dissiparam-se em sua mente, restando lugar apenas para Vergil. Então seu irmão não deveria se sentir da mesma forma? Esse sentimento não deveria ser recíproco?

“E quanto a My Lady?”

Era evidente que o repentino afeto da moça por Vergil incomodava e muito Dante. Bem, talvez não fosse tão repentino assim, pois já fazia uns três meses que a morena vinha sendo mais amável com o mais velho.

A garota sempre insistia para que ele ficasse com sua sobremesa. Perguntava se ele estava com sede, se ainda tinha fome, se estava com sono e se queria descansar, se estava triste, se queria conversar ou caminhar um pouco. Se preocupava até mesmo com as roupas de Vergil.

— “Está confortável Vergil?” “Não está te apertando Vergil”? “Quer uma saia de pregas minha emprestada Vergil?” – Dante riu sozinho da sua bela e maldosa imitação de My Lady paparicando seu irmão.

— Pobre criatura! Agora ainda por cima fala sozinho, é de dar pena mesmo! – My Lady assustou Dante que quase caiu feito um idiota para trás.

— My Lady… – Dante fez sua melhor cara de desgosto e desdem para a moça. Reparou também que seus cabelos estavam úmidos, mas não era da chuva. Um peso caiu em seu estômago como se o afundasse. – Vai nos dar a honra de sua ausência … ops… quero dizer, vai sair?

A garota o olhou insatisfeita com o comentário.

— Sim, não há mais nada para mim fazer aqui, hoje. – a morena jogou uma capa enorme sobre os ombros – Vou trabalhar.

— Bem então vai pela sombra, My Lady. – dante lhe lançou um sorrisinho medonho, mas que a garota ignorou mostrando-lhe a língua.

Dante apenas riu da idiotice da moça e esperou que ela se afastasse o suficiente para sumir de vista. Se levantou e entrou. Subiu lentamente as escadas, não queria acordar Vergil aquela hora; pelo menos não desse jeito, pensou já se animando enquanto aumentava o passo.

Devagar abriu a porta do quarto, mas ao contrário do que pensava, Vergil estava acordado. O mais velho secava os cabelos com uma toalha. Parecia ter acabado de sair do banho, e pior ainda, parecia muito calmo e até mesmo satisfeito.

Novamente a imagem dos dois abraçados em frente a janela surgiu na cabeça de Dante. No mesmo momento, seus olhos merejaram, mas não sabia se era de tristeza ou de raiva. Lembrou-se também dos cabelos molhados de My Lady. Então era isso. Estava sendo feito de idiota.

Sem pensar em mais nada, a não ser na traição do irmão, Dante aproximou-se de Vergil ficando frente a frente com o mais velho. Vergil se assustou com o silêncio do outro, geralmente Dante o teria abraçado por trás e diria coisas que faria até mesmo um tomate ficar vermelho. Porém, ali estava ele, inerte, com o olhar duro e os olhos brilhando de um forma que nem Vergil poderia decifrar. Largou a toalha em um canto qualquer e fez menção de tocar em Dante, mas teve o pulso preso pelo outro impedindo-o de continuar com o toque.

— Pare com isso Vergil, não precisa mais fingir. - Dante foi seco em cada letra.

O mais velho sentiu o peito arder, e um bolo fechou sua garganta impedindo-o de falar.

— Só agora eu percebi Vergil, como pode me fazer de idiota? Por que logo eu Vergil? Achei que de todas as pessoas, eu fosse, pelo menos, o primeiro a saber.

— Dante… - a voz saiu embargada pelo choro, o mais velho sabia que um dia teria que lidar com este momento e encarar o irmão; só não esperava que fosse tão rápido. – Como… eu, como voc…

— Como eu soube? A qual é né Vergil, tá na cara. - Dante resolveu jogar um verde, só para garantir, sabia que o irmão ultimamente não estava lidando muito bem com a pressão. – Eu já desconfiava, mais a Lady foi direta.

Então era assim. Lady contava para Dante e o deixava sozinho com a fúria do outro sobre ele. Com certeza não seria uma boa escolha para deixar ele mesmo contar como haviam combinado? Mas agora era tarde e precisava pelo menos fazer Dante ficar calmo e ouvi-lo.

— Dante eu não fiz de propósito, você deveria saber que isso poderia acontecer, nós nem mesmo somos humanos e …

Dante calou o outro dando um soco  no espelho, fazendo seus reflexos  estilhaçarem-se.

— Cale a boca Vergil! - Dante não se conteve e desferiu um forte soco na face do outro que acabou indo ao chão com o lábio inferior sangrando muito. – Eu não quero mais ouvir a sua voz, eu não quero mais ver a sua cara, eu quero apenas esquecer que você existe. A única coisa que eu sinto por você agora é nojo Vergil, eu tenho nojo de você.

Dante apenas se retirou novamente, deixando o mais velho ali sentado, abraçando os joelhos e chorando, por terem sido desprezados daquela forma tão cruel, por alguém que um dia, ele esperou ser a pessoa que mais os amaria.

 

 



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