Diferente do resto do apartamento, o quarto tinha tons quentes, as paredes eram cinza escuro, quase preto, a cama acompanhava as cores do lugar e a única fonte de luz do ambiente se dava pelo imenso teto de vidro que tomava conta da metade do quarto. O tilintar da chuva gotejando o vidro quebrava o silêncio. Renata se virou para Hadassa e deu um beijo quente. Enterrou sua língua na boca da menina que gemia a cada movimento que a mulher fazia com os lábios.
— Quer me amar aqui? – sussurrou Renata, entre beijos.
— Quero. – Hadassa respondeu, já entregue.
— Então tira a minha roupa, meu bem – pediu baixinho, de forma provocante.
Hadassa escorregou suas mãos pelos botões da camiseta dela e começou a abri-los lentamente, enquanto ouvia a respiração de Renata ficar ofegante. Logo em seguida, abriu o fecho do seu sutiã e observou a peça de roupa escorregar por seu corpo e cair no chão. Acariciou seus seios delicadamente. A mulher deu pequenos gemidos e beijou Hadassa novamente, agora com ainda mais vontade. Renata agarrou a mão dela e a levou até o fecho da sua calça. Hadassa abriu o zíper da peça e desceu uma das mãos até o sexo da mulher. Mordeu os lábios ao senti-lo complemente úmido, enquanto fazia movimentos leves, esfregando a ponta dos dedos. Pensou em tudo que gostaria de fazer esta noite. Renata gemeu, segurou firme em seus ombros e deu uma pequena mordida em seu pescoço. Hadassa terminou de lhe despir e devagar foi levando-a até a cama. Admirou Renata, nua, deitada a sua frente. A mulher era tão linda e delicada que parecia uma pintura. Hadassa se despiu logo em seguida sem tirar os olhos por um segundo sequer do corpo de Renata. Encaixou o corpo no dela e sentiu ela estremecer. Começou beijando seu pescoço de leve.
— Cuidado. – gemeu Renata, com medo de Hadassa deixar alguma marca.
Hadassa desceu ainda mais, roçando delicadamente os lábios sobre o volume de seus seios. Fechou seus lábios sobre um dos mamilos e o chupou suavemente. Renata ao sentir os puxões que a menina dava, delirou de prazer e cravou suas mãos nos cabelos dela, empurrando-a contra seu seio como se quisesse que ela o engolisse por inteiro. Hadassa sentia seu corpo pulsar de desejo por Renata, queria possuí-la a noite toda se possível. Continuou a passear com a língua pelo corpo dela até chegar em suas coxas. Não resistiu a vontade que tomou conta de sua boca e deu uma mordida.
— Hadassa, não! – a mulher advertiu em um gemido que era misto de prazer e dor.
A vontade de Hadassa era deixar ela completamente marcada, mas se controlou pois sabia que não poderia, então moveu seus lábios para o interior das coxas e as chupou suavemente. Renata deixou escapar um gemido alto quando Hadassa mergulhou sua língua dentro dela e começou a brincar, colocando e depois tirando devagarinho até que Renata fechou suas pernas com força em volta da cabeça da menina. O gosto dela era tão bom quanto seu cheiro. Hadassa subiu novamente para beija-la, esfregou seu corpo no dela, fazendo os seios de ambas se encontrarem. Renata olhou fixamente nos olhos da menina, levou suas mãos até as coxas dela e as abriu lentamente, encaixando uma de suas pernas ali. A menina sentiu seu corpo ter um espasmo de prazer quando seu sexo encontrou a pele da mulher. Se esfregou até molhar boa parte da coxa de Renata, que se movia de forma provocativa.
Enquanto gemia, Hadassa levou sua mão até o sexo da mulher e o massageou com firmeza. Renata agarrou os dedos da garota e mergulhou dentro de si como se estivesse mostrando a menina como deveria fazer. Mordeu os lábios e revirou os olhos quando a garota estocou rápido, tirando e colocando os dedos de dentro de seu sexo. Soltou a mão de Hadassa e arranhou de leve seu pulso. Conforme a menina aumentava a velocidade das estocadas, Renata também aumentava os movimentos da coxa contra o sexo da garota, a fazendo gemer alto. Com a sincronia perfeita entre as duas, o clímax aconteceu em questão de minutos. Hadassa ficou ali agarrada em Renata enquanto seu corpo se acalmava. Depois puxou o edredom no canto da cama e cobriu ambas. Acariciou o rosto de Renata de uma forma carinhosa com a ponta do nariz. Deu pequenos beijos na mulher.
— Já havia feito isso antes? – Perguntou Renata ainda um pouco ofegante.
— Já! – Hadassa respondeu rapidamente, ficando corada logo em seguida. – Mas não desse jeito.
— Se deitou com quantas mulheres?
— Você é a segunda. – sorriu.
— E com quantos homens?
Hadassa demorou alguns segundos para responder.
— Dois homens. – suspirou fundo ao responder.
— Você é tão linda. – disse Renata, afagando os cabelos da menina.
— O que você sente por mim, Renata?
A mulher suspirou fundo — Muitas coisas.
Antes que Hadassa perguntasse algo a mais, Renata rapidamente mudou o assunto
— Vamos dormir, meu bem? O dia hoje na redação foi cansativo.
***
Quando Hadassa acordou, não encontrou Renata na cama. A menina levantou, vestiu seu roupão e foi procura-la. Quando chegou na escada, viu Renata sentada em frente à vidraça, observando o mar.
— Hipnotizante, não é mesmo? – perguntou ao se aproximar da mulher.
— É sim. – sorriu. – Dormiu bem? – Renata agora observava a menina.
— Sim.
— Eu ia sair para comprar algo para o almoço, mas resolvi esperar você acordar, já que eu não conheço muito sobre sua alimentação.
A menina riu — Que ótimo, da última vez que alguém cozinhou para mim... – Hadassa parou subitamente porque estava prestes a contar algo sobre ela e Andréia. Encarou o mar, fugindo do olhar de Renata e recapitulou a fala.
— Vou descer para comprar carne e algumas outras coisas.
— Tem um açougue no Leblon que... – antes que Renata terminasse a frase, Hadassa a interrompeu.
— A carne tem que ser de acordo com a lei cashrut, só em açougue judaico é possível encontrar.
— Como? – perguntou Renata, confusa.
— Há uma série de etapas que devem ser seguidas na hora do abate, que os açougues comuns não fazem, geralmente eles atiram com uma arma de choque na cabeça do animal, o que não pode. O pescoço do animal precisa ser cortado, o sangue dele precisa ir para terra. – explicou a menina, corando levemente.
— Tudo bem. – sorriu a mulher.
Hadassa trocou de roupa e desceu até a garagem do prédio, destravou o carro e saiu em direção à Ipanema, pois era lá que ficava o açougue judaico. Estacionou o carro em frente ao estabelecimento que tinha uma estrela de Davi na fachada, desceu do carro e caminhou até a porta do lugar. Um senhor na porta pediu que ela passasse álcool gel na mão antes de entrar e entregou uma caixa de máscaras, para que ela pudesse pegar uma e colocar. A menina ficou envergonhada, se esqueceu completamente das regras.
— Shalom alechem (A paz sobre vós). – cumprimentou o açougueiro.
— Alechem shalom (Sobre você seja paz). – respondeu o homem, sorrindo.
A menina comprou o que queria, pagou e saiu do estabelecimento. Voltou para o carro, e tomou caminho para casa. As ruas estavam um pouco movimentadas e muitas pessoas não usavam máscaras, então achou melhor seguir por uma rua um pouco mais monótona. Ao passar em frente a um beco, viu um casal trocando beijos. Olhou de relance e ignorou, mas em uma fração de segundos raciocinou que aquela parecia ser Andréia. Pisou no freio mais forte do que deveria, fazendo o carro cantar pneu e assustando o casal que olhou imediatamente para o carro. Era Andréia Sadi e Miguel, marido de Renata. Hadassa ficou incrédula, seu queixo caiu pelo impacto da cena que acabou de ver. Pegou seu celular rapidamente e gravou a cena dos dois. Eles não estavam se beijando, porém estavam muito próximos.
— Andréia, eu vou te socar se você quiser vir atrás de mim outra vez, eu juro. – disse a garota com o carro parado, olhando o casal.
Ambos ainda pareciam assustados. Hadassa sabia que Sadi tinha reconhecido seu carro, então a menina pisou fundo no acelerador e disparou em direção ao condomínio. Estava tão ansiosa que quase bateu num carro parado no estacionamento do prédio. Subiu correndo e antes de abrir a porta, respirou fundo e contou até três.
— Amor aqui está a carne, você quer que eu cozinhe? – falou tentando parecer calma.
— Eu cozinho, neném. – disse Renata, em um tom meigo.
A menina sentiu seu celular vibrar no bolso. Era Andréia. Colocou em modo avião para impedi-la de ligar outra vez.
— Renata, acho que vi seu marido em Ipanema. – falou como quem não queria nada.
— Miguel está em São Paulo. – disse Renata, procurando uma faca na gaveta para começar a cortar a carne.
Hadassa se aproximou da bancada de mármore onde a mulher estava.
— Então ele deve ter um irmão gêmeo. – disparou.
Renata parou o que estava fazendo e a encarou — Por que diz isso?
— Porque eu vi ele com a Andréia. – respondeu a menina, sentindo seu coração disparar. Hadassa mostrou o vídeo para ela que não expressou nenhuma reação, mas ficou com os olhos avermelhados. Renata voltou a cortar a carne em silêncio.
— Renata? – chamou Hadassa, arqueando as sobrancelhas.
— Parece que todo mundo a minha volta resolveu se interessar por Andréia, não é mesmo, Hadassa?
— Eu não sou tão significante na sua vida como Miguel que é casado com você desde 2012. – disparou Hadassa.
— Não tente me atingir dessa forma. – disse Renata, soltando a faca pois tinha cortando o dedo.
Hadassa foi em direção a ela para ajudá-la, mas Renata recusou a ajuda e colocou seu dedo debaixo da torneira.
— Não quis ser cruel com você, só falei a verdade. – disse Hadassa, observando a mulher lavar o dedo ensanguentado.
— A verdade é que eu também estou aqui em Copacabana traindo ele. – disparou Renata, fechando os olhos e respirando fundo, tentando espantar a dor.
— Bacana, um relacionamento aberto, essa é minha meta de vida também. – sorriu ironicamente.
— Hadassa, eu não estou afim de ficar ouvindo as suas ironias. – Renata fechou a torneira, pegou um guardanapo de pano e pressionou sobre o machucado. Pegou a chave de seu carro na bancada de mármore e caminhou em direção à porta.
— Onde você vai? – perguntou Hadassa, sem acreditar
— Vou embora, preciso descansar a mente. – fechou a porta antes que a menina tivesse chance de responder.
Hadassa colocou as mãos no rosto, suspirando fundo em um misto de ódio e tristeza. Na impulsividade, pegou o celular, tirou do modo avião e ligou para Andréia. Quando a mulher atendeu, ela não deu nem chance dela responder.
— EU VOU TE MATAR, ANDRÉIA! – berrou.
— Calma. – suplicou a mulher.
— VOCÊ ACABA COM A MINHA VIDA DE TODAS A FORMAS! – desligou o celular.
Andréia não era o motivo de Renata ter ido embora, mas Hadassa precisava descontar em alguém aquela raiva que estava sentindo.
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